“ Tanya:

   Seu celular tem 12 ligações perdidas de 21299887766, 04/20, 11:58.”

“Tanya:

  Poxa, Edward, eu te liguei várias vezes hoje e você não atende. Até parece que não sabe que eu preciso de você. Ela precisa de você. Piorou de novo e não para de chamar seu nome. Não sei o que está fazendo aí na cidade dos anjos, mas está demorando demais. Volte para New York, volte para nós.”

Levantei a mirada para Edward com o rosto estático, sem querer acreditar no que os meus olhos liam. Minha mente trabalhava arduamente em tentar desvendar a real mensagem que aquelas palavras implicavam, mas não precisava de muito para que eu entendesse.

Abri a boca para dizer alguma coisa, meus olhos já marejados, mas a porta se abriu e meu pai entrou no quarto.

– Bells, o almoço está servido e... Que cara é essa? – Charlie perguntou. Balancei a cabeça rapidamente e o respondi.

– Nada, pai. Já estamos indo. – falei como se nada tivesse acontecido. Edward estava correto quanto a temer meu pai e, apesar de tudo, eu não queria que ele odiasse Edward.

– Edward. – papai cumprimentou com um aceno de cabeço.

– Tio Charlie. – Edward devolveu e logo meu pai saiu do quarto, nos deixando a sós. Mirei Edward e a raiva que eu escondi por alguns segundos voltou com força total.

– Você! – apontei o dedo. – Vai inventar uma desculpa e sair da minha casa IMEDIATAMENTE. – seu rosto se contorceu em confusão.

– Bella? – ele perguntou levantando e andando até onde eu estava.

– Fique longe de mim! Seu... Seu... ARGH! – gritei não conseguindo me controlar. – Sai agora daqui!

– Amor, o que está acontecendo?

– AMOR? AINDA TEM CORAGEM DE ME CHAMAR ASSIM? SEU ANIMAL! – me afastei andando até o outro lado do quarto, para longe dele.

– Bella! – num surto de insanidade eu taquei o celular dele, que desviou, fazendo com que o aparelho caísse na cama. Ele pegou o mesmo e viu o conteúdo. Seus olhos rapidamente se arregalaram e eu tive certeza que o meu namoro acabaria naquele momento. As lágrimas não eram mais por mim controladas e desciam sem permissão pelo meu rosto. Maldito! – Não é nada disso que você está pensando, eu posso explicar!

– Vai explicar o que? – esbravejei. – Como eu sou uma tola e que você conseguiu me enganar por todo esse tempo? Você é um merda, Edward. Eu mudei minha vida toda por você, A MINHA VIDA TODA! – ele andou rápido até mim e a única maneira de fugir dele seria saindo do quarto. E assim o fiz, sem me importar com as consequências.

– BELLA, VOLTA AQUI. – ele berrou desde o quarto, vindo atrás de mim. Por ter as pernas mais longas, Edward me alcançou ainda no meio da escada. – ME ESCUTA!

– ME LARGA! – puxei meu braço que ele acabara de segurar. – EU JÁ FALEI, SAI DAQUI AGORA.

– O que está acontecendo aqui? – papai perguntou na divisão da sala de jantar com o hall. Mamãe estava atrás dele cobrindo a boca devido ao espanto.

– BELLA, ELA NÃO É NADA MINHA. EU TE AMO, PORRA. ME ESCUTA. – Edward soltou desesperado.

– NÃO É NADA SUA? Ela disse pra você voltar pra NYC, pra você voltar pra ela... E VOCÊ AINDA VEM ME DIZER QUE ELA NÃO É NADA SUA? SAI DA MINHA CASA AGORA! – andei até a porta a abrindo. A essa altura ele também chorava. Vendo que não tinha muito o que fazer, Edward saiu porta afora, mas sem antes se pronunciar.

– Eu volto! – disse e se retirou. Fiz menção de fechar a porta, mas Renée se apressou e saiu da casa atrás do sobrinho. As lágrimas pareciam descer com maior força por meu rosto. Papai veio me abraçar e eu chorei em seu ombro.

– Vem, Bells. – ele me puxou escada acima, me levando para o meu quarto. Charlie deitou comigo na cama e ficou ali me abraçando, me dando o apoio que eu precisava naquele momento. Ele sabia que qualquer coisa que falasse no momento não adiantariam em nada, então se manteve calado.

