As semanas passaram muito rápido. Peter e Logan me ajudaram a treinar bastante, inclusive, Logan me ensinou a usar o colar, que já estava sobre minha posse. 

Durante esse tempo, fiquei mais no lago no que na casa. Me sentia confortável lá, me sentia eu mesma. Apesar de saber que era uma péssima ideia nadar nele, fazia isso constantemente. Recebia carões dos meninos, mas o que eu posso fazer? E Katy me ajudou a melhorar nas visões. Agora eu podia controlá-las, mas mesmo assim era uma boa ideia usar as luvas

Hoje seria o dia em que voltaríamos para a escola. No total, já se passaram cinco meses desde que sumimos, e precisávamos voltar o mais rápido o possível. 

Acordamos cedo e arrumamos as coisas que o pessoal tinha trazido e as que Logan nos disponibilizou. Ele falou que ele não iria com a gente, e sim outra pessoa. Um dia antes de partimos, ele disse sinto muito e beijou minha bochecha. Depois ele... Sumiu. 

Então eu estou meio que depressiva. Por mais que eu tenha desconfiado dele no início, Logan conquistou minha amizade. Ele me entendia, só não melhor do que Annabelle... Oh, Annie! Sinto tanto a sua falta... Mais um motivo para eu ser a primeira a estar pronta. Quando terminamos tudo, fomos até a porta esperar a pessoa que ia nos levar.

Demorou apenas alguns minutos. Uma garotinha, de cabelos pretos, pele pálida e olhos azuis, apareceu do nada e se colocou na nossa frente. Seu rosto não expressava nenhum sentimento a não ser frieza. Ela usava uma blusa, uma saia e uma jaqueta de couro pretos. Ela era tão... Familiar. Ela deveria ter a idade de Annie.

– Então, vocês são as pessoas que eu devo levar de volta? – Perguntou de um modo ríspido. – Meu primo disse que era para eu tele transportar vocês para aquela escola ridícula.

Percebi que as feições de Peter ficaram tensas. Ele parecia um pouco nervoso, ou era impressão minha?

– Olá Peter – a garotinha falou sorrindo. Seu sorriso era tão... Tão parecido com o de... O de...

– Andrew – disse Peter, completando meu pensamento. – Ela é a irmã mais nova de Andrew. Olá... Mellany.

Acho que, como todo mundo, eu fiquei estática. 

– Andrew tem uma irmã mais nova? – Perguntei, mais afirmando do que perguntando.

– O que você sabe sobre meu irmão? – A garota falou em um tom de desafio. – Ele nunca fala nada sobre a vida dele. Por que você, uma garota qualquer, saberia alguma coisa da vida do meu irmão?

Ela já parecia irritada. Dava uma vontade tão grande de responder a altura... Tão grande... Mas, me contive. Apenas me calei e deixei que Peter assumisse o comando da "missão".

– Certo, pode nos levar rápido para lá? Por favor? – Pediu Evanlyn.

Ah... Eu e ela não nos entendemos muito bem no começo... Ficamos meio que disputando por tudo. Ela tem um certo respeito por mim e tal, mas ela me odeia! Definitivamente, as únicas loiras que me dou bem é Annie e Lunna. Só.

Então, resolvemos fazer um pacto às escondidas. Enquanto tivermos que ser parceiras nesse lugar, seríamos "amigas". Pararíamos de discutir e tentaríamos concordar uma com a outra.

– Claro – Mellany disse e fez um movimento com a mão.

Tudo começou a girar. Ficou tudo escuro e uma tontura me veio naquele momento, mas tudo só durou alguns segundos, pois logo estávamos no pátio de Storne Hall. 

Todos os olhares vieram em nossa direção. Percebi um especial, que estava nas sombras, os familiares olhos azuis. Franzi meus lábios e procurei por algum professor, ou até mesmo pela própria diretora. Peter encarava Andrew, assim como Lunna, mas ela o encarava com um pequeno sorriso e percebi que ele retribuiu.

Foi como um tapa na cara. Meu estômago embrulhou e eu senti vontade de causar outro alagamento, mas dessa vez levando eles para o mais longe possível um do outro. E... O que estava acontecendo comigo? Andrew quer me matar! Eu não estou com ciúmes dele com a Lunna! Até porque ela gosta do Nich, né? Desde quando eles trocam sorrisos?!

