Sonhos Roubados escrita por Kátia
- Parece que você vai vomitar. – Disse ele depois que já havíamos comido.
- Não, estou bem. – Falei apesar de estar com uma ânsia forte. O hambúrguer não tinha caído muito bem no meu estômago e junto com o nervosismo acabou dando nisso.
- Acho que devemos ir lá para fora. – Ele se levantou e me puxou delicadamente para fora, junto com ele.
Tinha uma praça ali em frente, fomos para lá.
- Pronto. – Ele olhou para mim por um momento e acrescentou sorrindo: - Você já parece melhor.
- Eu estou bem e antes também estava. – Falei com teimosia.
- Claro que sim.
A conversa acabou por aí. Ficamos um tempo que pareceu muito longo em silêncio. Por fim não consegui resisti e comecei a rir.
- O que é dessa vez? – Disse ele me olhando como se eu fosse louca.
- Não sei. Só deu vontade de rir. – Falei sorrindo.
- Você é maluca.
- Os melhores são.
Dessa vez ele que riu. Ri junto. Era bom rir com ele.
- Somos só amigos, certo? – Perguntei, depois de ter parado de rir.
- Sim. – Ele disse pensativo.
- Ótimo. – Falei realmente contente.
Ele fitou o chão e depois de alguns segundos perguntou:
- Seria estranho se eu dissesse que gostei de beijar você?
Não respondi, apenas sorri.
- Jess? – Ele me pressionou.
- É estranho. Visto que eu que beijei você e não você que me beijou. – Falei rápido.
-Você entendeu o que eu quis dizer. – Falou seriamente.
Pensei por um momento naquilo e suspirei.
- Eu não sei. – Falei realmente confusa.
- Porque você me beijou? – Ele me encarou.
- Não sei exatamente. – Falei com sinceridade. – Mas acho que foi tudo uma questão de curiosidade e experimento.
- Curiosidade e experimento. – Repetiu rindo. – Por favor, me diga o que você aprendeu com esse experimento.
- Não te direi nunca. – Falei sorrindo. Eu sabia exatamente o que ele queria que eu dissesse. Ele queria que eu falasse que foi um beijo ótimo e que eu gostaria que se repetisse mais vezes. Mas é claro que eu não falaria isso para Evan.
- Posso dizer como foi para mim?
- Fique a vontade. – Falei realmente curiosa.
- Bem, foi uma sensação assustadora, contraditória, empolgante, excelente e revoltante. – Deu um sorriso torto e prosseguiu: - E eu diria que os resultados do experimento foram extraordinariamente positivos.
Comecei a falar algo sobre o “revoltante”, mas ele me interrompeu:
- Anote no seu relatório. Foi assustador de início porque você veio na minha direção com cara de quem ia me bater. Contraditória porque você estava me beijando, e isso não é uma coisa que você faz. Empolgante porque bem, deixemos essa parte em branco. Não quero aumentar sua autoestima em relação a isso. E revoltante porque você se afastou quando as coisas estavam indo bem. E o resultado foi positivo para mim porque me deu vontade de repetir. – Falou sem nenhum arrependimento na voz.
- Anotado. Enviarei o relatório a uma equipe especializada e eles me dirão o que isso significa. – Falei sorrindo.
- Não é justo eu ter aberto minha pesquisa cientifica com você e você não compartilhar a sua. – Ele fez cara de bravo.
- Assinei o termo de confidencialidade. Desculpe, fui mais inteligente que você.
- Te odeio. – Falou me empurrando.
- Estamos quites. – Falei empurrando de volta.
- Você vai à festa da Lolla amanha?
- Com certeza não.
- Eu queria uma companhia. – Falou jogando o verde.
- O Colin vai.
- Quero uma companhia com o nome Jess.
- Você vai ter que procurar muito. – Falei dando de ombros.
- Por favor? – Falou em tom de súplica.
- Cara, eu não gosto dela. Ela não gosta de mim. Porque eu iria à festa dela? – O encarei.
- Mas você gosta de mim. E eu preciso de uma companhia.
- Não vá então. – Falei sorrindo.
- Qual é, Jess. Será a festa do ano. A escola toda vai estar lá. Até o pessoal do último ano. – Ele sorriu e acrescentou: - Tenho alguns amigos do último ano. Talvez eu possa te apresentar um.
Comecei a rir.
- Você quer me comprar? Com um garoto? – Perguntei ainda rindo.
- É por ai. – Falou rindo também.
- Você é um idiota.
- Uau. Que descoberta. – Ele passou as mãos em seus cabelos por um momento, como se estivesse decidindo se falava algo. Depois de algum tempo ele acrescentou: - Bem, se você não for eu vou ficar muito triste. Quem vai me proteger da Lolla?
- Como assim proteger? – Perguntei desconfiada. Não era possível que...
- Ela tem me rondado ultimamente. – Falou baixo.
- Ah. – Foi a única coisa que eu consegui dizer.
- E ela é bem persistente. E ela começou a fazer isso depois que eu comecei a andar com você. – Ele sorriu. – Acho que ela acha que você iria ficar com ciúmes, caso acontecesse alguma coisa entre eu e ela.
Não falei nada. Já não bastava ela dar em cima do Colin. É claro que ela ia dar em cima do Evan também. Só faltava ela começar a dar em cima do Thomas e do Mike também. Seria possível que um dia ela entrasse na minha casa como namorada do Fred ou Jim. Ela era tão minha fã que precisava ter tudo o que eu toco. Aposto que à noite ela revira o meu lixo.
Fiquei com vontade de ir nesta festa com o Evan só para implicar ela. Seria uma cena linda ver ela com raiva no dia do aniversário dela. Mas eu não usaria o Evan para aborrecer ela. Não mesmo. Apesar da tentação ser grande.
- Em que você está pensando? – Perguntou me tirando do além.
- Nada. – Ele me olhou de um modo ameaçador. Suspirei e disse: - Eu fiquei tentada a ir nessa festa com você só para aborrecer ela. Mas eu estaria te usando. E isso não seria legal.
- Cara, fique a vontade para me usar. Estou a mercê de você excelência. – Disse ele sem pensar.
- Não seja legal. Não faria isso com você.
- Você pode fazer isso se você quiser. Não me importo. – Ele pegou minha mão, um gesto que eu já havia me acostumado. – Sua companhia é o que importa. E faz tempo que eu não vou a uma boa festa.
- Você é uma pessoa horrível. – Falei fingindo tristeza.
- Isso foi um sim?
- Talvez. – Sorri um pouco.
- Chego à sua casa as sete.
- Ok.
Já estava arrependida. Eu e Lolla na mesma festa. Isso não ia dar certo. Isso estava cheirando a confusão.
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