23 de Dezembro de 1993

Querido amigo,

Enfim chegamos ao nosso destino. Acho que Chloe demorou esse tempo todo de propósito, mas o propósito não sei qual foi. Me levou até em casa, e disse que iria atrás do que foi fazer, atrás de quem veio procurar; demos um abraço que demorou bastante, foi um abraço apertado, senti uma lagrima solitária escorrendo por meu rosto. Nos despedimos, e fiquei olhando o carro se distanciando, até que por fim não consegui mais ver , e nem ouvir o motor velho roncando.

O que me esperava agora? Estou na porta de casa, admito que tirei férias de meus problemas. Como pude ser tão egoísta? Na pior das hipóteses minha mãe pode estar morta agora. Suspirei, e abri a porta, e a primeira cena que vejo: todos sentados na sala. Todos: mamãe, Cand, SAM, PATRICK, e o noivo/namorado de Sam, que não me lembro o nome, e não faço questão de lembrar.

Fico parado com um enorme e pesado ponto de interrogação em meu cérebro, enquanto eles sorriem e se levantam. MAS O QUE DIABOS ERA AQUILO AFINAL?

-CHARLIE, GRAÇAS A DEUS MEU FILHO, AONDE ESTAVA? POR QUE FUGIU DA CLÍNICA? – Mamãe disse com as mãos me apertando para constar que eu era eu.

-Charlie que saudade, pensamos que estivesse morto! – Disse Cand

-Oh, claro, e se eu estivesse morto, vocês provavelmente não se importariam com meu corpo, afinal o jogo está tremendamente mais importante do que eu mero cadáver. –Estava tremendamente (desculpe por isso) PUTO!

-Para de drama babacão. –Patrick veio e me deu um abraço, o qual eu não retribui.

-Pelo amor de Deus.- Empurrei Patrick. – Você não estava presa? –E, mamãe? Você estava desaparecida! Eu fugi porque precisava te encontrar, e agora estão todos aqui na sala felizes? Me expliquem antes que eu fique louco.

-Charlie meu filho, é uma longa longa história...

-EU? PRESA?- Cand riu tanto que... eu pude saber de quebra que sim ela realmente estava presa.

Cheguei bem perto dela, deixando a raiva do meu coração transparecer, esse era o objetivo, meus lábios perto de seu ouvido:

- Tráfico de drogas suponho? –Ela engoliu seco.

-É BOM TE VER TAMBÉM MANINHO.- Ela me abraçou e disse: - Por favor não conte a mamãe, você não sabe o quão difícil foi.

-Por que pensaram que eu estava morto?

-Bom, primeiramente oi Charlie. –Disse Sam.-Sua mãe seu pai e sua irmã realmente acharam, mas uma tal de Chloe me ligou e disse que você estava bem, e que logo voltaria para casa,então achamos melhor virmos pessoalmente contar, e por fim fomos convidados para a ceia de natal. – Ela sorrriu.

-Hmmmmmmmmm, quem é essa Chloe ein Charlie? Alguma nova paixão? –Cand disse com um olhar medíocre de “orgulho”, não pude aguentar.

- Por que é que você não cala essa boca ein Candance? Por que ao invés de falar porcarias você não conta a mamãe a verdade? Eu já estou cheio de você me pedindo para encobrir suas merdas. –Me arrependi de ter dito isso por um segundo, mas depois fiquei com raiva, pois eu nunca podia ter ao menos um ataque de raiva (com razão) sem me sentir culpado?

Subi as escadas, e por trás da música de amargura que tocava dentro de mim, ouvi vários “Charlie!” ,” Charlie volte aqui querido!”,” Que verdade?” e por fim “O jantar está na mesa!Espera, CHARLIE?”. Ah, o última frase, creio ter sido dita por papai.

Ignorei tudo isso, me tranquei o quarto, e desejei por um momento que minha viajem com Chloe nunca tivesse acabado, me odiei por me preocupar tanto atoa, e comecei a pensar no que Chloe estaria fazendo, e o porque de ela ter ligado para SAM.