Final Destination - Risk Of Death escrita por Paul Oliver


Capítulo 5
Risco De Morte


Notas iniciais do capítulo

EAEEEEE Gente! :D
Nossa... Me desculpem pela enorme demora, me desculpem MESMO. Sério, eu jurava que esse cap saíria no começo do mês, mas acabei ficando atarefado, e até o meio do mês de junho ainda vou ficar. :/ Ou seja, o cap 6 vai demorar... Mas sai! Prometo! XD
Enfim, esse cap não é um cap comum. Ele é um divisor na fic, uma espécie de primeiro final, a partir daqui tudo vai ficar mais... slá, um pouco diferente.Sim, está graaaaaaaandão, mas whatever... :P
Mas não pensem que será cansativo de lê-lo! Tipo, as coisas estão BEM corridas, e vão ganhando um ritmo bem bacana, e a maioria das cenas são curtas e bem dinâmicas... Pelo menos é o que eu acho. XD

Bom, boa leitura e não esqueçam... Live or die? Make your choice.



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Carl caminhava numa rua, ela era longa e parecia não ter mais fim. O garoto usava o pijama do St. Mary, este estava sujo com muito pó e algumas manchas de sangue.

O garoto continuava caminhando pela rua, até que de longe pode avistar um casal. Ele foi se aproximando mais deles, mas quando mais se aproximava mais eles ficavam transparentes, até que sumiram. Carl não conseguiu enxergar seus rostos. Então caminhou mais um pouco pela rua, até que chegou a uma curva, virou-a e logo avistou o hospital, o St. Mary.

O hospital estava caído. O garoto manteve a mesma expressão que antes, estava confuso, tentava entender o porquê de estar ali. Ele então caminhou um pouco mais pelo estacionamento do hospital, o silêncio dominava o local, ou melhor, apenas um som era audível. Mas, Carl ainda não conseguia definir aquele ruído.

O garoto estava já em frente à entrada do prédio, então pode reconhecer o ruído, ou melhor, a música:

Cut me down

But it's you who'd have further to fall

Ghost town, haunted love

Raise your voice, sticks and stones may break my bones

I'am talking loud not saying much

[...]

Carl então deu um pequeno passo para trás, mas acabou pisando em algo, o garoto se abaixou e pegou o pequeno objeto. Era um óculos preto todo retorcido, então o garoto arregalou os olhos, e olhou para trás, o que viu o fez ficar com o estômago embrulhado. Viu dois corpos moídos no chão, com os braços e pernas entrelaçados em meio a ossos e muito sangue, ele conseguiu reconhecer uma camiseta cinza, e depois de olhar mais uma vez para os óculos, não tinha dúvida de quem estava ali. Louise e Oliver.

O garoto seguiu em frente, por mais estranho que possa aparecer, sabia que tinha que seguir até o final. Tinha que continuar aquela busca, mesmo sem saber o que buscava. Então o rapaz já imaginava o que veria, e viu. O corpo de Leonel estava caído nos primeiros degraus da escadaria do prédio, estava completamente queimado e na carne viva... Assim como o corpo de Rosie. Carl pode ver que debaixo da placa, o corpo da francesa estava exatamente da mesma cor que o do médico, tinha exatamente os mesmos hematomas e feridas. A única diferença era a placa caída por cima da mulher, e o garoto pode ver no objeto, o nome “Mary”, piscar uma última vez.

Ele terminou de subir os degraus, e se deparou com o grande gerador do hospital. O objeto era enorme, e o garoto pode ver algum sangue escorrendo por debaixo do objeto, mas isso não o preocupava, nem mesmo saber que quem estava por baixo dele era Angel. Isso não aconteceu. Ela está bem, não aconteceu nada disso. A Angel, o Oliver e seu pai, a Louise e a mãe dela... Eles estão bem.

Carl queria entrar no prédio mesmo sem entender o porquê, era isso que queria, e quase que por instinto ele procurava alguma passagem para entrar lá dentro, já que a porta principal estava travada pelos escombros. O garoto então achou um pequeno buraco entre a parede, próximo à entrada principal, com certa dificuldade conseguiu entrar no local. Dentro do prédio, um silêncio dominava. Era estranho, pois a parte de dentro, parecia que não tinha sido derrubada ainda, então Carl olhou mais uma vez para o buraco de onde tinha acabado de passar, olhou para o chão como se estivesse esperando ver algo, mas não viu. Não tinha nada ali.

Andando mais para frente da grande sala, Carl pôde ver em meio aos escombros um rosto conhecido, o da recepcionista. Várias partes de concretos estavam sobre a ruiva, no rosto dela havia uma expressão de dor misturada com desespero, Carl desviou o olhar daquilo, já era o suficiente. Ele andou um pouco mais para frente, em direção à entrada do corredor esquerdo, acabou tropeçando nos destroços do chão, o que o fez observar um jaleco branco em meio às pedras, Carl pôde ler: Dr. Torres.

Então ouviu a música novamente:

Stonehard, machine gun

Fringe at the ones who run

Stonehard, that bulletproof glass

You shoot me down but I won´t fall

I'am titanium

[...]

