Abri os olhos com dificuldade, a luz me incomodava. Minha visão estava embaçada mas percebi que alguem estava deitado no sofá, me esforcei para sentar, mas estava fraca demais para isso, resolvi esperar, onde estava? Aquilo me parecia uma sala de hospital, como eu vim parar aqui? Logo uma enfermeira entrou no quarto, e veio sorrindo até a mim.

- Olha só, quem acordou! Como está Jade? - a mulher loira perguntou.

- Estou tonta, e não me lembro do que aconteceu, como vim parar aqui?

- Desculpa, eu não sei lhe dizer, mas passou por uma cirurgia séria, precisa de repouso.

-Cirurgia? - perguntei confusa, não me lembrava de nada, olhei para o sofá e reconheci minha mãe - Você pode chamar minha mãe , por favor?

- Claro, mas você vai falar por pouco tempo, por causa do remédio ok? - assenti, ela foi até o sofá, e sacudiu o ombro da minha mãe de leve - Sua filha acordou - ela se levantou e veio ate a mim.

- Filha, como está? - ela segurou minha mão.

- Estou tonta, o que estou fazendo aqui ? - vi a enfermeira colocar um liquido dentro do meu soro.

- Vocês tem 5 minutos - ela sorriu e saiu, nos deixando as sós.

- Querida, Nicholas viu você desmaiada lá em casa e te trouxe para o outro hospital, lá descobriram que você tinha algo no cerebro, e teria que fazer uma cirurgia, e te transfiriram para cá. O que importa que deu tudo certo, logo você vai retornar para casa e voltará tudo ao normal. - ela sorriu.

-O que eu tinha no cerebro? - comecei a ficar zonza novamente.

- Que tal eu disser os detalhes quando você acordar novamente? 

- Droga de remédios! Onde estão o pessoal ? Estão todos bem?

- Sim, preocupados com você. Me ligam de hora em hora, principalmente Matt..

- Ele não está com Sophie? 

- Não sei querida! - acho melhor voce dormir agora hein - ela beijou minha testa. Fechei os olhos, fui vencida pelo cansaço.

'' O sol brilhava bastante, impedindo que minhas pálpebras continuassem fechadas, me levantei, estava deitada em cima da grama de um parque, tinham várias pessoas por ali, crianças, velhos e adultos. Eu vestia um vestido branco que ia até os joelhos, por um momento me perguntei se havia morrido. Caminhei do lado de um pequeno lago que havia por perto, tudo ali exalava simplicidade, não havia ninguem tão pobre ou tão rico, só tinha pessoas felizes, sentadas em volta de uma toalha quadriculada, preparando o piquenique. Sorri ao ver um casal de velhos, abraçados sobre a sombra de uma mangueira. Será que um dia irei encontrar um amor, que viva tanto tempo assim? Talvez sim, talvez não. Me sentei no banco em frente ao lago, perto de mim passavam crianças brincando de pega pega, fechei os olhos a fim de  relaxar um pouco e respirar um ar puro.

- Posso sentar aqui? - uma voz masculina perguntou, assenti, sem olhar para a pessoa. - De onde você veio? - estranhei a pergunta, abri os olhos fitando o horizonte.

- Eu não sei, isso parece um sonho. - suspirei.

- E se eu disser, que sei da onde você veio Jade? - quando ele pronunciou meu nome senti um arrepio na espinha, olhei para o lado. Eu provavelmente já tinha visto o rapaz alguma vez, ele era um pouco moreno, tinha a expressão vazia, olhos castanhos claros, e a barba bem feita, ele era bonito. Ele se virou pra mim. - Não está reconhecendo seu pai Jade? - ele abriu os braços.

- Papai? - as lágrimas desceram pela minha bochecha, me aproximei e o abracei. Ele me envolveu com seus braços em um abraço forte e apertado. - O que está fazendo aqui? Como pode isso? O senhor morreu, eu vi.. você no .. - não consegui falar mais nada.

- Eu morri. Estamos no seu sonho querida - ele riu - Você está tão linda, continua a mesma princesa de sempre. - ri, me separei dele enchugando as lágrimas - eu queria poder te falar tanta coisa, mas temos pouco tempo.

- O que é então?

- Vem aqui comigo. - ele se levantou e estendeu a mão para que eu a pegasse, e assim eu fiz. Começamos a caminhar pelo caminho de areia, indo para o outro lado do parque - Eu queria te pedir desculpa, pelo os males que te fiz - abaixei a cabeça.

- Está sendo tudo muito difícil sabe..

- Eu sei. Tenho te acompanhado desde sempre. A culpa é toda minha, eu devia ter acabado com aquele chip quando prometi á Max, isso não estaria acontecendo se não fosse por mim.

- Eu acho que lhe entendo por um lado. Você não queria acabar com um trabalho de anos de construção. Achou que ele aqui - apontei para minha cabeça - estaria seguro.

- É mais do que isso, eu estava louco. Eu era ambicioso, queria o poder, mas só fui perceber que isso me prejudicou tarde demais, eu tinha tudo pra ser feliz com você e sua mãe, mas coloquei tudo a perder.

- Não se culpe assim. Isso não vai adiantar nada.

- É verdade - ele sorriu - Eu espero que você consiga que no final dê tudo certo. Estarei torcendo por você.

