Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 39
#34 - Negação e Decepção


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores!

Dessa vez nem foi tanto tempo né? ^^ Tá, eu sei que foi, mas pelo menos voltei com mais um capítulo! E agora estou de férias da faculdade, então vou tentar postar pelo menos mais um ou dois capítulos antes das aulas voltarem e eu ter que me exilar do Nyah de novo. o/

Queria agradecer IMENSAMENTE a todo mundo que continua acompanhando e comentando em Start S2 Vocês me dão forças pra continuar a fic! E espero que continuem gostando ^^

Até lá embaixo o/



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 Pra ser bem sincera, eu não sabia direito o que eu estava sentindo.

 Tinha noções básicas, claro. Sabia que meu coração estava partido, que eu estava triste, que não entendia como que aquilo foi acontecer. Como era possível que Kid simplesmente terminasse comigo depois de dizer que me amava e que queria se acertar comigo. Provavelmente por isso que eu não conseguia aceitar. Não havia como aceitar algo que não fazia o menor sentido.

 Eu não tive reação quando o Kid abaixou a cabeça, se despediu baixinho e se levantou da mesa. Eu ouvi ele dando alguns passos, e sentia meu rosto molhado, mas simplesmente não podia sair do lugar. Aquela situação não parecia algo real.

 Quando finalmente me virei e olhei para a entrada da sorveteria, o carro dele não estava mais lá. Haviam três meninas sentadas mais a frente, que me olhavam com uma expressão preocupada, e isso me fez acordar por alguns minutos. Passei os dedos pelas bochechas apressadamente, peguei minha bolsa e saí, a passos apressados, daquele lugar. Não tive coragem de olhar para as meninas quando passei por elas, mas ouvi seus sussurros logo depois. Não me lembrei do meu milkshake pela metade e nem da conta – o Kid devia ter deixado dinheiro suficiente em cima da mesa, porque ninguém veio atrás de mim me acusar de sair sem pagar.

 O caminho para casa foi um borrão: lembro de entrar no carro, de não conseguir dar a partida, de um sinal vermelho que devo ter ultrapassado e do Kid me dizendo que não queria mais ficar comigo. Estacionei na minha vaga no prédio, por pouco não acertando a moto do Soul, e me assustei com a minha aparência quando me vi no espelho do elevador. Eu estava horrível, mas de certa forma, eu queria estar assim. Então apenas encarei minha imagem e chorei mais até chegar ao meu andar.

 O plano era entrar no meu quarto e me sentir miserável sozinha até estar calma o suficiente para lidar com o resto do mundo. Mas, de alguma forma, acabei indo direto para o quarto do Soul. Eu sabia que ele não iria sair essa noite, sabia que Blair não estava em casa e que não era uma boa idéia ir chorar por causa de um garoto no colo de outro, mas foi o que eu fiz. Parecia certo. Antes de qualquer coisa, Soul era meu parceiro, e se eu não pudesse confiar nele, não poderia confiar em ninguém.

 No fim, ajudou. Eu chorei até me acalmar um pouco, e fiquei por um tempo respondendo o que ele dizia mais para e distrair do que porque eu queria que ele soubesse, mas quando Soul me pediu para passar a noite lá, achei melhor sair. Não queria passar uma idéia errada, e não era aquele tipo de consolo que eu queria – mesmo em meio a minha confusão, eu sabia que mesmo que eu apenas dormisse com Soul e mais nada, aquilo iria me afetar de um jeito que eu simplesmente não conseguiria controlar. Agradeci, dei boa noite rapidamente e deixei-o sozinho. Fui para meu quarto, me joguei na cama, olhei pela janela para o céu escuro de Death City.

 Por um momento, eu desejei nunca ter entrado na Shibusen.

 Aquele lugar só havia me trazido problemas. Eu estava bem antes dessa escola. Eu tinha Tsubaki, minha mãe e nenhum garoto na minha vida. Agora tudo era uma confusão de missões, lutas, problemas e corações partidos. Não valia a pena.

 Mas o momento, assim como veio, passou, e eu fiquei fungando na minha cama, tentando me dar motivos para me acalmar. A Shibusen não era má, era o meu sonho desde criança, e eu sabia das missões que teria que enfrentar. Ela não era a culpada dos meus problemas com o Kid e o Soul, e eu também não queria saber de quem era a culpa. E o Kid...

