Sonhos Roubados escrita por Kátia


Capítulo 7
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Opa, e ai tudo bom?



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O celular despertou. Eram 6:30. Enfim ele havia funcionado. Levantei calmamente, tomei um banho, escovei os dentes, coloquei a joelheira e quando fui vestir a calça ela não subiu por causa da santa joelheira. Procurei por uma calça mais folgada, mas elas ainda não eram suficientes largas. Por sorte eu tinha um short largo o suficiente. Ele era um pouco curto, mas eu podia superar isso.

Depois de pronta, peguei minha mochila e desci as escadas mais facilmente, pois meu joelho agora apenas latejava. E fui tomar café. Fred já estava lá em baixo, é claro.

- Olha, a trombadinha chegou. – Ele sempre falava isso quando eu vestia este short.

- Bom dia para você também. – Falei dando língua.

Jim desceu logo em seguida e me ofereceu uma carona. Aceitei e em 5 minutos estava na escola. Eu havia chegado cedo demais, por isso quando o diretor me viu chega se assustou.

- Não acredito. Você está cumprindo mesmo sua promessa. – Falou ele sendo simpático.

Dei um sorriso amarelo e respondi:

- Pois é, né. As pessoas mudam.

- Graças a Deus.

Ele abriu o portão e fui direto para a sala de Português. Não havia ninguém lá, ainda. Mas logo as pessoas foram chegando. Essa era a minha aula favorita, por que eu, Colin, Thomas e Mike estávamos juntos nela. A professora odiava esse fato. Hoje Colin não se sentou com a gente. Ele se sentou perto de Lolla por que a professora havia pedido para que ele ajudasse Lolla com a matéria. A aula passou rápido e logo estávamos indo para a cantina. Mas hoje havia algo errado nela. Porque assim que entramos vimos que havia uma pessoa em nossa mesa. Assim que me dei conta de quem era, prendi a respiração.

- Ei, Jess. Acho que o seu amigo gostou mesmo da gente, ein. – Thomas falou sorrindo.

Lancei um olhar irritado para Colin, mas ele apenas deu de ombros.

Chegamos à mesa e nos sentamos.

- Espero que vocês não achem ruim que eu me sente aqui com vocês. – Evan disse sorrindo alegremente como uma criança que acaba de ganhar um brinquedo, e a minha maior vontade no momento era quebrar o brinquedo.

- Não, tudo bem. A Jess, falou mesmo que ia chamar você para sentar conosco. – Mike falou me cutucando.

- Falei? – Perguntei olhando diretamente nos olhos de Mike. Ele esboçou um sorriso ainda maior e concordou com a cabeça.

Meu telefone apitou. Fui olhar e lá estava uma mensagem de Evan.

“Você não vai se ver livre de mim tão fácil”

Levantei a cabeça e disse olhando para ele:

- Infelizmente.

Ele sorriu e jogou uma bala de mascar em mim.

E a semana continuou. Eu ia para casa do Colin depois da aula e só voltava à noite para casa. Na escola estava tudo indo bem, mas eu constantemente esbarrava em Lolla no corredor e ela ria do meu joelho machucado. Na hora do intervalo, Evan sempre estava conosco e eu já havia começado a me acostumar com isso, como se o lugar dele sempre fosse ali. Também havia aprendido a suportar ele, e Colin, Mike e Thomas já zoavam ele, o que significava que já eram amigos.

O único problema que eu tive foi na aula de Educação Física na sexta feira. Meu joelho já estava melhor, mas eu ainda usava a joelheira por garantia. A professora ainda achava que eu estava fingindo, por isso mandou que eu tirasse a joelheira e fizesse a aula como todos os outros. Legal.  Como já sabíamos a aula era de “Defesas Pessoais”. E não tinha nada ali que eu não sabia. Por isso fingi ao máximo que eu era uma terrível lutadora. Mas quando partimos para os chutes, percebi que eu não estava fingindo. O joelho direito deu uma fisgada e protestou. E eu tive que parar de chutar o saco de areia à minha frente, resolvi dar alguns murros desajeitados em vez disso. Evan notou meu talento natural e veio se postar ao meu lado.

