Start? escrita por Sascha Nevermind


Capítulo 22
#19 - Pesadelo e Trégua


Notas iniciais do capítulo

AOOOOOO POVOO o/
Eu não almocei até agora ~le chorando
Enfim, quero agradecer a quem comentou no capítulo 18:
#Kashir
#Vlad Ember
#Guelbs
#Yui Chan
#Monkey D Amanda
#Breaker
#Julia Marques
#Sassu
#Abyssus Zero
#Mari the Wolf
#Misty Heartfilia (Becca-chan)

E quem comentou no extra:
#Julia Marques
#Guelbs
#Yui Chan
#Sassu
#Abyssus Zero
#Mari the Wolf
#Anne Frank
#Vlad Ember
#Breaker
#Misty Heartfilia (Becca-chan)

OMG, vomitei milhões de arco-íris essa semana *------* Obrigadaa S2
O capítulo de hoje não é exatamente o melhor que eu escrevi, gomene... Mas ele é importante! ^^
Até lá embaixo!

~Beauty's Running Wild - Scars on 45 (www.kboing.com.br/scars-on45/1-1116783) (Peguei o link pelo celular, se estiver errado, gomene Y-Y)



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Eu tive um pesadelo na quarta-feira.

No começo, eu estava flutuando. Tudo ao meu redor era vermelho e expesso, não importava a direção. Isso me assustou. Estiquei os braços e movimentei as pernas, tentando me mover, mas não conseguia. Também não conseguia respirar, parecia que havia um torniquete no meu peito. Comecei a me debater, me desesperando, tentando fugir. Eu estava presa e sufocando.

Senti algo segurar meu calcanhar, e quando me virei, havia um tentáculo ali, vermelho como o resto do universo, que grudava e se enrolava na minha perna, subindo cada vez mais. Chutar não adiantava, o peso no meu peito continuava, e eu soube o que estava acontecendo. Os tentáculos iriam me matar. Eu ia me afogar naquele vermelho, e nunca mais voltaria.

Estiquei os braços diante de mim e tentei gritar por ajuda, mas nenhuma palavra saiu da minha boca. Eu não tinha voz.

No entanto, algo mudou no cenário – um ponto preto surgiu ao longe, se aproximando. Quando chegou mais perto, parecia uma bola de gosma preta, flutuando á minha frente. Estiquei a mão e consegui tocá-la, e os tentáculos se foram, enquanto a bola se desfazia e se enrolava pelo meu corpo, me engolindo. Mas não tentei fugir. Eu podia respirar de novo, o peso foi embora.

Quando o último centímetro foi coberto, o que quer que me segurasse me soltou e eu caí. Eu estava sentada de costas para uma parede, abraçada ás minhas pernas, num lugar tão escuro que, se não fosse por ela, eu poderia estar flutuando novamente. Me encolhi mais, enquanto formas indefinidas dançavam na minha frente. Vultos cinzentos correndo, se contorcendo, girando, e então uma mão segurou a minha.

Eu continuava sem poder ver nada, e aenas sentia a mão contra a minha, me puxando. Deixei que me guiasse, enquanto passávamos entre os demônios, roçando neles. Por fim, uma porta foi aberta, e caí para fora. Eu estava no meio de uma rua numa cidade grande, com pessoas e carros, e o sol brilhando lá em cima. Eu me virei, bem a tempo de ver a porta começar a se fechar. Entrei em pânico novamente, me jogando em direção á porta, á escuridão, mas não fui rápida o suficiente. A porta se fechou e sumiu, e eu caí no vazio.

O peso voltou, eu estava sufocando de novo, e apesar de todas as pessoas ali, ninguém me via. Arquejei e segurei minha garganta, um pânico gigantesco e imcompreensível se apoderando de mim. Era muito pior que no começo. Estava tudo errado, estava tudo quebrado, eu ia morrer. Fechei os olhos com força, então vi um corte nas minhas palpebras, que me faziam ver, mesmo que eu não quisesse. Levei a mão ao rosto e olhei, estava suja de sangue. De repente haviam grandes cortes nos meus braços, nas minhas pernas, no meu tronco, o sangue escorrendo da carne branca e se empoçando no chão ao meu redor, e aquele desespero novamente. Eu não era capaz de me mexer, nem de respirar, e o ar saiu com força do meu pulmão. Era mais do que eu podia aguentar. Gritei, e me estilhacei.

– Maka! Acorda!

