Coração Vago escrita por KatherineKissMe


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Na minha cabeça era pra esse capítulo ter muito mais coisas, porém não posso me prolongar muito na internet hoje. Então peço que não reparem no final sem graça.



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“Quem sabe eu ainda sou uma garotinha
Esperando o ônibus da escola sozinha
Cansada com minhas meias três-quartos
Rezando baixo pelos cantos
Por ser uma menina má”

Malandragem – Cássia Eller

Depois de tudo o que havia acontecido a última coisa que Bruno esperava era ter que lidar com os próprios pais.

–Mãe? Pai? O que vocês estão fazendo aqui? –Ele perguntou estupefato.

–Estamos de volta. Mas isso não é o mais importante, pelo que eu fiquei sabendo você tem uma novidade pra gente. –Olavo disse.

–Quem é essa garota Bruno? –Marta perguntava alterada.

–Mãe, pai, estou muito feliz que vocês voltaram pro Rio. Eu acho que tanto vocês quanto eu precisamos de descanso, então que tal deixarmos essa conversa pra amanhã? –Bruno pediu.

–E você acha que nós vamos conseguir dormir? –Olavo disse.

–Tudo bem. Podem começar o interrogatório. –Bruno disse se jogando no sofá.

–Quem é essa garota? Ela está realmente grávida? –Marta perguntou.

–O nome dela é Maria de Fátima, mas prefere ser chamada de Fatinha. Ela vai fazer dezenove anos no próximo mês, estuda no Quadrante, é da sala da Ju. –Bruno fez uma pausa. –Sim, ela está grávida.

–Você tem certeza que esse filho é seu? –Olavo perguntou.

–Claro que tenho! –Bruno respondeu irritado.

–Pelo que sua irmã falou dessa Fatinha, ela é, como vocês dizem, uma “piriguete”. Como você pode se envolver com uma garota assim, filho? –Marta perguntava.

Bruno ficou irritado com o comentário da mãe. Ele sabia que já havia chamado Fatinha de coisas piores do que piriguete, e já tinha dito coisas muito mais ofensivas também, mas ao ouvir a mãe se referir a ela com tanto descaso fez com que ele ficasse muito bravo.

–Olha, apesar do que as pessoas dizem, a Fatinha é uma ótima pessoa. Não vou aceitar que vocês fiquem falando mal dela na minha frente.

–É uma ótima pessoa? Sua irmã nos contou tudo! Essa Fatinha foi o motivo do seu namoro com a Ana e a Rita ter terminado! Uma foto sua de cueca foi espalhada para todos os alunos do Quadrante! –Marta estava histérica.

–E agora ela vai ser a mãe do seu neto! –Bruno retrucou. –Mãe, todas essas confusões que aconteceram não foram só culpa da Fatinha.

–Bruno, quem quer que essa garota seja não me importa. Se você diz que ela é uma boa pessoa eu acredito. –Olavo disse. –O meu maior problema é saber que você foi irresponsável a esse ponto! Nós sempre conversamos muito com você a respeito de proteção, ai você aparece com uma menina, que sequer é a sua namorada, grávida?! Estou muito decepcionado com você.

–Eu sei. Eu fui muito estúpido. –Bruno disse cansado. –Mas como eu poderia imaginar que na única vez que nós transamos sem camisinha ela engravidaria?! E sem falar que ela toma anticoncepcional.

–A eficácia dos anticoncepcionais não é total. Algum remédio que ela tenha tomado pode ter anulado o efeito da pílula também. São várias as hipóteses. –Marta falou.

–O Severino nos disse que ela caiu da escada, é verdade? –Olavo perguntou.

–É verdade sim mãe. A Fatinha veio aqui me contar sobre a gravidez e eu reagi da pior forma possível, então ela saiu daqui correndo, nem quis esperar o elevador. Eu fui atrás dela mas acho que isso só piorou a situação. Ela acabou escorregando no piso molhado.

–E como ela está? –Olavo perguntou.

–Não tão bem. –Bruno respondeu com um suspiro.

Ju que estava meio escondida no quarto escutando a conversa, resolveu perguntar:

–Ela perdeu o bebê?

–Nós te acordamos com toda essa gritaria? –Marta perguntou indo abraçar a filha.

–Na verdade eu não consegui dormir. –Ju olhou para o irmão. –Então Bruno, a Fatinha perdeu o bebê?

