Inversamente Opostos escrita por IsaDoraBMS


Capítulo 1
Um sonho horrível e o melhor presente do mundo


Notas iniciais do capítulo

Primeira fanfic original, boa leitura =)



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Luna Wifray corria em uma floresta úmida e densa, passava pelas folhas e galhos ásperos que deixavam arranhões em seu corpo, ela se virou rapidamente a tempo de ver uma juba ruiva logo atrás. Continuou correndo e ouviu um rugido. Ela se desesperou e acabou tropeçando, tentou levantar, mas o leão já estava em cima dela, mostrando as presas, um último rugido antes de fincar os dentes na barriga da garota.

Ela fechou os olhos esperando a dor, mas ela não veio, não estava a fim de ver o que o leão fazia, mas teve de abrir os olhos quando escutou uma voz ao seu lado.

– Estou vendendo tapetes e cobertores, se a senhora quiser posso fazer por um preço ótimo.

O leão não estava mais em cima dela, e sim em pé, ao seu lado vestido com terno e gravata, a juba alinhada com gel e ele segurava um carrinho com tapetes e cobertores.

– Não, obrigada. – disse ela se levantando e batendo a mão na roupa suja de folhas – Acho que vou continuar andando.

– Se não se incomoda, vou acompanhar a senhora – disse o leão sorridente, se é que é possível um leão sorrir –, tenho alguns clientes fieis por aqui, a D. Lebre, por exemplo, sempre compra meus produtos.

– Lebre? – a garota perguntou confusa – Desculpe Seu Leão, mas onde eu estou?

– Leão? Você me chamou de leão? – o animal mostrou as presas novamente e parecia furioso.

Um segundo depois aquele ser civilizado não estava mais lá e o leão que antes a perseguia estava de volta.

Ela voltou à correria entre os galhos e folhas ásperas com um ser selvagem ao seu encalço, mas havia um buraco, pelo visto sem fim e um vendedor de tapetes de terno e gravata no topo acenando com um lencinho, uma lebre também caindo e tomando chá, e um grito pela escuridão sem fim.


– Um sonho. – disse passando a mão pela testa suada – Uma lebre tomando chá? Tudo bem. Mas por que um leão? E ainda por cima um leão bipolar que não gosta de ser chamado de leão. E agora eu estou aqui falando sozinha.

Levantei e fiz minha higiene matinal, preparei o café da manhã com torradas e café, e liguei o computador.

Há muito tempo estava juntando dinheiro para comprar meu avião, procurava todos os dias um modelo barato, mas não era fácil assim, já tinha tirado minha carteira há dois meses, mas ainda não tinha conseguido comprar um modelo simples que tanto queria.

A campainha tocou e fui atender desanimada, eram oito horas da manhã.

– Se for um vendedor de tapetes, eu caio dura no chão. – falei abrindo a porta.

– Feliz aniversário, querida. – mamãe me abraçou e deu alguns tapinhas na minha bochecha – Você parece horrível, não teve uma boa noite de sono?

– Eu havia me esquecido completamente que dia é hoje. – falei depois de soltar do abraço de urso de papai. – Estava mais preocupada em parar de pensar no leão do meu sonho.

– Não trouxemos seu presente por dois motivos. – disse minha mãe sorridente – Primeiro, ele é grande demais para caber no seu apartamento. E segundo vamos esperar por Jason, por que o presente também é dele. Pesadelos um dia antes do seu aniversário? Que horror.

– Eu já falei que não precisava de presentes D. Anne.

– Claro que precisa. O que você tem de comer aqui? Estou morrendo de fome.

Levei os dois para a cozinha e fiz mais algumas torradas, pus leite em cima da mesa por que sabia que minha mãe odiava café.

Meu pai mantinha a cabeça baixa e não disse uma palavra enquanto minha mãe discutia animadamente sobre a minha festa que seria esta noite e que eu não queria ir.

A campainha tocou, minha mãe gritou ''Eu atendo!'' e correu até a porta, veio de lá com Jason e uma faixa preta na mão.

Feliz aniversário, minha princesa. – disse Jay me dando um selinho e um abraço – Pronta para seu presente?

Minha mãe levantou a faixa na mão sorridente.

– Sério?

Os dois balançaram a cabeça animadamente, meu pai continuava sentado à mesa e tinha uma xícara de café na mão.

– Para o carro. – disse Jason me abraçando pela cintura.