Estapeei e gritei mais alto ainda, me contorcendo das mãos que me seguravam com força. Outra voz me chamando, essa feminina, mas não podia abrir os olhos, não podia parar de gritar, eu ia ser pega novamente, eu ia morrer de novo! Braços me envolveram, me impedindo de empurrar, mas consegui arranhar, meus dedos afundando em pele. Ouvi um arquejo, mas continuei. No entanto, algo havia mudado. Eu estava respirando... e ouvi as vozes falando calmamente comigo.

– Está tudo bem, Maka-chan.

– Foi só um pesadelo, Maka. Abre os olhos.

Por fim abri um pouco os olhos, o grito morrendo na minha garganta, deixando apenas uma ardência incômoda. Apesar da dor por causa da luz, pude ver que estava no meu quarto, no meu apartamento, em Death City. Blair, em sua forma humana, estava sentada na beirada da cama. Seu olhar era preocupado e assustado. E Soul estava me abraçando com força, a cabeça escondida no meu pescoço, meio sentado e meio deitado em cima de mim. Eu tremia nem um pouco discretamente, e soluçava, enquanto lágrimas quentes e grossas desciam pelo meu rosto e pingavam no seu ombro.

Soul se afastou, mas não me largou, apenas nos deixou sentados, com um braço acariciando minhas costas e a outra mão pousada no meu joelho. Blair se aproximou, se ajoelhando do meu lado e acariciando meu cabelo, afastando-o do meu rosto e sussurrando suavemente que tudo estava bem, foi só um pesadelo, já passou. Eu respirei fundo e tentei parar de chorar – sabia como aquilo era constrangedor – mas simplesmente não consegui, o fantasma daquele sonho ainda me deixava desesperada.

Chorei mais um pouco, escondendo o rosto nas mãos e soluçando com força. Blair e Soul continuaram ali, perto de mim, falando coisas legais até eu conseguir controlar os soluços e respirar direito. Por fim, ergui os olhos, imaginando como devia estar inchada e descabelada, mas imensamente grata aos dois.

– Estou bem. – murmurei, piscando com força e olhando-os, finalmente, com um sorriso ínfimo.

Ambos estavam preocupados e assustados. Reparar em Soul me assustou um pouquinho – a cor vermelha dos seus olhos me trouxe imagens do pesadelo de volta – mas respirei fundo de novo e disse á mim mesma que estava tudo bem. Eu sabia o que era aquele pesadelo, e não tinha nada a ver com ninguém que fazia parte da minha vida, hoje.

Blair segurou minhas mãos trêmulas entre as suas, os olhos marejando.

– Maka-chan, eu fiquei tão assustada! Você começou a tremer e quando me levantei para olhar, começou a gritar! Tentei te acordar, mas não consegui, aí o Soul-san entrou correndo... – ela lançou um olhar para ele, que assentiu, me olhando, então continuou. – Você também não acordou quando ele te chamou, e começou a tremer e a se agitar, e Soul-san tentou te segurar mas você só gritou mais alto ainda e começou a bater nele! Eu não sabia o que pensar, pensei que...!

Então Blair me abraçou com força, e eu retribui, sorrindo.

– Obrigada, Blair. Obrigada também, Soul. – disse, olhando-o constrangida.

O clima entre mim e Soul havia melhorado um pouco, mas não havíamos conversado sério ainda. Sempre pareciam haver tantas outras coisas para fazer, ou talvez fosse apenas medo. De qualquer modo, nenhum de nós dois tocou naquele assunto depois de domingo. Ainda não estávamos exatamente conversando muito, mas também não parecia estar na mira de um revólver toda vez que estávamos juntos. Apenas... estávamos indo.

Só então notei como o cabelo dele estava bagunçado, seus olhos também um pouco marejados. Eu devia realmente ter feito um escândalo e tanto.

– Só... não me mate de susto de novo. – ele expirou com força, olhando meu rosto com atenção.

– Não nos mate de susto. – Blair corrigiu, se afastando um pouco.

– E controle suas unhas. – Soul disse, rindo e passando a mão pelo tórax.

Acompanhei seu movimento, finalmente notando que ele só usava uma bermuda, sem camisa. Mas minha vergonha não foi maior que a surpresa de ver os grandes lanhos vermelhos na sua barriga e nas costelas. Alguns estavam simplesmente inchados, outros tinham um pouco de sangue. Finalmente percebi que fui eu quem fez aquilo, quando ainda estava no limiar entre o sonho e a realidade. Levei uma mão a boca, culpada.

– Kamisama! Desculpa, Soul, eu não...

– Sem problema. – ele sorriu torto, erguendo uma sobrancelha. – Essas marcas são até meio sexy. E eu já devia ter me acostumado com você me batendo.

