Eu sonhava com borboletas e um jardim bem verdinho quando um barulho me trouxe a realidade.

DING DONG.

– Edward. – o cutuquei. – Edward, a campainha. – o cutuquei mais forte, porém tudo o que ele fez foi se virar para o outro lado.

Suspirei frustrada e fui até a porta, era Tanya. Vi a surpresa passar por seu rosto quando ela me viu ali.

– Bella! – ela deu um passo a frente entrando no apartamento e me abraçou. – Que surpresa! Eu não sabia que estava em NYC. – ela se afastou de mim e seguiu até o sofá se sentando ali sem ao menos esperar meu convite para entrar na casa. Suspirei mais uma vez, o estresse subindo pelo meu corpo me fazia ter movimentos calculados.

– Pois é, Tanya. – sorri com os lábios grudados. – O que você quer aqui? – perguntei direta.

– Ah, vim falar com o Edward. Ele está, não é? A secretária dele me confirmou que ele chegaria hoje. – assenti com a cabeça. Quer dizer que ela anda de fuxico com a secretária pra saber por onde anda o MEU namorado? – Você poderia chamá-lo, por favor? – assenti mais uma vez e fui até o quarto.

– Acorda agora. – falei com grosseria e o cutuquei. Ele acordou num pulo, olhando para um lado e para o outro. Seu rosto relaxou quando ele não viu nada de errado.

– Amor, que susto. – ele disse bagunçando os cabelos. – Que foi? – seu rosto ficou sério ao ver o meu semblante.

– Se vista e venha até a sala, Tanya está aí. – não dei tempo para que ele respondesse e saí do quarto. Quando chegamos mais cedo, eu estava completamente sem forças e tudo que fiz foi me jogar na cama, ao contrário de Edward que ainda conseguiu tirar as roupas e ficar só de cueca. Voltei para a sala.

– Ele já está vindo. – anunciei e fui para a cozinha ver algo para comer. Senti que ela me seguiu.

– Eu realmente não esperava encontrar um parente de Edward aqui. – ah, então era isso, ela achava que eu era simplesmente a prima dele, pois bem, ela vai ver que eu sou bem mais que isso. Abri a geladeira abastecida no dia anterior pela secretária de Edward e encontrei um suco de maracujá ali. Servi dois copos, pois não sou mal-educada, e ofereci um a ela. – E como anda a carreira de atriz, Bella? – ela estava em pé apoiada na mesa e eu estava apoiada na pia.

– Bem, obrigada. Por enquanto estou de férias. – encerrei minha frase e Edward entrou na cozinha.

– Olá, Tanya. – ele deu um abraço leve nela, mas a mesma correspondeu com um muito mais apertado. Senti o sangue espalhando-se pelos meus olhos.

– Oi, Eddie. – ergui uma sobrancelha. Eddie? Calma, Bella, calma... – Tudo bem com você? – MEU namorado fez que sim e veio até onde eu estava. Senti seu perfume tomar conta do ambiente. Ele colocou um braço de cada lado do meu corpo, me prendendo onde eu estava. Encarei minhas esmeraldas azuis e não tive como não sorrir. Seus olhos gritavam o amor que ele sentia por mim. Relaxei e automaticamente entendi que ele fazia aquilo para me tranquilizar. Levei a mão que não segurava o copo até sua bochecha e afaguei levemente. Ganhei um selinho e então ouvi o barulho de algo quebrando. Viramos para Tanya e vi seus olhos arregalados, sua boca aberta no formato de ovo e o copo que ela segurava totalmente espatifado no chão. Eu não limparia aquela sujeira. – ENTÃO VOCÊ É A ISABELLA?

– Algum problema? – perguntei com acidez na voz. Minha sobrancelha estava mais uma vez levantada, confrontando a loira platinada na minha frente. Um braço de Edward ainda rodeava a minha cintura e os olhos da vaca não desviavam dali.

– AH, MEU DEUS, EDWARD! VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO COMIGO. – ela disse transtornada. – E COM ELA TAMBÉM!

– Ei, ei, ei. Vamos parando por aí, você já está me ofendendo. – disse curta e grossa, quem aquela mulher pensa que é?

