Muito Bem, Parabéns, Aqui Estamos. escrita por bksbm


Capítulo 7
7º Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Não posso mentir a você, não quero. Mas por favor não fantasie, menina, não seja demasiado adolescente. Como eu te escrevi várias vezes, é no nosso encontro, cara a cara, olho a olho, que as coisas vão se definir. Veja se você consegue separar o sonho da realidade.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/342647/chapter/7

Sem que ela pudesse ver, pouco atrás ele a acompanhava. Quando se virou para sentar, lá estava ele. Não sorria, mas também não era uma expressão de repressão.

- Estou pronto para te ouvir.

Sem mais. Ela queria sorrir. Queria abraçá-lo e dizer que sentiu sua falta. Assim como ele... Mas existem momentos que a cabeça deve ser mais forte que o coração e tentar controlar a situação antes que ela volte ao normal. Ou melhor, antes que ela ultrapasse o normal, nesse caso.

O garçom lhes entregou o cardápio e se pôs a uma distância respeitável, como diria a etiqueta em algum lugar. Os dois passaram os olhos sobre os pratos, e tentaram disfarçar, mais de uma vez, os olhares direcionados um ao outro. Algo como chegaram a fazer lendo as cartas de uma das vítimas em um dos seus primeiros casos juntos. Um sorriso escapou. Impossível segurar tanto. Nenhum dos dois era uma parede de concreto grossa o suficiente para não dar algumas balançadas de vez em quando. Pediram apenas uma bebida para cada, e então era chegada a hora. Ele não disse nada. Estava começando a ficar nervosa.

- Você não vai falar nada? – Ela começou. De alguma forma isso teria que começar, e talvez fosse melhor não ser tão direta.

- Sobre o que você espera que eu fale?

- Paris, por exemplo, fale-me de Paris.

- Paris não é uma festa — ele disse baixo e sem nenhuma entonação. – Imaginei que fosse melhor. Mas não posso culpá-la... Talvez sejam apenas as circunstâncias erradas que me trazem aqui, que me fazem vê-la com um ar diferente.

- Dizem que Paris pode mudar o humor de qualquer visitante. – O clima não estava tão mais descontraído do que no princípio, mas estava caminhando para algo parecido.

- É o que ouço. – Pausa para um gole nas bebidas - Então, o que você tem para me dizer que possa valer a pena uma viagem que ultrapasse um oceano? – Ele continuava sério. Ainda sem parecer rude.

- Eu... Você sabe o que eu tenho para falar, Castle.

- Se eu soubesse não teria me dado o trabalho de vir aqui.

- Tudo bem. Não quero começar outra discussão. Eu sei que o que nos afastou foi culpa minha. Imaginei que poderia dizer que estava num momento estressante o suficiente para não entender a sua posição quando você me contou sobre o amigo do Capitão Montgomery, mas também não tenho o direito de repetir isso. 

Com uma mesa de distância entre os dois, ela brincava com o copo, olhando para os movimentos realizados pela sua mão, enquanto ele tentava encontrar os seus olhos, de braços cruzados, apenas ouvindo.

- Concordo. E reconheço sua sensatez.

- Eu pensei em voltar atrás. Eu tentei voltar atrás esse tempo todo, e você sabe disso. Mas eu reconheço que não tinha o direito de simplesmente querer que você me ouvisse. Eu só queria me desculpar, pelo que eu disse, pela forma como eu agi, e por ter questionado a confiança que tive em você nesses quatro anos. Na verdade, eu acho que eu tenho que te agradecer por ter agido dessa maneira durante os últimos meses.

- Me agradecer?

- Sim. Tenho noção de que todo mundo tenta me dizer isso, e não é a pouco tempo, mas eu precisava mesmo de um choque de realidade para ver que se você não estivesse por perto eu talvez ainda não estivesse viva, talvez não passasse os meus dias tão bem como vinham sendo. E... Tenho que me desculpar por ter escondido sobre lembrar o que aconteceu no dia do tiro.

- Ah. Claro. Suponho que eu deveria ter superado essa parte...

- Não. Sei que não. E não estou me desculpando só por educação. Você me conhece e sabe que não sou mulher capaz de fazer isso. – Ela já tinha levantado a cabeça, e agora seus olhos miravam diretamente os dele. As mãos haviam parado também, e toda a atenção estava guiada por apenas um olhar – Muito menos olhando nos seus olhos.

