– Gin-san – o Comandante Shimura olhou para o amigo. – Você pretende recomeçar a Yorozuya?

– Aham. Pretendo recomeçar comigo e o Ginmaru. – Gintoki respondeu sem dar muita bola. – Por quê?

– Gostaria de contratar os serviços de vocês... Desta vez pra valer. – Shinpachi ajeitou os óculos. – Não só de vocês, como dos nossos “alter-egos” do passado... Se eles aceitarem, claro.

– Será que eles vão aceitar, Sensei? – Ginmaru questionou. – Deu trabalho pra eu trazê-los pra cá.

– O que acha, Gin-san? Você acha que seu outro eu toparia?

– Pagando bem, que mal tem? Eu acho que meu outro eu aceitaria. Qual é o serviço?

*

– COMÉQUIÉ? Eu tô querendo voltar pra minha linha de tempo e você quer que a gente fique? E se passarem cinquenta anos lá e eu der de cara com uma catástrofe apocalíptica e cataclísmica? Como é que fica? Vocês já têm de volta o meu outro eu mais velho, então nosso serviço acaba por aqui!

O Comandante Shimura não respondeu. Somente fuzilou com o olhar o Gintoki vinte anos mais velho e lhe resmungou com ironia:

– “Pagando bem, que mal tem?”...! A sua memória ainda tá um caos.

– Ei, ei, Shinpachi-kun... – o alvo do olhar assassino respondeu todo sem graça. – Leve em conta que nós nunca viajamos no tempo...!

É, fazia sentido. Mas a sua atual situação e a do Shinsengumi eram as piores possíveis. Era necessário o apoio do maior número de pessoas que conseguisse, diante do grande desfalque que sofreram seus homens.

O que menos lhe preocupava era a própria vida. Sabia se defender e, se morresse, não faria tanta falta assim ao Shinsengumi. Kondo poderia muito bem reassumir o comando e voltar à ativa.

Não queria que pagassem por uma vingança barata daquele tal Kasler, sendo que o alvo era ele, Shimura Shinpachi.

– Gin-san – o outro Shinpachi falava com seu “chefe” do passado. – Por que não reconsidera? Eles estão bem desfalcados e precisam de toda ajuda possível para se defenderem de um ataque. Eu, no lugar dele, faria a mesma coisa e te pediria ajuda.

– Gin-san – o Comandante Shimura se ajoelhou. – Por favor, ajude-nos a salvar o Shinsengumi... Mais uma vez.

– Levanta, Shinpachi-kun. – o Gintoki vinte anos mais jovem mandou. – Já fizemos isso uma vez, e vamos fazer de novo. Pelo menos foi você que me pediu, e não aquele Mayora idiota.

O Shinpachi mais velho se levantou e agradeceu ao albino, que perguntou:

– A propósito, Quatro-Olhos-Comandante-do-Shinsengumi... O que vamos fazer pra salvar o Shinsengumi?

– É verdade, Shinpachi-kun. – o Gintoki mais velho questionou. – O que a gente vai fazer?

– Invadir a sede do Governo Central.

– QUÊÊÊÊÊÊÊ?! – os dois Gintokis ficaram assombrados diante da resposta do Comandante do Shinsengumi.

Agora foi a vez do Shinpachi mais jovem protestar:

– EI, TÁ PIRANDO? ASSIM NEM PARECE EU!! VAI INVADIR A SEDE DO GOVERNO CENTRAL ASSIM DE CARA?

– Sim. – o Shimura mais velho respondeu. – E estou solicitando ajuda ao Joui também.

– PERAÍ! VOCÊ VAI SE ALIAR AO KATSURA-SAN??

– Estamos desfalcados e não temos outra escolha a não ser nos aliar ao Joui.

– Por que está fazendo isso?

– Porque Shimura-san pretende montar uma operação de resgate. – Hijikata chegou com a resposta reveladora.

– E quem vai ser resgatado? – Kagura interrogou.

– O shogun deposto.

Ante a afirmativa do Vice-Comandante do Shinsengumi, os dois Gintokis fizeram caras de pavor:

– O... O SHOGUN...?!

Nisso, um ruído se fez ouvir no teto do local onde estavam reunidos, na grande sala da mansão de Hasegawa. Sacchan, com a rapidez típica de uma kunoichi, arremessou a kunai que acertou um tiro certeiro – pois um grito de um homem ecoou no ambiente, antes de este cair de cara no chão com a dita kunai enfiada no ânus.

– Zenzou...? – ela reconheceu o intruso.

*

Kasler andava de um lado a outro de sua grande sala, demonstrando impaciência desde que começara a fazer as contas do que perdera até então, devido aos acontecimentos recentes. E eles coincidiram com a chegada do trio trazido pelo filho do Shiroyasha.

Aliás, a sua primeira perda foi justamente o Shiroyasha, seu poderoso aliado até então. Depois, fora a Sarutobi. Em seguida, o espião do Shinsengumi e, para completar, o Hattori não havia aparecido. Isso, sem contar os homens abatidos do confronto com o Shinsengumi. Não foram tantos quanto os dos “inimigos”, mas foi um número significativo.

Sabia que havia dois ali que eram a origem de tudo aquilo que estava ocorrendo. Desde que eles começaram a se mover, tudo aquilo estava ocorrendo e a situação queria sair do seu controle.

Havia ali dois agitadores. Um deles lhe deixara uma marca para o resto da vida. O outro não passava de um moleque rebelde que precisava de um corretivo, já que seu pai era incapaz de lhe dar um.

Daria mais um tempo até Hattori chegar com as informações das quais ficara encarregado de coletar. Caso contrário, teria que dar seu jeito.

– Preciso dar um jeito nesse burburinho logo. – Kasler murmurou. – Caso contrário, as coisas sairão realmente do meu controle e meus planos para Edo serão comprometidos.

– Lorde Kasler! – um de seus subordinados o arrancou de seus pensamentos. – Está tudo pronto para aquele projeto de reativação do Terminal de Edo!

– Ótimo. Só espero que até lá nenhum daqueles dois agitadores atrapalhem meus planos para Edo.

– Ó Lorde, por que não aciona o Mimawarigumi para sufocar de vez esses caipiras do Shinsengumi?

– Não posso acionar a elite tão cedo. Ainda não é o momento certo para isso.