Carl deixou-se guiar pelo som, que parecia vir daquele lado. Ele voltou para o meio da sala principal e pôde visualizar um corpo, a silhueta não podia esconder, era de uma mulher negra. Porém, o corpo não estava em perfeito estado... Estava sem cabeça. Carl pode ver ali próximo, a cabeça do corpo, ela estava de costas envolvida por longos cabelos pretos. Não foi necessário ver seu rosto, Carl podia se lembrar de quem era. Shaniqua. O garoto não entendia o porquê de não ficar impressionado com aquilo, até que se lembrou do pensamento que tivera logo há pouco. Ela está bem, o Dr. Torres está bem, a recepcionista também está... Carl não conseguiu concluir o pensamento, somente depois de alguns segundos. Mas a Johanna está... Morta, ela morreu. Por quê? Ela está morta, assim como o... Carl correu até o corredor esquerdo, e pôde ver de longe vários corpos queimados, inclusive o de quem ele estava procurando. O rapaz de cabelos castanhos...

O garoto suava e tremia muito, estava confuso. Ele se lembrara de que certa forma salvou todos do desabamento, mas por que então Johanna e Phil estavam mortos? Porque eles morreram?

— Porque é assim que tem que ser, querido.

Carl virou lentamente para trás, para poder ver quem omitira aquela doce e suave voz. Nem terminou de virar-se, e o garoto já sabia de quem era.

Selly estava usando o seu uniforme do hospital, que diferente da roupa de Carl estava extremamente limpo. Ele não sabia porquê, mas a senhora estava feliz.

— Selly? Você... Está bem? Você está viva?! — O garoto disse abraçando calorosamente a senhorinha.

— Nós todos vamos ficar bem, Carl. Você só tem que entender melhor as coisas, entender que a morte não é um coisa ruim. Entender que morrer é um ato tão sincero e preciso, como viver ou amar. Quando você entender tudo isso, você estará pronto para aceitar o seu destino final. — A senhora tocou o rosto do garoto com as suas mãos. — Fique forte. É isso que você tem que dizer.

— Eu não estou entendendo, Selly... Eu não entendo.

— Você entenderá tudo na hora certa. — Selly caminhou mais para frente no corredor, e Carl a seguiu. Os dois pararam no local onde estava um corpo. Carl lembrou-se de quem era o corpo quando reconheceu o local, e avistou duas vigas de ferro. O cadeirante.

— As vidas a serem encerradas, já foram escolhidas... Bom, quase todas. O ser humano é imprevisível, e uma pessoa tem a chance de um recomeço.

— Essa pessoa sou eu, não é?

Selly deu um sorriso.

— Não, Carl. Não é você. — A senhora disse tocando levemente suas delicadas mãos sobre o ombro de Carl. — Essa não é uma história sobre você.

O garoto olhou confuso para a senhora. — Seja quem for que te fez ter a visão, já tinha em mente quem queria que se salvasse. E obviamente, eu, a Johanna e o moço dos cabelos castanhos... — Selly sorriu de lado. — Não estávamos nesse plano.

Carl ficava cada vez mais confuso, então Selly continuou. — Nós não temos nada mais a aprender, mais tem alguém que ainda precisa, Carl. Você só tem que descobrir quem. — Selly parou de falar, então se aproximou do garoto.

— Eu tenho que ir, querido.

— Não, Selly. Por favor, fica aqui! Você tem que me ajudar a entender...

— Quando você despertar, tudo ficará ainda mais confuso. Você vai saber o que decidir, e o que dizer... Fique forte. — A senhora olhou nos olhos do garoto e tocou seu rosto mais uma vez. — Fique forte.

Carl parou e raciocinou por um momento. — Isso é um sonho... Isso não é real, Selly! Os sonhos não são reais! Eles não fazem sentido! Eles não são importantes!

A senhora tirou delicadamente as mãos do rosto do garoto. E com um sorriso nos lábios disse:

— Então por que eles existem?

XX-XX-XX

Carl estava deitado na cama de um dos quartos do Hospital do Centro. Dormia tranquilamente. Já havia muitas horas que o rapaz estava ali, Angel o levara na ambulância que chegara pouco tempo depois do acidente que havia tirado a vida de Phil. Shaniqua resolveu dar apoio à Wen, leva-lo em casa e ajuda-lo com o que podia. Já Angel estava esperando na sala de espera, não era da família de Carl e não podia ficar com ele no quarto, eram as regras.

Uma enfermeira entrou no quarto dele, para checar se tudo estava bem. E pela expressão dela, tudo parecia normal, o garoto continuava dormindo. A moça já se preparava para sair do quarto quando ouviu Carl balbuciar algumas palavras enquanto dormia, em uma das vezes se pôde entender.

— Arranha-céu... É como um arranha-céu.

XX-XX-XX

Naquela noite como de costume, a recepção do Hospital do Centro estava uma correria, pessoas andando para todos os lados e enfermeiras correndo pelos corredores. Angel não estava acostumada com isso, já que comparando com aquela correria, o St. Mary era uma calmaria.

Ela tinha acabado de encerrar uma conversa por meio de mensagens com Dora. Havia contado tudo o que acontecera naquele dia, e desmarcou a visita que Dora faria a ela em seu apartamento. Dora, precisava de você aqui, amiga. Mas não vou fazer você vir aqui, você acabou de chegar de viagem.

