Enganada escrita por NepomucenoGiih


Capítulo 3
Capítulo 3 - Conhecendo o Inimigo




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Conhecendo o inimigo.

Acordei com alguma coisa incomodando o meu nariz, como se ele estivesse preso a algum lugar, olhei em volta, estava num quarto todo branco sem muita claridade, oque facilitava a minha visão do ambiente, tinha algumas pessoas paradas na porta, eu não conseguia ver o rosto de nenhum deles, eu estava deitada, não conseguia mover o pescoço, naquele momento eu entrei em desespero.

- Me tira daqui! Porque eu não consigo me mexer? – Eu gritava, mas parecia mais que eu estava sussurrando, a minha voz estava falhando.

Agora eu pedia desculpas a todos os anjos que pudessem me ouvir naquele momento, pelo oque havia pensando, eu não queria ser muda, nem surda, nem cega nem nada. Eu queria ir embora dali agora, queria correr pro meu quarto e me lamentar por ter que fingir gostar do playboy mais idiota do mundo, eu estava com o inferno que eu chamava de vida. Mas agora parecia que o inferno tinha piorado, eu estava impossibilitada de fazer qualquer coisa.

- Tatiana calma, para de tentar se mover... Você tem que ficar em repouso... Deixa só eu tirar isso do seu rosto. – A voz da mulher eu não conhecia, mas ela tirou aquele incomodo do meu rosto.

- Eu quero falar com o meu irmão, cadê ele? – A minha voz saía fraca ainda.

- Tati, eu to aqui falando com o meu novo cunhado – Ele gargalhou e isso só me fez pior, Jonathan estava destruindo a minha vida.

- Pois é meu amor, deu um belo susto na gente, né? – Ele riu – Bom agora é esperar você se recuperar para podermos assumir de vez nosso namoro, né? – Ele tinha um tom irônico na voz, mas adivinha? Edu não percebeu.

- Eu quero ir embora daqui, agora! – O meu tom de voz era baixo, porém forte.

Senti meu corpo pesar, como se tivesse alguma coisa em cima de mim, agora tudo doía, nada tinha mais significado, eu não estava conseguindo manter os meus olhos abertos, a enfermeira estava pondo algo no meu soro, tentei falar algo, mas estava vencida pelo cansaço que percorria no meu corpo, na minha mente eu já não conseguia imaginar nada, estava ficando tudo escuro, tudo estava diferente, o mundo real estava sumindo aos poucos dentro do meu corpo, será que seria assim durante muito tempo? As dúvidas faziam com que eu lutasse ainda mais com o sono, mas fora impossível. Adormeci novamente. Era tão bom estar dormindo, e ao mesmo tempo eu não queria, eu tinha medo do escuro, oque era estranho, sendo que minha vida baseava-se em volta da escuridão dos meus pensamentos. E a parte boa, era que assim eu me desligava daqui situação que eu me encontrava.

Acordei já estava amanhecendo, o quarto que eu me encontrava estava vazio, melhor. O silêncio percorria todas aquelas paredes, andando tranquilamente por ali, eu não queria entrar em desespero, queria manter a calma dentro do meu corpo, além da fome a única coisa que eu sentia era medo, mas a fome vencia tudo, precisava por urgentemente alguma coisa na minha boca, precisava sentir o gosto de qualquer coisa na minha língua, ou iria pirar. Os segundos pareciam horas, e não entrava ninguém no meu quarto, no “tempo” atual deveria ter passado uns sete minutos, na minha mente, eu estava deitada ali há semanas. Eu nunca precisei tanto do meu pai ou da minha mãe na minha vida, da forma que eu estava se Jonathan entrasse ali eu conversaria com ele, sobre qualquer assunto, desde uma conversa normal, a uma briga gigantesca. Eu simplesmente queria conversar e comer, só isso.

