Ele foi tomar banho no banheiro de meu quarto e eu no banheiro do quarto de minha mãe. Sai só de toalha para vestir a roupa no quarto. Primeiro olhei para a porta para me certificar que estava fechada.

Vesti-me, coloquei um pijama da Hello Kitty fofo e uma pantufa rosinha. Eu sabia que L. iria rir de mim, mas mesmo assim calcei a pantufa.

Fui até meu quarto e entrei, sem bater. Não foi uma boa ideia. Ele estava só com a toalha enrolada na parte de baixo. Eu gritei assustada e sai correndo escada a baixo em estado de choque e muita vergonha. Escutei ele rindo, ele ria sem parar. Parecia uma criança.

Fiquei sentada no sofá. Respirei fundo, pois estava ofegante. Corri demais.

Quando, finalmente, minha respiração voltou ao normal, pude ouvir passos na escada e uma risada.

– Para de rir Rafael – disse a ele quando chegou à sala rindo.

– Tá bom. – ele ficou sério e eu continuei brava – Mas foi engraçado ver você gritando assustada com um pijaminha e pantufa da Hello Kitty. – ele começou a rir de novo.

Fiquei séria, olhando para ele rindo e de repente ele parou se ajoelhou na minha frente.

– Sabe, você é linda brava. – ele disse isso olhando em meus olhos.

Eu corei novamente, mas fiquei em silêncio. Ele me olhou e sorriu, mas havia malicia naquele sorriso.

– Julia, você sabe que todo mundo sente cocegas, não é? – ele disse sorrindo e eu me espantei.

Tentei sair correndo, mas ele me segurou. Ele me fez muitas cocegas e eu ri demais. Corremos pela casa toda. Minha barriga já estava doendo então paramos.

Fomos para meu quarto e eu fui mostrar a ele minhas coisas do “Rafael”. Ele me contou algumas histórias que já viveu e eu estava adorando passar aquela noite com ele.

Peguei uma caixa de revistas que estava dentro de meu guarda-roupa. A primeira revista que estava dentro da caixa era a que, na qual Rafael, assumia o namoro com Jade Magalhães.

Ele se aborreceu ao ver aquilo e eu também.

– Foi a pior entrevista que eu já dei – disse-me ele.

Eu apenas assenti. O celular dele tocou e eu me espantei.

– Alô? Oque você quer? – disse ele meio irritado – Não Jade, eu não vou te encontrar! Não temos mais nada para conversar. Tchau. – desligou o celular.

Eu abaixei a cabeça e fiquei em silêncio. Não sei por que, mas aquilo me deixou um pouco aborrecida.

– Vai encontrar ela. Vocês precisam conversar. – eu disse triste.

– Não Julia. Eu não quero. – ele respondeu sério, gritando!

– Vocês não podem acabar assim. Você a ama, não ama? – perguntei.

Demorou para responder. Andava de um lado para o outro, inquieto. Talvez estivesse pensando na resposta.

– Me responde Rafael – eu disse preocupada com o seu silêncio.

Ele se virou para mim, me olhou nos olhos e disse:

– Eu não a amo. Não mais. Na verdade, nem sei se aquilo foi amor ou apenas atração.

Eu paralisei. Não sabia se ficava feliz ou se ficava simplesmente quieta.

– Eu estou apaixonado, mas não por ela. Na verdade, estou tentando descobrir se oque estou sentindo é mesmo amor. – ele disse isso olhando profundamente em meus olhos.

– E eu, sua melhor amiga, posso saber por quem é que você esta apaixonado? Ou vou ter que descobrir sozinha? – perguntei, mas estava com medo da resposta.

– Se me compreende, é melhor eu não dizer agora. Quando chegar a hora certa eu mesmo te conto.

Gostei da resposta dele. Deitei-me em minha cama e fiquei olhando para o teto branco. Ele se deitou ao meu lado e também ficou olhando para o teto.

– Preferia que fosse azul escuro com estrelas. Isso seria mais que perfeito, não acha? – perguntei.

– Sim. É uma sensação ótima, pode ter certeza.

Ele me contou algumas historias de quando ia acampar com seu pai. Algumas eram perigosas e eu me assustava, outras eram bonitas e eu apenas sorria. Já eram três horas da manhã e ainda estávamos conversando.

– Você precisa dormir. – eu disse a ele.

– Não quero dormir. Quero aproveitar cada minuto ao seu lado. – respondeu.