Angel estava sentada em uma das cadeiras da grande sala de recepção do hospital, ela estava sozinha, já que há pouco tempo Leonel fora embora com Oliver para casa, e Shaniqua foi ajudar Wen. Angel concordou com a amiga, o cadeirante havia acabado de perder o irmão num terrível acidente e isso era pôr de mais, cruel.

Pensar na morte de Phil, a fez lembrar-se da notícia da morte de Johanna. Por que isto aconteceu com eles? A loira não conseguia fixar seu pensamento nisso, já que Carl era a sua prioridade. O garoto estava internado desde a manhã, quando despertou, o médico resolveu fazer alguns exames e radiografias com o rapaz, o resultado sairia no dia seguinte. O horário de visitas havia terminado e Angel não era a sua tutora legal e não podia ficar no mesmo quarto que ele. Isso só me faz querer pegar a guarda do Carl pra mim, eu quero cuidar dele, amparalo... Como a Selly fazia.

A loira não sabia o que fizera Carl desmaiar. Mas já tinha suas suspeitas... O tumor. Droga! Por Deus, que ele fique bem. Por favor, por favor... Eu não quero perder mais ninguém, não quero. Angel já estava com os olhos marejados, resolveu sair de perto daquela correria da recepção, por pelo menos um pouco.

A moça então resolveu fazer algo um tanto proibido. Entrou no elevador e subiu até o último andar do grande prédio, quando chegou ao último andar, subiu mais algumas escadas até se deparar com o grande terraço do prédio. A vista dali era linda, e era tudo que Angel precisava.

A loira pôde notar o quão enorme era o prédio do hospital. Arranhacéu... É como um arranhacéu.

XX-XX-XX

Shaniqua estava sentada no sofá do apartamento de Wen, este estava próximo da negra. Ele já não chorava mais, estava estático e com a sua expressão favorita no rosto. A inexpressão.

— Eu posso te ajudar em mais alguma coisa, Wen?

— Não. — O cadeirante respondeu secamente.

— Eu posso preparar algo pra você comer...

— Eu já disse que não! — Gritou. — Você já pode ir!

A negra não se assustou tanto, como esperava que se assustaria, com aquele grito. Ela simplesmente pegou sua bolsa e saiu do apartamento. Ele não quer ajuda, que seja então. Shaniqua pegou sua bolsa e saiu do apartamento. Eu não vou discutir com uma pessoa nesse estado emocional. Não sou cruel.

Wen ficou ali sozinho. Mas a dor da perda do irmão também estava ali com ele. Por que isso aconteceu? Por que com ele? Por que daquela maneira?

O cadeirante deitou no sofá, não chorava mais. Mas, em compensação a dor parecia somente aumentar, cada vez mais e mais. Então a mente de Wen, fez ele se lembrar das coisas que aconteceram naquela manhã. Ele pôde avistar novamente o taxi e o caminhão se chocando contra a cabine telefônica. O táxi e o caminhão. O táxi e o caminhão... O táxi!

— O maldito táxi que o Phil havia chamado! Ele mesmo chamou o taxi que causou sua morte... — Wen estava surpreso com aquela informação. — Por que isso aconteceu? Por quê?! — Gritou jogando uma almofada longe, esta acabou acertando um porta-retratos do próprio Wen, quando criança.

O cadeirante avistou de longe o objeto, o vidro do porta-retratos não tinha quebrado.

XX-XX-XX

Angel estava sentada próxima ao parapeito do edifício. O céu estava repleto de estrelas, e a loira gostava daquela paisagem. Olhar as estrelas me deixa tão calma. Me faz lembrar os meus pais, e as noites em que passeávamos no parque após os cultos...

— Droga, Angel! Você não precisa deles! Eles não te querem, supere isso. — A loira falava. — Você já tem quase trinta anos e não é mais uma garotinha.

Ela então pegou o diário de sua bolsa, que estava ao seu lado. Queria dispersar-se desses pensamentos. Angel resolvera terminar de lê-lo de uma vez por todas, ela sentia que não iria encontrar nada ali, mas poder ao menos se lembrar de Selly, a faria bem.

A loira se ajeitou no chão, pegou e abriu o tal livro na página que havia parado. Continuou a ler.

XX-XX-XX

Shaniqua acabava de sair do elevador do prédio de Wen, entrara na recepção. Era um local amplo e bem arejado, até um tanto sofisticado. A moça encontraria Angel no Hospital do Centro, assim as duas se revessariam para ficar a madrugada com Carl, mesmo que do lado de fora. A negra caminhou mais um pouco na recepção do hotel, até que avistou um rosto conhecido.

— Dr. Torres?

— Só Jeff, por favor... — O médico chegou mais próximo de Shaniqua, estava com a voz embargada e com os olhos vermelhos.

— Eu vim visitar o Wen, ver como ele está. — O médico disse cabisbaixo.

— Ah, ele está mal. Se eu fosse você não o incomodaria, ele acabou de perder o irmão e... — Shaniqua se lembrou de que Phil era namorado de Jeff, e o seu sentimento de solidariedade era mais forte que ela. — Oh, Jeff... Senta aqui, senta. — Shaniqua dizia enquanto guiava o médico em um dos sofás da recepção.

— Em dois dias, Shaniqua... — Jeff engoliu em seco. — Em dois dias, eu perdi duas pessoas importantes na minha vida. Eu tô sentindo como se eu tivesse feito algo de errado, e esteja sendo punido...

