Uma Grandeza Absoluta escrita por Kalhens


Capítulo 7
Friamente calculado


Notas iniciais do capítulo

Ao menos, eu ainda me divirto escrevendo isso.
Boa leitura o/



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– O nome disso é ‘’roubo’’.

– Eu concordo.

– Não é exatamente ‘’roubo’’. Eu vou devolver.

– Isso faz tanto sentido quanto aquele velho ‘’eu peguei emprestado, só esqueci de avisar’’.

– Foi o que eu disse pra ele.

Isadora aproveitou enquanto eu tentava me defender para enfiar o garfo no meu prato, caçando uma batata.

Nunca mais almoço com a Jéssica e a Isadora juntas. Primeiro que a Jéssica fica reclamando o tempo todo de estar comendo no refeitório.

Segundo que a Isadora fica roubando as poucas partes boas da comida do meu prato.

E tem o fato delas ficarem se unindo para se divertirem esfolando minha cara de tanto esfregar verdades.

Mas o pior mesmo é a comida.

– Eu apenas ainda não tive a chance de devolver!- peguei a caneca da Isadora, fazendo questão de beber todo o suco. Ela fez careta. Eu também. Suco horrível. - Eu lá sei onde o menino tá, e ele podia perfeitamente bem ligar no celular, eu ia atender ai eu devolvia.

– Você podia atender a namorada dele- Jéssica cutucava um pedaço vermelho-sangue do seu frango. Parecia cru. Provavelmente, estava cru mesmo-vai que ele está tentando te ligar do celular dela.

– Mas ele disse que ela estava viajando ‘’por uns dias’’.

– Mas ela pode já ter voltado.

– Admita, Matheus, você quer ficar com o celular do menino- Jéssica jogou o frango-cru dela no meu prato- a questão é, por quê?

– Eu acho que ele está apaixonado.

– É uma ideia.

– Querem parar de decidir a minha sexualidade por mim?- Botei o frango de volta no prato da Jéssica.

– A gente vai continuar te amando mesmo quando você admitir sua gayzisse e sair de Nárnia, querido.- frango para mim.

– Sair de Nárnia?- frango pra Jéssica.

– Sair do armário, bonito.- Isadora pegou o frango no meio do caminho entre um prato e outro.

Ela come mais do que eu.

No meu bolso, senti o celular vibrando de novo. Era a Larissa, de novo.

– Você vai ou não vai atender?

– Quer atender você, Jéssica?- Estendi o celular pra ela.

– Eu não, você que arranjou o problema, atende você. -ela empurrou o celular pra mim.

– Então, eu não vou atender.- Eu ia guardar de volta no bolso.

Mas a Isadora arrancou no meio do caminho.

Sabe aqueles filmes de ação em que do nada as coisas acontecem em câmera lenta e depois aceleram e fica tudo muito rápido?

Foi quase isso.

Eu vi o dedo dela deslizando pela tela a fim de atender a chamada, lentamente um pico-metro de cada vez. Mas ai alguma coisa acendeu na minha cabeça e eu precisei me virar na cadeira para tentar pegar o celular de volta.

– Matheus, me larga!

– Não, desliga isso!

– Desliga o quê! O celular nem é teu!

– Mas ele esqueceu no chão do meu carro, é minha responsabilidade atender!

– Ah, agora só porque você fica arrastando o menino para dormir na sua casa você acha que tem direito de posse sobre as coisas dele!

– Você nem conhece ele, me dá isso aqui.

– Ah, e você conhece ele muuuuuito beeeem né, senhor Matheus Rodrigues!

– Conheço mesmo!

– Me dá isso aqui vocês dois!- só vi a Jéssica debruçada na mesa quando ela já tinha arrancado o aparelho da gente- Alô? Alô? Desligou. E, quer saber, eu vou ficar com isso aqui agora, e eu vou devolver. Estamos entendidos? Ótimo, agora vamos sair logo daqui, antes que expulsem a gente.

Nos levantamos com nossos pratos na mão. A menina que estava sentada do meu lado me olhava mais do que feio. Eu devia ter esbarrado nela durante a luta com a Isadora, sei lá.

Na hora eu agi por impulso mas, pensando agora, as coisas saíram melhores do que eu imaginava.

Tá, eu sou um covarde que não consegue fazer as coisas diretamente, eu sei, nunca enganei ninguém.

Mas, dessa vez, pelo menos eu estou tentando fazer alguma coisa e lamento, ‘’Larissa’’, mas você vai perder esse seu namorado.


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Notas finais do capítulo

Desculpem o capítulo meia-boca, mas ele era necessário.
Até a próxima,
Kalhens.