Não sei por que aquela insegurança dela na noite anterior ainda estava me incomodando.Era como se ela sentisse que alguma coisa estivesse para acontecer e eu realmente não estava preparado para enfrentar uma turbulência no nosso casamento.Tudo parecia tão perfeito como estava, claro que tinha aquelas pequenas discussões normais em um relacionamento, nada que não conseguíssemos resolver.

Pela manhã ao me levantar o café já estava pronto,depois de tomar um banho e me arrumar para ir trabalhar encontrei a Lindsay tomando seu café.

– Bom dia - dei um beijo nela e me sentei na cadeira na sua frente.

– Bom dia - ela colocou a xícara em cima da mesa e falou um pouco excitante. - Desculpe por ontem, acho que o caso que trabalhei mexeu muito comigo.

– Você não precisa me pedir desculpa, eu entendo você - sorri para tentar confirmar que estava tudo bem - Você não me contou como foram as coisas na cena do crime.

– O Que vi lá... acho que nunca vou esquecer Danny - ela me olhou de uma forma que achei que ela ia me dizer que não aguentava mais trabalhar na nossa profissão - Nunca imaginei que uma pessoa fosse capaz de fazer algo tão monstruoso.

– Lindsay... eu disse para você não ir, eu já imaginava o que você ia encontrar por lá.Esse cara é um dos assassinos mais procurados de Nova York.

– Eu não posso fugir , Danny.Eu tinha que ir... Quando cheguei na casa, só pra começar, o filho mais velho estava... estava morto no sofá da sala.Tinha sangue em todo lugar, mas o que me deu arrepios mesmo foi o que vi em seguida.

Não me agradava nada olhar para ela e ver medo em seus olhos, Lindsay sempre foi uma mulher forte e decidida, era raro alguma coisa mexer com ela dessa forma.

– O que você viu? - queria que aquele assunto terminasse logo, preferia mil vezes conversar com ela sobre a febre que a Lucy havia tido a alguns dias atrás, mas se eu não pudesse ouvi-la, quem poderia? Que espécie de marido eu seria se minha esposa não pudesse desabafar comigo?

– A esposa, deitada na cama com um faca na cabeça... - os olhos delas encheram-se de lagrimas mas uma vez - E o bebê recém- nascido... estava... cortados em várias partes, dentro do berço.

Eu me levantei e fui para junto dela, fiquei em pé do seu lado e deixei que sua cabeça se apoiasse em mim.

– O Mac devia ter te dispensado você por hoje, eu não a vejo em condições de ir trabalhar.

Ela levantou-se e colocou sua xícara na máquina de lavar louça e virou-se para mim.

– Ele dispensou, mas eu pedi para ir.

– Lindsay... - ela não deixou que eu terminasse de falar.

– Eu preciso ir Danny, tenho que terminar meu trabalho e colocar esse cara na cadeia.Tenho certeza que se você tivesse presenciado o que eu vi não ia desistir também.

– Você me conhece muito bem não é? - segurei seu rosto entre as mãos, a beijei com carinho.

– Te conheço tá bem que sei que se não me afastar de você agora é bem provável que eu reconsidere e fique em casa, com você do meu lado.

– Até que não ia ser uma má ideia - ela sorriu para mim - Ia adorar tirar um dia de folga só pra cuidar de você e ficar o dia inteiro na cama.

– Afaste-se de mim senhor Messer - afastando-se ela pegou o paletó que tinha sobre a cadeira e o vestiu.

– Assim você me ofende - tentei fazer uma cara de ofendido com o desprezo dela, sem muito sucesso.

– Vamos, ainda precisamos deixar a Lucy na casa na senhora Emma.

– Está bem - mas antes que ela fosse até o quarto pegar a Lucy eu a puxei pela cintura e a beijei novamente - Você está sendo muito má comigo Lindsay, e isso não é justo.

– Eu sou durona - sorrindo ela colocou os braços em torno do meu pescoço. - Esse tempo de convivência com você me fez virar uma mulher mais forte em relação a resistir a você.

– E isso é bom? - perguntei, levantando uma das sobrancelhas.

– Sim, por que assim fui capaz de resistir a seu charme - rindo ela se afastou, sumindo pelo corredor e pouco depois apareceu com nossa filha no colo. - Pronto?

–Sim senhora - Pegando a chave do carro em cima da mesa saímos de casa.Depois de deixar a Lucy com a senhora Emma, dirigi até o trabalho.Apesar dela cuidar da nossa filha a algum tempo, ainda não me sentia completamente satisfeito com ela.Como se lesse meus pensamento, minha esposa disse:

– Você vai ter que se acostumar Danny, a senhora Emma foi muito bem recomendada. Não existe pessoa melhor para cuidar da Lucy.