Depois de tudo o que passamos, tudo que vivemos, tudo o que tivemos que lutar contra, ele... Ele me apronta isso. Edward me traiu. Me escondeu seja lá o que ele tinha com aquela mulher. Fiquei ali incontáveis minutos, remoendo essa historia. Como eu tinha sido boba!

Depois do que pareceu uns quarenta minutos, Renée entrou no quarto.

– Charlie, venha aqui.

– Renée, estou com Bella e...

– Agora. – Renée ordenou e ele, como um bom marido, obedeceu. Depois que ele saiu, Renée deixou a porta entreaberta.

– Filha, não fale nada, apenas escute. – Levantei a cabeça procurando por ela, mas a mesma já havia se retirado. Segundos depois entraram Edward e Emmett e eu não entendi nada.

– O que fazem aqui? – perguntei com um pouco de grosseria, mas o momento não permitia outro comportamento além desse.

– Eu vim explicar o mal entendido que houve aqui. – Emmett falou e eu estranhei. Por que ele explicaria? Sentei na cama direito e esperei que ele começasse. Edward estava de costas para nós, olhando a vista da varanda do meu quarto. – Bella, eu tenho uma filha. – olhei abismada para ele. Como? – Logo quando Edward se mudou para NYC eu fui com ele e passei dois meses por lá, pra ajudar na empresa. Foi quando conheci Tanya e nós nos envolvemos naquele período. Ela acabou engravidando. – minha boca foi ao chão. – Eu fiquei desesperado, não sabia o que fazer, não queria a criança de jeito nenhum. Até pedi que ela abortasse. – era muita informação pra ser digerida, continuei calada. – Ela obviamente se negou e teve a criança. Ninguém sabia que Tanya estava grávida, nem mesmo os pais dela. Edward me recriminou muito por não aceitar aquele bebê, mas eu, apesar da idade, era muito imaturo. Quando Charlotte nasceu, eu fui até NYC e no momento que a vi eu me apaixonei por ela. Ela é linda, sabe? Mas, a minha vida é em Los Angeles e Tanya se recusava a deixar New York. Eu assumi Charlotte, deposito todo mês uma quantia na conta de Tanya, mas, devido a distância, eu praticamente não tenho laços com a minha filha. Eu sei que soa monstruoso o meu discurso, mas essa é a verdade. Eu não sei ser pai. Eu amo a minha filha, mas não sei ser pai. E é aí que Edward entra. Ele, como tio, fez tudo o que eu não fiz e Charlotte tem a ele como referência.

– Emmett... – soltei sem saber o que falar.

– Bella, eu... Eu... Droga! – Emmett esbravejou, puxando os cabelos para cima. – A mensagem que você recebeu não é nada disso que você estava pensando. Tanya diz que precisa de Edward porque ele é, de certa forma, um pai pra minha filha. Charlotte é muito apegada a ele. – assenti, agora me sentindo uma merda por não ter dado a oportunidade para que Edward me explicasse a situação.

– Bem, eu... Eu vou embora. – Emmett anunciou. – Desculpa criar essa situação pra vocês, e peço por favor que você não comente nada disso com ninguém. Tchau. – se despediu e saiu do quarto.

O silêncio incômodo se instalou no ambiente. Eu não tinha cara pra falar com Edward.

Meu Deus, eu sou um monstro! Edward chorou, gritou pra quem quisesse ouvir que ele não tinha culpa naquilo e eu, cega pelo ciúme, fiz questão de não escuta-lo. Abracei minhas pernas e apoiei a cabeça nos joelhos, sem coragem de encará-lo. Era incrível como sempre havia algo pra nos separar, sempre uma nova historinha que nos colocava a prova.

Senti uma mão acariciando meu cabelo e procurei pelo dono. Edward estava de pé ao lado da cama e me olhava com ansiedade.

– Eu quero que você entenda de uma vez por todas: eu te amo! Te amo de uma maneira que eu não consigo controlar, Bella. – ele disse sentando na minha frente. – Eu já tentei mensurar meus sentimentos, tentei ver até onde eu ia por você, mas eu falhei. E falhei porque parece infinito. – ele delicadamente puxou meu queixo, fazendo com que eu o mirasse nos olhos. – Mulher, me diz o que eu preciso fazer pra você acreditar em mim? Pra você acreditar que eu te amo? Eu sei que eu errei em não te contar, mas isso é um segredo de Emmett. É uma situação difícil pra ele e eu não tenho o direito de me meter mais do que eu já estou metido. E só por isso que eu não te contei nada. Agora, por favor, para de chorar e vem aqui comigo? – ela abriu os braços e eu não tive outra reação a não ser me jogar em cima dele. Edward me apertou com sofrimento, como se tivesse passado anos longe de mim e me reencontrasse. – Você tem noção do medo que me deu, Bella? Eu achei que tinha te perdido!