Percebi que Nicholas ficou tão rígido com a cena quanto eu. Somente puxei Peter pela mão e fui em direção a escola, pois tínhamos que falar com a diretora. Dane-se os sorrisos.

Lunna's POV

Assim que Valerie e Peter se foram, Nich saiu frustrado, com David, Evanlyn e Cat logo atrás, sobrando apenas Hannah e eu. O que houve? Por que Nich e Valerie se irritaram tanto?

Ah, certo. Entendi

Houve um certo momento, uma hora antes de aqueles pombos nos acharem, que eu me afastei do grupo, dizendo que ia procurar algumas frutas pra gente. Mas, o invés disso, procurei por Andrew, e logo o achei.

Ele andava por perto sempre, mas em uma distância que não percebêssemos. O garoto de preto andava muito cabisbaixo, e eu queria saber o porquê.

– O que houve? – Perguntei, e seus olhos azuis encontraram os meus. – Vamos, Andrew, diga-me. Depois de Peter, por ser o seu oposto, sou a que sei mais sobre você. E eu quero saber o porquê da Valerie não estar aqui. Uma coisa me diz que se Annabelle estivesse aqui, ela saberia.

Ser o oposto de alguém não é só pela personalidade e aparência, mas no nosso mundo, era o seu poder. Ele é umbracinese, eu sou auracinese. Ele é a escuridão, eu sou a luz. Ele é o mal, eu sou o bem. Sendo ele o meu oposto, temos um ligação especial. Conseguimos entender um ao outro. Eu posso entender o que ele pensa e o que sente, mesmo não sabendo de nada. É confuso, mas é assim.

E o fato de Annabelle, a pequena que sabe de tudo, principalmente em relação às emoções, poder entender o que se passa com Andrew é devido ao poder dela, que fica cada vez mais forte. Dois dias depois do sumiço deles, Annabelle procurou ajuda comigo, e eu pude conhecê-la bastante. Ela tem uma afeição por Peter e Andrew, como se eles fossem a perfeição e ao mesmo tempo não. Ela me falou que Andrew era especial e confuso, e ela adorava isso. O mistério que o envolvia a encantava tanto como encantava a irmã. E quando ela disse isso, a perguntei como assim encantava a irmã.

Ela me disse que não podia contar muito sobre isso, mas falou que um dia eu saberia a resposta. Ela sabe de muita coisa, e isso explica as visitas dela a diretoria. Todo tempo ela estava lá conversando com a diretora.

Annie me disse que Andrew era uma pessoa que tinha muitos pensamentos e um dia iria se arrepender por isso. Ela é uma garota muito estranha.

– Isso não te interessa – falou ríspido. – E muito menos interessa aquela garota.

– Você sabe que eu sei o que você tem que fazer – falei séria. – E mesmo assim não falei nada para Valerie. Annabelle te respeita e te admira, devia ter um pouco de consideração. Só porque ela te lembra a Mellany, você não precisa a evitar. Só porque Mellany te deixou, você não precisa fazer com que isso aconteça entre as Johnson. 

– Cale-se, Lunna!  – Explodiu. – Ela não me deixou! Eu a deixei porque quis! Porque ela não me merece!

– É claro que não te merece! Mas ela te ama! Entenda que ela é sua irmã, droga! – Explodi de volta. – E não mude de assunto! Andrew, eu sei que você não quer dar um fim nas Johnson! Você só quer orgulhar seus pais! E sabe de uma coisa? A Valerie também!

Ele arregalou os olhos com meu argumento. Uma das coisas que eu percebi em comum com eles foi isso. Valerie disse que sempre quis orgulhar os pais adotivos, e agora quer o mesmo com os biológicos, que nem se quer conhece.

– Isso, Black. Valerie, assim como você, só quer se sentir bem pelo menos uma vez na vida! Ela nunca nem viu os pais e que orgulhá-los! Eu sei que ela queria te ajudar a ser alguém melhor, mas você recusou! Isso é ridículo! Entenda que eu sei o que não devia!! Que eu sei quem realmente é Andrew Black! Entenda que...

Ele me interrompeu. Andrew me interrompeu com um beijo.