Acordo outra vez com os bips do meu celular na mesinha de cabeceira ao lado da minha cama. Quanto tento pegá-lo com a mão direita percebo que algo prende meu braço.

Viro-me assustado, mas em vez de destruir alguma coisa eu sorrio.

O que estava prendendo meu braço era a Liah, que estava usando meu braço como travesseiro.

N/A: :OOOOOOOOOOOOO – Não contavam com a minha astúcia MUAHAHAHAH

Acordo-a com um beijo sorridente.

Ela olha pra mim sonolenta e também sorri, mas então ela se senta rígida de uma vez, e percebe que está na minha casa, e que provavelmente está ferrada.

Ela se levanta apressada, veste rapidamente a roupa e corre pra casa. Sorrio ainda mais ao vê-la correndo pela janela.

Tomo um banho quente demorado com a música Master Of Puppets como plano de fundo.

Pela primeira vez tomo um café da manhã descente – por não estar atrasado como sempre – e me jogo no sofá. Fiz tudo isso com um sorriso bobo no rosto.

Nem sequer as vozes se manifestaram. Aliás, faz algum tempo que elas não se manifestam e... SERÁ QUE EU MATEI ELAS? VOZES?

EU AS MATEI!

ISSO!

O dia não podia ficar melhor.

Saio de casa as 6:50. Passo na casa da Meg, da Liah e do Zack, na do Sam e do Al. Mike era o único que não morava nessa rua. O pai do Sam tinha confiscado seu carro depois de um certo F no boletim.

O caminho todo foi marcado pela cantoria do Sam e da Maggie. Sam tinha conseguido o papel principal do musical da escola, então, depois de uma longa conversa comigo – Sim, assim nos tornamos menos inimigos – ele revelou ser um artista pro mundo. Ainda não sei bem porque ele escondeu, afinal, todos levaram numa boa.

Pois é, ele não é tão idiota quanto pensei que ele era.

Não falei com Liah, nem vice-versa, e nenhum de nós dois falamos com os outros. Quando nossos olhares se cruzavam pelo retrovisor ambos ficávamos vermelhos.

Zack tinha um olhar fulminante estampado no rosto, que me dava até um certo medo - e isso está vindo de alguém que já olhou para um piken, o que não é muito maneiro.

Quando chegamos, Zack quase destruiu todos os vidros do carro com a batida que ele deu na porta.

Eu e Liah sorrimos ainda mais pra ele, que ficou... Bem... Vamos dizer que ele não ficou muito feliz. Ele vai direto pra dentro da escola, puxando a Liah e me deixando sozinho, já que o novo casal perfeito da escola correu pra ficar com os outros casais, e Al correu pra dar os parabéns a sua namorada, que tinha ganhado o segundo papel principal no musical.

Caminho lentamente pra dentro da escola, praticamente flutuando ouvindo Dear God pelo celular... Mas não, o chão estava encerado. Isso não era bom.

O sinal toca assim que eu encosto o dedo no meu livro de Biologia. A turma vem correndo como loucos, Meg tenta parar, escorrega e bate em mim, fazendo-me cair no chão com ela por cima de mim. Vejo o olhar de “Que putaria é essa?” da Liah e do Sam, mas ignoro.

N/A: Sorry pelo ~putsria~, eu achei que era apropriado pro momento cômico.

Sam tenta uma curva fechada, tropeça nos cadarços desamarrados e bate a cara num dos armários.

Mike tropeça e praticamente dá um mortal, fazendo sua cabeça encontrar o chão.

Al consegue deslizar no chão e continua sua corrida em busca de não ganhar uma lição de moral da professora.

Zack estava na frente de Liah, que escorrega e cai empurrando ele, que se desequilibra e bate com o corpo todo nos armários, caindo pra trás logo em seguida.

Puxo Meg pela mão e corremos até a sala, enquanto o diretor olha pra turminha toda caída no chão com um olhar desaprovador. Meg e também caímos no chão de tanto rir.

Al chega meio minuto depois, com o livro de biologia na mão e morrendo de rir. Me sento na primeira carteira com Meg ao meu lado, ainda rindo.

Meia hora depois eles aparecem outra vez. Sam tinha um curativo no nariz, assim como Zack. Liah estava bem, diferente do Mike, que estava com um curativo grande na testa.

Eu e Meg caímos em risada outra vez, enquanto eles se sentam nas carteiras restantes.

–Não tem graça – Sam diz, se sentando ao lado de Al.

–TEM SIM! – Meg grita rindo, fazendo toda a classe segui-la, inclusive a professora.

–Ok, Ok – A professora tenta segurar a risada – De volta pra aula.

–Quantos dias? – viro a cabeça e pergunto pro Sam.

–Nenhum – ele responde – o diretor disse que eu tinha aprendido só com isso – ele aponta pro nariz e eu abafo o riso. – AAAH! Para! Não é engraçado!

–É sim, Sammy – Meg diz e lhe dá um pequeno beijo. – É sim.

–Ok, então é. – ele concorda sorrindo e recebe outro beijo.

A professora pigarreia e os dois se separam.

~~~~~~~~~~~~~~~~~~/Valeu Sissa!/~~~~~~~~~~~~~~~~~

–Ei, S! – Meg chama, ao sair do meu carro. – Não se esquece hein, clareira ás sete. Traga a tequila.

–Ok.

–E o vinho.

–Eu sei.

–E os seus cupcakes.

–TÁ!

–Argh, ok. Até mais tarde – ela se despede com um beijo na bochecha.

Entro em casa e ponho o celular pra despertar. Eu sabia bem que acabaria pegando no sono, mais cedo ou mais tarde.

Foi mais cedo.

Pulei no sofá e dormi ainda no ar.

Então, eu não estava mais na minha casa. Estava correndo.

Estava de noite e eu mal podia ver a rodovia na qual eu seguia rapidamente. Não fazia ideia de onde estava. Nunca tinha visto aquele lugar. Não fazia ideia do que eu estava correndo, mas quando olhei pra trás, vi um incêndio enorme atrás de mim, consumindo toda a mata que estava ao redor da rodovia.

Escuto algumas explosões atrás de mim, como se vários carros explodissem um atrás do outro.

Então vejo três labaredas de fogo pequenas voarem do lugar. Elas vêm em minha direção por cinco segundos, quando caem com tudo no chão. Por um instante posso ver que as labaredas eram monstros mogadorianos, que morreram com as chamas.

Tropeço no meu próprio pé e tudo fica preto.

Quando abro os olhos Liah está em cima de mim, me beijando. Atrás dela Meg observa tudo com um sorriso malicioso.

–Tá na hora de acordar – Liah diz, separando nossos lábios.

Puxo sua cabeça e a beijo outra vez. Era ótimo ter essa sensação. Era ótimo tê-la nos braços...

Era, pelo menos. Escuto uma voz masculina gritar da porta:

–O QUE É ISSO?