Memories never seem to fade, you were the best part of my life, my last regret.

Acordei com uma luz que me deixou cega por alguns segundos, e demorei a me situar. Ok, sou Alícia Michetti, 18 anos, estou em Londres, morando com uma retardada que chamo de melhor amiga, irei fazer estágio com Tom Leishman em dois dias. Ok.

Levantei da cama com dificuldade e fui pro banheiro, fazendo minha higiene matinal. Hoje era meu último dia antes do estágio começar e eu queria sair, me divertir, descobrir Londres.

Desci as escadas cuidadosamente, achando que Carol ainda estava dormindo e fucei na geladeira. Achei um suco de caju, meu favorito, e morangos, e sentei para comer, faminta.

– ALÍCIAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA – escutei Carol literalmente dar um berro e quase caí da cadeira de susto, cuspindo todo o suco de caju que estava em minha boca. Olhei para o lado e vi Carol sentada no chão sem conseguir parar de rir. – Puta... merda... você... vai... limpar! – ela disse, quase sem ar. E eu, obviamente, gargalhei junto.

– Fala, animal. – eu disse, pegando um pano pra limpar toda sujeira.

– Ah, é... – disse Carol, ainda se recompondo. – Então... vai ter um show do McFLY aqui perto. Você vai comigo. Hoje. – ela disse, sorridente, segurando dois ingressos onde se via em uma fonte brilhante o nome da banda.

– Claro que vou! – disse, pegando o ingresso da mão dela. Mal podia esperar, eu conheceria os meninos! Apesar de não ser muito fã, eu gostava bastante deles, ainda mais agora que um deles é namorado da minha amiga. Comecei a analisar o ingresso. Valor, assentos, nome da banda, abertura da casa...

“Banda de abertura: ONE DIRECTION.”

Achei que ia cuspir meu suco novamente, mas consegui me conter. Quer dizer, Carol havia dito que 1D e McFLY eram super amigos, mas não que eles fariam um show juntos. Arregalei os olhos e olhei para ela, que estava de costas lavando a louça da noite anterior.

– Ahn... Carol? – eu disse, apreensiva. Será que ela fez de propósito?

– Sim?

– É que... tipo assim... a banda que... você sabe, a banda de abertura... você sabe, digo, você já sabia disso? – perguntei, me enrolando com as palavras. Eu pensei sobre o assunto de ontem e confesso que minha vontade de vê-lo era gigantesca, mas eu simplesmente não sabia como agir. Depois de tanto tempo, e depois do último acontecimento, iria ser o momento mais tenso da minha vida.

– Que? – Carol me olhou confusa.

– AbandadeaberturavaiserOneDirectionsnãoseisevocêpercebeumasvocêfezdepropósito? – eu disse atropelando as palavras e olhando para minhas unhas rapidamente.

– Alícia, você sabe que eu sou lenta. Porém, como a única coisa que eu entendi foi One Direction, então sim, eu sabia, e não, eu não fiz de propósito. Quero que você vá para conhecer o Danny, nem pensei no Niall, para falar a verdade.

Eu sabia que ela estava mentindo. Mesmo assim, não conseguia ficar com raiva dela, então sorri e assenti. De repente senti tudo dentro da minha cabeça mudar. Sinceramente, eu não queria ir. Não sei se estava preparada. E se eu desse vexame na frente dele? Porém, de repente, uma onda de coragem assolou meu corpo e eu me senti invencível. Eu iria nessa merda de show. Eu iria, gata pra caralho, gostosa pra caralho, e nem me importaria com aquele merda. E ele me veria, e ficaria boquiaberto, e depois imploraria pra me ter de volta. E...

– Alícia? – acordei pra realidade e percebi uma Carolina um pouco apreensiva, talvez por medo de eu desistir do show, porém sorrindo me encarando. – O que você está pensando?

Sorri largamente e declarei:

– Estou pensando que vou nesse show. E vou perfeita.

– ISSO AÍ, PORRA! ASSIM QUE SE FAZ! – ela praticamente gritou dando pulinhos e eu ri com a cena.

Combinamos, então, que almoçaríamos fora e faríamos compras. Vestido novo, maquiagem, e Carol passaria no salão, mas eu iria para casa. Eu faria questão de ser a garota mais gata e gostosa daquele lugar. A ficha ainda não havia caído que eu o veria, após um ano inteiro, porém tentei não pensar nisso. Eu sou uma mulher forte e não há homem algum que me deixará nervosa. Sorri comigo mesma, me sentindo, em meses, de bem com a vida.