— Que isso, Jeff! Claro que não é isso! — Shaniqua elevou seu tom de voz, mas logo voltou ao normal. — São coisas da vida. Coisas que nós não sabemos o porquê de acontecerem... Eu também perdi a Selly, eu sei o que você está sentindo.

Jeff olhou para baixo mais uma vez, Shaniqua pôde perceber mais uma lágrima caindo de um dos olhos do médico. — Eu amava tanto ele, Shaniqua... Quando eu soube da morte da Johanna eu me senti muito mal, claro. Eu gostava demais dela, ela tinha seus defeitos, mas também tinha qualidades...

— Eu não vou mentir pra você, Jeff... Eu mesma nunca gostei da Johanna, mas jamais desejaria algo assim pra ela. Eu... Sinto muito.

Jeff olhou para a moça. — Eu sabia que essa barra eu iria enfrentar junto com o Phil. Que ele iria me ajudar, mas aí... Ele morre também. — O médico desviou o olhar para o vazio.

Shaniqua não sabia o que dizer naquela situação. Realmente Jeff, tudo parece tão injusto. A moça não conhecia Phil profundamente, mas sentia que ele era uma pessoa boa.

— Jeff... — Shaniqua disse segurando a mão do médico. Ela iria dizer mais alguma palavra de consolo, mas avistou um rosto conhecido entrando na recepção do prédio.

— Dora?

XX-XX-XX

— Boa noite. Eu quero me registrar aqui no hotel. — Dora acabava de chegar à bancada da recepção. Até que esse ataque do Carl veio em hora certa, não estava com a mínima disposição de ir ao apartamento da Angel... Tadinho, mas enfim.

— Dora é você mesma? — Shaniqua disse se aproximando da amiga e dando um abraço.

— Shaniqua? — Dora não pode disfarçar o espanto. — O que você está fazendo aqui?

— Nossa Dora, mas que jeito de recepcionar uma amiga. — Shaniqua disse rindo. — Bom, aconteceu algumas coisas depois que a Selly... Você sabe. — A negra parou de sorrir. — Eu vim visitar uma pessoa que mora aqui.

— E eu vim me registrar, acredita que depois que eu viajei, deram meu apartamento pra outro? — Dora sabia se virar numa situação inesperada.

— Sério, amiga? Nossa, mas e as suas coisas? — Shaniqua disse puxando a amiga para um dos sofás. Dora tentava disfarçar o desconforto.

— Bom, estão lá. Ainda tenho que buscar.

Jeff se aproximou das duas. — Bom, tenho que ir, Shaniqua. Acho melhor não incomodar o Wen.

— Você faz certo, Jeff... Ei, você não se lembra da Dora? — A negra disse apontando a amiga que logo cumprimentou o médico.

— Humm... Desculpe, mas não me lembro de você.

— Sabe que eu também não. — Dora sorriu de lado. — Por que Shani? Ele trabalhava no St. Mary?

— Sim... Ah, como eu sou burra! — A negra riu. — Vocês trabalhavam em turnos diferentes, eu que sempre troco de turno conheço todo mundo. Ele trabalhava no turno da noite, e você de dia.

Jeff então começou encarar Dora. Um silêncio desconfortante pairou no ar.

— Desculpe, mas o que foi? — Dora meio desconcertada, perguntou ao médico.

— Me desculpe, mas... Eu acho que te conheço sim, mas não pode ser... — O homem olhou para o chão com um olhar diferente. — Essa pessoa está presa. — Disse pra si mesmo.

— Oi? — Shaniqua disse confusa.

— O seu sobrenome não é Urban? Ou é?

Dora se calou. E passou a olhar mais atentamente para o homem. Droga, droga, droga...

— É sim, o sobrenome dela é Urban sim. Deodora Urban. — Shaniqua disse tentando ajudar.

Dora se levantou. — Eu... err... Tenho que ir, eu...

— Quanto tempo que a gente não se vê, hein Dora. — Jeff disse sarcasticamente. Dora virou pra trás, ainda calada. — Eu pensei que você ainda estava na cadeia.

Shaniqua se levantou confusa, e passou a encarar a amiga também. Dora engoliu em seco. Pensa rápido, Deodora! Vai, pensa!

XX-XX-XX

Angel levantou do chão assustada.

— Calma, Angeline... Organiza seus pensamentos. — A loira já terminara de ler o diário e estava completamente chocada e com a cabeça a mil, tamanha eram as coincidências e os pontos que se encaixavam.

— Então... A Selly, a irmã, o namorado e os amigos dela, se salvaram do acidente dessa tal enchente. — Ela engoliu em seco. — Graças a uma visão que o namorado da Selly teve, o Mathew. — Engoliu em seco novamente.

— E a morte... — A loira fez uma expressão assustada. — Veio pegar todas as vidas que deveriam ter sido encerradas nesse acidente. Ela buscou todos, exceto a Selly e o Mathew, porque eles conseguiram vencê-la?

Angel pensava em tudo, andando de um lado para o outro na beirada do prédio.

