Betrayed escrita por Diana


Capítulo 8
"Will anything make us right?"


Notas iniciais do capítulo

Esse também é um dos meus capítulos preferidos, porque eu adorei escrever e me esforcei bastante pra que ficasse legal. Eu pelo menos acho que ficou kkkkkkk.
Espero que também achem ♥



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            Um letreiro em neon escrito Dorfo’s está pendurado em cima da entrada do bar. É um edifício vermelho e parece apertado, até você entrar. Tudo é de madeira, as mesas, o piso, o teto, o balcão. Do lado esquerdo fica um pequeno palco onde há o grupo fazendo cover do Papa Roach, e agora estão cantando My Heart Is A Fist.

            - Vamos – Max me puxa pela mão até o meio das pessoas pulando no centro. O bar está lotado.

            As luzes do globo piscam e iluminam os rostos particularmente. Cantamos junto com a banda e eu me esqueço de estar brava. As pessoas pisam no meu pé descalço, mas eu não ligo. Algumas delas estão bêbadas e quase caem a cada passo, o que me faz rir.

            Max agarra meu pulso e me arrasta pela multidão até chegar lá na frente e ficarmos grudados ao palco. Ficamos apertados e somos espremidos de forma que nos tocamos o tempo todo. Cantamos pelo menos dez músicas antes de cansarmos e ele me chamar para ir até o bar.

            Felizmente há cadeiras disponíveis no balcão, já que todos estão de pé. A mulher com o crachá dizendo Bree nos atende.

            - Duas Heineken – pede Max. – Por minha conta.

            Sorrio por motivo algum quando o olho. Ele vai falar alguma coisa quando alguém grita:

            - Max Hautler! É você mesmo? Achei que nem estava mais vivo!

            Uma mulher negra que parece ter minha idade se aproxima, sorrindo de orelha a orelha. Seus cabelos pretos ondulados estão presos num coque e os olhos da mesma cor cheios de rímel.

            - Agatha! – Max exclama surpreso e feliz. Os dois se abraçam como velhos amigos.

            - Quanto tempo não nos vemos – diz Agatha.

            - Cinco anos, no mínimo? – relembra ele. Os dois riem e Max se vira para mim, trazendo-a junto. – Essa é Jennifer. Jennifer, Agatha.

            - Oi, é um prazer – ela diz, e eu respondo com a mesma animação.

            - Treinamos juntos por alguns meses na mesma base – diz Max.

            - É, até esse seu pedaço de mau caminho ser promovido e me deixar – ri Agatha. – É bom que cuide bem do seu namorado – ela aponta para nós dois e se senta ao meu lado, pegando uma garrafa de cerveja.

            Max ri de forma contida e eu me apresso em consertar:

            - Não somos namorados.

            Agatha ri de novo.

            - Ainda.

            Max se senta de meu outro lado e nós três conversamos. Agatha é engraçada e as piadas dela quase me fazem cuspir a bebida de tão ruins. Perco a noção do tempo e quando me dou conta estou na terceira ou quarta garrafa de Heineken ou Campari. Quem saberia dizer? Depois de algumas ninguém mais sabe o que bebe.

            Minha cabeça fica meio confusa por causa do álcool e eu começo a rir histericamente sem razão, e Max e Agatha me acompanham. Bree, a garçonete que nos atende, parece ficar preocupada com o nosso estado e se vamos dirigindo. Nenhum de nós responde e continuamos bebendo até não aguentarmos mais. O que demora um bom tempo.

            - Ei, gente – berra Agatha acima do barulho da música. - Tive uma ideia! Por que não competimos quem toma mais rápido copos de tequila? Ou vodka!

            - É mais divertido a garrafa inteira! – grito de volta gargalhando.

            - Vocês duas vão se arrepender quando eu ganhar – diz Max.

            - É o que vamos ver – rebate Agatha. Ela pede os copos e Bree os enche de tequila até a boca.

            - 1...2...3!

            Pego meu copo e o viro de uma vez só. A bebida desce queimando e eu largo o copo de volta quando termino, um milésimo depois de Max.

            - Há! Eu avisei. Damas não devem participar de competições comigo – ele se gaba.

            - De novo! – grito e Bree novamente enche nossos copos.

            ***

            Fazemos tantas rodadas que perco a conta – e o juízo. Ganho quatro, Max ganha mais cinco e Agatha três, no mínimo. O balcão se enche de copinhos e mais pessoas se juntam a nós para disputar quem bebe mais rápido. Minha cabeça começa a rodar e minha visão fica embaçada. Não ouço nem entendo mais nada do que as pessoas falam.

