Os Mortos Também Amam - Livro 1 escrita por Camila J Pereira


Capítulo 2
Novo Começo


Notas iniciais do capítulo

Depois de destruirem a sua inimiga, é hora de recomeçar.



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Novamente olhou para o espelho da sua velha penteadeira, a mesma desde que era criança e seus pais eram vivos. Sentia saudades deles, de como era quando vivos. Uma família de verdade, nos padrões americanos, uma família feliz. Como sempre ocorria quando pensava em seus pais, lembrou tão vividamente da risada de sua mãe que pensou tê-la escutado de verdade. Ela mesma sorriu diante de tal doce lembrança.

A sua imagem refletida no espelho a agradou. Tinha que concordar com sua tia Judith, estava mesmo linda. Helena nunca fora modesta, sabia da sua beleza e de como podia influenciar as pessoas. Era assim na escola, quando lançava moda entre as alunas. Orgulhava-se de ser linda e de ter bom gosto.

Mais uma vez admirou o seu vestido branco, grapeado e bordados de pedras brilhantes que fora escolhido com ajuda de sua tia e amigas, Meredith e Bonnie. Estas eram suas amigas desde que podia se lembrar, suas melhores amigas. As únicas que sabiam seu segredo e dos irmãos Salvatore, Stefan e Damon. Também eram as únicas que sabiam o que ocorreu naquele dia, no fim de Katherine. Arrepiou-se novamente ao lembrar-se dos olhos malignos de sua rival, mas logo afastou aqueles pensamentos nebulosos. Não se daria mais a chance de se torturar com lembranças sombrias.

Seu olhar subiu até seus cabelos negros presos em um coque clássico e sobre ele um véu. Enquanto analisava-se, viu o reflexo de Damon no espelho atrás de si. Virou-se para encará-lo. A última vez que o tinha visto foi quando Stefan ainda estava debilitado pelo excesso de perda de sangue e ferimentos.

Eles se observaram e ficaram assim por algum tempo. Ela analisou as suas roupas. E o seu jeans claro e sua camiseta preta e jaqueta escura diziam que não tinha intenção de ir à cerimônia. Não conseguiu deixar de sentir-se triste por isso. Queria que Damon fizesse parte da sua vida e da de Stefan, eram uma família também. Nada mais justo do que ficarem juntos.

- Damon... - Balbuciou finalmente. Sua voz saiu baixa.

Os olhos dos dois permaneceram conectados ainda por um tempo. Se não soubesse que ele podia ouvi-la, podia pensar que talvez não a tivesse escutado.

- Você está realmente bonita. Conseguiu se superar. - Elogiou-a, seus olhos agora percorriam cada centímetro de seu corpo.

- Obrigada. - Helena respondeu de repente sentindo-se sem jeito. - Você... Não irá?

- Não.

- Damon... - Ela estava pronta para insistir que ele fosse.

- Seria demais para mim. - Falou com pesar. Helena piscou agora totalmente desconcertada e ainda mais triste. Um sentimento que não deveria sentir neste dia.

- Eu sinto muito. - Helena não queria magoá-lo, mas sempre era assim. Talvez fosse impossível não o ser. Ela tinha feito a sua escolha, algo que Katherine não conseguiu. Sabia que amava Stefan e que o queria para toda a eternidade.

- Sei, sei... Você ama o meu irmão. Já entendi isso. - Ele suspirou. - Perdoe-me pelo inconveniente, por tê-la chantageado antes. Só queria... - Ele apertou os olhos angustiados e os abriu em seguida. -... Foi tolice, uma troca regular de sangue pela vida de Stefan e de sua família. Eu percebo agora que foi mesmo baixo. - Helena abriu a boca para falar algo, mas ele ergueu uma mão para pará-la e continuou: - Agora que é como nós... Não existem mais empecilhos... Eu pelo menos não serei um.

- Obrigada. - Foi à única coisa que conseguiu falar. Helena deu três longos passos e postou-se bem a frente dele.

