My Little Devil escrita por Drica


Capítulo 3
Visitando os Pombinhos


Notas iniciais do capítulo

OIEEEEEEEEEEE! Gemt, desculpem pela demora, eu estava tentando tornar esse capítulo o mais perfeito possível [] Na minha opinião, ficou ótimo, do jeitinho que eu queria. Espero que gostem!



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Os cinco anjos caídos estavam espalhados pelo tapete felpudo da Sala de TV na manhã monótoma de domingo. Ariane era a mais agitada de todos – estava andando de um lado para o outro, enquanto os outros anjos estavam deitados em posições preguiçosas – ela não se conformava a ficar parada. Eles estavam juntos e, para Ariane, precisavam fazer alguma coisa. Mas a melancolia de domingo não era apenas um costume dos mostais, não.

- Por que não podemos ficar simplesmente aqui sentados, Ari? – perguntou Annabelle, esticando os braços.

- Porque não. Mesmo que todos nós nos amamos loucamente, é bom estarmos juntos de novo, ok? Nem sei porque estou dizendo isso, mas, é como se tudo estivesse meio completo.

- Não está nada completo, A. – disse Roland balançando a cabeça. Seus dreads estavam presos no topo na cabeça com um elástico.

- Eu disse meio. – Ariane retrucou.

- Mesmo assim, - ele continuou – nunca vai estar. Não sei Luce, Daniel e Molly.

Pelo canto do olho, Gabbe viu que Cam baixou a cabeça. E teve uma idéia.

- Por que não vamos fazer uma vizita ao nosso casal preferido? – ela disse, levantando do tapete. – Poderiamos dar um aolhadinha neles ou descer e nos apresentarmos, tanto faz.

- E depois poderiamos fazer uma visita aos nossos amigos Nefilim. – sugeriu Roland.

- Shelby e Miles – disse Gabbe com uma das mãos no coração. Ela sentia falta deles também, apesar de terem se visto pouquissimas vezes.

Annabelle se levantou.

- Vamos, gente! Dá última vez em que os vimos, eles estavam se conhecendo e já faz tanto tempo.

Gabbe já tinha Roland e Annabelle, faltavam dois.

- Ariane?

- To dentro!

Faltava só mais um.

Cam ainda estava sentado com a cabeça baixa. Gabbe percebeu que toda vez que falavam sobre a noite da morte de Molly, parecia que as palavras sumiam da boca dele.

- Cam? Você vai? – Gabbe perguntou delicadamente.

Por um momento, ela achou que ele daria uma resposta diferente, mas então ele levantou a cabeça e, sorrindo, disse:

- Parece uma ótima ideia.

//

Voar era celestial.

Não importa quanto tempo Gabbe vivesse, ela nunca deixaria de se maravilhar e sentinr-se poderosa quando abria suas asas e subia mais alto, mais alto e mais alto...

Particulamente, ela gostava de voar sobre o oceano, sentindo a brisa salgada bater em seu rosto e jogar seu cabelo para trás. Isso a fazia se sentir abençoada por ser capaz de fazer tal coisa. Mas aí ela se lembrava do preço que foi pago por isso. A Queda. Expulsos do Céu. Abandonados pelo Trono. Traídos por Lúcifer, não uma, mas duas vezes.

Gabbe balançou a cabeça, tentando impedir de pensar no passado, na dor, no sofrimento. A pior parte era saber que teria que continuar vagando sozinha pelo mundo.

Então, algo chamou sua atenção.

Cam.

Ele tinha se afastado dos outros para ficar perto dela – Gabbe deixara os outros irem na frente. O brilho dourado das asas de Cam irradiava ao redor dele e o vento balançava seu cabelo para trás – deixando seu rosto todo exposto. Gabbe não podia negar, ele era a coisa mais linda que ela já vira em milênios de existência.

Cam se aproximou um pouco mais, de modo que a única coisa que os separavam eram as suas asas. Eles estavam em silêncio, apenas apreciando a presença um do outro, apesar de Gabbe não saber o porquê que Cam iria querer ficar tão perto dela. Cam nunca foi muito amoroso em relação aos outros anjos caídos – exceto por Molly, pouquissimas vezes, e Daniel, quando Cam ainda não tinha escolhido um lado para ficar – por isso, ela achava tão estranho o modo como Cam vinha se comportando ultimamente.

