Music&tea escrita por Riruka


Capítulo 3
Surrender of non thinking




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– Já está a ficar tarde, acho que vou indo. - Disse-lhe.

O olhar do Mark não me parecia bem. Ele não queria que eu me fosse embora? Bem, eu também não queria mas não é como se fosse lá ficar a noite toda. Amanhã também teria de acordar cedo para as aulas normais, mas pior que isso era não ter aula de música. Pensava que se fosse embora só voltaria a ver o Mark daqui a escassos dias. Fui me dirigindo vagarosamente para a porta de saída enquanto pegava nas minhas coisas. Mark permaneceu sentado, até que...

–oqu- ?

Não consegui pensar. Num momento estava ali, a dirigir-me para a porta. No outro só fui capaz de sentir uns longos braços que me cobriam e um beijo intenso que me impediu de raciocinar. Os lábios de Mark eram suaves e delicados. Os seus braços davam me uma sensação de conforto e protecção. Não tinha muita experiência neste tipo de situações pois tentava evitar rapazes ao máximo, mas se tivesse, teria afirmado, sem margem de duvidas, que este tinha sido o melhor beijo que alguma vez tivera recebido.

Não me movi, não sabia o que fazer ou como reagir. Fiquei ali imóvel à espera que ele fizesse alguma coisa. Mas Mark continuou a segurar-me como se dissesse "Não vás!". E eu não fui. Ficamos assim por volta de uns 5 minutos? Ou talvez mais?

–Posso ficar com o teu número? - Mark pediu com algum receio, mas com a sua voz calma e serena de sempre.

–Claro. - E passei-lhe o meu telemóvel.

Continuava estranho. Sempre que me encontrava com o Mark sentia-me estranha. Não sabia o que fazer, como reagir, pensava em tudo um milhão de vezes ou então não penava em nada.

Depois daquele abraço Mark não me disse mais nada. Eu realmente gostava de saber o que ele estava a pensar ou o que teria sentido. Mesmo assim, foi ele que me abraçou então acho que eu já não era totalmente estranha a ele. Eu tinha ganho alguns sentimentos por ele desde que o conhecera, no bar da escola de música. Acho que era impossível não ganhar alguma afinidade com uma pessoa tão boa como ele. Mas será que ele os teria por mim? Continuava a pensar que não poderia ser. Porque ele haveria de os ter por mim? Para além da minha forma física descomunal, eu era uma pessoa muito reservada e anti-social.

Mark devolveu-me o telemóvel e então despedi-mo-nos com um leve ''Até Amanha." Mas será que amanha o voltaria a ver?

Cheguei a casa e não fiz muito. Sentia-me torturada por todos estes sentimentos. Não sabia como lidar com eles por isso decidi colocar-me debaixo das mantas e adormecer. Demorou ainda muito até que o sonho viesse, continuei a pensar no Mark por longas horas, estes pensamentos não me queriam deixar ir.

Acordei e tudo o que pensei foi no Mark. Ele e a sua figura linda, a sua imagem pacífica e delicada. Como ele era perfeito. Como poderia uma perfeição estar tão perto de mim? Todas estas inquietações não se iam a baixo e permaneciam ali. Eu queria ver o Mark de novo. Talvez se o visse as respostas viriam como uma brisa fria que passa num dia de calor e dá uma sensação de frescura e alívio. Infelizmente tinha de ir para a escola, ver aquele amontoado de gente que mal conheço e aprender toda aquela matéria chata sobre ciências que não me fariam qualquer falta. Pelo menos assim o achava.

Eu sou dessas pessoas que acredita "Quanto mais conhecimento melhor!" mas que não sou lá muito boa a coloca-lo em prática. Existe um mundo inteiro lá fora para conhecer e explorar e um monte de experiências por realizar, mas não! Tinha de ficar quase o dia todo enfiada dentro de quatro paredes a ouvir palestras de professores monótonos. Eu sei que não sou obrigada a lá ficar. Visto que faltar é uma opção e eu sou uma pessoa livre de tomar todas as minhas decisões, poderia ter essa atitude mas, por ser uma pessoa livre, também todas as minhas decisões sofrem consequências. É por isso que não quero sofrer as consequências de falhar nos exames e reprovar de ano. Tenho de ser responsável e cumprir com todos os meus deveres de cidadã....  

