05 de fevereiro de 2013, tarde.

– Erick, o que foi isso? – perguntou a garota incrédula.

  – Não sei, eu fiz isso e a criatura voou longe – ele parecia envergonhado.

  – Erick, você acha que tem...? – Sophie preferiu não continuar a frase.

  – Poderes? – ele deu uma risada – Não, eu saberia se tivesse, não saberia? Além do mais, a maga boa aqui é você, esqueceu?

  – Pára – ela jogou uma almofada nele – Não quero me lembrar desses poderes estranhos.

  – Sophie... – Erick se sentou na borda de sua cama – Você querendo ou não tem esses poderes, não pode negar.

  – Você não entende, eu não queria ter esses poderes, você não sabe o que eu fiz.

  – Se você fez alguma coisa, sei que não fez por mal – Erick apertou a mão dela.

  – Erick – Sophie puxou a mão.

  – Me conta – ele pediu – Eu vou entender.

  Sophie respirou fundo e começou e disse:

  – Eu não posso me desculpe, espero que me entenda Erick.

  – Tá, se você não quiser me contar, tudo bem, mas eu estou com você, não se esqueça – ele se levantou – Preciso ir embora.

  – Obrigada, mas... – ela notou algo no braço dele – Ei o que é isso?

  Ela apontou o dedo para um longo corte transversal, que Erick tentava esconder, mas Sophie o puxou pela mão, aproximando-o de si.

  – Erick, o que é isso? – repetiu ela.

  – Ah, nada, foi só aquela coisa que raspou a garra no meu braço, nada demais, não se preocupe – ele tentou disfarçar.

  – Sente-se – Sophie ordenou, ela mesma se sentando – Deixe-me ver.

  – Não se preocupe.

  Mas Sophie se preocupava, ela colocou a mão em cima do corte e fechou os olhos, uma luz branca brilhou embaixo de sua mão, Erick observou assustado o corte se fechando.

  – Uau – murmurou ele – Obrigado Sophie.

  Ela sorriu.

  – Faço o que posso.

  – Bem, tchau – ele disse e saiu.

  Sophie quase implorou para que ele ficasse, mas não queria parecer uma menininha de cinco anos.

  Ela deitou a cabeça no travesseiro e fechou os olhos, pensando em seu sonho.

  Quem é Elena? Ethan? O que era aquele medalhão? Porque Ethan morreu? Essas eram as perguntas que martelavam sua mente.

  Lentamente ela começou a adormecer, então teve outro sonho.

  – Sophie – alguém lhe chamava – Sophie.

  A garota olhou ao redor confusa, estava em uma faixa de cascalho, novamente ouviu alguém lhe chamar.

  – Sophie, Sophie!

  – Estou aqui – ela falou.

  – Sophie – então a voz se tornou horrivelmente familiar – Sophie!

  – Erick? – O garoto apareceu em sua frente, e Sophie soltou um grito, seu amigo estava horrível, o lado esquerdo de seu rosto estava caído, sua pálpebra fechada, sua boca contorcida em uma careta horrível. O outro lado estava queimado, vermelho, com pontos negros.

  Suas roupas estavam rasgadas e ele mancava, ele ergueu a mão, que estava totalmente ensangüentada.

  – Erick, o que aconteceu? – Perguntou Sophie, mas quando ela se aproximou, Erick se tornou borrado e outra pessoa apareceu: seu pai.

  Estava ensangüentado, da cabeça aos pés, não tinha um dos braços e um dos olhos.

  – Pai! – Sophie exclamou horrorizada – Pai.

  Então outra pessoa, sua mãe, ela estava em carne e osso, suas feições se transformavam em uma caveira.

  Tudo mudou novamente, Erick apareceu, seu pai, sua mãe, todas as pessoas que ela ama, todas as únicas três e embora falasse que odiava seu pai, ela o amava.

  – Erick, pai, mãe – a garota caiu de joelhos, chorando.

  Uma voz ecoou:

  – Sophie, minha querida, indefesa e pequena Sophie, como vai, minha criança? – Sophie ergueu a cabeça.

  Uma pessoa se materializou em sua frente, usava um manto negro que chegava aos seus pés, com um capuz, ela estendeu a mão e Sophie se levantou.

  – Quem é você?

  – Querida, eu sou você – ela abaixou o capuz, Sophie gritou e acordou.