–Não. O bebê está bem.

–Então qual é o problema? –Olavo perguntou confuso.

–Ela perdeu a memória. –Bruno desabafou. –Ela não se lembra de mim, do Lorenzo e nem da Marcela. Ela acha que ainda tem dezessete anos e mora em Carambolas.

–E isso é temporário? –Ju perguntou.

–O Lorenzo acredita que aos poucos a memória dela vá voltando. –Ele respondeu.

Todos ficaram em silêncio por alguns minutos. Bruno estava cansado e só de pensar no dia de amanhã ele ficava mais desanimado ainda.

–E você Bruno? Está preparado para a grande responsabilidade que te espera? –Perguntou Olavo, quebrando o silêncio.

–Espero que sim. –Bruno respondeu sem muita convicção.

Em seguida ele disse que ia dormir e os pais concordaram. Aos poucos cada qual foi para o seu quarto, mas dormir era a última coisa que eles conseguiriam fazer naquela noite.

(...)

No outro dia, Ju estava na mesa tomando o café quando ouviu o seu irmão sair do banho.

–Achei que você fosse dormir até mais tarde hoje. Vai para a faculdade? –Ela perguntou.

–Não. Combinei com o Lorenzo que ia no hospital pela manhã. –Bruno respondeu. –Por falar nisso, você tem algumas fotos do quadrante em que a Fatinha apareça?

–Devo ter sim. Mas porque você precisa dessas fotos?

Bruno explicou o que Lorenzo havia dito e a irmã disse que o ajudaria. Depois de agradecer ele foi ao quarto se preparar para o dia que viria.

(...)

Vilma andava impaciente pelo corredor quando Bruno chegou para visitar a Fatinha.

–Ah, oi Bruno. Veio aqui ver a Maria de Fátima? –Ela perguntou.

–Sim, espero que não tenha problema pra você.

–Problema? Você está sendo a solução neste momento. Eu preciso ir até o Hostel conversar com o patrão da minha filha e também pegar algumas coisas pra ela, só que o meu marido teve que voltar para Carambolas afim de resolver alguns problemas e eu não queria deixar a Maria de Fátima sozinha. –Ela explicou. –Seria muito incomodo da minha parte pedir que você fique um tempo com ela?

–Não é incomodo nenhum dona Vilma. A senhora poderia aproveitar para descansar um pouco, eu só preciso ir para o estágio depois do almoço. –Bruno respondeu.

–Você é um fofo mesmo! –A senhora disse contente. –Prometo que não demoro.

Logo após Vilma ter ido embora, Bruno entrou no quarto.

–Oi. –Ele cumprimentou a garota. –Posso entrar?

Fatinha acenou com a cabeça permitindo.

–Primeiramente eu gostaria de me desculpar por ter sido rude com você ontem à noite. –Bruno começou a dizer. –Geralmente eu sou mais educado.

–É, pelo visto ontem não foi o meu melhor dia também. –Ela disse envergonhada.

Bruno assentiu.

–E como você está se sentindo hoje? –Ele perguntou.

–Ainda estou confusa com tudo o que eu fiquei sabendo, mas o médico disse que a perda de memória é passageira. –Respondeu Fatinha polidamente.

–Que bom.

Sabe aquele momento em que um silêncio constrangedor cai sobre o ambiente? Pois era exatamente isso que estava acontecendo.

Fatinha estava envergonhada e ao mesmo tempo impressionada pela beleza do rapaz. Ela não sabia sequer como se comportar diante dele.

–Hn, sabe o que é engraçado? –Ela perguntou sentindo as bochechas arderem. –Em menos de vinte quatro horas você já me pediu desculpas duas vezes e eu nem sei o seu nome.

Bruno começou a rir diante da espontaneidade da garota.

–Meu nome é Bruno, mas você sempre preferiu me chamar de Brunito. –Ele respondeu.

Tudo bem, a última parte foi provocação, mas eu não resisti. Era incrível ver a Fatinha ficar corada até as raízes do cabelo. Ela ficava adorável! Quem diria que um dia eu usaria a palavra adorável para descrever Maria de Fátima dos Prazeres?! –Bruno pensava.

–Hn, acho que eu vou ficar só no Bruno mesmo. –Fatinha respondeu.

