Cheguei a casa exausta mas bem disposta. Vivia sozinha por isso pousei a guitarra e a minha mala pelo chão sem me preocupar muito e fui logo deitar-me. Conhecer o Mark tinha sido uma otima experiência. Não conseguia pensar noutra coisa. Queria vê-lo novamente e conhece-lo melhor. Estive a noite toda a pensar em como foi tão bom ele ter-se aproximado de mim. Mesmo assim não deveria criar expectativas, ele ainda era um estranho para mim, um estranho que eu estava morta para conhecer.

Como era sábado acordei bem tarde. Nem comi almoço, preparei um chá e umas bolachas enquanto esperava que o computador se ligasse. Como tinha de estudar o que tinha dado nas aulas, pois ainda andava no secundário, só depois poderia entrar para a universidade de música fiquei na cidade em vez de passar o fim de semana na casa dos meus pais. Mas também tinha de praticar guitarra. E assim passei o dia. Mal comi durante o dia. Viver sozinha realmente prejudicava a minha alimentação mas eu nunca me tinha importado, sempre fui boa de saúde.

O domingo não variou muito. Estava ansiosa pela segunda-feira. Iria ter aulas de música logo depois das aulas normais, tal como acontecia na quarta-feira e na sexta-feira. Será que iria ver o Mark? E se saísse de casa, teria alguma chance de o encontrar? Apesar de saber o seu prédio não sabia o seu andar e número. Também não é como se fossemos tão próximos para o ir visitar a sua casa. Teria de esperar até nos encontrarmos por mero acaso.

Felizmente as aulas de segunda feira passaram e fui ter aula de música. Cheguei à escola de musica mas por mais que olhasse para todo o lado, só via os meus colegas de aula.

Depois de terminar a aula era por volta de umas 19:30 h, e como estávamos no Inverno já se fizera de noite. Tive de me consolar por não ter visto o Mark e ir para casa a pé.

No caminho de casa passei por uma loja de conveniência, precisava de algo rápido para comer, não me apetecia nada cozinhar, não tinha jeito para isso. Sem conseguir evitar os doces decidi comprar um pouco de chocolate, são uma viciada em chocolate, talvez porque sou uma solitária e ele faz-me sentir melhor. Tento me controlar mas é realmente difícil! Tinha tantos que me apetecia levar todos, mas logo o meu interesse se desviou dos chocolates e passou para um homem que se encontrava ali de costas, ele realmente parecia-se com o Mark mas pensei que eu estava a alucinar, já tinha pensado tanto nele que devia de o ver em todo o lado. Então ele virou-se e fiquei mesmo espantada, era ele! Fiquei tão nervosa, não sabia se devia falar ou evitá-lo. Agora que o tinha visto queria que nunca o tivesse encontrado!

- Riruka! O que fazes aqui? A comprar o jantar?

- S-sim... - Era meio vergonhoso, uma rapariga que não sabe cozinhar... Ahh, isso era realmente qualquer coisa.

- Ahaha, Eu estava a comprar alguns legumes para o meu jantar - apontou para o cesto que trazia - Mas comeres ramen para o jantar não é lá muito saudável. 

Retorqui com uma expressão de quem não se importava muito. 

- Eu vivo sozinho, e como é chato jantar sozinho, gostarias de me fazer companhia? A minha comida é muito boa, acho que deverias provar.

Ele estava-me a convidar para um jantar, na casa dele! Não podia perder esta grande oportunidade de o conhecer, por isso acenei com a cabeça.

Dirigi-mo-nos para a casa de Mark. Definitivamente o seu apartamento era muito melhor que o meu e mais espaçoso. O que me chamou mais atenção foi o seu papel de parede, era branco e cor de rosa.

- Gostas de cores claras? - Perguntei.

- Ah, é por causa do papel de parede? - Acenei com a cabeça - Eu gosto muito de cor de rosa e branco, são duas cores que me transmitem paz, por isso decidi colocar assim. 

