ICEgirl escrita por NKIDDO


Capítulo 38
Segunda temporada 12 「Quando ela chora」


Notas iniciais do capítulo

GENTE, ESSE E O PENULTIMO CAPITULO DE ICEGIRL, ESPERO QUE GOSTEM. A PERGUNTA VAI ESTAR NO FINAL!



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Formatura é uma cerimônia festiva de conclusão de um curso de ensino primário, médio ou universitário, e nesse momento, eu Ailyn Wolfart estou me formando no ensino médio.

Segundo Rosalya, ano passado nós como alunos do segundo ano participamos, e agora que nos formávamos no terceiro, as classes a baixo também estavam comemorando por nós, não era bom?

Assim como ano passado, - segundo Rosalya – ela me trouxe um belo vestido vermelho simples, prendeu meu cabelo com uma rosa escarlate e sapatos pretos com um belo laço na ponta. A maquiagem me fazia coceira, contudo Rosa me fez jurar que eu não a borraria. Mas coça tanto!

- Vamos, Ice Girl – Brincou Alexy, meu acompanhante a amigo – Estamos lindos e essa noite é nossa!

- Essa decoração está linda! – Completou Rosalya, olhando para mim e depois Leigh. – Ali tem uma mesa vaga, vamos.

Eu não recordava de ninguém que estava nas nossas redondezas, mesmo que a minha última semana de provas tivesse me forçado a ver alguns rostos. Todos foram incrivelmente legais comigo, e as vezes me pediam alguma ajuda, e por alguma razão senti que era normal eu fazer isso.

Algumas bebidas nos foram trazidas, e Rosa riu vendo a cara de desaprovação que eu fiz quando senti o cheiro do álcool. Como as pessoas e o meu pai bebiam aquilo? Devia arder.

- Vejam, a banda dele.- Percebo um ênfase no “dele” que não pude deixar de estranhar – Como ele tem coragem?

- Não há como evitar, tem muita gente que acredita que é um boato. – Alexy dá de ombros.

Olho em direção ao palco no fundo do salão, todos faziam o mesmo que eu. Alguns garotos subiram na elevação do local e montaram instrumentos. Minha cabeça começa a doer e latejar quanto um ruivo começa a tocar guitarra, iniciando a música. De onde vem essa cor? Porque ela faz minha cabeça doer, e porque ele olha tanto para mim?

Uma garota de cabelo castanho sobe ao palco e começa a cantar junto com o menino... Lysandre? Me recordava dele das últimas semanas. Quando ela subiu ao palco, houve um grande insatisfação da plateia, e eu senti pena dela. Sua voz até era bonita.

- Aquela vagabunda – murmurou Rosa entredentes. Olho para ela querendo entender – Não é nada, só não gosto dela.

- Tudo bem – Digo, ainda insatisfeita com a resposta.

Com vários protestos acontecendo, finalmente o primeiro casal se levanta e começa a dançar, e antes eles gritam algo como “Foda-se eles, quero me divertir hoje”. E então todos se levantam, inclusive nós – Rosalya, Leigh, Alexy e eu.

Minha equipe de basquete vem me cumprimentar durante a dança, me contando novidades e agradecendo pela vitória do ano passado. É, eu ganhei um troféu! Eles me entregariam como presente para eu levar à minha mãe.

- Você está uma gracinha Ailyn – Disse Drake. – Quem sabe na próxima eu consiga coragem e te chame pro baile?

- Só se eu não conseguir primeiro – provoca Dajan, dando uma pequena cotovelada em Drake.

- É, mas este ano ela é minha, humpf! – Alexy cruza os braços e pisca, todos começam a rir porque sabem que ele é bissexual. – E é o último também.

- Cara, eu estou com fome – Diz Drake. – Vamos pegar algo logo, antes que acabe, esses urubus!

- Lanny Tyler está colado na mesa a horas, e ainda pegou a mesa mais próxima, melhor se apressarem – Comenta Rosalya, também se movendo em direção a mesa – Também vamos, e leve um pouco para o Senhor Luvinhas, ele está esperando por você.

Nosso pequeno grupo se locomove até a mesa e a comilança começa. Alexy pega um burrito e Rosalya faz uma cara de nojo, enquanto eu encho meu prato para mim e senhor Luvinhas.

- Ah, qual o problema com o burrito?! – Questiona Alexy.

- Qual o problema? – Ela ergue uma sobrancelha – Qualquer um te diz o problema. Ailyn, me diga o que você acha dele comendo burrito?

Sou pega de surpresa pela pergunta, no exato momento em que estava a caminho da sacada. Alexy estava com um burrito na boca, comendo e mastigando enquanto o recheio teimava em explodir pelos lados.

- Acho que... – Aquilo não era muito bonito – Não tem como comer isso com dignidade...

- BINGO!

Já estou a caminho da sacada quando escuto um pedaço da conversa entre um garoto de cabelos castanhos – o mesmo da biblioteca – e de uma menina ruiva, mais conhecida como Fire Girl. Eles estavam na sacada, e eu automaticamente me escondo atrás das cortinas longas e vermelhas do salão. Eu não sabia porque estava fazendo aquilo, entretanto meu corpo inteiro gritava para eu não desobedecer aquela simples ordem.

- ... É aqui que tudo acaba, Narine.

- Mesmo depois de todo este tempo juntos, você não me ama nem um pouco?

- De forma alguma eu amaria você quando amo outra. – Do que eles falavam? Eu não podia vê-los. – Ainda mais depois de tudo o que você fez. Não tem vergonha?!

