Eu já estava em casa a sete dias.

Sete intermináveis dias.

Uma ultima olhada no espelho rachado de meu quarto e tentei deixar meu cabelo com um ar saudável.

- Está pronta ?

Focalizei meu olhar na figura atrás de mim no espelho.

Com um balançar de cabeça indiquei que sim.

- Vamos logo. 

Segurando em meu braço, o segui até o primeiro andar, onde reparei nas marcas que ele tinha deixado em meu braço.

E logo a baixo, os cortes de meu pulso.

Tocando-os senti uma leve irritação e denunciei sensibilidade demais por minha pele.

- Quer um convite ?

Mordi meu lábio para conter um grande palavrão e apenas o segui até o fusca azul.

Respirei fundo para inalar a quantidade máxima de oxigênio.

Com minha cabeça para fora da janela, fechei os olhos e deixei apenas meu instinto me guiar pela escuridão.

/

- Oh... Olá, Isabella. 

Carlisle aproximou sua mão da minha e isso fez sua camisa vermelha de botões marcar seu corpo.

Seu olhar foi preocupante quando observou cada linha marcada recentemente em meu corpo.

Meu sorriso foi o mais amigável possível.

- Ér... Carlisle, este é meu pai, Charlie.

- Hum. - Com a mão estendida, Carlisle observou Charlie ignorar completamente os bons modos. - Não demore, Bells, vou estar no carro.

Antes de meu pai dar mais um passo em direção a porta, Carlisle o chamou :

- Na verdade, Senhor Swan, eu gostaria de conversar com você.

Com cara de poucos amigos, Charlie o acompanhou até uma outra sala.

Restando apenas... Edward e eu.

Ele estava ali.

Parado ao lado de uma janela com uma vista incrível, se não fosse o dia nublado, e seu olhar não foi em minha direção qualquer momento.

- Ér... Oi. - Ainda sem desviar o olhar do céu cinzento, sua voz poderosa reinou a sala, e fui relutante em responder. - Desculpe se eu fui grosso com você. - Quando seu olhar queimou sobre o meu, desviei para o local mais longe possível, e mordi meu lábio. - Não é de minha autoria tratar alguém mal.

- Tu... Tudo bem. - Minhas palavras perderam a vaidade que eu insistia em manter e me senti frustada por completa.

Aquela que indicava que tudo corria bem e que nada, nem mesmo Edward, conseguia me tirar da dimensão perfeita.

- Isabella.

Antes de Edward começar, eu já o interrompia :

- Sim ?

- Ér... Você... Você aceita tomar um café comigo ?

- Se Carlisle o mandou fazer isso...

Sem deixar qualquer pensamento malicioso de minha parte, Edward já se corrigia :

- Não! - Sua voz foi desesperadora e percebi uma única e transparente gotícula de suor escorrer por sua lisa e brilhante testa. - Quero dizer... Sei que você não gosta de café mas...

- Como você sabe disso ?

Edward se atrapalhou com as palavras e respirações pesadas foram escutadas no silêncio.

- Certo. - Murmurei ainda nervosa por não saber a maneira que Edward tinha descobrido aquilo. - Quando ?

- Amanhã. Depois que eu for para casa.

- Creio que tudo bem.

Enquanto escrevia o número de meu celular em um pedaço escuro como a noite de lua cheia, eu imaginava várias maneiras possíveis de matar Alice por fofocar para Edward coisas de minha vida.

- Então, eu... - Seu olhar desviou do meu quando brasas ardiam sem parar nossos corpos. - Eu ligo para você, Isabella.

- Bella. Me chame de Bella.

Edward abriu sua boca para falar algo mas meu olhar perdeu-se na dimensão que era seus lábios.

Lábios carnudos, intensos, vermelhos e que pareciam de uma maciez de outra galáxia.

- Edward. - Respirei fundo para não ir de encontro ao seu corpo e sugá-lo. - Charlie está me esperando. - Sussurrei ainda quase sem voz : - Adeus.

Antes de uma resposta concreta de Edward, eu já corria pelo corredor branco e com luzes fortes claras.

Uma última voz pareceu ser sussurrada em meu ouvido, e o som que acalmou meu coração, o fez arrepiar por inteiro também :

- Isso não é um adeus, Bella.