Enganada escrita por NepomucenoGiih


Capítulo 2
Capítulo 2 - Frustrada




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Acordei no meu quarto, um pouco cansada, o despertador fazia um barulho chato em minha mente, e eu como sempre, joguei-o longe, dando uma leve espreguiçada, olhei para o lado Eduardo ainda estava ali, com toda certeza, não tinha dado tempo do despertado acordá-lo ainda. Levantei devagar, pondo o celular dele ao lado do mesmo, logo despertaria novamente e o mesmo se levantaria. Caminhei até o banheiro, o som do silêncio na casa era enorme, eu olhei-me no espelho, aquele pele pálida, com os cabelos ondulados caindo sobre meu ombro, entendia agora porque é que ninguém gostava de mim, eu era mesmo a Maria Nerdzinha, por isso é que eles me zoavam tanto, por isso que agora eu estava com medo de ir à escola, medo de tudo, aquilo era estranho. Pela primeira vez na vida eu estava fugindo da situação.

Logo após eu sair do banheiro, eu fui caminhando até o quarto, Edu ainda estava dormindo, seria melhor, o ver levando uma bronca uma vez na vida seria ótimo. Olhei-me no espelho do quarto, a mesma menina de sempre, a mesma idiota.

- Edu, acorda logo! Ta na hora. – Eu dizia, cutucando-o, o mesmo não ligou virou-se e continuou a dormir.

Saí do quarto, passando pela sala, Diogo agora estava sentado vendo TV, ele vivia da pensão do meu avô, era estranho, um homem velho dependendo de um homem morto.  Passei para a cozinha, abrindo o armário, não tinha nada, era de se esperar, vivíamos de comida congelada e pizza, era triste, mas pelo menos era oque todo adolescente queria. Nessas horas que eu me perguntava, se eu era mesmo uma adolescente comum.

- Você não vai sair sem comer de novo, não é Tatiana? – Olhei para trás, Diogo falava comigo tentando impor autoridade.

- E você se importa Diogo? Eu faço oque eu quiser. Pelo amor de deus, vai querer fingir que é pai hoje? Não to com paciência! – Disse pegando a mochila no canto da cozinha e saindo porta a fora.

O frio batia no meu corpo, penetrando o meu agasalho, me deixando ainda mais nervosa. Andava em direção a escola, porém eu queria ter coragem o suficiente para fugir, ir embora e nunca mais voltar, mas eu não tinha. Eu era medrosa.

- Maria Nerdzinha, temos que conversar! – Alguém dizia, eu não reconhecia a voz, virei para trás e Jonathan estava parado ali, que nem um idiota.

- Oque você quer? Deixa-me em paz, por favor! – Um tom desesperado saiu da minha boca, sentia medo ali, naquele momento.

- Calma aí. Como você deve estar sabendo, a Priscila terminou comigo. E como, eu não posso ficar solteiro. Parabéns, você vai ser a nova namorado do Jogador. – Ele riu, e eu também. Caí na gargalhada, olhando-o friamente.

- Ah, claro. Tudo oque você quiser. Só que não. Jonathan, você ficou maluco, mesmo não é? Acha mesmo que eu vou fingir ser sua namorada? Prefiro ser uma nada pro resto da minha vida mesmo. – Recuperei meu fôlego, enquanto o mesmo apertava os meus braços olhando firme para mim.

- Vai sim, e vai fazer bem direitinho. Eu sei algo sobre você que pode destruir sua vida, e a carreira do seu irmãozinho. Agora a questão é: Você é ou não é a nova namorado do jogador? – O tom dele era forte e o mesmo me apertava forte agora.

- Me larga Jonathan você está me machucando. – O meu tom era desesperador novamente. Ele me largou, e pegou em minha mão.

- Pronto, agora que já entendeu. Vamos pro colégio. – Ele dizia forçando sua mão contra a minha, enquanto eu tentava me soltar do mesmo.

- Me larga Jonathan. Para com isso. Tanta menina te querendo. Deixa-me em paz, por favor. Me larga, caramba. – Empurrava-o sem nenhum sucesso.

- Pode parando Tatiana. Você vai aceitar ou vai destruir a vida da sua família? – Ele me soltou, o meu braço estava doendo, descia uma lágrima do meu rosto – Eu já sabia que ia aceitar. –

O mesmo agora pegou em minha mão e dessa vez eu deixei, ele caminhava e eu ia seguindo-o, tudo doía dentro do meu peito, como se o coração que estava ali estivesse sendo chantageado por aquele jogador idiota, viver aquela mentira acabaria comigo por dentro, fingir aquilo, era doloroso de mais. E eu só queria a minha mãe, eu só queria um abraço de alguém que não fosse me julgar. O meu corpo sentia medo do que as pessoas falariam de mim a partir de agora. Olhei para o lado e ele ainda estava ali, rindo da situação, estávamos perto do colégio, o meu coração gelou, e eu continuei andando até adentrar o mesmo. Ele falava com todos cumprimentava e abraçava, enquanto o meu corpo permanecia imóvel ao lado dele, aonde ele ia, eu o seguia, mas sem dizer nenhuma palavra, sem abrir a boca, simplesmente olhava para o chão e deixava algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto, tudo era tão diferente, tudo de uma hora para a outra tinha ficado de cabeça para baixo. Eu e que estava sendo chantageada, o meu mundo estava em jogo, tudo que eu tinha construído, eu não podia deixar o meu mundo desmoronar, nem o do meu irmão, dois anos para ele conseguir uma posição no time, eu não podia destruir isso, mesmo ele me irritando, como eu podia simplesmente acabar com tudo daquela forma? É eu não podia.

