The dream / Found me.

O que era isto? Eu via Tom, mas ele não me via. Estava sentada a sua frente, ele estava com Noan ao seu lado. Era uma mesa meio colorida, tinha vários tipos de chá, ele estava com um chapéu engraçado com uma etiqueta, não dava para ver bem o que era. Vestia também um terno roxo escuro com detalhes rosa claro. Seus olhos estavam coloridos, um de cada cor, O que é mais estranho é que eles cantavam uma musica que era mais ou menos assim “ Um bom desaniversário, pra mim... “ eu não sei o que isso quer dizer, mas foi o que ele disse. Ele estava mais louco do que o normal. Algo me chamou a atenção, o vulto branco que havia visto antes de cair neste mundo. Era um coelho, com terno e óculos. – Olhe Noan, nós temos companhia. Você acha que ela quer chá? Ela quer chá, coloque chá para ela. – ele disse se referindo a mim.

- quer uma xícara? Meia? – ele cortou a xícara na metade e a encheu de chá, que ficou ao meio.

- O que é um desaniversário? – perguntei.

 – Bom, um desaniversário é... – um soluço o interrompeu. – Um desaniversário é... – Foi interrompido de novo. – Hahaha! Ela não sabe o que é um desaniversário. – Tommo disse ao Noan debochando de minha cara.

-Deve ser maluca. – Noan respondeu arregalando os olhos. – Bom, o aniversário é somente uma vez por ano, mas um desaniversário é 364 dias por ano. – Noan disse conseguindo me explicar.

-bom, então se é assim, hoje também é meu desaniversário. – eu disse.

-também? Mas que mundo pequeno, quer mais chá? MAIS CHÁAAAA! – ele gritou trocando minha xícara de chá cheia, e colocando outra.

- Bom, muito obrigado, mas eu tenho que ir agora, eu disse me levantando e indo embora. Saí por uma porta que dava em um bosque escuro, de longe eu conseguia ver uma luz roxa piscando, me aproximei. Conseguia escutar uma musica, não entendia bem o que era. A luz estava cada vez mais distante, corri até ela – EI! ESPERE ME AJUDE! – eu gritei, a luz apagou.

- ajudar no que? – escutei uma voz que parecia vir de cima da arvore onde estava eu conseguia avistar a lua, era uma meia lua.

- Quem disse isso? – olhei para outro lado caçando a pessoa.

- aqui em cima. – a lua foi se transformando em dentes, em um sorriso, logo se virou de lado, agora sim parecia um sorriso, surgiram olhos a cima do sorriso, tão rapidamente quanto às orelhas, logo surgiu um corpo listrado, lilás com rosa. Isso tudo virou um gato. Você deve estar meio perdida, você pode pedir ajuda ao chapeleiro maluco. Daquele lado. – ele disse apontando para uma direção, a direção de onde havia acabado de sair.

- Mas eu acabei e sair de lá. Não tem outro lugar? Alguém que não seja maluco? – eu disse e ele me respondeu

- tem a lebre, daquele lado. – ele disse apontando para o mesmo lado, vai ver tinha outro caminho que eu não tenha visto. Eu agradeci e fui andando, ele me interrompeu e continuou falando ainda com seu braço apoiado a cabeça apontando seu dedo para o caminho. – Ela também é maluca.

- MAS EU NÃO QUERO VER GENTE MALUCA! – Gritei. Ele saiu da posição, olhou para mim com cara de desprezo e disse.

- então você está no lugar errado. Aqui é o país das maravilhas, todos são loucos. Não vê que até mesmo eu estou mais pra lá do que pra cá? – ele disse pulando em minha frente e ficando invisível, ele foi andando em minha direção, eu podia saber disso pelas pegadas, espera o que? Ele estava me dando a volta, mas não do meu lado, a pata esquerda de um lado e a direita de outro lado de meu corpo, como se estivesse se dividindo em dois. Ele parou de andar, parece que pulou em uma arvore.

- senhor gato, espere. – eu disse tarde de mais, ele foi embora cantando a musica irritante e acendendo as luzinhas roxas.

TRRRRIIIIM TRIIIM TRIIIIM TRIIIM

GRAÇAS A DEUS. Era tudo um sonho, eu acordei com o meu despertador, fiquei curiosa. Será que O País Das Maravilhas realmente existia, resolvi perguntar ao livro, que disse que sim. “onde fica?” perguntei curiosa, eu queria saber. “isso fica por ultimo.” O que? Como assim por ultimo? “ele é como em meu sonho?” já que ele sabe de tudo deve saber do que eu quero dizer. “sim” ele respondeu. Fechei o livro e fiquei pensando na possibilidade de achar Tom novamente, dessa vez, nesse mundo. Ele estava lindo até como o Chapeleiro Maluco.

TRIIIIIM TRIIIM

Droga era o meu celular, eu havia o deixado no meu quarto, pois não havia sinal naquele mundo estranho. Mas como que alguém estaria ligando para mim se nesse mundo não havia sinal? Levantei-me rapidamente olhei em meu celular, era o Tom. O que? Como assim? Que estranho, eu atendi.

Ligação on

Eu: alo?

T: Alice? Onde você está? Sua mãe disse que você estava na casa da Nati, mas você não tava lá, cadê você? – minha mãe, ela sabia que eu estava nesse mundo.

Eu: onde você está?

T:No quintal da sua casa. Por quê? – onde tem o bosque que me trouxe aqui, talvez ele ache também.

Eu: Tommo, eu quero que você preste muita atenção no que eu vou te dizer, na minha casa tem um bosque não tem? Eu quero que você entre nele... – e assim eu ditei minha trajetória, até o buraco.

T: Alice, eu estou de frente para um buraco, o que tem de mais aqui?

Eu: pula nesse buraco.

T: O QUE, VOCÊ TA TOMMOCA GAROTA? TA CHERANDO OREGANO? CADÊ VOCÊ ALI?

Eu: pula ai que você vai me achar.

T: não é muito fundo é?

Eu: não. Eu ainda to aqui, inteira.

T: espera você ta nesse buraco?

Eu: não, só pula. – escutei um barulho do outro lado da linha, ele havia pulado. – machucou?

T: não. Cadê você? E como eu saio daqui?

Eu: tem alguma porta ai? Alguma saída? Alguma coisa?

T: não. Ali você me prendeu aqui? Eu te mato garota. Se eu não morrer primeiro nesse lugar.

Eu: cala a boca Tommo, você não vai morrer. – ele deu um suspiro e sentou. – espera. Esse som, Tommo, bate no chão. Não com força. Só bate. – ele bateu um som de porta. – Tommo, tem alguma porta ai no chão?

T: sim, tem uma porta enterrada aqui.

Eu: abre ela. Acho que você já está me encontrando.