Ela não conseguia expressar em palavras e sabia que se tentasse fazê-lo ficaria toda atrapalhada. Cam era, simplesmente, estranho e instável. E em momentos como esse – que ela tinha a sensação de que ele estava espiando-a pelo canto do olho – ela não sabia o que fazer. Mas uma coisa era certa: ele deixava Gabbe nervosa. Muito. E era uma coisa nova para ela; uma coisa que Gabbe nunca tinha lidado antes. Ela queria que parasse, pois sabia que era errado e que não ia acabar bem.

Quando olhou em volta, percebeu que estava na Geórgia – Ariane disse que aquele tinha sido o último lugar em que viu Daniel e Luuce, á quase dez anos atrás. Já era de tarde, e o sol estava escondido atrás das nuvens. Eles pousaram em um beco escuro em Thunderbolt e esconderam suas asas. Após andarem um pouco, Gabbe percebeu que já esteve ali antes, durante um feriado de Ação de Graças na casa dos pais de Lucinda Price, Harry e Doreen. Fazia bastante tempo, mas a cidade não havia mudado muita coisa assim. Ela ainda lembrava de onde ficava a casa dos Price, assim como lembrava da luta contra os Párias no quintal.

- Como vamos encontrar eles? – balbuciou Annabelle.

- Pergunte a Gabbe – disse Cam – A grande ideia foi dela.

- Cala a boca. – Gabbe murmurou. E, para a sua surpresa, ele calou. E ela não pode evitar um sorriso.

- Hm, tá. Vamos andar por ai. – sugeriu Ariane.

Todos concordaram. Andaram por alguns minutos até chegarem á uma praça coberta de grama e bancos de cimento - como todas as outras praças do mundo. Algumas crianças brincavam por lá sob os olhos atentos dos pais. Eles pararam um pouco para olhar em volta. 

E então Gabbe sentiu alguém puxar sua mão. 

Cam?

Não. Era uma mão pequenininha e delicada, ligada a uma menininha de três ou quatro anos. Ela tinha o rosto muito familiar para Gabbe - era o rosto de Lucinda. Os lábios delicados, cílios expressos e os dentes certinhos mostrados num sorriso relaxado. Mas havia algo diferente nela. Seus cabelos eram dourados, finos e meio encaracolados e seus olhos eram num tom violeta muito conhecido por eles.

Os outros quatro se aproximaram de Gabbe e da menininha.

Luce e Daniel tinham se casado. E tinham uma filha.

Gabbe esperava por uma coisa dessas, mas ainda assim, não pode deixar de ficar surpresa.

- Olá, pequenina. – Gabbe disse maravilhada.

- Olá – ela disse, levantando o rosto, em seguida, um sorriso travesso brincou nos lábios dela – Eu fugi do meu pai, preciso que me esconda.

Gabbe olhou em volta, pronta para pedir ajudar a algum dos anjos, mas eles pareciam: (Cam) pronto para gargalhar, (Ariane) com o queixo quase caindo no chão, (Roland) com os olhos arregalados e (Annabelle) com o rosto derretido em adoração pela garotinha.

- Ela é tão linda... – murmurou Annabelle.

- Qual é o seu nome? – Gabbe perguntou, virando-se para a menina, mas uma voz masculina urgente respondeu pela menina.

- Angel!

Os cinco anjos caídos soltaram uma exclamação de surpresa ao ver Daniel correr em direção á garota. Ele era absolutamente o mesmo – só parecia alguns anos mais velho e usava aliança de casado. Daniel estava tão preocupado com a filha fujona que nem percebeu os outros ali. Só depois de repetir várias vezes o quanto estava preocupado e que ela não devia fazer isso de novo, Daniel levantou os olhos para os estranhos á sua frente.

Gabbe se agarrou a esperança de que ele reconhecesse algum deles, mas nada aconteceu. Daniel olhava para eles da mesma maneira que um pai amoroso e preocupado olharia se visse sua única filha com cinco estranhos numa tarde de domingo.

- Quem são vocês? – ele perguntou, com a mão protetora no ombro de Angel. Ouvir a voz dele, fez Gabbe ter vontade de chorar.

Ariane foi a única que pareceu encontrar a voz, então deu um passo á frente e disse:

- Estamos procurando Lucinda Price, ou, pelo visto, a ex Lucinda Price.