— O Carl teve a visão. Ele nos salvou. — Angel ficava mais nervosa enquanto agrupava os fatos. — A Johanna morreu, aquele moço também. Eles tinham se salvado, de certa forma, por causa da visão do Carl... Então pode ser por isso que eles morreram, não foi coincidência, não existem coincidências... A Selly ter implorado pra mim tirar o Carl de lá do hospital, não foi coincidência. Ela ter tentado tirar mais pessoas, como o Oliver disse, não foi coincidência. E porra... — A loira gritou baixo. — A Johanna e o tal Phil estarem mortos, não é coincidência... Essa merda tá acontecendo com a gente! Porra! O que eu faço?!

Angel ainda andava sobre o parapeito do prédio, sem olhar para o chão. Foi quando pisou em falso, no ar.

O coração da moça gelou. Angel suspirou, quase caíra do alto prédio, uma queda dessas seria fatal. — Que porra foi essa?!

A loira pôde sentir um vento gelado tocar bruscamente seu ombro. O vento bagunçava seus cabelos e a loira pode se lembrar de tudo que Selly falava no livro, sobre a morte a rondar e brincar com ela.

— Então vai ser assim?! — Angel gritou. — Você não vai levar mais ninguém! Eu não vou deixar! Eu sou forte! Forte!

A loira olhava para todos os lados em sua volta, tremia compulsivamente. Onde eu começo, por onde eu começo... A Selly se salvou tendo um bebê com o marido, o que é estranho pois ela nunca me disse nada sobre isso... Mas enfim, eu sou estéril, mas ainda temos mais pessoas que podem ter filhos... Ela disse que existem outros meios também, mas... Não, não é a hora pra isso ainda. Eu tenho que avisar todos, mas primeiro eu tenho que... A lista, a tal ordem!

— O Carl. Ele teve a visão, e assim como o namorado da Selly sabia a ordem, ele deve saber ou pelo menos se lembrar. Eu tenho que falar com ele... Agora.

XX-XX-XX

— Cadeia? Você já foi presa, Dora?! — Shaniqua estava totalmente confusa. Enquanto Dora não conseguia dizer uma palavra sequer, nem pensar conseguia direito.

— Eu namorei o irmão dela, Shaniqua, o David. — Jeff começou a contar enquanto Dora o seguia com os olhos totalmente arregalados. Shaniqua o interrompeu por um momento. — Eu err... Nem sabia que ela tinha irmãos... Ela sempre disse que era filha única.

— Parece que sua amiguinha te esconde vários segredos, não? Sobre ter irmão, sobre ter sido presa...

— Eu nunca fui presa! — Dora gritou, mas rapidamente se arrependeu. Droga, agora já era...

— Como nunca? — Jeff começou. — Eu mesmo te denunciei! Por tráfico de drogas, lembra? — Dora engoliu em seco, e Shaniqua sentou no sofá completamente chocada.

— Foi por isso que o que eu nunca mais vi o David, por isso que nós terminamos, ou melhor, ele terminou. Porque eu denunciei a irmãzinha traficante dele. — Jeff respirou e olhou pra Shaniqua. — Eu fui passar férias lá na cidade deles, sabe Shani? Eu tinha uns 20 anos e conheci ele, e de brinde veio a Dora... Pensa numa marginal, na ovelha negra da família.

Dora olhava incrédula pra Jeff. Maldito...

— Eu só não entendo porque você disse que nunca foi presa...

— Eu fui... — Dora mentiu, mas a falsa afirmação fez Shaniqua se assustar ainda mais. Eu não posso dizer a verdade, se esse viado maldito descobrir que meu irmão está preso no meu lugar, ele fode com tudo e vou presa. Agora a Shaniqua... Droga!

— Por que você mentiu? — A negra estava totalmente arrasada. — Você sempre me pareceu uma boa pessoa...

— Eu vou indo, Shani... Fica com a sua amiga ex-presidiária... — Jeff foi dizendo. — É incrível como as leis agem no nosso país.

O moço cumprimentou Shaniqua, e saiu sem nem sequer olhar para Dora. Jeff não tinha noção que tinha acabado com todos os planos da moça.

— Eu posso explicar, Shani...

— Explicar o quê? Você foi presa por tráfico... — Shaniqua foi pegando sua bolsa que estava no sofá, Dora segurou sua mão.

— Por favor, amiga. Eu posso explicar tudo, só me dê uma chance. — Dora forçou algumas lágrimas, que com algum custo caíram. — Eu tenho culpa de querer esconder as coisas ruins do meu passado? De deixar as coisas ruins para trás e querer viver uma vida melhor?

— Tudo bem, Dora... — A negra sabia que era sensível e fraca perante situações assim, algo não cheirava bem em toda aquela história, mas não dar uma chance para a amiga se explicar parecia errado.

— Bom... Eu acho que o apartamento já está pronto. Vamos? — Dora disse puxando a amiga.

— Tudo bem...

As duas então seguiram ao elevador após Dora pegar a chave na recepção. Em pouco tempo elas estavam entrando no apartamento, que não era tão simples como Shaniqua pensava que seria. Elas mal tinham terminado de entrar e o celular de Dora tocou no bolso de sua blusa, o que fez a moça se assustar e derrubar a bolsa no chão. Esta acabou se abrindo e derrubando algumas das joias que estavam em seu interior, mas nenhuma das duas havia percebido ainda.

Shaniqua pegou o celular que havia caído no chão e visualizou o nome que estava na chamada.

— O Kurt? Por que ele te ligaria?

