Muito Bem, Parabéns, Aqui Estamos. escrita por bksbm


Capítulo 6
6º Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Só restava tomar um táxi, dar o endereço, um livro nas mãos, comentar o tempo. Porque os viadutos, você sabe, conduzem a um só lugar, independente de você querer ou não ir para lá. Não havia hora, repetiu para dentro sem entender, não havia tempo, não havia barulho, não havia gesto. Como se estivesse do lado de fora e espiasse pela janela do próprio quarto, viu um homem sentado à beira da cama e uma mulher deitada, cabeça ereta, tensa, imóvel, para sempre à espera de algo que não acontecia.



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A estrada parecia triplicar a distância entre o hotel e o restaurante. A cada balanço do carro sua cabeça despertava de uma lembrança dos últimos meses. Lembranças boas e ruins que restavam dos dois.

Girou a chave. O carro estava parado e o manobrista esperava que ela saísse, com a porta aberta. Toda a elegância da cidade, debaixo da torre Eiffel refletindo suas luzes no famoso anoitecer de Paris. Ele não parecia estar lá, e nem tinha certeza se apareceria. Saiu do carro, entregou as chaves e caminhou, esboçando um sorriso, para uma mesa dentro do espaço.

Ele não tinha certeza de como as coisas ficariam, nem se era o certo a fazer. Já tinha tentado desistir outras vezes, mudar o rumo, seguir com sua carreira, se preparar para o fim de tudo, sozinho. Mas ela tinha um poder. Não só sobre ele, mas sobre todos os homens ao redor. Era a capacidade de encantar e fazer qualquer um deles mudar de ideia com um sorriso.

[...]

Um viaduto ligava o outro lado da cidade à rua do restaurante. E é como dizem, um viaduto conduz a um só lugar, independente de você querer ou não ir para lá, portanto, uma vez nele, você não tem como desistir do seu destino. O táxi iniciou a jornada através do ultimo caminho que o separava de encontrar com Beckett novamente, cara a cara, e um frio na barriga tornou-se sua única sensação. Sem engarrafamentos, e observando mais uma vez a torre ao longe, rapidamente ele alcançou o local marcado. O horário não fora especificado, então ele poderia ter chegado cedo, tarde, não sabia. Restava apelas para a sorte e esperar que tudo, absolutamente tudo, desse certo de alguma forma.

Não se sabe se foi sorte ou se o universo tinha mesmo programado, mas no exato momento em que ela deu o primeiro passo para fora do carro, ele já observava do outro lado da rua.

Não havia como voltar atrás – repetiu para si mesmo – não havia tempo, não havia barulho, não havia gesto. Era como se estivesse do lado de fora e espiasse pela janela do próprio quarto. Ela estava dentro de um vestido elegante, como quando saira atrás de um suspeito, acompanhada do rapaz convidado numa investigação, algum tempo atrás. Por pouco a cicatriz não estava a mostra, mas era apenas para compensar, e talvez chamar mais atenção, para as suas pernas apoiadas num salto agulha. Estava discreta, afinal sua intenção não era chamar atenção. Pelo menos não de todos. No entanto, se tratando dele, seria um pouco difícil ver aquela imagem, aquela mulher, vestida daquele jeito a sua espera, e não desligar-se do resto do mundo.

Parecia que nada tinha acontecido entre eles. Tudo que pretendia esquecer acabara de se mostrar mais aceso do que nunca dentro da sua mente e do seu coração. Ele pagou o táxi, enfiou as mãos no bolso do paletó, e caminhou em direção a entrada do restaurante, logo após vê-la fazer o mesmo, afinal, não é nada elegante deixar uma mulher esperando, seja qual for a ocasião.


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