Os minutos se passavam eu cada vez mais sentia necessidade de gritar por alguém, o meu orgulho, ou talvez a falta de força para gritar, me mantiveram em silêncio, nem as enfermeiras estavam entrando no meu quarto, oque eu achava um absurdo já que eu estava em observação, se eu tivesse um ataque do miocárdio ninguém veria, morreria sem deixar pistas. Que falta de responsabilidade da direção do hospital.

- Olha a menininha acordou. – A voz ecoava do corredor, e eu tentava olhar para ver quem estava vindo.

- Quem tá aí? – Perguntei um pouco assustada, porém com um sorriso de “orelha a orelha” no rosto.

- Sou eu Tati, o Edu. – A voz agora era mais clara, e ele adentrava o quarto com uma bandeja de comida, o meu sorriso ficou maior.

- Você trouxe isso pra eu comer, Edu? – A minha saiu meio falhada, fazendo com que eu tossisse.

- Não! Isso aqui é pra eu comer, estou esperando a senhora acordar desde ontem. To pirando de fome. – Após falar enfiou a maça na boca, dando uma mordida.

- Deixa de ser ruim, Eduardo. Eu to morrendo de fome! – Eu falei um pouco alto, soando o som de desespero da minha voz.

- Tá, menina chata, deuses. – Ele resmungava e me entregou a outra maça, achei injusto já que em sua bandeja tinha batata frita e coca cola.

- Poxa, eu quero batata! – Disse dando uma mordida na maça parecia que eu não comia há meses.

- Você não pode. Ainda bem, que sobra mais pra mim! – Ele sorriu maliciosamente, como quem jogava na minha cara que ele podia e eu não.

Resmunguei um pouco, mas acabei aceitando só a maça mesmo, a mesma não durou dois minutos em minhas mãos, porém acho que fora a “refeição” mais saborosa da minha vida, quando estamos com fome tudo desce na garganta como se fosse uma barra de chocolate. Olhei para ele, que estava devorando as batatas, parecia estar com a fome de um mendigo.

- Para de comer que nem um animal, Eduardo. – Resmungava me arrumando na cama, voltaria a dormir já que não podia fazer mais nada.

- Deixa de ser chata Maria Nerdzinha. – Ignorei o apelido, e ele continuava devorando tudo.

Virei-me para o lado enquanto ouvia o mesmo comer, fechei os olhos, forçando meu cérebro a sentir sono, eu não esperava a hora de sair daquele hospital, para comer um prato enorme de comida, estava desesperada de fome, e o cheiro da comida de Eduardo, era tão boa que, estava me dando até enjoou.

- Edu, cadê o Diogo? – Perguntei olhando em volta, não estava ali, mesmo não o considerando o melhor pai do mundo, ele deveria estar com a filha no hospital, eu só achava mesmo.

- Ah, ele foi pra casa arrumar algumas coisas. Não se preocupe daqui a algumas horas o médico chega e te libera já, Maninha. – Um sorriso criou-se em meu rosto.

