Bati a porta do carro, e fui em direção a porta da casa de Max, eu estava com raiva, não, eu estava FURIOSA. Como pode uma pessoa fazer isso, colocar uma pegadinha na porta da sua casa? Quem ele pensa que é, acha que tem 8 anos de idade?

- Calma Jade, pega leve com ele - Matt estava comigo.

- Por que eu faria isso? Ele não pegou comigo, simplesmente jogou tinta em todo o meu jardim, você não sabe o que tive que escutar da minha vó e de Maggie. Foi um saco Matt. - eu disse andando até la, mas quando ia bater na porta, ela abriu. Olhei para Max e suspirei.

- Achei que tinha ouvido a sua voz Jade. - Max disse atrás da porta - Gostaria de entrar? Vou pegar algo para vocês comerem - e então saiu.
 

Entrei na casa, ela era muito simples, a maioria dos móveis eram de madeira, tinham um aspecto antigo e refinado. A sala tinha alguns quadros antigos, e em cima das pratileiras tinham várias inveções, sei disso por que olhei uma por uma.

- Espero que gostem de Cookies, acompanhado por um bom chocolate quente, São Paulo hoje resolveu esfriar - ele entrou na sala e nos sentamos no pequeno sofá. - A que devo a honra da visita de vocês.

- Não seja sinico Max, você sabe o por que de estarmos aqui hoje. - eu disse pegando alguns biscoitos.

- Sim claro, por causa do chip né.

- E outra coisa também - explicou Matt.

- O que então?

- Por que você foi na minha casa, instalou uma bomba de tinta roxa no arbusto, e o fez explodir na minha cara? - ele se engasgou, e tentou disfarçar o riso.

- Por que eu faria isso?

- Por que você é um idiota, e gosta de manipular as pessoas. Somente por isso, e não adianta negar, eu vi, vi você apertando o botão e na mesma hora voou tinta e folhas para todo o lado.

- É cara, isso foi uma atitude bem infantil. Já que você deseja esse chip, você devia colaborar conosco, e não nos irritar, se não a Jade desiste dessa história. - Max teria nos respondido se ele não estivesse tão ocupado rindo, rindo não, gargalhando podemos dizer.

- Claro, e agora você vai ficar que nem um palhaço rindo não é? - eu disse estressada.

- Não, calma - ele riu mais um pouco, o olhei com cara de tédio - Desculpe por aquilo. Funcionou ?

- Claro que funcionou, ela parecia uma galinha roxa. - Matt riu junto.

- Eu te trouxe aqui para me ajudar, e não á ele, está lembrado?

- Desculpa - Matt sussurrou e abaixou a cabeça ainda rindo.

- Sabe aquilo não teve graça. Passei mais de uma hora para tirar tudo aquilo de cima de mim, sujei meu quarto, inclusive o meu carpet favorito. Depois recebi um enorme bronca da minha mãe e você fica ai, rindo igual á uma criança de 8 anos idiota.

- Eu já pedi desculpas não? - ele se levantou - Depois que você me mandou aquele SMS, eu  tinha ficado muito bravo, você não imagina o quanto. Mas o que eu poderia fazer? Não iria te arrastar da sua casa pra cá, ou falar com você na frente de sua mãe. Então pensei em algo melhor, e se eu usasse uma das minhas invenções, algumas já estão enferrujadas pelo tempo, outras nem sei se funciona mais. Foi ai que passei os olhos por esta pratileira e encontrei a bomba de tinta. - ele passou a mão na estante - Usa-la foi como se ascendesse algo dentro de mim, uma vontade louca de criar e recriar, construir e reconstruir, inventar coisas, foi bom sentir isso. - ele olhou pra mim e riu.

- Você devia ter tido essa sensação com outra pessoa. Não comigo. - bufei.

- Você era minha única vitima no momento.

- Enfim, agora eu quero saber do resto da história do chip. Eu quero saber toda hoje, se não eu vou parar de te ajudar a encontrar esse tal chip.

- Não posso te contar toda hoje.. eu tenho que..

- Ou você conta toda hoje, ou então acabou. Não te ajudo, digo para minha mãe o que aconteceu, e provavelmente você vá preso. O que escolhe?

- Menina esperta - ele colocou a mão no bolso - Parece muito com seu pai nesse aspecto, ele nunca se deixava levar e nunca era enganado.

- Por favor vamos deixar de enrolação. Saimos do colégio agora, se nossos pais perceberem a nossa demora vão desconfiar.

- Está certo então, vou contar a história toda. - ele se sentou novamente. - Eu e seu pai eramos jovens, gostavamos do jeito que as pessoas nos tratavam e queriamos mais glorificação aqui. Queriamos mais dinheiro, ser conhecidos pelas garotas, na verdade, eu queria, já que ele só tinha olhos pra sua mãe. Então um homem rico, nos ofereceu uma alta quantia em dinheiro se lhe fizessemos um chip, que teria todo o sistema do governo. Incluindo senhas de vários bancos e de pessoas que conseguiamos. Mas não era só isso, nesse chip poderiamos conseguir todas as informações mais sigilosas que tinham no nosso país. Tudo  o que você pode imaginar.

- Você e o pai da Jade fizeram um chip para poder conseguir todas as informações que estavam correndo pelo pais?