Se o clima antes não parecia ser tão tenso, agora estava exageradamente. Não num sentido ruim, afinal, um acerto de contas tende a ter um clima pesado para o lado bom, para o fim dos problemas, a conclusão de qualquer questão não resolvida.

- Muito bem. É isso que você tem para me dizer? – Os braços ainda estavam cruzados. Talvez uma maneira de não se deixar levar tão fácil.

- Também. Eu... Eu estive perto de morrer naquele dia. Se os rapazes tivessem chegado um segundo depois eu não estaria aqui hoje. Mas você já deve estar acostumado com isso, de qualquer forma. Acho que nunca... Se apaixonou por uma mulher que desse tanto trabalho quanto eu, não é?! – Agora ela sorria. Um sorriso angelical, diferente de todos os outros. Aliás, um sorriso retribuído. Não tão claramente, mas era um sinal de que tudo, no final, daria certo. – Enfim. Eu pedi demissão, e acho que meio que causei uma confusão maior entre o Ryan e o Esposito, além da Gates, obviamente.

- Ela deve ter ficado muito feliz de não me ter por perto, também.

- Provavelmente. O fato é que mesmo diante de tudo isso, eu só consegui sofrer, só consegui pensar em como as coisas ficaram entre a gente. Em como eu gostaria de poder compartilhar com você tudo que tinha acontecido, a minha decisão e...

- Beckett...

- Não. Me deixe terminar. Se eu parar para respirar eu posso perder toda a coragem e me envergonhar por ser dona de um cargo de detetive e bater em centenas de homens por aí, mas não conseguir fazer isso. – Ele sorriu um pouco mais, e esperou-a seguir em frente – Eu queria ter conseguido falar antes, ter te contado que lembrava de tudo, desde o princípio. Mas era difícil. Foi difícil lidar com tudo que eu percebi que sentia e sinto. Eu precisava de um tempo para ter certeza e não dar um passo que fosse capaz de estragar tudo, apesar de eu ter feito exatamente o contrário. Eu quero te pedir mais do que desculpas por isso. Quero te pedir desculpas por não ter deixado você saber que... Que eu sinto o mesmo por você. Queria ter respondido exatamente no momento que você despejou isso em cima de mim, e me deixou sem ação, no meio daquela discussão.

- Kate... – Ele estava se aproximando. Ela precisava terminar de falar tudo que havia preparado enquanto esperava encontrar com ele novamente.

- Castle, tudo que eu peço é que as coisas voltem a ser como eram antes. Eu vou tentar mudar, eu quero tentar mudar. Não quero mais colocar minha vida num abismo como tenho feito ultimamente, e, muito mais importante, não quero levar a sua comigo. – Uma lágrima escorria no seu rosto, solitária, enquanto ela buscava ar para repor depois de despejar tudo de uma vez.

- Kate, posso falar agora? – Ele já estava próximo demais. Ao seu lado na mesa, segurando suas mãos e distanciando-as do copo. Elas estavam geladas, e tremiam um pouco.

- Pode. – Mais um segundo para olhar nos olhos.

- Me deixa cuidar de você? - Ela sorriu. Agora um sorriso de verdade, sem disfarces, sem motivo para ser escondido.

- Deixo.

Em meio ao mesmo sorriso, as mãos que seguravam as dela passaram para o seu rosto para secar o caminho marcado pela lágrima. Ele sorriu de volta, e passou a mão pelos seus cabelos. Lembrou-se de quando pode senti-lo pela primeira vez, tão perto como agora, no beijo que mais serviu de disfarce para salvar os rapazes, no primeiro beijo, ainda que jamais comentado. Ele se aproximou mais. Ela não recuou, nem fez menção de reclamar caso ele quisesse dar mais um passo. E foi exatamente o que ele fez.

Sem barreiras, sem defesas, sem peso na consciência. Aquele era o primeiro beijo devidamente concedido. Ali, num restaurante, tarde da noite, no meio da cidade mais romântica do mundo. Em Paris. A cidade que pode mudar o humor de qualquer visitante. E por mais que você esteja na cidade sozinho para visitar, para ver um amigo, ou mesmo a trabalho, seu propósito no final será sempre o mesmo: o amor. É como costumam dizer, Paris é uma cidade apenas para amantes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Muito Bem, Parabéns, Aqui Estamos." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.