– Como você está Danny?

Ao ver Nikki ali, com aquela criança... senti a tensão tomar conta de mim.

– Estou bem- mas não naquele momento – O que te trás aqui? Tem tantos meses que não nos vemos.

– Você tem razão – ela me olhava tímida, e parecia não saber o que falar em seguida. Depois de alguns segundos de silêncio, tentando quebrar aquela situação desconfortável e ofereci um café.

– Aceito sim, obrigada. - Fui até a máquina pegar um expresso para ela. Quando entreguei evitei não olhar para o menino, confesso que a cada minuto que passava a presença dele me deixava mais nervoso.

– O Que te trás aqui? Qual o real motivo dessa visita? Estou com muito trabalho para fazer, se puder me dizer logo. – Minha intenção não era ser grosseiro com ela, mas queria ouvir de uma vez o que ela ia me dizer. Vi ela colocar o copo de café em cima da mesinha de centro, levantou-se do sofá. Ficou bem próxima a mim, o menino olhava para meu rosto.

– Danny... – ela parecia escolher as palavras – Esse daqui é o Noah, ele... – desviou o olhar– Ele é seu filho.

Encostei-me na parede mais próxima, aquilo tudo só podia ser um pesadelo. Só conseguia pensar na Lindsay e como ela ia reagir quando eu contasse para ela.

– Você não pode tá falando sério.

– Eu nunca ia te procurar novamente se estivesse mentindo, Danny. Demorei um pouco para te procurar, mas vi que não seria justo afastar seu... filho.

Passei as duas mãos pela cabeça, sem saber o que fazer e muito menos o que dizer para ela. Talvez ela tenha notado como eu estava perdido com aquilo.

– Não estou pedindo para você ficar comigo, não é isso, mas quero que assuma nosso filho. Ele merece isso.

– Você tem ideia da situação que este me colocando? Nikki... eu me casei, constitui uma família, tenho uma filha e... eu amo a minha esposa. Como você acha que ela vai reagir quando souber que tenho um filho fora do casamento? A Lindsay vai me matar – o desespero estava tomando conta de mim, aquilo tudo poderia ser o final da “minha vida feliz e perfeita”. Eu não podia perdê-la, não podia.

– Se você está duvidando da minha palavra, Danny, pode fazer o que for preciso para provar sua paternidade, mas não me peça para sumir, isso você não vai conseguir porque vou fazer de tudo para que meu filho tenha um pai, nem que para isso eu tenha que falar com o seu supervisor ou até mesmo sua esposa.

Tomado por uma fúria eu cheguei muito próximo a ela e com os braços largados fechei minha mão com força, tentando me conter.

– Não se aproxime da Lindsay, Nikki. Não toque em um fio de cabelo dela, não ouse falar com ela, nunca.

Como se ela não tivesse ouvido o que tinha acabado de falar, Nikki me entregou um cartão com um endereço.

– Quando você resolver o que vai fazer me procure. Mas não demore muito Danny.

Ela saiu da sala e eu sentei em umas das cadeiras que estava lá, apoiei minha cabeça entre as mãos. Estava perdido.

Ouvi a porta se abrir e dei um pulo.

– Hei calma, você me parece bem assustado. –Don sentou-se no sofá pegando o jornal logo em seguida.

– Você viu quem acabou de sair daqui?

– Não posso nem imaginar – sem desviar os olhos do jornal.

– Você se lembra da Nikki? Aquela mulher que... me relacionei?

Isso pareceu atrair a atenção dele, por que Don deixou o jornal em cima da mesinha e me encarou.

– A sua vizinha? Recordo-me sim.

– Ela acabou de sair daqui, com um menino quase da mesma idade que a Lucy, deve ser um pouco mais novo. Ela disse que é meu filho, Don.

O olhar de surpresa dele me deixou ainda mais nervoso.

– Como você vai contar isso para a Lindsay?

Comecei a andar de um lado para o outro.

– E se eu contar e ela achar que sempre tive um caso com a Nikki? Mesmo depois de casado? E se ela me abandonar? Eu não vou suportar ficar sem ela, estamos tão bem.

– Danny, se você está pensando em esconder isso dela, acho que tem que pensar muito bem nesse assunto, pois se ela descobrir a verdade e ver que você escondeu algo tão importante pode ser o fim do seu casamento, você sabe disso.

– É por isso que estou sentindo tanto medo, Don.

– Quer tomar alguma coisa depois do turno? Para esfriar a cabeça?

– Não, vou pra casa e pensar o que vou fazer da minha vida a partir de hoje.

Aproximadamente 2 horas depois da visita da Nikki, a Lindsay voltou da cena do crime. Não sei se era por que estava me sentindo culpado, mas ao olhar para ela se achei um grande filho da mãe.Ela era tão linda.Nos encontramos no corredor em frente a sala do Mac, mas dessa vez ele não estava.

– Tenho um tempo livre, vamos comer alguma coisa? Estou morrendo de fome. – ela tinha um ar de cansada e alguma coisa me dizia que era por minha causa. Bobagem.