- Sim,  traições, casos na polícia, investigações, senhas pessoais, lavagem de dinheiro, quadrilhas e políticos corruptos. Passamos 2 anos preparando essa invenção, dois árduos anos. Não tinhamos mais uma vida social. Quando terminamos por fim, sentimos aquele peso sair das nossas costas.

- Vocês entregaram o chip para eles?

- Não. Aí está o problema. Não entregamos, mais um peso veio nas nossas costas, o prefeito era tão bom com a gente, não podiamos fazer isso com eles. Apesar de a política aqui ser horrível, com todas essas falcatruas e desvios,  eles bem que mereciam isso, serem expostos a marginais. Mas percebemos que iriamos expor também todo o dinheiro público, o que poderia ser usado para necessidades públicas, eles iriam roubar e fazer de uso pessoal.

- O que aconteceu com o chip então?

- Estava com seu pai Jade. Eu deixei com ele, ele disse que ia destrui-lo, usar a senha para fazer a autodestruição. Mas eu o impedi, disse que não podiamos jogar dois anos da nossa vida fora, então, ele guardou. Eu tive que viajar para o exterior e nunca mais tive contato com ele. Quando voltei, soube que ele tinha falecido, ele era meu melhor amigo, foi muito dolorido saber de sua morte. 

- Entendo, deve ter sido, não foi mais forte que minha dor. Ele era meu pai. - abaixei a cabeça e deixei algumas lágrimas escaparem.

- Ele era seu pai. Ele era meu melhor amigo, meu irmão. Eu tinha perdidos meus pais também, so me restava ele, foi muito dolorido acredite.

- Nós sentimos muito pelo seus pais - Matt disse, me abraçando de lado.

- Não importa. - ele disse comendo mais um biscoito - É importante vocês entenderem que os traficantes sabem que você e sua mãe chegaram aqui. E acham que vocês estão com o chip, isso quer dizer que não vão medir esforços pra acharem, eles não vão se importar de matar alguem, não importa quem seja.

- Você quer dizer que ele vai me matar e minha mãe também? - perguntei confusa.

- Não, eu quero dizer que eles vão matar quem tiver próximo de vocês. Parentes, Amigos     - olhei para Matt preucupada e logo pensei nos outros - Namorados, até o cara da padaria. 

- Por que eles fariam isso ? - Matt perguntou e Max riu.

- Isso não é óbvio? Pra que elas serviriam mortas? Eles estariam matando a unica chance de encontrar o chip. Eles vão procurar algum meio de atingir vocês, procurar o ponto fraco, aonde vocês forem mais vulneráveis.

- Isso não faz sentido, eu não...

- Faz sim Jade, faz todo o sentido. Não ache que o seu rosto bonito, olhos azuis e cabelos claros vai te salvar agora. Entende agora o por que esse chipe que eu e seu pai fizemos atinge tanto você e sua família?

- Meu Deus, como ele pode?

- Não sabiamos o que estavamos fazendo, éramos jovens..

- Sabiam sim. Eu quero ir embora, vamos Matt.. Antes que desconfiem de algo. - olhei para ele. - Tenho que pensar um pouco. Adeus Max. - Matt foi na frente, antes de eu cruzar a porta Max segurou meu cotovelo.

- Jade entenda uma coisa, eu posso ser perigoso, mas eles são mais. Por favor tenha cuidado, quando puder venha aqui de novo. - olhei para ele.

- Até mais Max - puxei meu cotovelo e entrei no carro, Félix nos esperava. Fui para casa, estava com a cabeça cheia de informações que acabei de conseguir. Matt foi para sua casa, e disse que mais tarde ligava.

- Heey Filha, demorou, onde estava? - minha mãe me abordou enquanto subia a escada.

- Sai com o Matt, aliviar as ideias. Estou subindo mãe, pode pedir pra levar o meu almoço para cima?

- Claro - ela me observou entrar no quarto. Fechei a porta, e olhei para o meu quarto. Me sentei na cama e peguei um porta retrato. Eu, Maggie e meu pai. Estávamos no jardim de casa, eu tinha meus 6 anos, ele me segurava no braço, não estavamos nem ai para a foto, só curtindo o momento. Se eu pudesse voltaria atrás

Flashback On-

- Quem é a princesinha do papai ? - Jonh perguntou sentado na grama do meu lado. Mamãe estava deitada em seu colo.

- É a mamãe! - eu respondi.

- Não não, tá errada mocinha ! Sua mãe é a rainha.. tem certeza que não sabe quem é a princesa?

- Huum, deixa eu ver, a vovó? - ele fez careta e eu ri. - A tia Carmem? - ele fez uma careta mais feia ainda. - Sou eu? 

- Até que enfim acertou, você é a minha princesinha. - ele beijou minha testa - a mais linda de todas!

- E a mamãe?

- A sua mãe? - ele olhou pra ela - Ela é a rainha mais linda e bela de todas. - ele a beijou, fiz careta e eles riram.

- E a vovó, papai?

- Hum, sua vó? Vou pensar em um cargo pra ela.

Flashback Off

Naquele dia ele disse que o cargo da vovó seria o de bobo da corte. Ri e logo comecei a chorar. A saudade doia muito, mas a decepção também. Coloquei o porta retrato de volta na estante. Meu pai sempre foi um homem bom, não consigo acreditar no que Max disse. Será que ele pensou que isso podia nos prejudicar? E agora, eu vou viver atormentada por bandidos que querem matar minha família e amigos? Eu não posso admitir isso, e se for para protejer todos, vou procurar esse chip, e entregar para os bandidos.