Peter's POV

Nunca me senti tão feliz na minha vida. Nesse tempo que passamos na floresta, Valerie buscou ajuda em mim e em Logan. Mais em mim no que em Logan. Desde que nos beijamos, ficamos mais próximos. Bem mais próximos.

Ela me contou o que havia acontecido entre ela e Andrew, e eu apenas tentei parecer compreensível. Afinal, eu já sabia que Andrew precisava matá-las, mas não achei que ele realmente ia tentar. Ficou óbvio que ela percebeu como fiquei tenso, mas não perguntou nada. 

Quando chegamos na diretoria, me lembrei que provavelmente eu me ferraria. Era meu dever não deixar que nada acontecesse com a Valerie, e ela acabou se perdendo na floresta mais perigosa de todas. Tipo, assim que a mãe dela – que seria minha mãe também – se der conta disso, eu vou está muito ferrado.

Entramos na sala e a diretora fez um sinal com a mão como se dissesse "espera um segundo" para a pessoa com quem estava falando. Valerie parou e encarou a diretora, que a encarou de volta e logo pôs seu olhar fulminante em mim.

– Terminamos de falar depois, Sra. Ruby – falou uma doce vozinha. Eu e Valerie dirigimos o nosso olhar para Annie, que estava sentada em uma das cadeiras da sala da diretora. Ela olhou para nós e sorriu. A pequena se levantou calmamente e deu um abraço na irmã, que estava estática. Depois ela se virou para mim e seu sorriso desapareceu. Ela puxou a gola da minha camisa para que eu ficasse cara a cara com ela e me fuzilou ferozmente. – Eu estou de olho em você, mocinho.

Ela me largou e saiu da sala, deixando-me de olhos arregalados. Nunca pensei que uma garotinha pudesse por tanta raiva em um olhar. Afinal, o que foi que eu fiz??

– Bom, já que os desaparecidos estão aqui, podem se sentar e me explicar o que estavam fazendo naquela floresta amaldiçoada – falou a diretora normalmente.

Eu e Valerie nos sentamos nas duas cadeiras que havia lá e nos encaramos, decidindo quem iria começar a falar. Nesses últimos dias, ela tem praticado muito o controle de visões, então, isso afetou o olhar dela, o deixando mais forte e misterioso, parecendo nuvens de tempestades, e decidi que o olhar dela me dava muito medo. E esse medo me fez perder, ou seja, eu comecei a explicar tudo pra diretora. Valerie interrompia, acrescentando uma coisa ou outra que eu deixava passar.

Quando acabamos, Ruby – cujo é o nome da diretora – apenas assentiu com a cabeça, deixando-se absorver todas as novidades. Passaram-se alguns segundos e ela encarou a Valerie. 

– As coisas vão complicar bastante para vocês daqui à algumas semanas. Por isso, peço para que você – Ruby apontou para mim – comece a virar amigo do Andrew novamente. Apesar de tudo, eu confio nele, e sei que nunca ousaria fazer nada contra você, Valerie. Ele tem poderes importantes, e é essencial que ele esteja do nosso lado da batalha. Vocês brigaram por um motivo bastante familiar, e quero que você peça desculpas.

O quê??? Como ela pode confiar nele? E por que eu que tenho que pedir desculpas??? Só porque eu fiquei esfregando na cara dele que Vanessa me beijou primeiro que ele não quer dizer que eu seja o maior culpado!

Percebi que Valerie ficou irritada também, e pela nova personalidade e atitude dela, deduzi que ela não iria deixar de argumentar.

– Como você pode confiar nele?! – Explodiu. – Andrew tentou me matar!

– Ele apontou alguma arma para você alguma vez na intenção de te matar? – Perguntou calmamente Ruby. Valerie fez que não com  cabeça. – Pelo o que vocês me contaram, ele apenas falou com o pai dele que iria te matar, assim como também falou que essa era a missão dele para mim no dia que chegou à Storne. Ele nunca ousou levantar um dedo para fazer mal à você ou à sua irmã.

– E quem disse que ele não iria fazer isso? Quem confirma que ele não me mataria? – Olhava a cena como se fosse um jogo de ping-pong. Valerie realmente estava com raiva de Andrew. 

– Sua irmã. A própria Annabelle me confirmou que ele nunca iria ousar matar vocês.

Eu e Valerie arregalamos os olhos de surpresa. Tudo bem, aquela menininha é extremamente misteriosa, mas como é que ela pode ter certeza disso? 

Os poderes dela são leitura emocional, idiota. Raciocina – A voz de Evanlyn soou na minha cabeça.

Odiava quando ela fazia isso. Era invasão de privacidade! 

Não se meta, telepata – pensei.

– Bom, enquanto a você, Peter, quero que vá pedir desculpas à Andrew. E, como sei que você não vai fazer isso, resolvi tirar a limpo toda essa história, então chamei Vanessa aqui, e, pelo que me disseram, ela acabou de chegar.

Gelei.

Valerie's POV

Quem seres Vanessa? 

Por algum motivo, eu me estressei. Algo me dizia que eu ia odiar essa garota, mas não faço ideia do porquê.

– Ela vai estragar tudo! Destrua-a! Tire-a do meu caminho! Se não fizer isso, irá sofrer, ESCOLHIDAAAAAAAAAAAAA!! – Aquela maldita voz ecoou na minha cabeça. Medo, era isso o que eu sentia.

– Acho que... Acho que vou procurar Annabelle, sim? – Falei pra diretora, que apenas assentiu. Dei um beijo na bochecha de Peter e saí.

No caminho até o dormitório, acabei esbarrando com uma garota, e ela me olhou com desdém.

– Olha por onde anda, garota! Tem ideia de quem eu sou? – Perguntou. Ela tinha cabelo liso castanho escuro, e seus olhos eram da cor de chocolate, frios e com uma certa impaciência.

– Até pediria desculpas, se você as merecesse – falei. – Não, não tenho ideia de quem você é, e não tenho o mínimo interesse em saber. Não gosto de perder meu tempo com pessoas como você, então, com licença.

– Arff, como odeio gente novata e sonsa como você, até parecem que tem alguma autoridade aqui!

– Ah, e você tem? Espera, eu esqueci, patricinhas como você sempre acham que mandam em tudo, sendo que são só grandes idiotas!

Nesse momento, várias pessoas assistiam espantadas a nossa discussão. Algumas, que eu identifiquei como veteranos, olhavam para a garota como se fosse um fantasma.

– Quem você pensa que é para me chamar de patricinha?! Fala a garota que parece que dormiu no mato à semanas!

Estava prestes a dar um tabefe nessa garota, porém meus planos, como sempre, foram interrompidos.

– Para a sua informação, ela dormiu mesmo no mato por semanas, Vanessa – falou uma voz familiar que veio por trás dela. Nós duas encaramos o ser que falou aquilo, e pude perceber que ela soltou um suspiro abafado. – O que é que você está fazendo aqui?

– Vim visitar meus dois amantes, é claro – falou como se fosse óbvio. – Sentiu minha falta, Andrewzinho?