Tá, não foi tão engraçado assim, podia ser só culpa do nervoso, mas eu ri. E não parei mais, até lágrimas saírem pelos meus olhos novamente. Notei os dois meio preocupados, mas quando notaram que eu não estava chorando de verdade, acabaram rindo também. Quando dei por mim estávamos eu e Blair numa crise séria, enquanto Soul apenas nos encarava, divertido, balançando a cabeça.

– Eu não entendo vocês. – declarou, por fim.

Nos controlamos, evitando olhar uma para a outra – sempre que fazíamos aquilo ríamos mais ainda – e meus olhos bateram no espelho.

Meu nariz estava vermelho e tinha o dobro do tamanho, meus olhos pareciam saltar das órbitas e estavam ainda piores que o nariz e meu cabelo parecia um ninho de ratos. E não vou nem comentar sobre meu blusão cinzento de dormir. Desviei os olhos, constrangida, e notei que Soul estivera me olhando. Ergui as sobrancelhas e ele olhou para o lado.

Ficamos em silêncio por um momento, e olhei para minhas mãos juntas no meu colo, preocupada. Sabia o que viria a seguir, cada um pro seu quarto, iríamos apagar as luzes e dormir de novo. Só de pensar naquilo eu me assustava. Não queria dormir de novo, e mesmo que quisesse, duvidava que conseguiria. As imagens voltavam para mim, nítidas demais. Os tentáculos vermelhos. Os demônios dançando. Todo aquele sangue empoçado. Estremeci de leve, e perguntei:

– Que horas são?

Senti Blair se esticando, então anunciou:

– São quase três da manhã. Bom, eu estou com sono. – completou, bocejando e se espreguiçando.

Claro que estava. Eu não a culpava, era hora de estar dormindo calmamente. Mas não pude deixar de me ressentir um pouco por minha previsão ter acontecido tão rápido.

– Eu não estou. – Soul reclamou, expirando com força, parecendo chateado. – Você me acordou pra valer, Maka. Não vou conseguir dormir mais.

– Me desculpe. – pedi, encolhendo os ombros diante da acusação.

Soul apenas me encarou, apático. Então expirou com força novamente, de um jeito que me irritou um pouco.

– Falou. Mas você vai ter que jogar videogame comigo. – disse, esticando os braços atrás de si e levantando em seguida.

Fiquei encarando-o, sem entender.

– Jogar videogame? – perguntei, enfim.

– É. Já que eu não consigo dormir, e a culpa foi sua, o mínimo que pode fazer é ficar comigo.

Franzi a testa, mas concordei, sorrindo. Jogar videogame, ok. Eu não exatamente habilidosa com os controles cheios de botões do Playstation 2 do Soul, mas era uma opção bem melhor do que dormir. Eu ficaria acordada, num lugar iluminado, com algo para me distrair e companhia. Se ele estava tentando me punir, falhou miseravelmente.

Mandei Soul para fora do quarto, dizendo que ia me trocar, e assim que ele fechou a porta me levantei, indo em direção ao guarda roupas. Blair murmurou qualquer coisa relacionada a sono e madrugada e deitou sobre meu travesseiro, se metamorfoseando em gata. Enquanto vestia um short de algodão macio e uma blusa de manga curta azul, não consegui me impedir de lembrar do sonho. Domingo passado eu também tive um pesadelo na casa da Tsubaki, embora aquele não tenha me desestabilizado tanto. E agora, houve esse outro. Eu sempre achei que chegaria uma idade em que eles fossem simplesmente parar, mas ao que parece, estava errada.

Quando saí do quarto, a sala estava vazia, mas as luzes estavam acesas e a televisão, ligada no modo AV. Fui para a cozinha beber água, já que minha garganta ainda doía um pouco de gritar e chorar, enquanto esperava Soul, que devia ter ido buscar os jogos. Acendi a luz esticando bem o braço, antes de entrar no cômodo, olhando em volta cautelosamente. Não tinha nada. Claro que não tinha nada. Mas acontece que nada, ás vezes, é alguma coisa.

Por fim enchi um copo com água gelada e comecei a bebericar, encostando na bancada, de frente para a sala. Como a cozinha era aberta, eu tinha uma vista perfeita, e a tela azul me assustava um pouco. Tudo estava me assustando. Inclusive os passos de Soul, quando os ouvi.

Olhei para o lado, surpresa, e vi quando ele passou, agora vestido com uma camiseta branca e uns três DVD’s de jogos na mão. Ele não me notou, e tampouco falei nada, não queria que notasse que me assustei assim tão fácil.

Então Soul abriu a boca, tapando-a com a mão e esfregando os olhos em seguida. Estava bocejando. Estranhei por um segundo, lembrando que ele disse que não estava com sono, e então eu entendi.