-Espero conseguir também. Eu já vim nesse parque não é ? - ele assentiu.

- Sim, exatamente a 10 anos atrás. - ele parou de andar, se virou para olhar um casal deitado abraçados em cima da grama verde do parque, do lado, tinha uma toalha estendida com uma cesta do lado, perto dali uma garotinha corria atrás de uma borboleta e sem querer se esbarrou em um garoto, caindo os dois. Eles começaram a brincar juntos. Sorri, aquela família parecia bem feliz. - Eu daria tudo pra voltar para aquela época. - ele suspirou, olhei de novo para o casal e percebi que ali eram minha mãe e meu pai, a garota que corria atrás das borboletas era eu, e o garoto era Matt, as lágrimas voltaram a escorrer.

- Se você se lembrar desse sonho quando acordar, diga a sua mãe que ainda a amo.''

Abri meus olhos ainda um pouco sonolenta, tapei meus olhos a fim de esconder da claridade, aquilo realmente era irritante.

- ELA ACORDOU! - alguem gritou, e senti os olhares sobre mim. Tirei a mão do rosto e vi, Matt, Melinda,Nicholas, Melaine, Henry e minha mãe, ao redor da minha cama. Tentei me sentar mais foi em vão.

- Hey, calma princesa. Não se esforce! - Nicholas pediu, tentando me ajudar.

- Pode deixar que eu cuido dela! - Matt disse o fuzilando, revirei os olhos.

- Eu não preciso da ajuda de vocês.. Mãe, inclina minha cama por favor? - pedi, ela assentiu, apertando o botão, fazendo com que eu ficasse sentada ali.

- É garotos, não é hora de ciúmes agora! - Melinda disse - Amiga, como você está? - ela pegou na minha mão. - Você lembra da gente agora né?

- Claro que lembro! Por que eu não lembraria ?

- Ahn .. do que você exatamente lembra? - Henry perguntou.

- Só lembro até a festa, o resto é um borrão. Sei lá ..

- É por que depois da festa, quer dizer, depois que eu fui na sua casa, você não se lembrava de nada, alem de mim. Você desmaiou e te levei para o hospital.

- Sério? Obrigada Nick.

- Eu teria te levado se eu estivesse lá! - Matt disse.

- É mas não estava .. Você estava muito ocupado beijando a Sophie! 

- Eu não estava beijando a Sophie! - já estavam gritando.

- Tem certeza ? Mas pelo menos eu fui vistar ela, ao contrário de você..

- Argh , PAREM POR FAVOR! - eles se calaram - Nicholas, Matt não podia adivinhar que eu poderia passar mal, e Matt, se não fosse por ele eu provavelmente teria morrido, agora vamos, apertem a mão um do outro, quero que sejam amigos.

- Carmem estava lá, podia ter ajudado! - ele cruzou os braços.

- MATT! Por favor , por mim ? Meus amigos não podem viver como pessoas civilizadas por um instante ? - ele revirou os olhos e estendeu a mão, eles se cumprimetaram. - Obrigada!

- Pensei que nunca estaria vivo pra ver essa cena! - Henry bateu de leve nas costas de Matt que revirou os olhos.

- É o poder que a Jade tem sobre ele!

- Ah gente, Para! - rimos - Eu preciso falar com Matt a sós , vocês me dão licença? - todos sairam do quarto. - Preciso que você realmente me diga o que aconteceu.

- Então, nós encontramos o chip! Ele estava na sua cabeça, o que é bem estranho.

- É, eu fiquei sabendo - revirei os olhos. - E está com quem?

- Max - arregalhei os olhos.

- Como assim? Não podemos confiar nele...

- Jade, a gente tem que confiar nele! Você não sabe o que ele fez por você. Eu ele e os meninos, passamos o maior sufoco ontem, para te tirar daquele hospital. Se você tivesse feito a cirurgia lá, teriam pegado o chip.

- Espera, deixa eu ver se entendi. Vocês que me tiraram daquele hospital?

- Sim , e não foi nada fácil. Você não sabe o que Melinda teve que fazer! - ele riu.

- O que ela teve que fazer? Olha, depois você vai ter que me contar tudo isso , até os minimos detalhes. - ele riu - Obrigada tá, vocês são os melhores amigos que alguem pode ter! - ele sorriu triste.

- O que foi?

- Nada não. Melhores amigos né? - ri, uma enfermeira entrou no quarto.

- O horário de visita acabou garoto! Vamos? - ele assentiu, beijou minha mão, mas quando ele ia sair, segurei sua mão forte e ele olhou para mim confuso.

- Você está com a Sophie?

- Podemos dizer que não deu certo, acho que a quimíca que existia entre nós não existe mais. Ela não é a mesma garota que eu conheci antes.. 

- Que pena! - soltei sua mão devagar, o que eu mais queria era que ele continuasse aqui comigo, ele sorriu e foi embora. Não sei se essa notícia me deixou triste ou feliz, não sei mesmo. Peguei meu celular que estava do lado da cama, digitei o numero do Max, mas ele não atendia, então mandei uma simples mensagem.

'' Obrigada ''  - Jade

2 minutos depois, veio a resposta.

'' Estou a sua disposição '' - Max, 245.