- Você está com cara de entediada. – Ele disse como se eu não soubesse disso.

- Talvez seja porque estou entediada. – Falei erguendo as sobrancelhas.

- Aposto que é porque você não entendeu nada do que a professora ensinou. – Ele falou sorrindo, não pude deixar de sorrir também. Ele saiu do meu lado e ficou atrás de mim. Meu coração deu um salto quando a mão dele tocou meu cotovelo direito e o posicionou da altura certa. – Assim você tem um alcance melhor. E você vai desferir com mais força.

Assenti com a cabeça e engoli em seco, pois o hálito dele fazia cócegas no meu pescoço.

Soquei o saco de areia mais ele nem se movimentou.

- Talvez você deva usar os cotovelos para atacar. Já que você não tem muita força. – Ele riu me provocando e meu instinto foi de mostrar para ele que ele estava enganado. Mas eu não podia bater nele. Por isso puxei meu braço e esmurrei o saco de areia com tanta força que os nós dos meus dedos doeram. Depois me virei e com um movimento rápido dei uma cotovelada no obstáculo a minha frente.

Ele me encarou e disse:

- Você estava fingindo que não sabia.

- Como eu já havia lhe dito. Não gosto de praticar no meio de tanta gente. – Olhei ao redor, mas ninguém prestava atenção em mim. Todos estavam olhando para Lolla. Desviei o olhar antes de saber por que todos olhavam para ela e fui me sentar na arquibancada. Evan me seguiu.

- Ela é boa, até. Mas a professora não estaria olhando para ela se visse como você é ótima.

Sorri.

- Não me importo com o que a professora acha. Só não quero chamar atenção para mim. – Falei tentando parecer despreocupada.

- Mas deveria. – Ele disse tocando meu braço.

- JESSICA. O QUE VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO? – A professora gritou de longe.

Caminhei até ela e respondi calmamente:

- Estou tendo problemas com o exercício “chutar”.

- Não me diga que é por causa do seu joelho.

- Nossa, acertou na mosca. – Falei tentando esconder o sarcasmo.

- Evan, venha cá. – Evan veio rápido. – Como reparei que você é o mais habilidoso, você deve ajudar ela. Se por um acaso eu olhar para vocês dois e não houver um movimento de pés batendo no saco de areia, eu juro que suspendo os dois.

Evan olhou incredulamente para ela.

Voltamos para o saco de areia e Evan me perguntou:

- Você sabe dar um bom chute?

- Não, sou melhor usando o joelho, mas... – Nem precisava terminar a frase.

- Tudo bem, eu te mostro. – Ele chutou graciosamente o saco de areia. – Agora sua vez.

Chutei.                                                              

- Não. Vire de frente – Eu virei. Ele segurou firme na minha cintura e disse para que eu me virasse de lado na medida em que eu desse o chute.

Chutei novamente. Dessa vez com a mão dele pressionando minha cintura.

- Isso, está melhor. Se você colocasse força seria melhor, mas não vamos abusar do seu joelho.

-Obrigada. – Falei.

E ele continuou me ajudando com o exercício.

- Ora essa. Que bonitinho vocês dois. – Falou Lolla, quando eu havia acabado de dar mais um chute. Dessa vez queria chutar a cara dela. – E como sempre, eu sou melhor que você.

-Nossa, grande coisa. – Falei a ignorando.

- Sim, é sim. Aposto que numa briga, eu acabaria com você. – Ela disse sorrindo.

- Você? Em uma briga? – Ri com vontade.

- Porque está rindo? Acha que não sou capaz?

- Acho, eai? O que você fará agora? – Desafiei. Podia sentir a mão de Evan me pressionando como um sinal que dizia “Acalme-se”, mas eu já estava calma.

- Nada. Sabe por quê? Porque eu não bateria em uma órfã. Ops. – Ela disse e riu.