As palavras de Eduardo me fizeram manter a calma, mesmo sabendo que poderia demorar algumas horas, o fato de sair daquele hospital era ótimo. Eu não tinha comentado com ninguém ainda, oque acontecerá para me deixar mal, acho que porque na verdade nem eu sabia, era tudo muito estranho pra mim. Aliás, acho que a notícia de eu estar namorando chocou todo o meu bairro. Não sabia como ia enfrentar a sociedade, tinha pensando em perguntar isso para Jonathan, já me imaginava perguntando isso: “Jonathan como vou olhar para as pessoas agora” e provavelmente sua resposta seria “Com os olhos, oras.” Levar um fora daqueles de Jonathan não compensava nenhuma de minhas duvidas, aliás, não compensava nem um pingo da minha paciência ou saliva. Sonhava que nesse meio tempo que estava no hospital, uma rapariga tivesse o agarrado, e ele dissesse que já tinha achado outra para ocupar o cargo de “primeira dama do futebol”, o meu “clube de nerd’s” chamava assim as namorados de Jonathan, e agora como eu estudaria com eles, sabendo que eu era a primeira dama de Jonathan? Seria praticamente excluída de tudo que eu fazia, o grupo de matemática, o de história, física e o de português. Sim, eu participava de muitos grupos, todos com as mesmas pessoas, era o único jeito de eu me manter ocupada e fazer amizade, não era lá as melhores amizades, não tinha isso de melhores amigos ou coisa parecida. Era só um bando de nerd excluído da sociedade tentando fingir que tinha oque fazer aos sábados. Ou simplesmente colocar em uma rede social “Bom, vou sair agora. Sair com uns amigos, beijos.” Ou só isso mesmo, afinal, nenhum de nós tinha nada para fazer, exceto quando os pais viajam que a gente vai também. E isso, nossa vida parecia a de crianças de 9 anos, que saí com os amigos para “brincar”, e viaja só com os pais, mesmo.

Caí no sono depois de na minha mente fazer uma breve “apresentação” da minha vida mega emocionante, só que não, como dizia a novela das cinco, a nova Malhação. Era até legalzinho ver, mas enfim.

Quando acordei olhei em volta e Eduardo estava jogado no sofá, parecia estar dormindo, eu não conseguia ver muito, não tinha força para subir o corpo e sentar, era estressante, pelo menos estava num quarto, sozinha, se tivesse outra pessoa se lamentando ao meu lado, eu me sentiria obrigada a brigar, gritar ou qualquer coisa parecida, afinal um hospital deveria ser um local onde ficássemos descansados fisicamente e emocionalmente também.

Olhei os lados, e estiquei um pouco meus braços, quando ouvi o barulho da porta, tentei esticar o pescoço, e logo entrou alguém, pensei que fosse Diogo, ou alguma enfermeira, mas finalmente eu vi o médico que me liberaria, meu sonho estava para se realizar, meu deus, nunca fiquei tão contente por sair de algum lugar, sempre me imaginava sofrendo um acidente grave e ficando em algum hospital, mas agora eu queria que os hospitais fossem de foder.

O médico sorriu, e dei um sorriso também por impulso, acho que ele percebeu que eu estava sofrendo, talvez até de mais. Ali era tipo BBB, pior que isso, não dava pra ficar.

- Então mocinha, agora é comer, pra não ter que voltar pra cá, em. – Ele me encarava sorrindo, enquanto tirava um papel de dentro de sua pasta.

- Isso quer dizer, que eu vou embora? – Suspirei e gritei – Eduardo! Acorda! Vai, eu vou pra casa! – O médico gargalhou, e Edu deu um pulo da cama.

- Não force a voz, e tome cuidado. Peça para seu namorado e seu irmão, cuidarem de você, em. – Ele sorriu, entregou o papel para Edu, e saiu.

Suspirei só de lembrar, que agora teria que encarar novamente o meu “namorado”, tomara que ele já tivesse pegado duas mil meninas, e me deixasse em paz, a única namorada que durou com ele, foi a Priscila, que fora traída muitas vezes, e quando descobriu, meteu um pé na bunda dele, oque era irônico, já que ele não tinha bunda. Bati-me um pouco, por pensar na bunda de Jonathan, eu não podia me atrair por ele. O mesmo era o inimigo, e de inimigo a gente quer distância, não é mesmo? Ou, não? Fiquei confusa.

- Quer ajuda pra sair da cama, Tati? – Ouvi uma voz vinda do corredor, olhei para lá, e lá estava ele parado na porta.

- Oque você tá fazendo aqui, Diogo? Resolveu brincar de pai, agora é? – Eu não o considerava, um membro da família, afinal, ele se excluiu.

- Tatiana! Eu sempre fui seu pai, nunca conversei contigo e tudo mais, porém eu sempre estava quando você precisava. E você vai pra casa comigo, entendeu? – A voz dele era firma, como se fosse realmente um pai, brigando com uma filha.