- Eu fiz tudo por você, meu amor! – O desespero estava tão claro em sua voz quanto a água. – Foi tudo por você!

- Vá embora. Encontre alguém melhor que eu que ature suas maldades, de você, da sua amiguinha e da sua família. – A porta de vidro se abre – Você é o tipo de pessoa que deixa esse mundo sujo.

Uma rajada vermelha passa pelas cortinas, me revelando por completo. Seguro o prato mais firmemente. A voz suave e jovial do garoto praticamente atravessa as paredes ao dizer: Vai ficar se escondendo ai quanto tempo? Seu animal te espera.

Sim, não havia motivo nenhum para essa timidez. Eu só queria alimentar meu animal, nada demais. Se eu ouvi ou não a conversa deles não faz diferença alguma, uma vez que não me diz respeito. O garoto estava muito bem vestido em seu terno, uma pequena medalha militar presa ao peito, no lugar do coração.

Adentrei a varanda, sentindo o olhar dele sobre mim enquanto eu me debruçava sobre o murinho para alimentar o senhor Luvinhas. Ele sequer ficou arrisco quando o garoto chegou perto, e minhas suspeitas de que ele era na verdade uma garota só aumentavam. O vento gélido da noite jamais chegaria aos ventos cortantes do Alasca, mas o vestido não contribuía muito.

- Está frio né? – Diz ele enquanto se debruça como eu.

- Um pouco, sou meio acostumada. – Digo simplesmente. – Não vi você lá dentro.

- Eu estava cuidando de uns assuntos – Ele riu sem graça, não durou nem dois segundos.

- Você é militar? – Pergunto. Poderia ser obvio, mas talvez não fosse exatamente isso.

- Eu estudei em uma escola militar porque meu pai não aguentava me ver apanhando – Desta vez ele ri por mais tempo – Eu posso não parecer, mas eu era bem miúdo!

Permito-me avalia-lo por um tempo: Seu corpo rígido e forte, parecia tão atlético quanto eu, e perdia na altura por pouco. Seu cabelo era bonito como o pelo de um lobo e seus olhos verdes pareciam vir do mais puro gramado.

- Não consigo imaginar muito bem – Luvinhas lambe meus dedos suavemente, e eu sinto a lixa que ela é. Tão áspero e tão gostoso. – Mas você é bonito, até;

- “Até” – Ele se dobra de rir – Um elogio muito grande vindo da Icegirl! – Seus olhos estão lacrimejando. Céus, era possível chorar de rir? – Mas você também está bem bonita, até.

Tinha algo estranho nele. Não estranho de estranho, - mamãe não gosta quando eu falo que algo/alguém é estranho – mas ele me causava uma sensação desconhecida, então ao meu ver era estranho. Quando meus olhos encontravam os dele, eu simplesmente não podia me mover. E agora mesmo, enquanto sua mão acariciava minha bochecha com o polegar, eu não podia me mover.

- Como eu lamento, Ailyn.

A mão dele despenca no ar e desliza até ao lado do corpo dele. Eu senti que queria e tinha que dizer alguma coisa, mas não consegui. Ambre surge sem que nem eu mesma a perceba, com seu vestido cor azul-claro e suas joias bonitas.

- Desculpe interromper Kentinho – Ela olha para ele, com um sorriso nos lábios – Mas eu preciso falar com Ailyn um pouco.

Vejo ele me lançar um último olhar – e provavelmente seria o último mesmo - e se afastar, deixando-nos à sós. Ambre relaxa o corpo pela primeira vez desde que aparecera, ficando até um pouco mais grosseira, mas eu estava acostumada.

- Vai viajar amanhã, então? – indaga a loira.

- É, vou passar as férias na casa dos meus pais, depois vou para uma faculdade na cidade próxima para fazer física, quero ser professora. – Digo pensativa – Aquele garoto me deu essa ideia. Kentinho?

- Na realidade é Kentin, mas é sempre bom provoca-lo. – Ela olhou para o distante, buscando algo nas estrelas, talvez. – Acho que combina com você, quer dizer, professora.

- Obrigada, quando eu penso sobre isso, sinto que é o que eu deveria fazer. – Eu fico mais relaxada também, e um sorriso singelo e alegre de viver brinca em meus lábios. – Mas você veio para me perguntar isso?

- Em parte, sim – Ambre balança a cabeça para os lados, pensativa – Por outro lado, queria lhe informar que isso é um adeus.

Adeus era uma palavra tão pequena, tão abstrata, mas me machucou como um tapa real.

- Aonde vai?

- Eu e meu irmão vamos morar na Inglaterra, com os meus avós. – Uma lagrima brota dos olhos dela – Finalmente paz, Ailyn, depois de tantos anos... Tudo graças a você.

- Acho que “de nada” – E então nós duas estávamos rindo, sentindo aquela ventinho gostoso.

Lá em cima, no céu, as nuvens dançavam na direção oposta da formatura, deixando a noite sem nuvens e completamente estrelada. Se por acaso olhasse com atenção – e não apenas por olhar – e respirasse aquele ar puro, provavelmente o pensamento que viria em sua cabeça seria que “como eu sou pequena, mas não posso ignorar a beleza e a imensidão disso!”. E foi o que eu pensei, o que provavelmente ela pensou. O que provavelmente todos que admiravam aquele luar pensaram.


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Notas finais do capítulo

QUEM VAI QUERER EPILOGO????



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