 Pensar nele me fez chorar novamente. Ele vinha sendo meu porto seguro nos últimos tempos, estava sempre comigo, sempre me dava atenção e apoio, segurou minha mão quando mais precisei. Eu era tão apegada a ele, gostava tanto dele... Talvez eu o amasse. Talvez não era porque Soul e eu tínhamos as almas compatíveis que ele fosse minha alma gêmea ou algo do tipo. Quando briguei com Soul, o clima era horrível, mas nunca chegou a ser o desespero que senti depois da briga que tive com o Kid, aquela necessidade de falar com ele, custasse o que custasse.

 Foi então que eu cheguei a uma conclusão: o Kid ia voltar.

 E quanto mais eu pensava nisso, mais sentido fazia. Como daquela vez, o Kid havia me acusado de ainda sentir algo pelo Soul, e dito que não podíamos continuar assim. Mas ele quis se acertar comigo depois. Nosso problema foi eu ter me aproximado do Soul novamente, mas eu tinha certeza que não seria essa aproximação que me afastaria do Kid. Ele não ia desistir tão fácil.

 Convenientemente, eu não pensei no Soul. Não quis me preocupar com o fato de não querer me afastar dele, e nem que, aparentemente, estávamos ficando. Já haviam problemas demais para tirar minha paz para que eu lembrasse de acrescentar mais um ao drama.

 Tirei minha roupa de qualquer jeito, vesti o pijama e, após ficar assegurando a mim mesma que era uma questão de tempo até tudo voltar ao normal, finalmente dormi.

***

 No dia seguinte, meus olhos amanheceram inchados, minha boca estava seca e o que havia restado da minha maquiagem sujou toda a fronha, mas eu não me sentia tão mal. Blair havia fechado a janela quando chegou em casa, e eu quase não acordei durante a noite, então estava quentinha e descansada. Logo que acordei, quis mandar uma mensagem para o Kid, mas não foi tão difícil me conter. Disse a mim mesma que ele precisava de um tempo, e que no mínimo eu devia esse tempo a ele. E era sexta, eu poderia vê-lo na Shibusen.

 Levantei com cuidado para não acordar a Blair e fui em direção a cozinha. Eu devia escovar os dentes primeiro, mas a sensação na minha boca era tão estranha que ao invés disso fui até a geladeira, peguei o primeiro recipiente com algo líquido que vi (no caso era uma jarra com água quase congelada) e, sem me importar muito com o que estava fazendo, bebi direto da jarra. No segundo gole, ouvi uma voz atrás de mim.

 - Ora, ora, o que temos aqui?

 Dei um último gole antes de me virar e encarar Soul, que estava apoiado no batente da porta, com a cara toda amassada de dormir e um sorriso irônico nos lábios.

 - Não é como se você não fizesse isso. – Resmunguei, revirando os olhos.

 - É sempre especial quando a srta. Perfeitinha faz algo errado. – Ele provocou. Em seguida, parou de sorrir e perguntou, com suavidade: - Você está bem?

Guardei a jarra de volta e fechei a porta da geladeira. Eu estava bem triste. Uma parte de mim estava com medo e preocupada que Kid estivesse falando sério, a outra tinha certeza que tudo ia ficar bem. Saber que eu não podia falar com ele me deixava com mais saudades do que se eu pudesse, eu nem havia incluído meu parceiro nessa equação ainda. Confuso, como sempre.

 - Normal, eu acho. – Respondi, por fim. – Mas não quero falar sobre isso.

 - Ontem você não viu problema nenhum.

 Isso me deixou um pouco irritada, e cruzei os braços, estreitando os olhos para ele.

 - Foi um momento de fraqueza, e eu estava sozinha. Não precisa jogar na minha cara.

 - Foi mal, Maka. – Soul disse, rapidamente, erguendo os braços em sinal de rendição. – Eu só não falei certo. O que eu quis dizer é: se você confia em mim quando está em desespero, pode confiar quando está bem também.

 - Eu não estava desesperada! – Rebati, me irritando mais ainda.

 - Maka, minha linda, por favor, não quero te chatear. Só... Pode contar comigo, ok?

Encarei-o, desconfiada.

 - Não acho que posso contar com você para nada que envolva o Kid.