– Me perdoa. – soltei com a voz em frangalhos. – Me desculpa, meu amor. – soltei me desprendendo dele e agarrando suas bochechas. – Eu sei que agi como uma louca, mas eu não suporto a ideia de te ver com outra, Edward. Você me conhece, sabe dos meus ciúmes, e eu não nego isso. Mas essa mulher já causou inúmeras situações entre a gente, e ler que ela precisa de você foi a cereja do bolo. E ainda essa outra pessoa, na hora tudo que eu pensei era que vocês tinham uma filha juntos. Me perdoa, por favor, eu deveria ter te dado a chance de explicar antes de dar o show que eu dei. E...

– Shi. – Edward postou um de seus dedos sobre meus lábios. – Já está tudo bem. Eu errei, você errou, estamos bem agora e é isso que importa.

– Eu te amo. – me aferrei a ele e tomei sua boca na minha. O beijo sôfrego me relembrou antigos momentos, nos quais eu sofria a sua ausência.

– Eu também, bebê. – soltou entre os beijos. – Me promete uma coisa?

– Prometo. – afirmei mesmo antes de saber do que se tratava.

– Promete que quando alguma situação do tipo acontecer, você vai me ouvir primeiro e tirar conclusões depois?  - sua boca desceu até o meu pescoço e começou a trabalhar na região. Espasmos elétricos foram enviados por todo o meu corpo e de repente o calor que se instalou ficou insuportável.

– Prometo. – me afastei dele apenas para tirar a sua blusa e a minha. O puxei de volta pelos cabelos e o beijo, que há minutos atrás era doloroso, agora era delicioso. – Ah, Edward. – gemi quando suas duas mãos tomaram meus seios já livres do sutiã. O empurrei na cama de forma que ele caísse deitado e subi sobre ele, partindo para o melhor sexo de reconciliação da minha vida.

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– Amor? – chamei. Edward e eu estávamos pelados, suados e de conchinha.

– Hm? – ele murmurou no meu pescoço.

– Me conta direito essa história do Emmett? – pedi. Ele me apertou um pouco mais e iniciou.

– Eu e Emmett fomos pra NYC para instalar a empresa na cidade. Ele iria me acompanhar pelos primeiros dois meses até que a empresa tivesse nos eixos. Nesse meio tempo, apareceu Tanya. Ela estava numa das seleções de funcionário e nós a contratamos. Ainda bem que ela é boa no que faz, senão teríamos um prejuízo de contratá-la. – rolei os olhos pelo comentário. Obvio que mesmo que Tanya não prestasse, ela teria que ser contratada devido a “amizade” dos Cullen com os Denali. – Como ela já era nossa conhecida, combinamos de sair numa noite e foi quando ela se envolveu com Emmett. Dois dias antes de ele voltar pra Los Angeles, ela descobriu que estava grávida. Emmett enlouqueceu, colocou a culpa toda em cima dela e pediu o aborto. Ela se negou e eles brigaram muito. Tanya não suporta olhar pra Emmett até hoje. – me solidarizei um pouco com ela, afinal não deveria ser fácil passar pela situação de engravidar e ver o pai da criança a rejeitando. – Eu cheguei a ter ódio de Emmett na época, nunca pensei que ele fosse tão irresponsável. – Edward disse com mágoa. – Enfim, passaram mais oito meses e Charlotte nasceu. – ele falou agora sorrindo. – Eu acompanhei Tanya na maternidade e todas essas coisas. Me sentia culpado pelas merdas do meu irmão. Com o tempo Lotte acabou se apegando a mim, ela até me chama de papai as vezes. – PAPAI? Meu sangue subiu, mas foi inevitável não me sentir mal sabendo que Edward tinha esse tipo de intimidade com outra pessoa, mesmo que fosse uma criança. – Com a proximidade, eu acabei me tornando um amigo para Tanya e num momento nosso de fraqueza, acabamos nos enrolando também. Eu te falei que nós namoramos no passado, não?

