Eu me sentia dolorida, permaneci imóvel com medo de sentir ainda mais dor. Minha cabeça latejava e eu não me lembrava de nada. Arrisquei abrir os olhos pra saber onde eu estava, mas senti um choque quando o abri, uma luz branca muito forte feria meus olhos então eu os fechei rapidamente sem ter a chance de ver nada ao meu redor.

Alguns minutos passaram, eu estava cansada de ficar parada. Não era do tipo de pessoa que podia ficar mais de três minutos quieta sem pirar. Me arrisquei outra vez a abrir os olhos, dessa vez lentamente. A luz voltou a afetar as minhas vistas, então pisquei várias vezes até me acostumar.

“Quinn, querida!” uma voz soou vinda de cima de mim, eu ainda não conseguia ver quem era, mas eu reconhecia aquela voz onde quer que fosse. Era a minha mãe, Judy. Aquilo me deixou apavorada, minha mãe tinha falecido quando fiz 26 anos, como seria possível ela estar falando comigo?

“Ai meu Deus, eu morri?” falei finalmente quando pude vê-la.

“Não meu amor, foi só um acidente de carro, nada grave, você já pode voltar pra casa ainda hoje como o médico disse.” Ela acariciou meu rosto como fazia antigamente.

“Espera ai! Acidente de carro?” eu tentei me sentar, mas minha coluna doeu um pouco e eu desisti. Ela me ajudou e me pôs recostada na parede.

“Sim, Lucy, você estava indo pra casa da sua avó e outro carro bateu na traseira do seu e você ficou desacordada por dois dias.” Judy explicou.

“Da minha avó?” eu tossi quando fiz a pergunta, incrédula. Minha avó tinha falecido bem antes da minha mãe.

“Você está bem? Acho melhor descansar um pouco mais, talvez até deixar pra voltar pra casa amanhã.” Ela suspirou colocando a mão no meu pescoço examinando.

“E-eu estou bem, mãe. Melhor eu ir pra casa descansar...” voltei a fechar os olhos.

“Descansar só hoje, amanhã a senhorita volta pro colégio.” Ela beijou minha testa e foi andando em direção a porta. “Vou chamar o médico pra te dar alta e receitar algum remédio pra suas dores.” Ela saiu.

“Escola? Como assim? O que diabos uma mulher de 32 anos fará em uma escola?” eu franzia o cenho. E então eu vi o logo do hospital onde eu estava e fiquei ainda mias confusa. “Hospital de Lima?” eu me perguntei. “Que merda eu estou fazendo aqui?”

Me recostei no travesseiro e repassei tudo mentalmente. Eu não tinha sofrido um acidente de carro, foi de avião. Minha mãe e minha avó tinham falecido há muito tempo, mais de seis anos atrás. Eu volto para o colégio amanhã? Eu já tinha saído do colégio desde que Beth tinha três anos. Falando nisso, cadê Beth? E Finn? O que diabos eu estava fazendo de volta a Lima?

Isso está me deixando realmente pirada agora... Cheia de perguntas e nenhuma resposta.