Tudo na sua casa realmente parecia claro. Os móveis era todos brancos ou beje, realmente muito bonitos. Ele parecia não ter nenhum problema com dinheiro, o que já tinha notado pela sua maneira de vestir.

- Senta-te, Eu vou preparar o jantar por isso fica à vontade.

Mark mostrou-me a sala, onde se encontrava um sofá, muito confortável e alguns quadros bem simples e delicados. Mas a peça central daquela parte da sala era um belo piano branco perto das vidraças da porta que estavam cobertas por longos cortinados semi-transparentes brancos com pequenos detalhes cor de rosa. Mark partiu para outra divisão, provavelmente a cozinha e eu fiquei a apreciar aquela bonita sala. O apartamento enorme de Mark à primeira vista parecia-me bem feminino, mas depois de analisar a sua sala, parecia que combinava com ele. Das poucas vezes que vi o Mark, ele sempre se vestiu com roupas de cor clara.

Mark chamou-me para jantar, como estava nervosa a minha cara deveria estar vermelha, a minha pele também é bem clara e coro facilmente, era uma coisa que nunca tinha gostado.

- Espero que não te tenhas aborrecido à espera que preparasse o jantar.

Abanei a cabeça em sentido negativo.

Mark era tão simpático e atencioso! apercebi-me disso  reparar na disposição dos pratos e talheres na mesa. O comer também tinha muito bom aspecto. 

- Estás a gostar do jantar? - Perguntou Mark para quebrar o silêncio que existia entre nós. Até aquela altura ficara a apreciar a disposição de tudo naquela mesa, parecia tudo tão perfeito e meticulosamente planeado.

- Sim. Está muito delicioso. - Quando o disse senti-me realmente mal. Mark tentara quebrar o silêncio mas por que eu nunca sei do que falar acabo por dizer estas respostas que me fazem parecer uma arrogante...

- Que bom! Nunca cozinhei para ninguém antes então estava meio receoso...

- Nunca? Cozinhas tão bem! Guardas-te esse dom para ti próprio? - Sempre que lhe perguntava alguma coisa sentia-me uma parva, como se a resposta não fosse obvia, sim.

-Sim, quando eu vivia com a minha família eu tinha empregadas que preparavam sempre o jantar, tudo o que fazia era provavelmente deitado ao lixo...

-Que desperdício... Como... Como é a, a tua família? 

-Não tens de te preocupar muito com a minha família. Não é como se eu gostasse realmente deles.

O Mark parecia não ter boas memórias da sua família, mesmo depois da minha tentativa de descobrir mais , ele continuava reservado. Talvez como eu... Era estranho. Tudo era estranho e difícil. Não sei porquê.

-E tu, para além de estudares música o que mais fazes?

-Tenho aulas normais de secundário.

-Andas em que ano?

-No 11º...

- Oh então tens 16 anos, ou estou errado?

-Certíssimo... E tu? Quantos anos tens? - Realmente tinha de perguntar, estava tão curiosa à cerca disso!

- Eu tenho 24 Anos. - Respondeu com um sorriso. Quando olhei para ele, parecia brilhar ainda mais.

Não sabia o que responder mais. Será que diria que era jovem? Ele apenas tem 24 anos, mas comparados com os meus 16 anos, realmente parece um pouco velho... Estava confusa, idades sempre me faziam isto.

- Ahah, acho que a idade não importa muito. O importante é vivermos a vida da melhor maneira possível. -continuou ele.

-Eu concordo, mas realmente fico um pouco confusa quando tenho de lidar com pessoas mais velhas que eu... - Respondi envergonhada.

-Não é preciso ficares assim. Trata-me normalmente! 

O convite dele parecia-me muito tentador, mesmo assim acho que ainda devia de manter algum respeito com o Mark.

Terminamos o jantar e comecei a achar que estava na minha hora de ir para casa...