- Sim, estava, não é? Tipo, quando ganhei o concurso do livro, você me esqueceu na escola. Quando eu quebrei o braço, quando eu fiquei “moça”, quando eu chorei pela mamãe. Você nunca esteve presente! – Gritei com ele, e Eduardo entrou no quarto em seguida.

- Ei, ei. Tatiana, não grita. Vêm, vou te ajudar. – O mesmo aproximou-se da cama, enquanto me ajudava a levantar da cama. Apoiei-me nele.

Andávamos os três, eu apoiada em Edu, e Diogo do nosso lado, sentia certa raiva, as pessoas que olhavam, pensavam que éramos uma família feliz, mas não éramos não! Ninguém se amava ali, quer dizer, eu amava Edu, e vice-versa. Diogo não amava a gente. Não amava mesmo. Eu não gostava de quando saíamos juntos, e tínhamos que fingir ser uma família feliz, sendo que ele só bebia e dormia. Não fazia mais nada. Era um inútil mesmo.

Olhei para frente e o carro estava em frente ao hospital, suspirei um pouco. Edu abriu a porta do mesmo, enquanto me colocava sentada na parte de trás do carro, ele ia por o sinto, mas interrompi e fiz sinal de que eu podia colocar. Odiava me sentir, sei lá, dependente. Vivi sozinha muito tempo, não era por causa de um desmaio que eu seria dependente do meu irmão agora. Diogo sentou na frente. No carona do táxi, e Eduardo ao meu lado, ele sorriu, e o silêncio permanecia, minha cabeça estava a mil, vários pensamentos nela, e só de lembrar que o médico tinha liberado ir à escola, eu sentia nojo, raiva de mim mesma, sei lá, era algo estranho. Encostei a cabeça no vidro do carro, e olhava a paisagem que passava, não estava chovendo, eu não me imaginava num clipe, não pensava coisas que jamais iriam acontecer. Eu tinha a cabeça no lugar, sempre tive. Olhei para os lados, e vi Eduardo, ele era um menino bonito, sei lá, com aqueles cabelos bagunçados, usava sempre shorts de surfista, mesmo não sabendo nem nadar, e também com aquelas blusas largas, e óculos escuros. Ele era bonito, só que ele não fazia questão nenhuma de mostrar isso para as meninas, eu e ele, sempre, mesmo depois que ele virou “Popular”, odiamos o fato de ser vaidoso e sair pegando todo mundo, isso era algo nosso sempre dizíamos que acontecesse oque for, nunca seriamos assim, seriamos pessoas normais, sem mais nem menos. E quando ele completasse dezoito anos, sairíamos da cada de Diogo, e iriamos morar num mundo só meu e dele. Agora essa promessa, era irrelevante, porque ele estava beirando 17 anos, mas mesmo assim, era burro, não passava de série, tinha esquecido tudo oque sempre sonhamos, sei lá, ele mudou, não que eu ainda fosse à menina que corria para a cama dele quando meu pai chegava bêbado, que me escondia dele para brincarmos de “esconde-esconde”, mas eu queria continuar tendo o meu irmão, mas agora, era meio, vamos dizer complicado.

Quando o carro finalmente parou em frente ao portão de casa, eu senti um arrepio na minha coluna, como se ali, fosse o pior lugar do mundo, era, quer dizer, mais ou menos, era o segundo pior, o primeiro era o hospital. Tirei o sinto de segurança, e abri a porta, quando estava prestes a me levantar, Edu parou em minha frente e sorriu, acho que fazia tempo que não sorria pra mim. Ajudou-me a levantar, e fomos andando até dentro de casa, abri a porta e tinha duas muletas paradas ao lado do sofá, olhei meio com um sorriso torto, e vendo elas ali, logo pressenti que o momento irmão e irmã, duraria mais uns dez minutos, no máximo. Edu ia comigo, me ajudando até a escada.