– Edward? – ela chamou olhando com os olhos suplicantes para ele. Edward manteve-se sério e me apertou mais ainda, ato esse que não passou despercebido por ela. – AH, MEU DEUS. – ela tirou rapidamente o telefone do bolso e discou um número. – VOCÊ SABIA QUE EDWARD E ISABELLA ESTÃO JUNTOS? – ela gritou no telefone e eu me emputeci de vez. – Não são mais seus netos? Como não, Eleanor? Você não vai fazer nada? – O QUE? A VACA ESTAVA LIGANDO PARA ELEANOR? Por fim Edward tomou uma atitude e puxou o celular de suas mãos. Eu não pude ver seu rosto porque ele estava de costas para mim, mas eu vi o medo no rosto dela.

– Eu não aceito que você entre na minha casa e ofenda a mim e a minha mulher. Se quiser fazer baixaria, saia daqui e vá fazê-la na rua. – um arrepio subiu pelo meu corpo. Os olhos de Tanya se encheram de lágrimas, mas ela as segurou.

– Eu nunca achei que um dia fosse ouvir algo do tipo partindo de você, Edward.

– E eu nunca achei que um dia você faltaria com respeito comigo e com a minha namorada.

– Como você pode namorar sua PRIMA? – ela aumentou o volume na última palavra. – Isso está errado e...

– E o quê, Tanya? O que há de errado em namorar Isabella? Nada! E mesmo que tivesse, o que você tem a ver com isso? – os olhos dela se esbugalharam diante de tal frase.

– Você está me humilhando, Edward. – ela disse baixo.

– Você está pedindo por isso... Ou eu estou errado? – ela assentiu e respirou fundo.

– Eu vou embora, não tem mais clima para conversarmos. – ela saiu da cozinha e nós a seguimos.

– Tanya, fale de uma vez, em breve eu não estarei mais aqui em New York. – Edward pediu.

– Como assim em breve não estará mais aqui? Na verdade, é sobre isso que eu quero falar. Você é o diretor da Higg Konstruktion e não pode se ausentar tanto assim, e também tem a Cha... – ela se interrompeu ao perceber o que ia falar. Sentei numa das poltronas ali dispostas e fiquei assistindo a conversa.

– A Charlotte? Pode falar, Bella já sabe de tudo.

– COMO VOCÊ TEM CORAGEM DE CONTAR UM SEGREDO MEU PARA UMA QUALQUER? COMO VOCÊ OUSA FALAR SOBRE A MINHA FILHA?

– E por acaso a filha não é “minha” também? – ele fez aspas com os dedos ao falar “minha”. – Eu vou me casar com Bella e não tenho motivos para esconder nada dela. E eu já disse uma vez, mas vou dizer de novo. Eu não tolero desrespeito e se você ofender a minha mulher mais uma vez, eu não responderei por mim.

– Tudo bem, Edward, me desculpe. Me desculpa você também, Isabella. É que é muita informação de uma vez só. – ela assumiu um tom cínico que pareceu convencer a Edward, mas a mim não. – Charlotte sente sua falta, por favor, não fique mais tanto tempo fora.

– Tanya... Eu vou me mudar pra Los Angeles. Estou aqui para resolver os últimos problemas e consolidar a minha mudança.

– Você não pode fazer isso, Eddie. – ela disse calma. – Minha filha precisa de você. – ela repetiu a frase da mensagem e eu fervi no meu lugar. O cinismo dela estava me dando náuseas, ela estava usando a filha!

– Infelizmente não há como mudar isso. Eu vou me mudar e já é um fato. Amo a Charlotte, amo mesmo, mas agora eu tenho outras prioridades e não posso fazer nada quanto a isso. – ele deu de ombros e eu relaxei com suas palavras.

– COMO VOCÊ PODE SER TÃO EGOÍSTA? Ela é uma criança de três anos que não entende a sua justificativa. – sua voz exaltada demonstrava a raiva que ela estava sentindo.

– E o que você acha que eu devo fazer, Tanya? – ele a desafiou. Ela o encarou por longos minutos.

– Eu nunca me decepcionei tanto com alguém em toda a minha vida. Se eu pudesse, eu nunca mais olhava na sua cara, mas eu não posso agir só por mim. Minha filha te ama e eu não posso mudar isso. Depois eu converso melhor com você, Edward. Agora não dá. – ela me lançou um olhar mortal e saiu. E com aquele olhar eu tive certeza, ela ama o meu namorado e não vai deixar que eu o tome dela tão fácil.