Simplesmente não pude evitar o sorriso que surgiu no meu rosto. Soul bobão.

Acabei a água com dois goles e fui atrás dele, feliz. Eu jogaria o melhor que pudesse. Era a única forma de agradecer.

***

Começamos com Super Mario World. Eu lembrava vagamente de ter jogado uma ou outra vez com meu primo, quando era criança, mas acho que devia ser melhor na época, porque agora eu era uma negação. Eu jogava com o Luigi e Soul, com o Mário, e ficava o tempo todo reclamando que eu estava atrasando ele. Por fim, rebati que o controle estava com defeito, e quando trocamos Soul viu que uma tecla estava mesmo com mau contato. Chupa essa.

Depois trocamos para Marvel x Capcom. Por incrível que pareça, eu era bem melhor nesse. Nunca conseguia fazer combos e ataques especiais, mas em compensação conseguia ser bem mais rápida que Soul, então nos equilibrávamos. Isso no começo, porque chegou em um ponto que eu dominei todas as técnicas secretas que conseguia descobrir e as usava perfeitamente, de modo que sempre ganhava.

Por fim, Soul cansou de perder e colocou Guitar Hero, e toda minha felicidade se foi. As músicas eram ótimas, eu anotei mentalmente umas cinco para baixar outra hora, mas eu simplesmente não era boa naquela merda. Minhas mãos eram boas para golpes, mas não para notas musicais, decidi. Já Soul arrasava, não errava nenhuma nota. Me peguei invejando sua habilidade, e decidi que até fazia sentido. Eu era boa em jogos de luta, ele era bom em jogos de música. É, tudo bem. Só queria ver como se sairia no Just Dance.

Quando Soul cansou de me humilhar, passava um pouco das seis da manhã, e uma luminosidade clara entrava pelas janelas de vidro. Bocejei e me estiquei no sofá, me alongando, enquanto Soul se levantava, num movimento que fez suas costas estalarem, e ia até o videogame no chão.

– Hora de ir pra escola... – murmurou, cansado.

Aquilo foi como um tiro no meu peito. Escola. Eu queria ver o Kiddo – meu coração acelerou um pouco só de imaginar. Ele havia ficado queimado de sol na praia, e agora estava sempre com as bochechas meio avermelhadas, parecendo o tempo todo corado. Torci silenciosamente para que sua pele não houvesse voltado ao normal. Ele ficava tão fofo corado. E ficava tão lindo sorrindo. Mas era bem mais divertido quando estava sério, eu sentia como se fosse minha obrigação chamar sua atenção e fazê-lo sorrir. Soltei uma risadinha. Meu príncipe. Eu era sua princesa. Aquilo era tão bobo, idiota, constrangedor... e lindo.

Soul me olhou com o canto do olho, dando um pequeno sorriso.

– Animada pra ir pra Shibusen? Sua nerd.

– Hey, Soul, estudar não é legal? – rí, deitando no sofá ao invés de levantar. – Você aprimora seus conhecimentos e aprende como utilizá-los na prática.

Soul tapou os ouvidos, sorrindo torto.

– Não ouvi isso! Vem cá, você é filha do Spirit, e não do dr. Stein.

Dei de ombros, sorrindo.

– Melhor pedir um teste de paternidade.

Soul saiu para levar os jogos pro quarto, resmungando sobre a minha nerdice, e eu continuei deitada no sofá. Estudar, sim, claro que esse era o motivo de eu estar indo para a Shibusen. Não tinha absolutamente nada a ver com certo shinigami de olhos dourados. Nadinha.

Quando Soul voltou, se inclinou nas costas do sofá, me olhando de cima.

– Vamos tomar café? – chamou.

Concordei, me levantando. Blair só acordava depois das dez, então nunca comíamos juntas de manhã, e meu estômago já estava roncando. Segui meu parceiro até a cozinha, até ele parar, cruzar os braços e me encarar.

– E então? Você que é a mestra aqui.

Sorrí um pouco e o mandei montar os mistos, enquanto eu fazia chocolate quente. Era perigoso deixar Soul chegar perto do fogão, ele tinha uma habilidade incrível de queimar as coisas.

Trabalhamos em silêncio, cada um fazendo o que tinha que fazer, mas não estava desconfortável. Tentei me concentrar de novo na panela á minha frente, para o chocolate não empelotar, mas não pude deixar de sorrir, esperançosa. Talvez eu e Soul não precisássemos lavar a roupa suja. Talvez as coisas simplesmente... se encaixassem.