 Soul fez uma careta.

 - Não sou o maior fã do cara, mas se é pra minha parceira ficar bem, eu dou meu jeito. Ok?

— Ok. – Respondi, finalmente. Não que eu achasse que podia, realmente, confiar no Soul sobre isso. Mas aquele assunto já tinha dado. – Você pode não comentar mais sobre ontem, por favor? Nem sobre o que aconteceu entre mim e o Kid?

 - Tudo bem. – Ele concordou prontamente.

 - Obrigada.

 Deixei Soul se virando com o café da manhã na cozinha e fui para o banheiro tomar banho e finalmente escovar os dentes. Foi rápido, a água estava gelada, e saí de lá tiritando. Demorou um pouco para decidir como eu iria para a Shibusen hoje – como eu queria que o Kid me visse hoje. Porque, por mais que eu quisesse parecer bem, eu não estava, e não queria que ele pensasse que estava tudo bem sobre ontem. Por fim, acabei indo do jeito que eu sempre ia: minha saia favorita, uma blusa social e meu sobretudo. Apesar de não ter usado muito minhas maria-chiquinhas ultimamente, achei que era uma boa hora para isso, e tomei um cuidado especial com o jeito que as prendi, para que parecessem exatamente iguais dos dois lados. Talvez Kid percebesse, com sua mania de simetria, não? E por fim, peguei emprestadas algumas das maquiagens da Blair para tentar esconder as oleiras e o inchaço. Não ficou perfeito, mas já era um começo. Eu estava apresentável o suficiente.

 Fomos para a Shibusen de carro, eu e Soul, já que não parecia uma boa idéia eu andar por ai agarrada na garupa dele onde o Kid poderia ver. Chegamos na escola uns cinco minutos adiantados, e fomos direto para a sala. Soul, ao meu lado, com as mãos enfiaas nos bolsos das calças jeans, estava falando sobre um CD raro que ele conseguiu achar numa loja online bem barato e que queria comprar. Pra falar a verdade, eu não estava prestando muita atenção, estava mais preocupada com as pessoas ao redor – em achar uma pessoa, especificamente. Não vi Kid nos corredores, e quando cheguei na sala ele também não estava lá, e nem as irmãs Thompson.

 Tsubaki e Black*Star, no entanto, já estavam nos seus lugares, e minha amiga acenou animadamente para nós. Subimos e me sentei ao lado dela, que imediatamente se inclinou em minha direção e sussurrou:

 - E então, como foi ontem? Vocês se acertaram? Você não me ligou quando chegou!

 Franzi a testa, pouco a vontade. Não queria falar daquilo, nem mesmo com a Tsubaki. Logo Kid mudaria de idéia, e nós ficaríamos bem, e eu poderia fingir que ontem nunca aconteceu. Pra que tocar num assunto que em pouco tempo não teria relevância?

 - Eu cheguei bem cansada. – Respondi, por fim. – Nós conversamos.

 Tsubaki me encarou, prestando atenção demais em mim, e desviei os olhos. Ela ficou em silêncio apenas alguns segundos antes de dizer, com um sorriso:

 - Tudo bem. Maka, sabe quem eu vi ontem no cinema? A Kim e o Ox! Estavam sozinhos. Eu não sabia que eles estavam saindo.

 - Nem eu. – Respondi, surpresa, e voltei a olhar para Tubaki.

 Ela havia visto que algo estava errado, eu sabia pelo olhar dela, mas não disse nada. Apenas agradeci mentalmente pela minha amiga saber quando eu queria conversar e quando queria ficar em silêncio.

 Liz e Patty chegaram apenas um segundo antes do Doktor entrar na sala – sozinhas. Não havia sinal do Kid. Fiquei uma boa meia hora na primeira aula olhando para a porta quase fixamente, esperando que ele aparecesse se desculpando pelo atraso, mas quando o sinal da segunda aula bateu e ele ainda não havia aparecido, minha esperança começou a sumir. Mas foi só na terceira aula que finalmente percebi que Kid não viria.

 Ele não queria me ver?