Suspirei resignada já conformada com meus destino. Eu sabia que Edward me amava, não tinha dúvidas disso e qualquer batalha ou guerra que eu lutasse, eu sempre o teria ao meu lado, eu sempre venceria se ele estivesse ao meu lado.

Aquela ligação de Tanya para Eleanor me deixou intrigada, por que raios ela tem o número da minha avó? E que intimidade foi aquela que ela usou? Só havia uma resposta: Esme tinha contado à Eleanor sobre Charlotte e as duas se juntaram para encobrir a história toda. Eu poderia apostar que Tanya recebia uma boa quantia todo mês para se manter calada sobre o assunto, afinal, Esme e Eleanor só pensam em dinheiro. Eu não ficaria surpresa se minha teoria se confirmasse.

Um pensamento me ocorreu e eu temi. Tanya, Esme e Eleanor juntas e com o mesmo objetivo: acabar com meu relacionamento com Edward. Não que nosso amor fosse fraco e não aguentasse o ataque delas, mas eu bem sei o quão obstinada minha avó é e como ela não descansa até alcançar sua meta.

Um selinho me puxou de volta para o presente momento e ele estava agachado na minha frente com aquele sorriso torto que acabava comigo.

– Desculpa por isso.

– Não tem o que desculpar, meu amor. Você não tem culpa de nada. – acalentei seu coração que, a julgar pelo pesar em suas palavras, estava realmente se sentindo culpado.

– De certa forma eu tenho...

– Não tem não! – o interrompi. – Agora me dá licença que eu vou tomar um banho.

– Posso ir com você?

– Claro que pode. – seu sorriso se alargou e ele me deu um selinho. – Assim que você limpar aquela meleca na cozinha. – o empurrei e ele caiu de bunda, fazendo cara feia.

– Doeu, ta? – ele disse fazendo manha.

– Depois eu faço uma massagem. – dei uma piscadela e me levantei. – E limpa direito senão vai ficar com cheiro de maracujá. – ele fechou a cara e eu sumi pelo corredor, ainda consegui escutar um “que mulher eu fui arranjar!”.

A água quente massageava meu corpo e relaxava meus músculos, lavando aquela energia ruim deixada pela loira de farmácia.

Edward entrou no banheiro totalmente nu e foi inevitável eu não olhar diretamente pro seu membro já um pouco ereto.

– Gosta do que vê? – ele perguntou com a voz safada que ele usava apenas nessas situações.

– Aham. – falei/gemi a resposta. A essa altura suas mãos já faziam miséria do meu corpo.

– Eu amo te dar prazer. – ele sussurrou no meu ouvido, seus dedos pressionando ainda mais o meu centro de prazer. – Minha mulher...

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– Amor, não faz mal ficar com o cabelo molhado?

– Não. Acho que não. Quem disse isso? – olhei para minha blusa e ela estava ensopada na altura dos seios devido ao meu cabelo molhado. Eu e Edward estávamos sentados na cama assistindo Velozes e Furiosos e jantando comida chinesa.

– Minha avó paterna, Meredith. Eu lembro que ela sempre dizia isso pra Alice. – então lembrei da mãe de Carlisle que havia falecido há uns dez anos já.

– Hm, vou pesquisar depois. – continuamos comendo e assistindo ao filme.

Meu telefone tocou um tempo depois e era Jane. Eu já sabia do que se tratava.

– Pode dizer. – Edward me olhou e sugou muito rápido o macarrão, fazendo com que ele ricocheteasse por seu queixo, sujando-o todo de molho. Sorri de sua atrapalhada e tive vontade de limpar com minha boca a sua sujeira.

– Coloca no Gossip Tv. – ela foi direta. Peguei o controle e coloquei no maldito canal.

“– Na verdade, eu acho que toda a América está chocada. – um homem exclamou.

– E pra você que acabou de chegar: BOMBA! Isabella Swan está de namorado novo, e pasmem: ela está namorando o primo de primeiro grau, Edward Cullen.”

Bufei e Jane riu do outro lado da linha.