Imediatamente ignorei a idéia. Seria bem mais fácil assim, mas não daria certo – éramos parceiros, e antes quase fomos mais que isso. Coisas como um coração partido e tratamento gélido não podiam ser ignoradas sem deixar mágoa, e enquanto houvesse mágoas entre nós, as coisas não dariam certo. Mas eu queria tanto poder ignorar.

Começamos a comer logo, cada um sentado de um lado da mesa. No início estávamos em silêncio, mas como eu estava satisfeita com Soul por ter me feito companhia, decidi puxar assunto.

– Você vai pra escola? – perguntei.

Nós viramos a noite, então nunca se sabe.

– Aham. – respondeu, acabando de engolir um pedaço do misto. – O Stein quer me ferrar.

– Ele descobriu que você mata aula com o Black para jogar basquete? – perguntei, sorrindo.

Soul deu de ombros, como se não importasse o motivo, mas ainda assim disse:

– Acho que ele só está com inveja do homem cool que eu sou.

Sorri mais um pouco, e a conversa esfriou ali. Não me importei muito, eu queria comer logo e o sono estava começando a me dominar. Já estava vendo que ia ser o dia todo assim, mas era melhor que ficar em casa. Eu queria ver o Kid. Queria muito. Ele ficava tão lindo quando sorria pra mim... Dava vontade de abraçá-lo até não poder mais. Mas a escola era um lugar muito inapropriado pra coisas desse tipo...

– Seu chocolate quente está ótimo, Maka. – Soul disse, de repente.

Ergui os olhos do meu prato. Ele estava puxando assunto comigo. Acabei dando um risinho, surpresa com aquilo, e comentei:

– Ah, obrigada, Soul. Mas você só diz isso porque nunca provou o da Tsubaki, ela que me ensinou.

– Eu já provei, sim. – disse. – Uma vez quando os caras marcaram de jogar na casa do Black e ela fez.

– Hum, nesse caso, acho que eu tenho que te agradecer mesmo.

Ele deu um sorriso de lado, antes de erguer as sobrancelhas e completar:

– Mas o bolo dela é melhor que o seu.

Ri de leve da provocação, e rebati:

– Claro que não, eu que ensinei ela a fazer bolo. Sou tipo o mestre Yodo.

– Yoda. – Soul riu.

– Tanto faz, nunca vi os filmes mesmo. – dei de ombros.

– Boba.

– Olha quem fala.

Acabei de comer logo depois, e me levantei, bocejando.

– Bom... Vou trocar de roupa.

– Quer que eu te espere pra ir pra Shibusen? – Soul perguntou.

Desde o baile que ele não perguntava aquilo. Íamos separados, eu no meu carro e ele na moto dele. O meio ambiente não gostava nem um pouco. Mas respondi simplesmente:

– Se não for te incomodar...

– Só não demore um século, falou? – ele brincou.

– Falou.

Fui para o quarto e fechei a porta silenciosamente, pra não acordar Blair. Se bem que acordá-la seria uma boa idéia, ela poderia me ajudar a escolher a roupa. Até fui perto da cama para chamá-la, mas desisti, não queria ter de lidar com uma gata irritada logo de manhã.

Entre um bocejo e outro, acabei com minha saia vermelha favorita, uma regata branca e uma jaqueta curtinha preta. Desembaracei o cabelo e deixei solto – se eu tentasse prender acabaria ficando torto e Kid teria um treco. Ri desse pensamento, e parti o cabelo de lado, jogando-o junto com a franja para a esquerda, e me sentindo uma garota má por provocar o meu namorado.

Não, espera... namorado?

Parei o que estava fazendo por um segundo, surpresa. Eu havia pensado em Kid como meu namorado. Acabei dando de ombros e indo pegar minha bolsinha de maquiagem, com um sorrisinho. Quer dizer, qual era o problema com aquilo? Ele ia ser meu namorado, mesmo. Tudo estava caminhando para aquilo.

Sai do quarto pouco depois, usando só rímel e brilho de cereja como maquiagem e com o meu all star preto lindinho, a mochila pendurada no ombro. Soul estava sentado no sofá, de jeans, camiseta verde, moleton preto e um all star igual ao meu. Ele levantou ao me ver, enfiando as mãos nos bolsos.

– Vamos na minha moto?

– Anh, eu prefiro ir no meu carro. – respondi. – Não quer uma carona?

Ir na moto do Soul significaria ter de me segurar a ele, e aquilo não ia ser muito legal. E ele não fez nenhuma objeção, só concordou e pegou sua mochila também. Bocejei – de novo – e fomos pra Shinbusen.


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Notas finais do capítulo

Tô sem idéia hoje. Deve ser fome.
Vou almoçar, kisuus ;*