— Não é ele, é outro Kurt e... — Shaniqua foi mais rápida e atendeu o celular e não deixou a amiga pegar.

Dora! Eu vi que você pegou metade das joias! Você tá maluca? Eu disse que era para esperar... Dora?! Por que você não tá respondendo?!...

A negra desligou o celular, ela então olhou a bolsa e algumas joias, como colares e brincos, saindo da bolsa da amiga. Dora se apressou para apanhar a bolsa, mas em vão, o plano estava descoberto.

— Você e o Kurt... Roubaram as joias da Angel? Sua... Sua...

Pensa, Dora... Pensa... — Foi... O Kurt! — Dora já sabia o que dizer, estava com as chances em mãos para poder resolver as duas histórias, a da cadeia e das joias.

— Eu já o conhecia da época que eu traficava... — Dora já deixava lágrimas rolarem de seu rosto, enquanto mentia. — Eu tenho tanta vergonha disso... Quando eu vim aqui pra essa cidade, eu queria mudar a minha vida, esquecer-me de tudo do meu passado. Daí eu reencontro o Kurt e desde então... Ela me força a ficar com ele e fazer as coisas que ele quer Shani! — A moça já estava aos prantos enquanto contava. — Ele me obrigou a fugir com ele e mentir sobre meus pais, por causa dele eu perdi o funeral da Selly...

— Mas por que você faz o que ele pede? — Shaniqua disse se aproximando da amiga.

Ela está acreditando... Eu não acredito, que idiota... Dora pensava enquanto segurava o semblante triste.

— Ele dizia que iria contar tudo do meu passado, assim como o Jeff fez... Eu tenho vergonha, Shani... Eu mudei e... Não queria que você descobrisse as coisas assim. — Dora terminou de contar caindo no choro.

— Tudo bem, Dora. Eu acredito, e eu vou te ajudar a se livrar desse maldito desse Kurt. — Segurou na mão da amiga.

— Eu iria aproveitar para contar tudo a vocês, por isso que eu trouxe as joias, o que seria a minha parte, entende?

— Eu sempre soube que o Kurt era uma má pessoa... — A negra sentiu seu celular vibrar, era Angel. — É a Angel, eu preciso atender.

— Não! — Dora interveio. — Por favor, eu não quero que ela saiba de nada ainda. Eu preciso de tempo, sua idiota!

— Mas eu não vou dizer nada, Dora.

— Mas é que uma coisa leva a outra, se ela te perguntar aonde você tá e você se enrolar e...

— O Carl ele tá internado, você sabia?

— Eu há pouco tempo troquei mensagens com a Angel, ela me disse que estava tudo bem.

O celular parou de vibrar. — Se for grave ela liga de novo, e a gente sai correndo daqui, eu vou com você, Shani.

— Bom, tudo bem. Você também está num estado péssimo. Você tá tremendo amiga, quer que eu pegue um copo de água?

— Ai, seria ótimo, obrigada. — A negra foi em direção da cozinha, e Dora aproveitou para seguir seus planos. O celular de Shaniqua estava sobre uma mesinha, e vibrou novamente. Dora o pegou e rejeitou a chamada de Angel, ela apagou esse último registro e deu um jeito de bloquear o número de loira. Assim as chamadas dela seriam rejeitadas automaticamente. Eu tenho que segurar a Shaniqua aqui, por pelo menos essa noite, depois eu vejo o que faço com ela. Shani, Shani... Você deu azar.

XX-XX-XX

A loira caminhara com o máximo de cuidado por entre os corredores do hospital. Desistira de ligar para Shaniqua. Liguei mais de dez vezes e ela não atende. Droga!

A ala onde o quarto de Carl ficava, não era necessariamente proibida aos visitantes, mas Angel não podia estar ali, não naquele horário. Ela conseguiu encontrar rapidamente o quarto dele, e sem nenhum problema conseguiu entrar no quarto. Foi fácil... Dá até medo, qualquer um poderia entrar aqui e fazer alguma maldade.

Carl dormia tranquilamente, sem notar a presença de Angel ali. — Me desculpe, Carl. Mas eu preciso de você. — A loira passou a mão sobre a cabeça do garoto, que aos poucos foi despertando.

— Angel? É você mesma?

— Sim, Carl, sou eu... Só fala um pouco mais baixo, você sabe eu não podia estar aqui.

— Mas aconteceu alguma coisa? — Disse assustado.

— Bom, mais ou menos... Como você sabe, a Johanna e o irmão do Wen morreram. Eles haviam se salvado do desabamento também, e como eu disse pra você hoje à tarde, era tudo muito estranho, mas, era coincidência...

O garoto matinha os olhos em direção aos de Angel, o quarto estava escuro, mas ele conseguia enxergá-la.

— Não é coincidência... Eles morreram porque tinham que ter morrido no desabamento, e já que o fato de você ter tido a visão e salvado a gente, atrapalhou os planos dela, e...

— Dela quem?

— Da morte, Carl. — Angel respondeu secamente. — A Selly, ela já viveu essa situação quando era jovem, eu li no diário dela... Eu sei que é verdade porque tudo meio que se liga. A reação dela naquele dia, as mentiras e contradições que ela inventava referente à adolescência dela. E agora as mortes. Os fatos estão aí, é cruel, é injusto, mas é verdade.