Damon percorreu novamente seus olhos analisadores em seu rosto delicado. Não conseguiu deter seus dedos e com a ponta deles acariciou o rosto fino de Helena, suspirando profundamente com o prazer de tocá-la. Ela fechou os olhos devagar.

- Seja feliz. - Ouviu a voz dele e ao abrir os olhos Damon já não estava mais lá.

Judith entrou pela porta e Helena virou-se em direção a ela, ainda sentindo-se triste por Damon, sabia que talvez aquela tenha sido a última vez que tinha o visto. Mas, tentou prender-se a outras coisas, coisas que a deixasse feliz e mais uma vez observou a sua tia.

Sua tia estava muito elegante no seu vestido longo rosado que definia as curvas de seu corpo. Seus cabelos estavam também presos em um rabo de cavalo alto e na frente mechas de cachos cor de mel despencavam graciosamente.

- Ah, Helena! Vamos, está na hora. Pegue o seu buquê. - Tia Judith pegou o buquê de rosas vermelhas que estava sobre a cama e o entregou a sobrinha. A tia olhou para ela com olhos marejados e suspirou, dando-lhe um sorriso emocionado. - Você está linda.

- Obrigada, tia. - Ela sorriu. - Vamos, não tenho a pretensão de fazer o meu noivo esperar.

Helena desceu as escadas segurando a longa saia do vestido e sua tia a ajudava. Ao terminar de descer deparou-se com os olhos doces e brilhantes cor de avelã da sua irmãzinha de 4 anos. Ela parecia uma fadinha no seu pequeno e delicado vestido rosa. A pequena Reneé, como Damon a chamava, irá abrir-lhe o caminho pela nave da igreja, a mesma em que seus pais casaram-se.

- Você está bonita. - Reneé elogiou a irmã com a simplicidade e sinceridade de uma criança. Helena a pegou no colo.

- É você quem está bonita. - Beijou carinhosamente o rosto da garotinha sorridente em seus braços, sentindo o cheiro tão agradável que vinha dela. Não sentiu cede como normalmente acontecia ao sentir cheiro tão bom, o amor se sobrepunha a tudo e ela nunca tinha se alimentado de humanos desde a sua transformação.

- Helena! Solte-a, irá se amarrotar toda! - Judith a repreendeu e ela a obedeceu. - Vamos, Robert já está esperando lá fora.

Ao saírem, Robert ficou de boca aberta ao ver as três mulheres de sua vida tão encantadoras. Pareciam três princesas.

- Ah, Helena! Como você está linda! - Ele exclamou extasiado. Robert a abraçou cuidadosamente.

- Muito obrigada, Rob. - Helena o considerava um segundo pai, assim como a sua tia era uma segunda mãe. Ele era um homem alto e forte, seus cabelos eram mantidos rigorosamente baixos e estava muito elegante em seu fraque.

Robert e Judith haviam se casado logo depois da morte de seus pais, Reneé era apenas um bebe de colo quando o acidente aconteceu. Seus pais estavam indo pra casa depois de um evento, deixaram-nas com sua tia. Não se lembrava dos pais e eles não lhe faziam falta já que seus tios tomaram para si a responsabilidade de cuidarem delas e davam-lhes todo o amor que precisavam.

- Vamos, estamos atrasados. - Robert falou e ajudou a entrar na limusine com Reneé e Judith. Mesmo Helena não tendo o organismo funcionando como quando era humana, sentiu seu coração palpitar um pouco mais rápido, quase o normal de um humano tranquilo, em seu estado normal.

Ao ver a imponente igreja crescendo à medida que se aproximava sentiu-se ansiosa para ver o seu amor, Stefan. Daquele momento para sempre seria Helena Salvatore. Quando entrou na igreja sendo levada por Robert, e tendo sem sua frente à pequena Reneé sentiu-se feliz, feliz como a muito não se sentia. Todos que amavam estavam ali, suas amigas que seriam suas madrinhas, seus tios, sua doce irmãzinha e seu Stefan. Faltava apenas o seu amigo Damon, mas talvez pudesse existir uma maneira de se reencontrarem novamente, pediu por isso e concentrou-se no rosto perfeito de Stefan a sua frente. Era um novo começo.


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