- Ei, ela não pode fazer força, em. – Aquela voz quebrando o meu silêncio, perturbou os meus sentidos, virei o rosto, e ali estava minha assombração.

- Jonathan? Oque você tá fazendo aqui? – Minha voz um pouco rouca ainda, suave baixo, e nem parecia que estava, digamos, perturbada.

- Eu vim ajudar a minha princesa, né. – Ele sorriu e veio andando até eu e Eduardo, e fez sinal para que Eduardo se afastasse.

- Não precisa, o Eduardo me leva até lá em cima. – Ele segurava meus braços agora, e num movimento preciso, fez com que ele me pegasse no colo, corei na hora.

- Vocês são bonitinhos juntos, mas olha lá em Jonathan, minha maninha não tem vocação pra corna, em. – Eduardo disse num tom sarcástico, e Jonathan também riu.

Fechei os olhos, tinha desistido, oque eu poderia fazer quanto a isso, ele queria mostrar pra cidade toda que ele pegou a menina que não queria nada com ele, três dias atrás. E depois que essa missão fosse comprida, eu seria mais uma na sua lista de “namoradas”. Ele subia as escadas com uma facilidade, que dava a impressão, que eu precisava mesmo comer mais, sempre o achei, magrelo e fraco, mas pelo oque via agora, não era bem assim, que ele era. Quando chegamos ao final da escada, eu pensei que finalmente me colocaria no show e desceria pra jogar vídeo game com o Edu, mas não, foi andando mais um pouco, até para em frente a porta do banheiro.

- Aqui é o seu quarto? – Ele falou próximo ao meu rosto, e o meu corpo, se arrepiou.

- Não, é aquele ali. – Disse apontando para a porta no final do corredor, ele sorriu.

O sorriso dele era extremamente perturbador, eu não conseguia de jeito algum aproveitar esse história. Eu não ia me apaixonar por ele, que nem as histórias de romance, isso aqui era a vida real, não ia acontecer de nos apaixonarmos, não mesmo. Ele continuava andando, e aqueles segundos pareciam eternidade, quando ele abriu a porta do quarto, deu uma sensação de alivio no meu corpo, ele abriu a porta, e a bagunça do canto de Edu, chegava a ser constrangedora, mas a parte que ficava minha cama, era até arrumada. Ele, lógico que não era tão lerdo de não saber qual que era o meu lado. Me pôs na cama, ajeitando o travesseiro e sentando ao meu lado, virei a cabeça para trás suspirando, e por fim, questionando.

- Vai ficar aqui, fazendo oque? Eu sou chata, sabia? Vai odiar ficar aqui. – Minha tentativa de fuga, nunca dava certo.

- Ei, calma aí. Eu não te odeio totalmente. – Ele riu – A gente pode conversar um pouco, não precisamos nos odiar totalmente. Nunca vamos ser apaixonados um pelo outro, mas, ficar no tédio, é muito chato. – Ele sempre tinha algo pra rebater meus argumentos.

- Tá, tá. Oque você quer falar, Jonathan? – Virei o rosto pro lado, olhando ele agora.

- Hum... Oque você faz, quando não tá estudando? – O tom sarcástico dele, me fez rir.

- Eu? Escrevo, às vezes. E, hum... Digamos que leio também. A minha vida não é legal. – Disse, virando o rosto novamente, fitando a parede.

- Escreve e lê. Mas isso é oque você faz na escola. – Ele riu, de novo – Bem, eu não sou só um menino burro e jogador não, sabia? Eu ajudo minha mãe a cuidar da Aninha, e ouço bastante música, e gosto também de comer, tipo, muito mesmo. – Eu ri a vida dele era mais chata que a minha.

- Quem diria que Jonathan Horgan, tinha a vida tão chata. – Ri e ele também.