O rapaz estava um tanto confuso, mas aos poucos foi se lembrando do sonho com Selly. Tudo se encaixa, a conversa com a Selly faz mais sentido agora.

— Eu acredito Angel, eu tive um sonho com a Selly e... Ela me disse algumas coisas referentes a isso e...

— Carl, eu não tenho tempo pra você me contar seus sonhos. Eu preciso saber a ordem, as pessoas podem estar correndo perigo! Eu não sei quem é próximo, pode ser você, eu a Shani... Oh, meu Deus!

— Angel, que ordem é essa? Eu quero ajudar, mas me explica!

— A Selly, no diário dela ela dizia que o namorado dela sabia a ordem da lista deles, porque a ordem seria a mesma da visão. Então você tem que lembrar a ordem que nós morríamos na visão... Eu sei que a Selly deve ter sido a primeira, depois a Johanna e o tal do Phil, mas quem é depois?

Carl pensou um pouco. A Selly a primeira? Não... O garoto olhou para Angel, encarando-a.

— Não. A primeira era você. — O coração de Angel gelou.

— Mas... Não faz sentido.

— Sim, era você! Depois o Dr. Torres, a mãe da Louise e depois o Dr. Cook.

— Mas, Carl! Eu, e eles estamos bem... Ainda... Não pode ser essa ordem!

A loira então pensou um pouco mais, e resolvera deixar Carl continuar a contar. — Continue, querido. Continua contando a ordem, mesmo que não faça sentido.

— Bom... — Respirou. — Depois do doutor, era a Louise e o Oliver, eu não sei quem era primeiro, porque eles morriam juntos. — A loira fez um sinal com a cabeça para o rapaz continuar.

— Depois era a Shani, e daí sim, era a Selly! E depois dela era a... Johanna.

Angel olhou pro chão, começava a fazer algum sentido.

— E depois foi o rapaz de cabelos castanhos eu acho, já que eu não sei se ele ou o tal do Wen morria primeiro...

— Aparentemente era ele. — A loira interrompeu.

— E por último era eu.

Angel pensava. E depois de alguns segundos, chegou à uma conclusão óbvia.

— Por alguma razão a lista me pulou, quer dizer, eu e todos os que vinham antes da Selly. Começando a ordem na Selly, e depois foi pra Johanna, e depois pro Phil.

— Mas por que?

— Isso não importa agora... — Angel olhou pro garoto. — O próximo é o Wen e depois...

— Sou eu.

— Eu não vou te deixar sozinho, Carl. Fica tranquilo...

— Você tem que salvar o Wen! E se você salvá-lo e tudo acabar?

— Não, isso vai por ele no final da lista. No diário explica isso.

— Tudo bem, mas você tem que salvá-lo!

— Ele não merece ser salvo! A gente não pode perder tempo com ele! — A loira gritou. — Olha como ele vive a vida dele! Ele não dá valor à nada! Não deu valor ao irmão que só dava carinho à ele! Ele mesmo disse que quer morrer, que morra então!

— Você não é Deus para decidir quem vai morrer ou não! — Carl gritou também.

— Eu não vou matá-lo, Carl! Não sou eu que vou matá-lo!

— De certa forma é. Você e eu somos os únicos que sabem que ele está correndo perigo, mas você é a única que está em condições de ir salvá-lo. — Carl suspirou fundo. — A Selly tinha razão... A vida do Wen está nas suas mãos Angel, você tem que escolher.

Angel passou as mãos sobre os cabelos, Carl a encarava, mas de repente sentiu uma pontada na cabeça, a dor fazia com que seu rosto todo latejasse. O garoto começou a gemer tamanha era a dor.

— Carl! — Angel ficou completamente apavorada. — Enfermeira! Alguém!

Rapidamente duas enfermeiras entraram no quarto.

— O que você faz aqui? — Uma delas perguntou.

— Isso não tem importância, o que ele tem?! O que houve?!

— Eu vou chamar o médico. — Uma das enfermeiras disse saindo do quarto, enquanto a outra aplicava um sedativo no garoto. Rapidamente, o médico chegou no quarto. Ele era um homem alto, branco e com os cabelos pretos num topete, Angel já o vira de manhã, era ele que estava cuidando do caso de Carl. Ele aparentava ter mais de trinta anos, era um homem muito afeiçoado, mas Angel não estava com cabeça para perceber isso no momento.

— Esse é o paciente que veio do St. Mary? O que tem um tumor no cérebro? — A enfermeira assentiu e o médico fez um sinal negativo com a cabeça.

— O que houve? — Angel disse se aproximando, enquanto o médico o examinava.

— Parece que o tumor está mais perigoso do que eu imaginava. Eu ainda não tenho certeza, já que os exames ainda não ficaram prontos... Mas, pelo jeito a cirurgia tem que ser feita o mais rápido possível.

Angel ficou paralisada.

— Eu realmente não entendo por que essa cirurgia não foi feita antes. — O médico disse se dirigindo a loira.

— Os médicos do St. Mary diziam que a retirada do tumor podia ser perigosa, e como o tumor era aparentemente benigno, era mais apropriado ele esperar completar a maioridade para decidir. Isso seria daqui há algumas semanas...

— Bom, agora somente a família poderá autorizar a cirurgia. Aliás, você é o que dele?

