Acordei pela manhã e ele não estava ao meu lado. Levantei desesperada. Fui descer as escadas e eu estava meio desnorteada. Não sei se eu já disse, mas sou meio desastrada e muito descontrolada. Quando coloquei o pé esquerdo no primeiro degrau, escorrei.

– Rafael! – eu gritei chamando seu nome. Foi a ultima coisa que consegui dizer.

Acordei num lugar claro, aquela luz era forte e faziam meus olhos doerem. Tentei levantar, mas minha perna estava pesada e eu estava se forças para levantar.

– Rafael? – chamei seu nome quase sussurrando.

Meus olhos ardiam por causa da luz branca. Escutei um barulho.

– Rafa? É você? – chamei de novo desesperada.

– Julia! Sou eu, Rafael! – disse-me.

Respirei fundo, aliviada. Ele estava ali comigo. Nada seria melhor que isso. Sua voz me acalmava e quando tive minha visão de volta pude ver seu sorriso, seus olhos, seu rosto de anjo e sua camiseta, limpa! Sorri.

– Oque aconteceu? – perguntei a ele, pois não lembrava absolutamente nada.

– Você acordou pela manhã e eu não estava ao seu lado. Você foi descer as escadas e escorregou. – ele disse triste.

– E oque aconteceu com meu pé? – perguntei.

– Deslocou, na queda. – ele parecia triste.

– E onde você estava quando eu acordei? – perguntei.

– Uma letra veio em meu pensamento e eu fui atrás de um papel e de uma caneta. – respondeu.

Eu estava me perguntando o porquê de ele estar tão triste, mas estava com medo de perguntar a ele.

– Rafael, que horas são? – perguntei curiosa.

– Cinco e meia da tarde. – ele respondeu.

– Você precisa ir! Você tem show hoje e não quero que você deixe as fãs esperando por minha causa! – esperar era horrível e eu sabia disso.

– Não vou, preciso cuidar de você. – disse ele.

– Você pode não saber, mas agora, muitas fãs estão esperando você! Você tem que ir agora Rafael! – disse brava e ele sorriu.

– Tudo bem, eu vou, – eu sorri e ele continuou – mas eu volto assim que acabar o show.

– Não! Você tem que descansar e eu não acho que uma poltrona de hospital seja apropriada para isso. – eu estava irritada com a teimosia dele.

– Julia, você não tem escolha. Eu volto assim que o show acabar. – eu franzi a testa com raiva.

Ele me deu um beijo na testa e foi embora. Meu coração apertou quando ele passou pela porta. Parecia que eu nunca mais ia vê-lo.

Minha mãe então no quarto. Soube que era ela pela voz.

– Filha, você esta bem? – perguntou ela preocupada.

– Sim mãe. – respondi meio fraca.

– Você poderia ter me contado que o Rafael estava dentro da minha casa. – disse ela irritada.

– Se você não tivesse ido para casa do seu namorado talvez você soubesse. – falei irritada.

Ela me olhou e ficou quieta, embora estivesse com raiva. Minha mãe odiava quando eu escondia as coisas dela.

– Ele esta apaixonado por você – disse ela e eu me assustei.

– Quem? – perguntei assustada com medo da resposta.

– Rafael! Eu sei que você deve estar achando que sou louca, mas é a verdade. – não queria ouvir isso.

– Você esta completamente pirada. – respondi.

– Ele passou a tarde toda aqui, chorou achando que era culpa dele e não deixou que ninguém cuidasse de você além dele. – continuou – E o Vitor veio aqui te visitar...

– O Vitor? O que ele veio fazer aqui? – fiquei completamente assustada.

– Veio te ver. E Rafael não deixou que ele entrasse... Talvez por ciúmes. – respondeu ela.

Fiquei em silêncio. Por que Rafael não deixaria Vitor entrar? Será que isso explica ele estar tão triste? Minhas perguntas só poderiam ser respondidas quando Rafael chegasse.

Fiquei assistindo TV. Pela programação, parecia ser tarde. Minha mãe já havia ido embora e eu estava sozinha com meus pensamentos.

De repente me peguei pensando nele. Ou talvez ele nunca tivesse saído de meus pensamentos. Rafael era meu ídolo e eu o amava, mas eu não sabia se o que eu sentia por ele era só amor de fã.

Era muito mais que isso. Será que eu estava mesmo apaixonada por ele?

Interrompi meus pensamentos por conta de batidas na porta.

– Entra. – eu disse, rezando para que fosse ele, e parece que os deuses ouviram minhas preces.

– Oi. – disse ele com a expressão triste.

– Olá. Oque aconteceu? Por que você esta triste? – perguntei já me estressando por ver ele triste.

– Não é nada. Você já deveria estar dormindo. – disse ele preocupado.

– Não estou com sono. Você que deveria estar dormindo. – eu disse.

– Também não estou com sono. – respondeu.

Ficamos em silêncio por alguns instantes e eu estava odiando aquilo.

– Ju? – perguntou ele, e eu amei quando ele disse apenas “Ju”.

– Sim? – murmurei.

– Quem é Vitor? – ele perguntou de cabeça abaixada, talvez por vergonha de perguntar.

– Um amigo, por quê? – milhares de perguntas vieram em minha mente naquele momento, mas eu achei melhor não fazer nenhuma.

– Pensei que você não tivesse amigos. – disse ele, irônico.

– Na verdade, tenho só ele. – respondi sincera.

Vitor era a única pessoa com quem eu ainda tinha amizade. Ele me entendia e sempre me protegia quando as pessoas me criticavam por ser fã de Rafael. No fundo eu sabia que Vitor gostava de mim, mas eu preferia que fossemos apenas amigos.

– Bom... Agora você tem a mim. – disse ele.

Eu não sei por que ele me fez aquela pergunta, mas parecia ciúmes. Sorri com a minha hipótese maluca e ele percebeu minha expressão.

– Oque houve? – perguntou.

– Nada, foi só com uma coisa maluca que eu pensei. – sorri com minha maluquice.

– No que pensou? – perguntou ele, curioso.

– Nada, é maluquice. – respondi com vergonha de dizer a verdade.

– Por favor, me fala. – disse ele, teimoso.

– Você parecia estar com ciúmes. – sorri envergonhada e ele sorriu também – É maluquice, eu sei. – ele sorriu envergonhado.