- É a mamãe! – exclamou Angel. Mas Daniel ainda olhava desconfiado para eles.

- Nós estudamos juntas, sou Ariane Alter. – ela se virou para os outros, rapído o bastante apenas para dar uma piscadela – Esses são, Gabbe Givens, Roland Sparks, Cam Briel e minha irmã mais velha, Annabella Alter.

- Moça bonita de cablo azul – murmurou Angel, baixinho, sorrindo. E depois, puxou a mão de Daniel – Relaxa, papai. Eles são legais.

- Papai! – chiou Cam, alto o bastante para que apenas Gabbe escutar. Ela percebeu que ele estava segurando o riso enquanto ela segurava as lágrimas.

Mas Daniel relaxou.

- Ok. – ele esfregou as palmas das mãos – Eu sou Daniel Grigori.

- E eu sou Angel Grigori! – exclamou a menininha energetica, dando uma risada depois. Ela parecia uma maquina de sorrisos e risadinhas.

- É um prazer conhecê-la, Angel. – disse Gabbe e a garota piscou os cílios para ela.

- Hm, bem. – disse Daniel. – Vamos. Por aqui.

Cam e Roland tomaram a dianteira, falando coisas sem sentindo para Daniel. Gabbe estava meio tonta, então parou de prestar atenção. E viu Luce.

O cabelo dela estava na altura dos ombros e era preto e grosso como sempre tinha sido. Sua pele não era a mesma da Luce Pálida Aluna da Sword & Cross. Ela estava mais corada, e o sol de fim de tarde a deixava quase radiante. Assim como Daniel, ela usava uma aliança e parecia mais velha e experiente. Mas não foi nada disso que deixou Gabbe surpresa e fez Ariane soltar um assobio.

Era o volume na barriga dela.

Luce estava grávida. Provavelmente nos últimos meses da gestação, já que até mesmo o enorme vestido parecia apertado em volta dela.

Angel correu para a mãe e começou a apresentar os seus novos amigos, a menina parecia estar infinitamente interessada no cabelo azul de Annabelle. Lucinda avaliou cada um com cuidado, mas quando seus olhos pousaram em Ariane, ela cambaleou e precisou segurar a mão de Daniel para continuaar em pé.

- Eo conheço voê. – ela disse baixinho e depois acrescentou mais alto – Eu conheço você.

Ariane piscou mais uma vez, imperceptivelmete, para os outros anjos caídos.

- Olá, Lucinda.

Luce sorriu para Ariane.

- Nós nos conhecemos no ensino médio, mas você só frequentou um dia. O que foi que aconteceu? Nora não parou de perguntar por você. Ficamos preocupadas e – ela soltou o ar – você sabe que é pra me chamar de Luce.

Ariane sorriu e foi até ela, abracá-la. Gabbe olhou para Roland, Annabelle e Cam tentando entender o que estava acontecendo, mas eles pareciam tão confusos quanto ela. Quando voltou sua atenção para Ariane, Gabbe se surpreendeu ao ver a mão de Ariane sob a barriga dela e sorrindo para o casal.

- É um menino. – dizia Luce – Mas ainda não escolhemos o nome. Aconteceu tudo tão rapído. Num momento era só a Angel e depois, bum, minha barriga ficou quatro vezes maior.

- Eu sabia que isso ia dar em casamento e filhos e tudo mais. – indagou Ariane, fazendo Luce corar.

Mas mesmo parecendo envergonhada, Gabbe não pode deixar de notar o quanto Luce estava feliz. E isso fez Gabbe, mais uma vez, sentir vontade de chorar. Tantos milênios de dor e perdas tinham acabdo. Luce e Daniel estavam juntos de verdade, tinham uma família, uma vida inteira pela frente. Seriam felizes para sempre, por todas as suas vidas.

- Bem – disse Daniel, olhando todos os outros, depois Angel e, enfim, Luce – Já está anoitecendo. O que vocês acham de tomar um chá na nossa casa?

Tanto Ariane, quanto Roland, Annabelle e Cam se viraram para Gabbe. Ela quase entrou em pânico ao perceber que eles estavam esperando que ela tomasse a decisão. E ela tomou. Disse a mesma coisa que tinha dito ontem e que Cam tinha dito naquela manhã.

- Parece uma ótima ideia.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Comentem, Anjos! []