Dois anos depois

– Ma... Mais de vagar Erza!!!  – berrou o idiota do Gray.

Estávamos num maldito carro magico, correndo a sabe Kami que velocidade, perseguindo um bando de magos que faziam parte de uma Dark Guild que havíamos destruído.

Se eu soubesse que teria que perseguir aqueles amaldiçoados por mais de 24 horas dentro de um carro magico, incapaz de fazer qualquer coisa além de gemer e vomitar, jamais teria aceitado fazer essa missão.

Nota mental: acabar com raça do imbecil do Gray por ter me arrastado ate aqui.

Eu devia ter desconfiado quando ele veio com aquela conversa de “reunir o time mais uma vez” e “tenho certeza que a Lucy ia querer isso”. Aquilo foi golpe baixo, ainda mais porque ele havia falado com a Erza primeiro.

Ou seja: minhas chances de dizer não foram reduzidas a zero.

Então lá fomos nós atrás dessa Drak Guild, achar eles não foi difícil, afinal não eram o que se pode chamar de sutis, mas diferente da maioria aquela guilda contava com membros poderosos. Tivemos que penar pra encontrar o mestre e quando finalmente o achamos o desgraçado fugiu com mais cinco magos, e é por isso que estamos aqui agora.

O Happy tinha ficado pra traz, a pedido da Erza que disse que alguém tinha que chamar os guardas do conselho. Eu não tive outra escolha a não ser entrar nesse maldito veiculo.

Ouvi gritos e explosões, devemos ter alcançado eles porque logo depois ouvi a Erza gritar:

– GRAY AGORA!

E logo depois ele berra um Ice Make qualquer que simplesmente não me interessava.

Ouvi sons de derrapagem e mais explosões e de repente Erza parou bruscamente e me arrastou pra fora. Estávamos cercados: cinco magos mais o mestre. Isso não teria sido um problema há algumas horas atrás, mas agora?

Eu estava (admito) completamente incapacitado de lutar, meu corpo todo molenga e largado no chão, Gray estava razoavelmente bem, mas o grande problema era a Erza... Ela estava exausta, tinha gasto toda a magia que possuía pilotando aquele diabo de carro na velocidade máxima durante todo o percurso, enquanto os magos a nossa frente estiveram obviamente revessando entre eles.

Ia ser complicado.

No primeiro ataque Gray conseguiu congelar dois deles enquanto a Titânia, mesmo morta de exaustão, sacava duas espadas e colocava mais um a nocaute. Ótimo, agora só faltavam três.

Infelizmente entre eles estava o mestre, e foi justamente ele que partiu pra cima dela enquanto os outros dois lançavam ataques consecutivos ao Gray. Tentei me levantar e ir ajudar, mas simplesmente não dava.

 Ultimamente tudo que estava ligado à magia de Dragon Slayer no meu corpo estava se comportando de maneira estranha... Mais... Intensa, e nisso meus enjoos de viajem pioraram drasticamente a ponto de não conseguir nem ao menos me mover.

A coisa não estava boa pra a maga a minha frente, o mestre parecia dominar a magia da terra, e a todo o momento lançava estacas pontiagudas do chão fazendo-a ter que recuar e saltar pros lados a todo instante enquanto ele brandia um bastão que mais parecia uma clava em cima dela. Eu sabia que ela não iria aquentar muito mais, então tentei rastejar ate lá, fazer qualquer coisa, mas não adiantava, não conseguia me mexer.

Olhei em direção a Gray, ele tinha a vantagem, mas os magos ainda estavam lutando ferozmente contra ele. Não ia dar pra ele ajudar.

Quando olhei novamente na direção da Erza pude ver seu primeiro e único erro naquela luta: ela usava uma espada longa de duas mãos para parar os ataques do bastão enquanto desviava das lanças de pedra.

Em um momento ela calculou errado o peso do golpe e o chão cedeu sobre seu pé direito, fazendo-a perder o equilíbrio, logo ele se aproveitou disso e com o giro acertou em cheio o seu abdômen, lançando-a em direção a uma encosta de pedras.

