ICEgirl escrita por NKIDDO


Capítulo 36
Segunda temporada 1O 「Rápido」


Notas iniciais do capítulo

Quero que fique claro, ICEGIRL está chegando no final D:



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A neve caída - me cobre

Me torna puro - Me segura forte

O que mais resta para você e eu?

A vida que mantínhamos uma vez nos pegou e nos levou para o mar


A luz amarelada do meu quarto reflete em um porta-retratos, deixando a foto que ele abrigava clara demais para se ver do chão em que eu estava sentada. Sentia minhas costas contra a minha cama, gelado, fazendo-me arrepiar.

Eu não precisava ver a foto que continha ali. Eu sabia bem o que era. Antes da competição do ano passado, tiramos uma foto em equipe. Eu sabia que Castiel estava ali.

Olhando para trás, me pergunto como cheguei aqui.

Lembro-me de que estava voltando de um dia de caça, cansada e cheia de comida; Minha mãe me diz que minha tia tinha ligado e queria que eu morasse lá, para fazer faculdade. Eu não ia aceitar, sabe? Não queria me distanciar de meus pais. Contudo, no dia seguinte acordei de um sonho, um sonho lindo em que depois de ser aceita em uma faculdade, eu voltaria para contar aos meus pais pessoalmente. O mais estranho, e que no final uma pessoa estranha apareceu e me deu parabéns.

Agora, eu estava aqui em meu quarto, não sabendo ao certo em como me sentir. Acordei um tempo depois jogada dentro do box, nua, tremendo de frio e com meu sangue escorrendo pelas cochas.

Não sabia se eu deveria ou não contar pra alguém, entretanto, Rosa já estava vindo, ela sabia.

– É senhor Luvinhas, uma pena que a Tia não esteja aqui. – Digo para meu gato, que salta da minha cama até meu colo, mas nesse exato momento a campainha toca.

Me ergo do chão com dificuldade, e em poucos segundos estou abrindo a porta do apartamento – tinha avisado que Rosalya iria dormir em casa – e descubro que não só Rosalya estava ali, como Kentin. Ken!

Eu fico imóvel, observando os dois, e Kentin se adianta para me abraçar, me enroscando com força com seus braços definidos. O calor me embriagava e a visão se tornava turva. De repente eu estava vazando! Ah sim, as lágrimas que eu não chorei até agora. Mas Kentin e Rosa estavam ali, me sentia segura e quase se tornava possível esquecer o que havia acontecido.

– Acho que ela precisa de comer alguma coisa – Diz Rosa – Visto que... – Ela engoliu a seco – Perdeu sangue. E veja, ela está tremendo.

Eu mesma não havia percebido que estava tremendo. O que aconteceu com a grande Ailyn Wolfart, que nada temia? Onde eu a deixei? Porque sujaram minhas mãos e minha mente?


Então era assim que o mundo real era. Longe das geleiras e do paraíso congelado, a verdade era essa. O mundo era cruel, queriam fazer de tudo para te destruir, para pisar em você.

Mas existem os bons, aqueles que vão humildemente te ajudar a se erguer, então esquecer e seguir em frente.

Enquanto Rosalya vai para a cozinha, eu olho diretamente nos olhos de Kentin, eu mal podia vê-lo por causa das lágrimas.

Eu o apertei com mais força, desejando mais e mais dele, sentindo o moletom suave roçar na minha pele, me aquecer. O cheiro dele como sempre era quente e lembrava uma noite na floresta de tão refrescante e suave.

Eu desejei tanto que ele me beijasse. Tanto. Tanto que eu mesma o fiz.

Não foi um beijo longo, apenas toquei-lhe os lábios em um beijo singelo, ficando na ponta dos pés. Ele me abraça com força agora, e suas mãos passeiam por mim de forma que me sinto desejada quando...

Imagens horríveis vem a minha cabeça. Eu, tentando fugir; o frio ao acordar sozinha e nua, com aquele sangue todo saindo de mim, sentindo a dor latente, as pernas bambas.

Me afasto bruscamente e urro de dor de cabeça. Kentin parece entender a situação, pois já não estou com os pés no chão. Ele me leva até a minha cama e me deita lá, puxa uma cadeira e fica me observando enquanto acalmo-me.