 Claro, talvez eu não fosse o motivo do Kid sumir. Ele poderia ter que fazer algo relacionado a Shibusen, ou algum trabalho atrasado, ou ter passado mal. Eu não era o motivo de tudo que o Kid fazia ou deixava de fazer, claro. Ainda assim, a falta dele naquele dia me atingiu de uma forma mais forte do que eu esperava, e a saudade e preocupação que estava guardando desde cedo vieram com força total.

 Passei o resto da manhã distraída, dividida entre meus pensamentos ininterruptos, as ocasionais conversas de Soul, Tsubaki e Black*Star e, quando eu prestava atenção suficiente na aula pra entender algo, anotar aquilo. Tsubaki me chamou para ir na casa dela de tarde, mas eu sabia que não seria uma boa companhia, então neguei e fui para casa com Soul.

 Assim que cheguei, fui para o meu quarto, trocar de roupa e soltar o cabelo. Marias-chiquinhas machucavam. Coloquei uma legging e uma velha blusa de frio macia e grande demais para mim e fui para a cozinha, era a minha vez de preparar o almoço. No entanto, apenas me sentei na bancada e fiquei encarando a geladeira, sem idéias. A essa hora, geralmente Kid estaria me mandando mensagens avisando que estava em casa e que teria que preparar o almoço de novo, porque ainda era uma opção melhor do que deixar Liz ou Patty cozinharem. Pisquei com força, chateada. Porque ele não queria me ver?

 - Maka? – Soul disse, entrando na cozinha e interrompendo meu devaneio. – Você está bem?

 Assenti, rapidamente, e respondi:

 - Sim, só estou pensando no que fazer pro almoço.

 - Bom, se você quiser con...

 - Soul. – Interrompi, sem muita paciência. – Já tivemos essa conversa.

 - Ok, desculpa. – Ele murmurou. – Que tal pedirmos uma pizza?

 Olhei para ele de lado, com um meio sorriso no rosto.

 - Pizza? No almoço?

 - Qual é! – Soul riu, vindo se sentar ao meu lado na bancada. – A gente come pizza de ontem no almoço quando a gente pede de noite. Porque não podemos comer ela novinha?

 - É um bom argumento. – Concordei, sorrindo.

 Meu parceiro pegou minha mão e a segurou entre as suas, no seu colo. Fiz menção de me afastar, mas ele as segurou mais firme e fez careta para mim.

 - Para com isso, sua boba, eu não mordo.

 - Eu sei que não. Eu só...

 - E nem estou fazendo isso com segundas intenções, então relaxa. Só estou tentando ser seu amigo.

 - Mas ainda assim a gente ficou, e o Kid terminou comigo por causa disso.

 Não sei o que me levou a dizer isso naquele momento. Eu nem queria falar mais sobre aquele assunto, muito menos com Soul, mas não pude deixar de notar como eu o culpava por aquilo. Todas as brigas que tivemos foi por causa do meu parceiro, e eu sabia que não era inocente, mas o Soul também não era. Era?

 - Se você quiser, eu te deixo sozinha. – Ele disse, baixinho. – Eu não quero.

 - Não sei se quero ficar sozinha agora. – Respondi, respirando com força. Mas após uma pausa, não consegui me segurar. – Você ficou feliz?

 - Você não queria conversar sobre isso.

 - Não queria. – Concordei. E de qualquer forma, a resposta estava bem clara.

 Ficamos em silêncio mais alguns minutos, então Soul suspirou e disse:

 - Então... Pizza?

 - Portuguesa.

 Meu parceiro sorriu para mim, e eu tentei fazer o mesmo. Quando ele levantou e foi fazer o pedido, fechei os olhos com força. Ele estar feliz porque Kid me deixou fazia sentido, e ainda assim me magoava. Eu queria tanto que o Kid percebesse que a gente precisava um do outro e mudasse de idéia... Mas pela primeira vez, me perguntei o que eu faria em relação ao Soul se isso acontecesse.


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Notas finais do capítulo

Bom, então é isso! Só queria falar - não sei se vocês repararam - antes os capítulos costumavam ter mais de 3.000 palavras, e agora não chegam a 3.000. Ultimamente, eu estou tentando deixar as coisas mais sucintas, então acabo escrevendo menos, e tento evitar "encher linguiça" só para atingir determinada marca. De qualquer forma, quero me desculpar pelos capítulos um pouco mais curtos, e essa é a minha explicação para eles ^^

Até o próximo, amores!
Kisuus



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