– Claro que sim – Quando entramos no elevador ela pegou na minha mão e eu a segurei com força. Descemos no andar da lanchonete do laboratório e pedimos um refrigerante e um x-burger para cada um.

– Isso aqui tá uma delícia – ela saboreava o que parecia ser a primeira refeição do dia dela.

– Você precisa se alimentar direito meu amor – ela colocou o lanche no pratinho e pegou o refrigerante.

– Eu me alimento muito bem, pode acreditar – mentiu.

– Você quer enganar a mim? Justo a mim? Por acha que sou magro desse jeito?

– Você esta querendo dizer que não cuido bem do meu marido? – ela fingiu que tinha ficado chateada.

– Estou precisando de mais carinho, sabia? Principalmente durante o dia.

– Durante o dia estamos no trabalho, você quer me agarrar na cena de um crime? – ela riu para mim.

– Aqui não é a cena de um crime – ela me olhou surpresa. Eu levantei da cadeira onde estava e a fiz levantar, puxando seu braço.

– Ficou maluco Danny? – mesmo protestando ela veio comigo sem fazer muita força para se manter onde estava. A levei em um ponto que ninguém pudesse nos ver, a encostei na parede. Meus dois braços a prendiam na altura do pescoço.

– Estava doido pra te dar um beijo.

– É mesmo? Eu consigo ficar sem eles o dia inteiro. – ela tentou ser maldosa novamente, sabia que isso me atiçava ainda mais.

– Não brinque comigo - beijando o pescoço dela - Não me provoque.

Senti ela se arrepiar toda, era assim que gostava da minha mulher.

– Para Danny - ela pediu sem muita vontade- Alguém pode chegar.

– Aqui é um lugar secreto, ninguém vai no achar. Vai amor, só um beijo.

Sorrindo ela enfim se rendeu, gostava quando ela se fazia de difícil. A segurei, minhas mãos passeavam por todo o seu corpo.

– É melhor pararmos por aqui - ela me empurrou, arrumando sua blusa um pouco amarrotada agora. - Olha o que você fez com a minha roupa. Estou horrível, como poderei trabalhar agora?

– Para Lindsay, você ta perfeita - quando ela me dá aquele sorriso, fico bobo.

– Definitivamente você está impossível hoje - ela saiu logo perto de mim, eu sorri e voltei ao trabalho.

Por um momento esqueci completamente da Nikki. Enquanto olhava umas evidências, meu pensamento voltou-se para ela. No mesmo instante Sheldon apareceu.

– Você precisa ter visto Danny. O corpo da mulher estava com ferimentos por todo o lugar. Te disse que ele retirou o coração da senhora Peter?

– De 35 anos, ia todo domingo na igreja - Don apareceu por ali também, junto com a Jess. - Conheceu o assassino no baile de formatura, casados por quinze anos.

– O filho mais velho tinha 13 anos e o bebê 8 meses. - completou Jess.

– O Mac quer falar com o time completo, na sala de reuniões.

– Vamos lá, ele odeia ficar esperando. - Sheldon assim como os outros saiu do laboratório e juntos entramos na sala de reuniões. Conversamos sobre o caso, discutimos as possibilidades, falamos das evidência.Todos ali estavam com vontade de colocar as mãos naquele assassino.

Quando era 18:00 eu e a Lindsay saímos do laboratório, estava com tanta saudades da Lucy que ia enche-la de beijos assim que a visse. No laboratório ficaram apenas o Mac e a Stella para terminar alguns relatórios.

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Na sala do Mac

– Quer tomar um café?

– Não obrigada, já tomei muito por hoje – ele estava todo sério olhando para a tela do computador. Sente-me na cadeira a sua frente com alguns papéis.

– Temos muito trabalho para fazer, você vai precisar ficar acordado – tentei descontrair, ele me olhou e sorriu.

– Não tem como sentir sono ou cochilar, com você na minha frente, Stell.

Eu dei um sorriso, um pouco nervosa.Aquele homem ainda me deixaria maluca.

– Você está flertando comigo, Taylor?

– Achei que já estivéssemos passado dessa fase.

Essa troca de sorriso me deixa tensa, mas era a única coisa que estava conseguindo fazer agora, Mac sabia como me intimidar com o olhar que lançava sobre mim.Tentei voltar minhas atenções para a papelada, mas ele parecia disposto a me desconcentrar hoje.Deu uma volta na mesa e parou atrás de mim, começou a massagear as minhas costas.Droga, droga.

– Você está muito tensa, Stell, precisa relaxar mais.

– Amanhã prometo procurar uma clinica de massagem.- queria provocá-lo também, não era justo fazer o que ele estava fazendo.Ele fez com que eu me levantasse e ficasse de frente para ele, bem próximo do seu rosto.

– Acho que nunca desejei tanto que chegasse o final do dia, como hoje.

– Eu sabia que esses relatórios poderiam ter sidos terminados somente por você – ri daquela situação.

– Sim, mas não ia perder a oportunidade de ficar sozinho com você.Estava com saudades.