– Pronto – Rosa aparece com um chá e algumas besteiras para comer. – Pegue Ai.

Eu como com vontade, mesmo sabendo de tudo que eu passei, e pensando em tudo que eu enfrentaria pela frente, sem muita certeza.

[***]

As férias de verão passaram rápido. Eu não fui para a viagem escolar e muito menos para o Alasca... Decidi fiquei quieta por um tempo. As aulas voltaram com novas atividades juntamente com o campeonato final. A formatura desse ano era nossa, então todos se movimentaram.

Kentin ainda está com Narine, e pelo que eu sei ele está bem desconfortável com tudo isso. Não há nada que eu possa fazer.

Estou nesse momento sentada prestando atenção na aula de biologia, onde eu aprendia sobre química orgânica. Era triste, eu não podia repetir o passado, jamais voltaria a ser quem eu era antes. Mas a minha bondade ninguém tiraria de mim. Nem uma escola inteira me odiando porque acha que eu tentei roubar namorados.

A aula acaba e eu me levanto da cadeira para guardar meus materiais. Escuto uma agitação se formar atrás de mim, - coisa que aparentemente era normal no ensino médio – e simplesmente ignoro. Eram como lobos agitados por comida. A turma não queria mais ouvir meus comentários bobos, então eu não podia fazer nada. Entretanto, no meio de toda essa agitação, gritaria e revolta escuto a voz de Ambre dizer claramente:

– Ailyn foi estuprada por Castiel porque Debrah e Narine quiseram, além de estarem usando Kentin! – Diz ela com convicção, e tanto dela que todos estavam espantados.

Uma revolta ainda maior começa, e logo estou cercada por meus colegas e algumas pessoas de outras turmas. Eu não conseguia entender o que eles diziam, e tudo muito rápido, abafado... tudo girava e meus olhos não conseguiam frear em ninguém.

Até finalmente pararem em Ambre.

– O que...?

– Vamos! – Diz ela, me puxando pelo pulso.

Ambre era simplesmente assim; Aqueles cabelos louros que eu sempre quis tocar, no pulso as pulseiras que pareciam estar na moda e aqueles olhos azuis que sempre estavam encarando alguém.

Eu nunca odiara Ambre, mesmo ela tendo cortado meu cabelo, coisa que na realidade eu não odiei, só foi o início das coisas frustrantes da minha vida; Coisas que eu nem sabia que eram frustrantes.

Mas porque agora ela me conduzia para fora? O corredor passava pelos meus olhos como um borrão, e seus cabelos dourados eram meu único guia.

– Rápido, eu não sei o que vai acontecer agora! – Gritou ela em desespero.

Porque ia acontecer alguma coisa agora? Ela simplesmente gritou a verdade... contudo, a realidade era que Narine estava envolvida. Porque ela era perigosa? Porque Kentin estava namorando ela, se eu sentia que ele podia me amar?

Saímos da escola e percebemos que Narine está atrás da gente. Correndo.

– O que ela quer? – Pergunto distraidamente. Me perguntei se havíamos esquecido alguma coisa, e ela queria entregar.

– Vamos Ailyn! – Ela me puxou para o meio da rua, e pude ver Nathaniel do outro lado, dando a impressão de que estava nos esperando. – Ela não pode no-

Vi a expressão de Ambre mudar de preocupação para pavor, uma buzina soar muito alto, o asfalto raspando. Tudo se arrastava no tempo, como na vez em que eu caí no jogo de campeonato. A última coisa que eu vi foi Nathaniel olhando apavorado e estático para a irmã que estava prestes a ser atropelada.

A última coisa que eu fiz?

Eu empurrei Ambre como se eu não a quisesse ver nunca mais, com toda a força que eu possuía. Seu corpo projetado para frente quase enterra Nathaniel na terra, e logo chegou a minha vez.

O quão doce pode ser a dor?


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Notas finais do capítulo

Não, ele nao acaba aqui.
Minha proxima fic provavelmente será de Piratas, e vai acompanhar Fire with fire



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