E lá estava eu mais uma vez a ter um discussão comigo própria sobre a filosofia da vida, não prestando completamente nenhuma atenção ao que se passava na sala de aula. Voltei a concentrar-me e para me confortar decidi acreditar que, agora que o Mark tinha o meu número, ma mandasse um e-mail ao final do dia.

Fui embora para casa com uns colegas de sala, eu não me dava tão bem com eles mas eram os únicos com quem falava. Mesmo não gostando de ter muitos amigos, ainda era simpática o suficiente para fingir que me importava com eles, ou no mínimo, que gostava de falar com pessoas como eles. Eu até gostava deles, eram engraçados, mas não é como se confiasse o suficiente neles para os chamar de amigos. Quando chegámos perto do meu prédio vimos o Mark sair do seu carro e entrar no seu prédio. Estávamos ainda um pouco longe pois a rua era bem grande e larga com um parque de estacionamento, daquele de rua, em frente dos prédios, o mais provável era que ele nem nos tenha visto. Uma das raparigas, a Sirotan, que tocava violino e tinha aulas de música na mesma escola que eu, reconheceu-o.

-Olhem ali, aquele senhor!! Aww~ Ele não é bonito?? - Disse a Sirotan com muito entusiasmo e admiração.

Todos concordaram especialmente as raparigas. Os rapazes do grupo ficaram todos com a cara de lado, perguntando-se porque é que as raparigas haveriam de ficar interessadas num rapaz que mais parecia uma menina. Cabelo grande e prateado, olhos enormes e  cara bem definida. Eu fiquei calada a ouvir as opiniões deles.

A Sirotan estava tão entusiasmada que continuou:

-Ele é o meu professor de violino. Ele vivia em Inglaterra mas veio para portugal dar aulas de música. Eu realmente não o entendo. Porque haveria de vir para aqui, para o fim do mundo? E ele é tão lindoo~ Será que tem namorada? Mesmo sendo mais velho, eu não me importava nada~ de ficar com ele! O mais impressionante é que fala português perfeitamente, nem tem sotaque estrangeiro!

A Sirotan é realmente uma fala barato!! Mas melhor isso que nada. Num só instante descobri inúmeras coisas que não sabia sobre Mark. Apesar de o ter conhecido a pouco tempo, nem desconfiava que ele tinha vindo de Inglaterra, e ele dava aulas de violino? Impressionante! Pensava que ele era aluno mas agora ainda o achava muito mais dotado! Ele é realmente qualquer coisa...

" Waahh~" - A única reação que tive perante tais informações!

Como o meu prédio era logo ali, despedi-me dos meus colegas e entrei no meu prédio. Sentia-me triste pelo Mark não me ter visto nem ter dito nada mas seria ainda mais estranho se ele se dirigisse a nós para me cumprimentar. Não, Não Não, isso era impossível, eu morreria de vergonha! Mas se ele também me tivesse visto e seguido com a sua vida, eu provavelmente sentir-me-ia triste e pensaria que ele já se tinha esquecido do que aconteceu na noite anterior.

Não tinha muito para fazer. Estava farta de pensar em estudar na escola por isso, para aliviar o stress das aulas, decidi tocar guitarra. Toquei tanto tempo que nem me apercebi das horas. Quando olhei para o meu telemóvel a hora de jantar já tinha passado à muito mas não tinha nenhuma mensagem. Pensei e pensei se devia comer alguma coisa, agora que tinha ''voltado ao mundo'' comecei a sentir fome mas não tinha nada para comer em casa. Decidi descer, ir à loja de conveniência e esperar para que me encontrasse de novo com o Mark.


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Notas finais do capítulo

*Sirotan é o nome de um boneco muito fofo:
♦ http://blogs.yahoo.co.jp/snafkinliberty/31621083.html



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