– Falou.

– Então, mas depois eu vi que aquilo era um erro. Ela só era minha amiga e, sinceramente, eu só estava ali por Charlotte.

– Entendi. – me pronunciei. – Quer dizer então que você tem uma filha? – perguntei meio irritadiça.

– Não, meu amor. – ele disse me apertando entre seus braços e beijando meus cabelos. – Filha eu terei quando você me der uma. – sorri com a declaração e me virei para ele.

– Edward, eu... – suspirei e tomei o fôlego para me abrir com ele. – Eu sei que é bobeira minha tudo isso, mas não tem como eu não me chatear. Quer dizer, existe uma criança que te chama de pai! Ela criou laços com você e... Também tem Tanya, que pelo visto parece não saber da minha existência na sua vida...

– Ei. – ele me interrompeu. – Bella, Tanya não tem nada a ver com a minha vida. Eu não devo satisfações a ela e é justamente por isso que ela diz não saber o que eu estou fazendo aqui. A verdade é que desde aqueles quinze dias que você passou comigo eu me distanciei delas.

– Mas e a criança? Ela não sente sua falta? – lembrei da parte da mensagem que dizia que “ela” não parava de chamar por Edward.

– Sente, mas o que eu posso fazer? – ele disse com a voz mais entristecida. – Amo Charlotte, e por mais que eu me sinta responsável por ela, ela é apenas minha sobrinha, e não minha filha. E agora eu tenho você.

Sorri me jogando em cima dele. Beijei todos os pontos de seu rosto, querendo demonstrar todo o amor que eu nutria por ele.

– Te amo tanto. – soprei no seu ouvido. Ele sussurrou um “eu também” e iniciou uma sessão de beijos no meu pescoço. Com certeza eu ganharia um roxo no local. – Esme e Carlisle não sabem?

– Só a mamãe. Mas ela apoiou Emmett em relação a esconder esse fato. Ela age como se não soubesse de nada. – ele disse um pouco revoltado.

– E Carmen e Eleazar?

– Eles sabem que Tanya tem uma filha, mas não sabem quem é o pai. Juram que sou eu, – ele debochou. - já que sempre estou com Lotte e devido a semelhança familiar que ela tem comigo.

– Hm, Tanya não contou a eles por que?

– Ela disse que Eleazar obrigaria Emmett a assumir a filha publicamente e isso acabaria criando problemas entre os Cullen e eles, e isso ela não queria. E outra, ela detesta Emmett. Acho que é um alívio pra ela que ele não se interesse muito por Lotte.

Edward contou mais um pouco sobre a situação e ao final me peguei chocada e pensativa. Chocada por saber que na minha família existia um escândalo desses e ele foi tão bem escondido. Será que Eleanor sabia? Coitado de Emmett. E pensativa pois me peguei pensando como seria ter uma filha de Edward. Ele falava tão bem da sobrinha, com tanto carinho, que foi irremediável não pensar em como seria uma bebezinha nossa. Balancei a cabeça espantando aqueles pensamentos, eu era nova demais pra isso e ainda tinha muito o que trabalhar e viver antes de ter uma responsabilidade desse nível.

Meu estomago roncou, me lembrando que não havíamos almoçado.

– Amor, vamos comer? Pedi que Lana preparasse um dos meus pratos preferidos pra você.  – falei já me levantando da cama e indo até o closet pegar uma roupa. Edward começou a se vestir e eu coloquei um vestidinho leve.

Edward e eu descemos descalços mesmo. A casa estava silenciosa por demais. As luzes estavam todas apagadas e o sol já havia se posto. Entramos na cozinha e fui logo abrindo a geladeira. Separei o arroz, as babatas e o camarão ao molho. Esquentei todos eles rapidamente no microondas e servi a mim e ao meu namorado.

– Poe mais um pouco pra mim, por favor? – Edward pediu estendendo o prato pra mim.

– Edward, de novo? Não acha que três vezes é muito, não? – indaguei. Ele amou o prato de Lana e estava querendo repetir mais uma vez.

– Amor, isso está bom demais. – ele deu de ombros e eu me levantei para servi-lo mais.

– De novo na minha casa, Edward? – Charlie falou desde a porta da cozinha. Virei pra ele e seu rosto estava duro. Olhei para Edward e ele tinha os olhos arregalados. – Eu quero conversar com você. Agora.