Meu estômago revirou e a raiva percorreu meu corpo. Não respondi ao insulto, me virei devagar para ficar de costas para ela. Foi quando ela disse:

- Já vai? Sabe, mande lembranças aos seus pais por mim.

Sem pensar duas vezes virei, fechei minha mão pronta para dar um soco em Lolla, quando Evan se põe na minha frente e intercepta o soco com uma das mãos. Ele me arrasta dali antes que a professora venha em nossa direção. Eu não falei nada, me deixei ser guiada para fora do ginásio. Paramos no corredor. Ele me olhou de modo pensativo e estava esperando que eu dissesse alguma coisa. Por fim ele fechou os olhos e começou a falar um monte de coisas sem sentido:

- Jess, olha eu sei. Ela merecia aquele soco. Mas não podia deixar você bater nela. Cara, você precisa controlar seu gênio. Se você não quiser mais falar comigo eu vou entender. Desculpa, eu devia mesmo ter deixado você bater nela e...

Parei de escutar o que ele estava dizendo, tudo que eu precisava agora era que ele calasse a maldita boca. Por isso me aproximei dele e peguei em sua mão. Ele não abriu os olhos. Continuou falando que a Lolla merecia uma surra, mas não no ginásio da escola. Cheguei mais perto para ver se ele sentia minha presença e calava a boca. Nada. Cheguei mais perto. Nossos narizes quase se tocando. Ele continuava a falar, era impressionante. As frases não faziam mais sentido porque eu estava concentrada nas pálpebras fechadas dele e esperava o momento em que ele as abrisse. Por fim, ele suspirou e abriu os olhos. Ele arquejou quando reparou o quão próxima eu estava. Olhei profundamente em seus olhos que agora estavam de um azul impressionantemente escuro. Ele não falou mais nada. Sorri. Soltei minha mão da dele e comecei a empurrá-lo para trás, até que ele tocou a parede. Ele estava mudo. Ainda estávamos a 5 centímetros de distância. E a reação dele estava me divertindo.

- Você parece nervoso. – Dei uma pausa esperando que ele dissesse algo, mas ele permaneceu em silêncio. – Você já terminou seu discurso?

Ele assentiu com a cabeça e seu nariz tocou no meu, produzindo uma sensação boa onde havia tocado.

- Que bom. Só quero que saiba que eu não escutei 50% do que você disse. Você entende isso? – Perguntei sorrindo.

Ele suspirou e disse:

-Entendo.

- Você entende também que não me deve desculpas? – Falei olhando diretamente em seus olhos.

- Não acho que eu entenda essa parte. – Ele sorriu e pegou uma mecha do meu cabelo e pôs atrás da minha orelha.

- Não importa. O importante agora é que, eu devo agradecer a você, porque se não fosse por você, uma hora dessa eu seria uma ex-aluna dessa escola. Obrigada, Evan.

Eu estava tão perto e não me sentia desconfortável. Eu poderia beijá-lo se eu me movesse um pouquinho para frente. Uma parte de mim queria isso. A outra parte tinha desmaiado.

Fechei meus olhos e encostei a cabeça em seu peito enquanto ele passava os braços ao redor de mim.

- Você é complicada de entender. – Ele disse de modo natural. Eu escutava atentamente o som de seu coração. Resolvi fazer um teste. Tirei minha mão da parede e encostei em seu peito do lado onde minha cabeça estava e comecei a subi-la lentamente até chegar em seu pescoço. O coração dele respondeu ao meu toque batendo mais rápido. Estava gostando da sensação. Por isso, conduzi minha mão até seu ombro e fui descendo até encontrar a mão dele, sentindo sobre meus dedos seus músculos. Comecei a rir. E levantei minha cabeça para encontrar seu olhar confuso.

- Eu realmente não consigo te entender.

Afastei-me dele com um sorriso no rosto e soltei sua mão. Fui em direção ao ginásio e deixei-o parado encostado na parede.

Ele correu até mim e puxou meu braço e dessa vez ele que me prensou contra a parede.


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Notas finais do capítulo

hm... Jess e Evan. O que vocês acham desses dois?



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