Ele me fazia carinho no rosto, ao mesmo tempo em que seus lindos olhos azuis não desgrudavam da minha boca.Pouco depois estávamos nos beijando, no começo era mais romântico, mas depois se tornou mais urgente e intenso.Quando estamos matando a saudade um do outro o celular dele tocou, ele me olhou como se estivesse pedindo desculpas e atendeu, me mantendo presa, segurando com umas das mãos a minha cintura.

– Taylor.Oi Lindsay, o que aconteceu?Hun... Mas é grave? Tudo bem não tem problema, mas peça para o Danny vir, vou precisar dele amanhã no laboratório, não precisa agradecer, até mais. – ele desligou o celular e colocou no bolso do paletó.

– Algum problema? – perguntei preocupada.

– A Lucy foi para o hospital, parece que não passou muito bem agora a tarde, vai ter que passar uma noite lá e a Lindsay pediu para ficar com ela amanhã.

– Espero que não seja nada grave.

– Ela teve um pouco de febre e vômito, os médicos disseram que foi reação a vacina que ela tomou.

– Menos mal – Aproveitando que ele estava distraído sentei-me de volta na cadeira. – Precisamos terminar isso logo, Mac. Estou cansada e quero ir pra casa.

– Você quem manda, Bonasera. – ele deu a volta em sua mesa e sentou-se na minha frente novamente.

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No hospital...

Lucy estava dormindo tinha algum tempo, sua aparência estava melhor agora, coloquei minha mão na sua testinha e vi que não estava mais com febre, do meu lado um marido cansado dormia na cadeira.

– Danny – ele acordou na primeira vez que o chamei e ficou alerta.

– O que foi? Aconteceu alguma coisa com a Lucy?

– Ela está bem.Não seria melhor você ir para casa e descansar? Amanhã você precisa ir para o laboratório bem cedo, não vai ser nada bom passar a noite nessa cadeira.

– E deixar você duas aqui sozinhas? De maneira alguma.

Sorri para ele, sabendo do grande esforço que ele estava fazendo para ficar do nosso lado acordado. Voltei minha atenção para a Lucy, e em questões de segundo, Danny já dormia novamente.

No dia seguinte ainda estava escuro quando ele me acordou, passar a noite naquela cadeira deixou meu corpo todo dolorido.

– Lindsay, estou indo para casa tomar um banho antes de ir para o laboratório, quer que eu traga alguma coisa para você?

– Não precisa amor, estou bem assim – menti.

– Trouxe café e umas torradas, não deixe de comer, está bem?

– Pode ficar tranquilo – adorava toda aquela preocupação que ele tinha comigo.

– Bom então eu vou indo – ele me deu um beijo leve depois beijou a Lucy também. – Até mais tarde meu amor.

– Até mais.

Quando nossa filha teve alta, por volta de 8:00, liguei para o Danny para avisar que estávamos indo para casa.Ele disse que queria nos buscar, mas que estava com tanto trabalho para terminar que achava difícil voltar algum dia para casa.Eu ri do exagero dele.

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– Hoje vou chegar um pouco mais tarde em casa amor. – falei meio hesitante para ela.

– Tudo bem – ela simplesmente me disse, não perguntou por que ia demorar, aonde ia.Nada.Lindsay confiava em mim e isso me fez sentir o pior dos homens.Mas tinha que resolver de uma vez por todas essa situação que tinha me metido.No final do dia quando cheguei até o endereço que a Nikki tinha me passado, era um prédio um pouco velho, toquei o interfone e esperei impaciente que ela atendesse.

– Quem é?

– Sou eu... Danny.Posso entrar? – ouvi a tranca da porta se abrir, entrei no prédio e subi dois andares de escadas, bati na porta do apartamento dela.Ouvi seus passos antes de Nikki abrir a porta.

– Pode entrar – tudo ali estava bem organizado, era simples mas arrumado.Eu estava me sentindo um pouco perdido, mas tinha que resolver aquele problema. Nikki me olhava ansiosa e eu decidi não prolongar mais o assunto.

– Eu quero fazer um exame de DNA para confirmar se esse menino é mesmo meu filho.

– Tudo bem – ela concordou.

– E se isso for provado eu darei a assistência que ele precisar.

– E a sua esposa?

– Com a Lindsay resolverei isso depois, ela não precisa saber dessa história agora.Eu entrarei em contato com você para marcar o horário do exame.- Assim que terminei de falar já fui para a porta querendo sair daquele apartamento.

– Você não quer vê-lo? O Noah está brincando no seu quarto.

– É melhor não, preciso voltar logo para casa. – sai dali bem rápido.Chegando, estacionei meu carro na vaga permitida, entrei pela porta da sala e senti aquele perfume delicioso da Lindsay no ar. Quando fui para a cozinha ver se ela estava lá, vi um bilhete na geladeira.

Danny,

Deixei seu jantar no microondas, vou dormir no quarto da Lucy hoje.

Te amo

Ainda era muito cedo para as duas dormirem, mas quando cheguei no quarto da nossa filha, minha esposa estava velando o sono da nossa pequena. As duas estavam deitadas na cama que tinha no quarto dela. Respiravam na mesma sintonia.Fiquei ali olhando para elas e rezando para que minha vida ao lado delas não estivesse ameaçada a partir da decisão que eu iria tomar.

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