            Ganho mais uma vez de Max e ele me encara com uma careta. Faço um bico falso e digo sarcástica:

            - Awn, precisa de um babador?

            - Você é que vai precisar muito em breve – ele responde.

            Não entendo a malícia proposital na frase e rio como uma criança, tomando a tequila de alguém próximo que não está mais ali. Agatha olha o relógio de pulso e solta uma exclamação.

            - Vou indo, lindos, qualquer dia a gente se vê de novo. Me chamem se forem fazer isso – ela pisca para nós, pega a bolsa de cima do balcão e vai embora.

            Max encara o relógio pendurado na parece e cerra os olhos para conseguir enxergar os números borrados.

            - Ainda quero te mostrar uma coisa, vamos embora – diz ele para mim.

            - Mas já? Estamos nos divertindo – digo triste, procurando por mais bebida.

            Max tira algumas notas do bolso e joga em cima do balcão para pagar a conta.

            - Mais duas garrafas de Bourbon.

            Logo ele já está com as garrafas em mãos e me chamando para segui-lo. Ele para no meio do caminho e procura alguém na multidão dançando ao som de Leader of The Broken Hearts.

            - Ei, Caine! – Max berra para um homem de cabelos castanhos mais a frente.

            - Fala, cara! – responde Caine animadamente.

            - Empresta sua moto que amanhã eu te devolvo – pede Max.

            - Por que eu faria isso? Pra você bater ela? Não tenho como voltar pra casa depois.

            - Eu te arranjo uma gostosa e você nem vai precisar.

            - Feito – Caine concorda prontamente, jogando para Max um punhado de chaves.

            - Vem, Jen.

            Minha mente fica alerta quando ele me chama pelo apelido e eu sorrio abobalhada. Vamos cambaleando até uma moto amarela parada na calçada em frente a do bar. Ele pega dois capacetes e me entrega um.

            - Tem certeza que está em condições de dirigir? – pergunto.

            - Perfeitamente – ele assegura. – Só suba. Eu não vou nos matar.

            Dou de ombros e coloco o capacete. Subo logo após Max e seguro na cintura dele com força, apertando as garrafas de whisky entre nós. Ele arranca com a moto pela rua e eu mais do que nunca me arrependo de estar de vestido pelo vento que nos atinge.

            Max vai por uma rua afastada, parecida com uma estrada. De cada lado é uma mão e só há duas faixas. Um caminhão está na nossa frente andando devagar. Do outro lado, um carro vem na direção contrária. Vejo o sorriso travesso de Max pelo espelho e entendo o que ele pretende fazer.

            - Você apoia?

            - Vamos lá!

            Max sai de trás do caminhão e vai para a direita, acelerando. O carro buzina desesperadamente e nós só rimos. Nos últimos segundos antes de bater de frente, ultrapassamos o caminhão e voltamos para a via correta. O motorista do carro nos xinga quando passa.

            Depois de mais ou menos vinte minutos, paramos na parte de trás de um prédio meio abandonado. Descemos e pegamos cada um uma garrafa do Bourbon.

            - Me siga.

            Vou atrás de Max, que vai até uma escada enferrujada na lateral do edifício que vai até o topo. Subimos treze andares e chegamos no terraço. Vamos até a borda e eu olho lá em baixo e a frente.

            A visão é linda. Altura é linda. Consigo ver praticamente a cidade toda dali, porque não há outros prédios ao redor, tornando a vista limpa. As casas parecem pessoas em um show, com milhares de luzinhas acesas em cada ponto e cada rua. Pode-se ouvir o barulho de automóveis, mas bem de longe. Ali em cima é escuro e só iluminado pela luz da Lua, sem contar o ar mais fresco. Começa a ventar e eu fecho os olhos involuntariamente para aproveitar.

            - Lindo, não? – diz Max olhando para o horizonte.

            - Sim – respondo vagamente, abrindo os olhos para encará-lo. Ele parece um fantasma agora, com até os olhos cinzas brancos.

            Penso que gostaria de voar. Voar seria incrível. Imagino como deve ser ser um pássaro. Pássaros não precisam se preocupar com trabalho ou com o fracasso que são.

            Sem todo o controle de minhas capacidades mentais e o que estou pensando, abro a garrafa automaticamente, ergo acima da cabeça e berro fazendo eco:

            - Estou no topo do mundo! Ajoelhem-se diante de mim, camponeses!

            E começo a rir depois de tomar um longo gole. Max me acompanha.

            - Agora sim vamos ser presos.