- Tati, fala com os meus amigos da próxima vez. – Olhei para o lado e Jonathan estava parado na porta da sala de aula, me tirou dos meus pensamentos do meu mundo, isso era tão cruel.

- Já basta te aturar, ter que aturá-los também, né. – Adentrei a sala e sentei no mesmo lugar de sempre, só que Jonathan sentou ao meu lado, bufei e abaixei a cabeça.

O professor entrou na sala, eu com a minha cabeça baixa, tentei não ouvi-lo, estava no meu mundo agora, o meu mundo, só meu. Lá ninguém poderia tirar o meu silêncio, a minha vida, o meu conto de fadas. E melhor ainda: Lá eu não tinha um príncipe, graças a Merlin, eu gostava muito de tudo lá, e o fato de eu não me apaixonar era melhor ainda. Tudo estava tão perfeito no meu mundo, era uma floresta encantadora, tinha os pássaros cantando, e a música que fica tocando diversas vezes na minha mente “Foi sem você que eu pude entender...” e várias vezes eu me via cantarolando aquela canção, claro que todos riam e o professor pedia silêncio, eu não ligava, sempre fui conhecida como a menina do mundo da lua, um apelido a mais ou a menos, que diferença fazia? Olhei em volta, procurando a voz de quem me chamava.

- Tatiana? Você está bem? – A voz era familiar, era do professor Fred, o melhor professor que aquela escola já vira.

- Eu acho que sim. Minha cabeça dói. – Dizia olhando para frente à sala estava vazia, só Fred e Jonathan estavam ali – A aula já acabou? – Meu tom era de tristeza.

- Tati, vem cá. Vou te levar na enfermaria. – A Voz de Jonathan me enjoou profundamente, vomitei ali na sala mesmo.

Jonathan agora me segurava enquanto ele ia me arrastando até a enfermaria, eu estava me sentindo fraca, talvez porque não tinha me alimentado bem, ou simplesmente por lembrar que agora estava na mão do time de futebol. O meu corpo não se agüentava em pé, e era inevitável os olhares de todos para nós, me deixara constrangida, porém a partir de agora teria que ser assim. Olhei em volta parecia que faltavam quilômetros até a sala da enfermeira, tudo isso era um inferno e ficar relembrando isso em minha mente fazia com que o meu estômago ficasse embrulhado, estava frio, mas eu estava suando frio, era medo e ao mesmo tempo nervosismo, uma mistura de tudo dentro do meu corpo, fez com que eu caísse ali mesmo, no chão, sentada que nem uma otária, não que eu já não fosse, mas agora o meu irmão se intrometerá ali, me pegando no colo de vez e correndo comigo até a enfermaria.

- Tati acorda Tati. Tatiana o meu pai vai vim te buscar pra te levar para o Hospital. Fala comigo, Tati. – O som da voz de Edu me deu dor de cabeça, tudo doía.

- Para de gritar Edu. Eu não quero ver o Diogo! Eu só quero dormir um pouco. Onde que estamos? – Olhava para o lado, mas estava meio zonza ainda, a única coisa que enxergava era Jonathan parado ao lado de uma sombra, possivelmente era Eduardo.

- Acordou finalmente, que susto que você nós deu, não é? Quer matar a gente do coração, Tati? – A voz de Jonathan me deixava cada vez mais frustrada.

- A deixem dormir rapazes, depois ela fala com vocês. – Finalmente, eu queria saber quem é que estava me salvando daquele bando de idiotas.

Abri e fechei os olhos diversas vezes tentando tirar a visão embaçada, mas tudo sem sucesso. Entreguei-me a escuridão, fechei os olhos, ali tudo era tão mais fácil, era uma maravilha, a vida no escuro seria tão simples, nesse momento desejei ter nascido cega ou surda, pelo menos não estaria nessa situação. E depois que tudo fosse descoberto, oque eu faria? Todos iriam fuçar o meu passado e iam acabar descobrindo que minha mãe tinha me largado que ela era dependente química, que ela estava doente. Iam rir de mim, iriam apontar os defeitos, eles iam destruir a vida do meu irmão. Eu não gostava dele por perto, mas eu o amava. Que destruíssem a vida de Diogo, a minha e da do Edu não. Tudo aquilo na minha cabeça me fez entrar em pânico, o meu coração parecia bater só quando eu fizesse força para isso, agora quem estava controlando a minha respiração era eu. Tudo tremeu, senti um ar gelado descer pela minha garganta, ele destruiu tudo dentro de mim, o meu coração, os meus pulmões, o meu fígado, tudo. Ele estava acabando comigo as poucos, mas depressa. Tudo muito rápido.

- Tatiana vamos te levar pro Hospital, você está soando frio. – A voz era clara agora, Tio Fred estava ali.

Não senti mais nada depois daquilo, tudo estava escuro o meu corpo não estava aceitando aquela situação, como se ele quisesse sair dali, estava com medo de tudo, da minha situação, a palavra certa era: Eu estava Frustrada!


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