Eu chamo esse cara lindo e maravilhoso com tamanha intimidade?! Inacreditável! Eu sequer consigo olhar para ele sem ficar quase roxa de vergonha, imagina chamá-lo de Brunito! Se alguém me falar que eu já namorei esse cara ai eu surto de vez. –Ela pensava.

–Fatinha, ontem o Lorenzo tinha pedido que eu trouxesse umas fotos para você dar uma olhada. Você se importa? –Bruno falou tirando o notebook da mochila.

Fatinha... É estranho ser chamada assim. –Ela pensava.

–Não, quem sabe eu não reconheço alguém?! –Ela disse esperançosa.

Fatinha saiu da maca, recusando a ajuda de Bruno, para sentar ao lado dele no sofá.

–Ok, pode começar o show. –Ela disse brincalhona.

Na primeira foto ela estava entre Ju e Lia, sorrindo. (instagram.com/p/UvvD_hMZTd/)

–Quem são essas? –A garota perguntou a ele.

–Elas são da sua sala. A que está fazendo biquinho é a minha irmã, a Ju e a outra é a Lia.

–E nós somos amigas?

–Mais ou menos. Acho que vocês estão mais para colegas do que para amigas. –Bruno respondeu sem jeito.

–Hn. –Fatinha não entendeu muito bem o que ele quis dizer com “mais ou menos” mas preferiu ignorar.

Várias fotos depois e Fatinha não reconheceu ninguém. Acabou que Bruno teve que falar o pouco que sabia de cada um.

–E eu estou oficialmente desmemoriada. –Ela falou brincando. –Acabaram as fotos?

–Acho que sim. –Ele respondeu correndo o olho pelos arquivos.

–Tem uma ali. –Ela apontou para um foto que estava separada.

Bruno sem se lembrar de que foto era clicou no ícone. Assim que a foto abriu, o silêncio voltou a reinar.

(Foto: http://s2.glbimg.com/9hCUUCuGZ3-Pdw8mLtq9Ok6tIakKSdrYzi9zGZ-iZxFIoz-HdGixxa_8qOZvMp3w/s.glbimg.com/et/nv/f/original/2012/11/19/fatinha-e-bruno1.jpg)

–É... -Fatinha tentou dizer alguma coisa. Ela estava mais corada do que nunca.

Bruno logo fechou a foto.

MEU DEUS DO CÉU! QUE FOTO É ESSA?! É OFICIAL: EU JÁ FIQUEI COM O BRUNO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!–Surtava Fatinha mentalmente.

–Eu tenho uma dúvida que me corrói desde as primeiras fotos. –Ela disse mudando de assunto. –O uniforme do Quadrante é assim mesmo?

–Assim como? –Ele perguntou confuso.

–Pequeno. Porque pelas fotos que eu vi o uniforme não cobre nada. Será que os meus pais sabem que o uniforme do Quadrante é tão indecente assim? –Ela perguntou em voz alta.

Bruno começou a rir descontroladamente, o que fez Fatinha ficar sem entender absolutamente nada.

–Talvez se você compartilhar a piada eu poderei rir com você. –Disse ela.

–Fatinha, eu nunca imaginei que ouviria você reclamar que o uniforme do Quadrante é pequeno demais. –Ele disse ainda rindo.

De novo esse apelido... Fatinha.

–Por que? –Ela perguntou confusa.

–Porque o colégio permite que os uniformes sejam customizados e foi você quem cortou todos eles.

–E por que eu faria isso? –Ela perguntou confusa.

–Por que? É simples, você adora causar! –Bruno respondeu voltando a rir loucamente.

–Ok, eu realmente não estou entendendo nada. –Fatinha comentou.

Depois de alguns minutos, Bruno conseguiu controlar o riso. Ele tentou explicar o que ele quis dizer com o “você adora causar”, mas ela não entendeu muito bem. Por fim, eles acabaram mudando de assunto.

O tempo passou sem que eles percebessem, e logo Bruno disse que teria que ir embora. Fatinha, que estava há um bom tempo criando coragem, finalmente perguntou:

–Bruno, talvez seja meio rude da minha parte perguntar mas enfim, o que nós somos? Porque eu imaginava que nós fossemos amigos, mas depois da última foto...


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Notas finais do capítulo

Gente, peço mil desculpas se tiver vários erros. Preciso sair do computador agora.
Se gostar, comente!



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