            - E a multa de dirigir embriagados e perturbar residências será somada a todas as pessoas que já matamos.

            - Bem observado – concorda ele.

            Paramos de nos importar e só ficamos falando besteiras, acabando com as duas garrafas, que depois jogamos para o lado e deixamos lá. À essa altura nenhum de nós sabe o que está fazendo. Tudo parece um borrão até chegarmos à rua da garagem.

            A moto Max estaciona na esquina. Ele passa um braço ao redor do meu ombro como se quisesse apoio. Nós cantamos a plenos pulmões uma das músicas que tocaram no Dorfo’s e é minha preferida:

We are the walking dead (somos os mortos que andam)

Swallow the lies we’re fed (engula as mentiras que nos foram contadas)

I’ll cover your eyes (vou cobrir seus olhos)

I’ll cover your eyes (vou cobrir seus olhos)

I’ll cover the truth and you’ll realize (vou cobrir a verdade e você vai perceber)

We’re hanging by a thread (estamos pendendo por um fio)

We are the walking dead (somos os mortos que andam)

            Damos risada até não aguentarmos mais. Eu tropeço em algo que não vejo e muito provavelmente é meu próprio pé. Cambaleio, inclino e caio, levando Max junto por ele ainda estar se apoiando em mim. Ele fica por cima, e os sorrisos somem de nossos rostos pelo susto de estarmos tão perto.

            Posso sentir o cheiro de álcool da boca dele e nossos narizes se encostam. Prendo a respiração quando os lábios dele encontram os meus, sem esperar por isso.

            Meus sentimentos podem ser descritos nesse momento de uma forma bem simples: como se todas as células do meu corpo estivessem fazendo o Harlem Shake, dançando conga, ula-ula e La Cucaracha, todos ao mesmo tempo.

            Seguro seu rosto com as mãos enquanto ele apoia as dele no chão para não me esmagar. Eu abro o maior sorriso que tenho quando nos separamos, e Max faz o mesmo.

            - Eu diria que devemos entrar agora – ele diz e me dou conta de que estamos exatamente em frente a porta da garagem.

            - Eu diria que você está certo – concordo.

            Max se põe de pé e estica a mão para me ajudar a levantar. Entramos em casa abraçados e recebemos os olhares de Jack, Natalie e Drake imediatamente. Não sei o que estão fazendo ali às quatro horas da madrugada, até lembrar do que fazíamos antes da briga.

            - Onde estavam? – Jack pergunta com a voz severa. – Estão bem?

            - Estávamos só andando e estamos bem como uma flor – respondo um segundo antes de perceber que deveria ter ficado quieta. Minha voz está rouca de tão bêbada que estou e isso é visível pelo meu estado e o de Max.

            - O que é que vocês fizeram?! – Natalie exclama pronta para começar seu discurso ao ver que estou descalça. – Vocês...

            - O que fizemos é assunto nosso, queridinha – digo. – Por que você não vai cuidar da sua perfeição e me deixa em paz?

            Max começa a rir e deduzo que ele não tem controle sobre o que faz. Fleming me olha indignada.

            - Natalie conseguiu a localização, Jennifer – Drake diz baixo, mas de um modo que mostra que sou eu quem deve deixá-la em paz.

            - Ótimo pra vocês – retruco. – Encontre um Oscar e dê para ela. Acho que é melhor eu não me envolver nessa parte, posso acabar arruinando tudo.

            Termino de falar dando um sorriso irônico e subo as escadas até o quarto. Me jogo na cama do mesmo jeito que estou, puxo as cobertas por cima da cabeça e durmo quase instantaneamente, cantarolando baixinho mais uma parte da música:

Can anything bring us back to life? (algo pode nos trazer de volta à vida?)

Will anything make us right? (algo vai nos fazer certos?)

Can anything bring us back to life (algo pode nos trazer de volta à vida)

Or will it make us right? (ou isso vai nos fazer certos?)

‘Cause I’m finding that we’re falling apart (porque eu estou achando que estamos caindo aos pedaços)

More than it breaks my heart (mais do que isso parte meu coração)

            E sorrio ao constatar que pelo menos uma parte da noite deu certo.


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Notas finais do capítulo

Eu escolhi essas músicas por um motivo, então se alguém quiser ouvi-las junto com a letra, aqui estão os links:
My Heart Is A Fist: http://www.youtube.com/watch?v=MbwS8egtDjQ
Leader Of The Broken Hearts: http://www.youtube.com/watch?v=VO-2LUyJeK4
Walking Dead: http://www.youtube.com/watch?v=OpfDgypwnSg



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