– Não sei... não gosto de deixar nossa filha rodeada de tantos garotos.

– São garotos de 2 anos, e alguns até mais novos que ela.

– Eles vão crescer, não vão? E se depois se quiserem manter contato com ela? Não irei suportar ver a todo momento garotinhos indo atrás da Lucy na nossa casa.

Lindsay olhou para mim incrédula, mas eu fingi que não notei.

– Você precisa controlar seu ciúmes, sabia? Um dia ela vai crescer e ter um namorado

– Namorado? - eu ri das palavras dela - A Lucy só irá arrumar alguém se for qualificado para ela, isso depois dela ter uns 30 anos.

– Qualificado? Você quis dizer se você aprovar.

– Exatamente - Estacionamos nosso carro e entramos no prédio do laboratório, subimos o elevador de mãos dadas, era como um ritual, era como se meu dia dependesse disso para começar bem.A porta do elevador se abriu e ela ia saindo, mas a puxei.

– Não está esquecendo de nada?

– Para com isso Danny, as pessoas estão olhando.A porta vai se fechar.

Segurei a porta do elevador com uma das mãos enquanto a outra segurava a cintura dela.

– Agora você não tem desculpa - tentando ficar sério, olhando diretamente para ela. - Eu necessito disso, não seja maldosa comigo Lindsay.

Ela sorriu e me beijou com carinho, logo depois já estávamos no laboratório.

– Prontos para começar o dia? Vamos precisar de você agora, senhor Messer. - ao notar que o Mac havia visto nosso beijo, notei que Lindsay ficou vermelha feito um tomate.

– Claro que sim Mac, preciso terminar de analisar umas evidências. - ela saiu rapidamente e vi nosso chefe voltar para o escritório dele.

– Conseguiram descobrir mais alguma coisa sobre os assassinatos de ontem a noite?

– O assassino era ex-marido da vitima.Eles foram casados por quinze anos.

– Ex-marido? - assustei-me quando ouvi do Mac - Mas a Linds... não me falou isso.

– Ela ficou bem abalada com a cena, estou pensando seriamente e tira-la do caso.O assassino normalmente ataca mães solteiras.

– Mas Mac, eram os filhos dele - Não conseguia acreditar que alguém fosse capaz de fazer uma coisa dessas.

– Agora o que mais queremos saber é o que fez ele matar a própria família de uma forma tão brutal.

Ouvimos uma batida na porta e Stella apareceu.

– Com licença rapazes, mas precisamos ir.Temos uma cena para analisar.

– Sim senhora - Mac levantou-se da cadeira e assim que Stella saiu, olhei para Mac.

– Sim senhora? Achei que você era o chefe aqui.

– E tem como não agir como um subordinado quando é a Stella chamando? - fiquei parado olhando ele se afastar, sinceramente não estava entendo nada. - Eu perdi alguma coisa aqui? - Mas ele não me ouviu, ou fingiu que não ouviu.

Quando chegamos no local indicado, a fita amarela estava isolando a área, dois policiais faziam a segurança do local. Mac, eu e Stella entramos na casa e assim que coloquei os pés lá dentro pude ver toda a cena que a Lindsay tinha me falado, meu estômago embrulhou.

– Tá tudo bem Danny? Se quiser pode esperar um pouco lá fora. - Stella colocava as luvas, enquanto olhava um pouco o local.

– Tá tudo bem sim - comecei logo a trabalhar, mas não tinha como não sentir o clima frio daquele lugar.

Depois que voltamos ao laboratório, fui levar algumas evidências para o Adam dar uma olhada.

– Você tem visita. - ele me diz.

– Visita? Aqui? É algum parente da Lindsay?

– Não - ele gesticula em direção a sala de descanso, enquanto volta sua atenção para as possíveis provas que trouxe para ele. - Podemos dizer que é uma ex-namorada.

Estava achando que era algum tipo de brincadeira.Ex-namorada? No laboratório?

– Cadê a Lindsay? - Preocupo-me

– Fica tranquilo, ele foi para um cena do crime e não deve voltar tão cedo.Você tem todo o tempo que precisar.

Não gostei da maneira como ele falou.

– O que você está insinuando, Adam? - perguntei, apoiando as duas mãos em frente a mesa onde ele estava trabalhando, mas sem desviar os olhos do telescópio ele me falou.

– Nada, mas acho melhor você ir logo.

Caminhando pelo corredor do laboratório, fui até a sala de descanso e tomei um choque quando a vi.

– O que você está fazendo aqui? - Ela estava sentada no sofá, e o garoto que estava com ela me fez lembrar do meu tempo de menino.Droga!! Ele era a minha cara.