Passeamos por vários lugares e eu acabei escolhendo um vestido da Forever21 preto, que me apaixonei, e Carol acabou optando por um da Urban Outfitters, preto também, e que me apaixonei também. Após terminarmos as compras, paramos numa Starbucks próxima e nos sentamos.

– E aí? – Carol disse, me olhando sugestivamente.

– E aí o que? – disse rindo. Mas eu sabia bem do que se tratava.

– Tá pronta pra ver o babac- OPS, Niall? – ri novamente e respondi:

– Sim, Carol, estou. Vou estar radiante.

– ISSO AÍ VADIA, ARRASAAAAAAAAAAAA! – Carol disse, quase berrando, fazendo com que eu risse ainda mais.

Após passarmos o dia fora, no final da tarde Carol foi ao salão e eu voltei para casa. Tomei um banho quente que me deu tempo para relaxar e pensar bem em todos os detalhes. Eu definitivamente não poderia começar a pensar nele agora. No sorriso, no cabelo, nos olhos, no corpo... não poderia me atormentar com isso. Foco, Alícia, foco! Você não tá nem aí pra ele. Não poderia pensar em nada que envolvesse outras mulheres, também. Só o pensamento me irritou e eu tentei me distrair, ligando a televisão. Ainda faltava um tempo para nós irmos, já que entraríamos pela parte dos fundos, só para os VIPs, visto que Carolina era, agora, namorada oficial do Jones. Sorri feliz por ela, mas logo o sorriso desapareceu. E se eu desse de cara com Niall no backstage? Ok, para isso eu não havia me preparado. Calma, respira. Contei até 10 e resolvi que iria me arrumar. Comecei pela maquiagem, após passar o básico de sempre, esfumei bem os olhos e passei um batom vermelho, meu preferido. Sequei meu cabelo que graças a Deus resolveu colaborar hoje e o deixei meio ondulado, de lado. Por fim, coloquei o vestido. Me olhei no espelho grande que tinha no quarto de Carol e me senti realmente maravilhosa. Sorri e ouvi a porta bater, Carol havia chegado e, como era de se esperar, gritou quando me viu.

– PUTA MERDA, QUE LINDA! – ela disse, boquiaberta. Sorri feliz.

– Obrigada, animalzinho. Agora vai se arrumar e fica bem cheirosinha porque pelo visto hoje tem, né! – Carol olhou com cara de brava para mim mas logo depois riu e foi se arrumar.

Após quase uma hora ela desceu, estava deslumbrante. Ambas estávamos lindas e faltavam alguns minutos para a hora de ir para o show.

Chegando lá, fiquei chocada. O lugar era lindo, e estava lotado. Haviam luzes por todo lado e eu fiquei sem palavras. Muito lindo, mesmo.

Enquanto observava Carol ao longe falando energicamente e em pequenos intervalos beijando seu mais novo (e lindo) namorado, fiquei sentada no barzinho meio VIP ali perto, bebendo água. Não via a hora do show. Mais precisamente, não via a hora de vê-lo. Meus olhos percorreram aquele montinho de pessoas aglomerados em volta principalmente de Tom, Dougie e Harry, porém nem sinal de One Direction. Sentindo também uma pontada de alívio, Carol veio correndo em minha direção com Danny em seu encalço. Fomos apresentados e eu o achei uma graça. Logo, os outros três vieram me cumprimentar também e toda hora eu sentia o olhar de Dougie sobre mim. Sorri internamente porém tentei disfarçar. Por que não? Eu era solteira e ele era lindo. Uma ficada só e nada mais. Quando resolvi puxar assunto, vi 3 vultos passarem correndo do outro lado do palco rumo às coxias, e minhas pernas bambearam.

“E AGORA, A BANDA DE ABERTURA, ONE DIRECTION!”

Isso foi sucedido com uma explosão de aplausos e gritos finos, e logo três garotos com média de 18 anos entraram, sorridentes e bem-vestidos, pulando no palco. Novamente senti meu coração gelar, ainda não havia me permitido olhar.

– BOA NOITE, LONDREEEEEEEEEEEEEEEEEEEES! – era a voz dele. Doce e suave, como sempre, porém grossa, que fazia, ou melhor fez eu me arrepiar por inteiro. – NÓS SOMOS O ONE DIRECTION!

E começou uma música que eu não conhecia. Mas não importava. Eu tinha que olhar para ele. Pra que tanto receio, Alícia? Uma olhadinha só, vamos. Com o canto de olho pude ver Carol abraçada com Danny me olhando apreensiva, mas fingi não ver.

Levantei a cabeça, subi meu olhar.

E, após um ano de saudade esmagada no peito, o vi.

E, coincidentemente, ele também me viu.