- Pois é. Bem chata, as minhas “namoradas”, geralmente, digamos aproveitamos nossos corpos em qualquer lugar, depois só nos vemos na escola e tudo mais. É chato, você que é namorada de mentira, passou mais tempo comigo, do que elas. – Gargalhei, se eu passei um dia com ele foi muito.

- Olha, fica sabendo que você, nunca, tipo nunca mesma, vai aproveitar o meu corpo. – Ele riu – Até porque, sou egoísta, e se o corpo é meu, não divido.

- Ah, então eu sou seu é? Sou o seu namorado. Então, não me divide? – Gargalhei pondo as mãos no rosto.

- Pelo amor de Deus Jonathan. Você não é meu. Pegue quem quiser, depois de dois dias, você vai acabar com essa palhaçada pra ficar com as meninas. Até porque, eu até aceitei essa palhaçada por causa de Eduardo, mas, eu já tenho fama de chata, a fama de corna, eu não quero, por favor. – Passei a mão no rosto, estava começando a ficar com fome.

- Então, vamos fazer assim, quando eu quiser pegar alguém, eu termino contigo, tá legal? – Gargalhei um pouco e ele também.

Ele não era tão insuportável, poderia conversar com ele e tudo mais, porém era só isso e olhe lá. Jonathan olhou a hora, sorriu e saiu do quarto. Finalmente estava livre dele, virei à cabeça para o lado passando a mão na barriga, estava com fome, mas também estava me sentindo suja, queria tomar banho, mas não conseguiria andar até o banheiro, peguei o celular que estava do lado da cama, e disquei o número de Edu, ele deveria estar lá em baixo, queria ajudar pra tirar a blusa e o short e andar até o banheiro. Não, eu não tinha vergonha. Quantas vezes ele já teria me visto naquelas condições, quantas vezes já tinha pedido para ele arrumar meu sutiã, muitas vezes, ter vergonha dele, não estava em questão.

- Edu, sobe aqui rapidinho. – Disse na hora que ele atendeu ao telefone.

- Tá, to subindo. – Desliguei o celular, e pus ao meu lado.

Aqueles segundos pareciam mais eternidade, a minha barriga roncava alto já, estava com muita fome, mas queria tomar banho antes de comer.

- Ei, porque não me disse que precisava de algo, quando eu estava aqui em cima. – Jonathan falava entrando no quarto.

- Jonathan, eu preciso do Edu, porque eu vou tomar banho! – Disse corando, e ele gargalhava.

- Ai meu deus! Desculpa, desculpa mesmo. – Ele gargalhou – EDUARDO! – Ele gritou olhando para a porta.

- Ai meu deus, que vergonha! – Eu sussurrava para mim mesma, rindo.

- Oque foi? – Eduardo disse abrindo a porta do quarto e parando ao meu lado – Oque você quer? –

- Ela quer tomar banho, e me desculpe, não sou o melhor pra ajudar ela a fazer isso. – Ele riu e saiu do quarto, ouvi-o descendo as escadas.

- Ah tá. Vou te levar até o banheiro e lá te ajudo. – Ele corou, e eu mais ainda.

Ele me ajudou a levantar, e andamos até o banheiro. Ele me sentou ali na beirada da banheira, e me ajudou a tirar a blusa, em seguida, coramos. Desabotoei meu short, e ele tirou o resto, depois passou os braços em volta do meu corpo e tirou o sutiã, me pôs na banheira, e ligou a água, em seguida saiu do banheiro, fechou a porta e sentou do lado de fora do mesmo.

- Vou ficar aqui, qualquer coisa, grita tá.