Entramos no elevador e D. Anne continuava dando pulinhos animados, ela parecia uma criança. No carro eles me fizeram sentar no banco de trás e colocar a faixa preta nos olhos. Eu aproveitei isso e deitei no colo de Jay, estava quase pegando no sono quando o carro parou bruscamente e eu quase cai, mas Jason segurou minha cintura e eu só bati com a cabeça no banco do motorista.

– Desculpe querida. – ouvi minha mãe dizer.

Jay me conduziu para fora do carro e andei por alguns metros ainda com a venda. Então ele me virou para a direita e a tirou delicadamente. A primeiro momento tive dificuldade em me acostumar com a luz, esfreguei os olhos e a primeira coisa que vi foram duas carinhas sorridentes e uma séria, logo depois um modelo simples de jatinho, pequeno, não deve ter custado muito caro, eu corri e abracei os três.

– Não acredito que compraram um jatinho pra mim. – falei, quase chorando.

– Você não para de falar disso há dois meses, achei que fosse gostar – Jay explicou –, seus pais ajudaram a comprar e eu achei um modelo barato, mas bom.

Ele me entregou a chave, nós entramos no avião, Jay sentou do meu lado. Meus pais ficaram atrás. Eu esperei muito por esse momento, e quando o meu avião começou a decolar, eu me senti a pessoa mais feliz do mundo. Passamos por cima da cidade, não muito alto, e sempre que víamos uma escola infantil, as crianças se amontoavam e acenavam.

Todos os controles funcionavam perfeitamente inclusive o radio com que tive de usar pela primeira vez para o pouso no mesmo lugar de antes, o aeroporto de Nova York.

Jay me deixou em casa, eu tinha que almoçar e me arrumar para o trabalho. Meus pais também foram embora e por um momento eu achei ter visto meu pai sorrir.

Eu trabalhava em uma padaria, especializada em cupcakes, eu os decorava, meu chefe gostava de um padrão com os desenhos típicos, mas dependendo do meu humor eu podia ser bem criativa com os desenhos para os cupcakes, e hoje eu estava com uma vontade enorme de desenhar nuvens e aviões.

Apesar de o meu emprego não ter nada a ver com minha paixão, eu gostava dele. Tinha boas colegas de trabalho e um chefe que gostava de mim. Mas eu queria mesmo me inscrever para piloto de alguma das maiores empresas de avião de Londres, só esperava uma oportunidade.


Sobre Jay, ele me pediu em casamento há duas semanas e disse que não iria me dar anel por enquanto, por que eu iria gostar muito mais do que ele planejava comprar e só agora isso fazia sentido.

O tempo passou rápido na loja, eu estava tão animada com os cupcakes que ao final do dia sobrou uma bandeja inteira de bolinhos decorados com nuvens, e estrelas. Éramos seis contando com todos os funcionários da loja, e cada um resolveu levar cinco bolinhos, pagamos e terminamos de fechar a loja. Eu fui embora com uma bandeja na mão, o sol já se punha, consegui pegar um taxi facilmente, ofereci um cupcake ao motorista, paguei e entrei no prédio.

Apesar do sonho horrível que tive à noite, foi um bom dia, tive um jantar de cupcake e entrei para o banho, quando saí peguei um pijama, mas recebi uma mensagem da minha mãe ‘’ onde vc está? Estamos esperando aqui em casa’’ e me lembrei da festa. ‘’Já estou saindo’’ respondi.

Coloquei uma meia calça preta com um salto da mesma cor e um vestido Vermelho tomara que caia com paetê. Passei pouca maquiagem nos olhos, mas um batom vermelho escuro e saí. Tive de pegar outro taxi até a casa dos meus pais.

Eu não estava com animo para festas, apenas fiquei ao lado de Jay, sorria e cumprimentava as pessoas, recebia os presentes e tentava parecer simpática, mas na verdade eu estava com muito sono. Minha mãe percebeu e logo adiantou o bolo que tinha ironicamente a foto de um avião. Eu sorri ao ver aquilo.

Eram duas horas da manhã quando as últimas pessoas resolveram ir embora. Jay já tinha ido, dei boa noite aos meus pais e fui para o meu antigo quarto, deitei de maquiagem e com o vestido, me limitei a tirar os sapatos e dormi como um anjo, abraçada a meu coelhinho que eu tanto amava quando criança.


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Notas finais do capítulo

O primeiro capítulo realmente não dá pra tirar uma ideia do que vai acontecer, mas no proximo ~talvez~ já comece o ponto em que quero chegar. ~risada maligna~
Quero saber o que vocês acharam