“– Não faz nem um mês ainda e a fila de Isabella já andou. No mês passado, foram divulgadas fotos da bela com um homem que, supostamente, não era seu então namorado, o empresário Riley Biers. A atriz negou veemente que aquele não fosse Riley, este que por sua vez confirmou ser ele próprio nas fotos. Várias fontes nos garantiram que não era Riley na imagem, mas como os dois negaram esta versão, deixamos de lado o assunto. Pouquíssimo tempo depois Riley anunciou em sua conta no twitter que Isabella e ele não eram mais namorados, e sim amigos. A herdeira dos Higginbotham fez o mesmo. O término súbito do casal causou dúvidas em várias pessoas e nós resolvemos investigar, mas não obtivemos muito resultado. Os dias foram passando e Bella era frequentemente clicada com a família. Primeiro, ela apareceu no Familjen, restaurante da renomada chef de cozinha e também sua tia Sarah Black, e, aparentemente, ficou bêbada com todos os primos, Edward incluso no bolo. Depois ela apareceu com Jacob Black, Alice e Edward Cullen na premiere de seu filme One Last Love. Eles agiram normalmente e nenhum romance foi detectado.”

– Abutres! – xinguei.

“– Hoje a situação foi diferente, Isabella estava no LAX pra pegar um voo para New York. A surpresa foi que, quando a queridinha das telinhas desceu do carro, teve sua mão tomada pela do primo Edward. Aquele singelo ato foi suficiente para despertar um frenesi nos paparazzi. Fontes confiáveis e próximas a família nos garantiram que Edward e Bella formam sim um casal e que a família Higginbotham encontra-se em choque a notícia. Parece que a estrutura familiar tão invejada pelos wannabes dos USA está abalada.”

– Meu Deus!

“– E não para por aí, no caminho para o portão de embarque, Isabella passou mal e quase desmaiou, ela cairia no chão se não fosse pelo segurança tê-la segurado. Será que ela está grávida?”

– Ainda não, vadia. – xinguei a mulher mais uma vez.

“ Então é isso, Isabella Swan, a certinha, terminou um relacionamento e iniciou outro em menos de um mês, e ainda por cima com o primo de primeiro grau, Edward Cullen. Sendo uma família aristocrata e tradicional, eu imagino que os Higginbotham não vão aceitar isso com facilidade. Edward Higginbotham Cullen nasceu em Los Angeles mas mora em New York, é filho da socialite Esme Cullen e Carlisle Cullen, renomado médico e diretor geral do hospital Health Care Center. Empresário dono da Higg Konstruktion, Edward é...”

Parei de prestar atenção na baixaria televisionada e me concentrei na ligação.

– Eu já esperava por isso, Jane. Acho que minha mente já está mais do que saturada e acostumada com essas especulações, o problema é que agora eles tem razão. – falei um pouco triste. Por mais verdade que fosse, eu não queria minha vida exposta de tal maneira.

– Força, minha amiga, infelizmente você tem que superar mais um desafio, mas Edward está ao seu lado e eu sei que você vai tirar essa de letra. Qualquer coisa eu estou aqui, beijos.

Agradeci seu apoio e nos despedimos. Mirei Edward e ele estava concentrado na matéria.

– Amor? – chamei.

– Ui, agora fiquei famoso. – ele gargalhou. – Bella, eles já sabem de tudo da minha vida.

– É o trabalho deles, né, saber tudo da vida alheia. – ele riu mais um pouco e me puxou para seus braços.

– Não fica assim. Eu to aqui com você. – assenti e voltei a assistir a reportagem com ele.

– Oh, meu Deus! – a repórter exclamou e apertou o ponto eletrônico que tinha na orelha. – Acabo de receber a informação de que Riley Biers deu entrada no hospital. Aparentemente, ele está com hemorragia devido a uma tentativa de suicídio. Gente, que loucura! Será que isso tudo tem a ver com o fato de Bella ter assumido seu namoro com Edward? – eu congelei.

Será que Riley tentara se matar por minha causa? Minha mente trabalhou rápido e me lembrei de uma das declarações que ele me fez há mais de um ano quando ainda namorávamos.

“ Eu te amo mais que tudo, Bella. Minha vida não tem sentido sem você. Todos os dias eu sonho com o nosso casamento, eu e você morando na mesma casa, você grávida, nossos filhos correndo pelo jardim... Eu te prometo que vou te fazer feliz, meu amor. Por favor, não me abandona nunca, eu morro sem você...”