Concordei e esperei a água cobrir um pouco do meu corpo e desliguei o chuveiro, em seguida coloquei um pouco de sabonete líquido na água, e coloquei a cabeça para trás, como era bom tomar banho, sentir-se sujo era algo, sei lá, tão péssimo. Eu não queria sair dali nunca mais, o momento estava tão bom, e me fazia esquecer praticamente até o fato, de que meu irmão estava do lado de fora esperando eu terminar meu banho pra me ajudar a por roupa, era no mínimo humilhante. Fechei os olhos alguns segundos, o meu mundo estava desligado agora, o sono vinha e como se eu não pudesse evitar, senti um enjoou forte, deveria ser fome, porém continuei com os olhos fechados.

- Tatiana, tá tudo bem? – Abri meus olhos e Eduardo estava do meu lado pegando uma toalha e enrolando em mim.

- Tá sim. – Passei a mão no rosto, me enrolando na toalha e saindo do banheiro apoiada em Edu.

- Ai meu Deus! Ela desmaiou no banheiro, Eduardo? – Olhei para frente, oque Jonathan ainda fazia ali?

- Não, gente, eu só to com fome! – Eu disse abrindo a porta do quarto, em seguida fechando a mesma. Jonathan tinha ficado lá fora.

- Maninha, vou te ajudar a por roupa e descer você para a gente comer alguma coisa, tá? – Aquele tratamento especial me dava náusea.

Edu virou para o lado e eu pus as roupas íntimas, pedi para ele arrumar o sutiã, e ele arrumou. Em seguida pus uma blusa de pijama, quer dizer, ele pôs em mim, e o short jeans, e depois me apoiei nele. Fiquei um tempo parada, me senti um pouco tonta, e ele mexia em mim, como se eu estivesse morta, eu sentia mais estava sem força de dizer qualquer coisa a respeito, me apoiei ainda mais nele enfiando minha cabeça em seu peito, e indo deslizando pelo mesmo, fazia tempo que eu não comia algo que fosse me sustentar muito tempo.

- JONATHAN! Pega algo para essa menina comer, rápido. – Ouvi a voz de Eduardo, soando como um sussurro, mas ele pelo visto gritava.

Ouvi passos rápidos em direção ao quarto, e depois alguém me pondo na cama. Fechei meus olhos e só ouvia gritos de Eduardo e Jonathan. Fiquei com raiva de Diogo, já que ele decidiu brincar de ser pai, nessa hora que ele deveria agir, não? Até Jonathan, é o menino que estava chantageando, que estava prestes a acabar com toda a família gritava desesperado, e ele onde estaria. Num bar bebendo, provavelmente. Isso era fato, um filho dele morria e ele não estava nem aí.

- Tati, meu amor... Abre a boca, mastiga isso aqui um pouco, vai. Tati, por favor... – A voz de Eduardo era interrompida por soluços, ele estava chorando, meu coração doeu.

Abri um pouco a boca, sentindo enfiarem algo dentro dela, senti o gosto, era mingau, estava bom, ainda bem que não precisava mastigar, engoli a primeira colherada, e senti Edu ri, e alguém do seu lado, incentivava-o a me dar mais mingau. Estava um pouco quente, mas esfriava na minha boca. O meu corpo doía um pouco, mas eu ainda achava que era fome, que precisava me alimentar bem, se não teria que voltar ao hospital.

Comi umas dez colheradas, e não conseguia mais engolir, ele tentava por na minha boca mais eu recusava, e tentava me incentivar com palavras do tipo “Vai maninha, mais um pouco só” “Vai, vai, só mais essa”, mas não deu muito certo, eu queria comer mais, porém a minha garganta parecia cheia, que tinha algo impedindo a passagem da comida, então eu não queria forçar nada. Ele levantou, e deu para perceber que Jonathan ainda estava ali. Nossa, será que ele ia morar com a gente agora, não ia pra casa nunca. Eu queria dormir em paz, com o meu irmão porco roncando do meu lado, eu gostava daquela vida comum. Não queria nada de especial. Virei o corpo de lado, fechando por fim os meus olhos, era bom ter um mundo só nosso. Adormeci. 


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