Com certeza ela iria se arrebentar naquilo, não fosse o que aconteceu a seguir: ao invés de rocha, Erza colidiu e afundou em uma espeça e fofa parede de lã cor-de-rosa. Na mesma hora a vi, acima da muralha com uma capa longa cobrindo todo o seu corpo e um capuz ocultando o rosto, apesar disso sabia que era ela, o cheiro continuava o mesmo.

Lucy cheirava a morangos com baunilha.

Dois anos. Foi o tempo que passei longe dela, e agora ela estava aqui. Na minha frente. Ao meu alcance. Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, ou seria se não fosse o mestre da Dark Guild usar sua magia e fazer todo o paredão de pedra no qual Lucy estava ruir.

Erza ainda estava no meio de toda aquela lã então não seria afetada, mas Lucy... Num esforço sobre humano consegui-me por de joelhos. Eu tinha que salvar a Lucy, não podia perdê-la depois de todo esse tempo. Estava tentando levantar quando vi que não poderia fazer nada...

Felizmente toda a minha preocupação pareceu ter sido por nada. Enquanto a parede desmoronava Lucy simplesmente murmurou algo, que mesmo com minha incrível audição não pude ouvir, e se jogou de lá de cima usando as pedras que caiam como apoio para amenizar a descida e pousar graciosamente no chão.

Admito: fiquei pasmo, quando ela tinha aprendido a fazer aquilo!?!

Com a velocidade da descida o capuz que cobria seu rosto caiu. Era realmente a Lucy, a expressão estava mais seria e os cabelos mais longos, mas os olhos... Os olhos continuavam os mesmos. Sua atenção estava totalmente focada no homem a sua frente, nem notando a minha presença.

– Rrrrr... Essas malditas moscas não param de aparecer! Esmagarei você garota e depois darei um jeito na Titânia!

E partiu como um trem de carga pra cima da Lucy, fazendo o chão tremer e erguendo o bastão para um golpe sem duvidas fatal. Nessa hora ela sorriu como se esperasse que ele fizesse isso e segundos antes de ser atingida se abaixou e pude ouvi-la gritar:

– TAUROS!

Para minha surpresa, ao invés daquela vaca pervertida, o que apareceu foi um enorme machado de guerra com lamina dupla, quase duas vezes maior que a própria Lucy seguido de uma voz meio abafada:

– Tudo para proteger Lucy-san e seu NIIIIIICE BODY!!!

No segundo em que o machado tocou as mãos dela, Lucy virou pra cima descrevendo um arco perfeito em direção ao céu, cortando tudo em seu caminho: bastão de pedra e mago da terra.

Devo dizer que minha expressão evoluiu de pasmo para completamente em choque.

COMO ISSO?! COMO ELA CONSEGUIU?! COMO?! Derrotou aquele mago com apenas um golpe, UM GOLPE! Era inacreditável.

Parece que o mestre pensava o mesmo, porque mesmo no chão, seus olhos estavam arregalados e a boca tremia.

– Co... Como? Quem e você?

Ele parecia não acreditar no que tinha acontecido e bem... Eu particularmente não o culpava. Também não estava acreditando.

– Sou Lucy Heartfilia, a maga estelar da Fairy Tail.

E depois disso ela pegou aquele machado enorme como se não pesasse nada e foi em dirão ao Gray. Menos de um minuto depois os últimos magos estavam no chão e ela e o mago do gelo puxavam a Erza do monte de lã, seria cômico se eu ainda não estivesse em choque.

Meu enjoo tinha finalmente passado, e caminhei em direção a eles. Eu queria tanto encontrar a Lucy... Mas agora que finalmente tinha conseguido não sabia o que fazer. Como ela reagiria? Será que falaria comigo?

Os dois tinham acabado de “desenterrar” a Erza quando ela me viu. Seu sorriso desapareceu e ela me encarou. Ainda carregava aquele machado e correu com ele em minha direção...

Então era isso? A Lucy me odiava, queria acabar comigo e eu nem poderia culpa-la, não depois do que havia acontecido, então simplesmente parei e fechei os olhos esperando pelo golpe, um instante depois senti os braços dela me rodeando, me abraçando apertado, achei que era impossível, mas passei de completamente em choque pra... Há! Quem se importa? Simplesmente a envolvi com meus braços a puxando pra perto e sentindo aquele cheiro tão familiar, foi quando ouvi ela sussurrar:

– Tadaima Natsu.