Trafeguei pela rua calmamente, era final de semana, o primeiro fim de semana da New Quinn. Eu estava sentindo saudades de ficar zanzando pelas ruas de Lima sem ter mais nada do que fazer da vida, a não ser atuar como uma adolescente que não tem mais nada o que fazer. Muito menos um plantão em um hospital durante todo o sábado.

Olhei meu relógio, absorta. Não tive nem sinal de Meredith e Charlie naquele dia, será que elas decidiram aprontar algo no sábado? Bem, pelo menos eu ficaria um pouco mais livre e não as teria no meu pé durante meu café da manhã marcado com Rachel.

“Ei, Rach!” Eu pronunciei, me sentando na cadeira vazia na mesa do Lima Bean onde a baixinha me esperava. Eu não estava atrasada, tinha a certeza de que tinha chegado no horário certo, ou até mesmo um pouco mais cedo. Mas tratando-se de Rachel, eu sabia que ela já tinha chegado ali fazia tempo, ela sempre chegava mais cedo nos lugares. Aquele pensamento me fez sorrir, porque Finn nunca foi de chegar cedo a lugar nenhum, ele se lerdeava sempre e isso faria deles o casal vinte se a judia desse um jeito no rapaz, afinal, Quinn nunca teve paciência mesmo...

“Rach?” A garota inquiriu com suas sobrancelhas curvadas em uma expressão curiosa.

“Yeah...?” Eu proferi confusa, mas então compreendi por que a expressão da menina. Eu havia chamando-a pelo apelido, ou seja, ela deveria estar assustada afinal. “Hm. Quer dizer, seremos amigas agora não é?” Dei de ombros passando os dedos delicadamente até o cardápio que estava ali na mesa. “E então... fez o pedido já?” Interroguei sem olha-la.

“Não... eu estava esperando por você.” A menina respondeu e então eu chamei o garçom, acenando com a mão discretamente, até que ele chegou.

“Um descafeínado e um chocolate quente pra mim e a minha amiga.” Eu falei por nós duas, tinha esse costume de fazer o pedido, afinal, Finn nunca tinha certeza do que ele queria e eu tomei a postura de decidir as coisas na relação... Talvez por isso eu não estivesse tão feliz quanto Meredith e Charlie costumavam me dizer, eu não tinha mais o companheirismo vindo da parte de Finn, talvez aquilo tudo estivesse servindo de algo pra melhorar o meu relacionamento com ele quando eu voltar ao normal.

“Descafeinado?” Perguntou Rachel me tirando de meus pensamentos.

“Sim...” Bem, se aquele era o objetivo de toda aquela loucura, eu estava literalmente ferrada por que de certa forma eu estava empurrando Rachel pro meu marido. Agora isso parecia tão errado... “Eu imaginei que você iria querer o descafeinado, afinal você já fala bastante sem nem mesmo tomar café.” Eu concluo distraída e Rachel me olhava com curiosidade que só então eu percebi.

“C-como sabe tanto de mim?” Perguntou a menina, me fazendo olhar diretamente pra ela.

“Sei lá, sou observadora.” Eu me limitei a dizer.

“Muito observadora mesmo, deveria ter reparado que ela está usando o suéter que você deu a ela.” Charlie apareceu do nada, fazendo com que meu coração acelerasse com aquela voz, mas me segurei pra não dar um gritinho e assustar Rachel, agradecendo mentalmente pelo toque.

“Aliás, o suéter ficou muito bem em você.” Comentei por fim, observando a menina olhar pra baixo onde tinha uma rena e sorrir um tanto corada.

“Obrigada, Quinn. Eu espero que Finn goste dos meus suéteres também.” Disse inocentemente e aquilo me fez rir.

“Desculpe...”

“O que foi?” A menina então franziu o cenho.

“Finn não gosta de roupas demais, você vai precisas mostrar um tanto de pele pra agrada-lo.” Eu disse finalmente, então tive uma ideia. “Que tal uma mudança, Rachel?” Perguntei um tanto animada. Eu nem sei por que eu estava insistindo em empurrar Rachel pra Finn, mas eu continuava com aquela ideia.

“Mudança?”

Demorei um pouco até convencer Rachel de fazer uma mudança pra conquistar Finn, afinal, ela tinha na cabeça dela que se alguém iria gostar dela, tinha que ser do jeito que ela era. Saímos do café depois de um papo curto enquanto tomávamos o café e fizemos a caminhada pelas ruas do sul, onde tinham mais lojas de roupas.

“Me solta, James!” Uma voz feminina gritou em um tom um tanto agudo demais, fazendo a minha atenção e a de Rachel de guiarem até o beco de onde aquele berro vinha. Lá, nos escondemos ao canto do muro, observando o casal.

“Você está grávida sua vadia? Por que não disse antes?” O rapaz mais alto e aparentemente mais velho gritava com a loira a sua frente, uma adolescente... Não, Céus... Não era qualquer adolescente, era Beth!

“Rachel... sua mãe sabe disso?” Eu me virei um pouco assustada pra Rachel, me referindo sobre o rapaz mais velho com quem Beth estava.

“Minha mãe?” A judia então franziu o cenho e então fez uma expressão triste. “Quinn, você não sabe...? Eu não conheço minha mãe.” Ela explicou, mas logo sua expressão ficou ainda mais confusa. “Mas o que isso tem a ver com o casal ali?” Sussurrou pra mim.

Droga, Droga, Droga... Aquilo sim era uma confusão, minha vida paralela começava a se transformar em algo ainda mais confuso do que a minha vida real. Mas espera aí, minha vida real era aquela agora né? Não importava. Rachel não sabia de sua mãe e Beth estava grávida de um rapaz aparentemente agressivo do sul de Lima, ou seja, eu precisava dar um jeito naquilo tudo agora!