— Nada, quer dizer, sou como uma tia... Mas, nada registrado, eu era enfermeira no St. Mary antes do desabamento e... Enfim, ele é órfão. — Angel explicava tudo enquanto sua cabeça estava em turbilhão, por causa da história da lista.

— Entendo. Sendo assim, a responsabilidade e a decisão são minhas.

— Não! Ele não pode fazer essa cirurgia! É perigoso! — Angel gritou.

— Ele vai morrer se não fizer.

— Mas e os riscos?

— Eles existem, são altos mas, ele não pode esperar... Eu ainda não abri os exames, mas pelo que estou vendo, ele pode morrer daqui a um dia, uma hora... À um minuto.

Angel colocou a mão sobre a boca, e começou a chorar.

— Olha, eu sei que eu deveria te denunciar já que você não poderia estar aqui. Então te peço que você espere na recepção. Eu juro... — O médico olhou nos olhos na loira. — Eu juro que antes de preparar tudo para a cirurgia, eu te chamo para você falar com ele.

O médico foi saindo do quarto, e Angel o seguiu. O homem então colocou a mão no ombro da loira.

— Ele vai ficar bem... — Angel olhou no jaleco do médico. — Doutor Kramer?

— Não é a primeira vez que eu lido com um paciente assim. Eu prometo que vou fazer o possível, é...

— Angel. O meu nome é Angel.

XX-XX-XX

Depois de aproximadamente meia hora, o médico veio em direção a Angel, que estava sentada em uma das cadeiras da sala de espera em meio aos seus pensamentos. A Shaniqua não atende o celular, e agora? O Wen... E essa cirurgia, e se algo der errado? E se eu não estiver aqui com o Carl?

— Com licença, Angel. — O médico disse se aproximando. — A cirurgia vai ser feita daqui à alguns minutos...

Angel se levantou secando algumas lágrimas e ajeitando o cabelo.

— Me siga, eu vou te levar para ver o Carl. Ele acordou.

—Sim, muito obrigada mesmo. Eu preciso muito falar com ele.

O médico então caminhou em direção a um corredor e a loira o seguiu, havia muitas pessoas na recepção e ninguém notou a presença da moça entre os médicos.

— Seja rápida Angel, você sabe, cada minuto é crucial pra vida dele. — O doutor disse abrindo a porta.

— Eu sei. Eu sei...

A loira então entrou no quarto e o médico fechou a porta. Carl restava acordado e aparentemente bem, Angel o encarou por alguns segundos.

— Eu vou fazer a cirurgia agora, o doutor me disse.

— Vai. Fica tranquilo, eu vou estar te esperando e tudo vai dar certo.

— Mas e o Wen? Você tem que salvá-lo.

— Eu já liguei pra Shani... — Mentiu. — Ela vai ficar de olho nele.

Carl olhou nos olhos de Angel, era impressionante como ele podia enxergar o interior da moça, e descobrir quando ela mentia. — Você sabe que se você ficar aqui, de nada vai poder me ajudar. Na hora da cirurgia, eu vou estar nas mãos dos médicos.

Angel olhou pro chão.

— Se você encontrar o Wen e impedir que nada aconteça à ele, tudo na cirurgia vai ocorrer bem, Angel. — Carl sorriu. — Pelo que eu entendi, a morte não pode me levar se é a hora dele. A minha vida agora, depende da dele. Pois se acontecer algo a ele Angel, ele sobrevivendo ou não, eu vou morrer. A única chance de eu escapar vivo dessa cirurgia é você impedir que qualquer coisa aconteça com o Wen.

A loira pensou um pouco. — E se eu der um jeito de te tirar daqui? Eu posso tentar e...

Carl a interrompeu. — Não Angel, eu tô fraco, eu não conseguiria.

Angel o olhou com um olhar de melancolia, e deixou escapar algumas lágrimas dos olhos. — Ok, Carl. Eu não posso perder tempo então, eu vou achar o Wen, e não vou deixar nada acontecer com ele, eu juro!

— Vai Angel, vai ficar tudo bem. Nós todos vamos ficar bem. — Angel abraçou o garoto e lhe deu um beijo na bochecha.

— Eu amo tanto de você, Carl. Eu sinto como se você fosse realmente da minha família.

— Eu também te amo muito, Angel. Você foi mais que uma amiga pra mim, eu sei que às vezes eu brincava, mas eu sempre te considerei como uma irmã.

— Pela minha idade, tô mais pra tia. — Sorriu de lado. — Eu vou indo Carl, tudo vai dar certo. — A loira foi indo em direção à porta, mas sem tirar o olhar do garoto na cama.

— Angel! — Carl a chamou, após se lembrar de algo. — Fique forte, Angel. — A loira sorriu, e com pesar fechou a porta e saiu do quarto. O médico esperava do lado de fora.

— Obrigado por me deixar falar com ele, eu preciso ir agora. — A loira disse secando as lágrimas e saiu correndo pelo corredor. O médico a olhou confuso.

Kramer então entrou no quarto de Carl, o cumprimentou mas o garoto não respondeu, ele estava paralisado com os olhos abertos. O homem correu para próximo dele, preocupado, mas Carl logo voltou a si.

— Você está bem?

— Sim, eu acho... — Aconteceu de novo. Carl olhou pro vazio um pouco confuso. — O que é um arranha-céu?

O médico estranhou, mas respondeu. — É um tipo de prédio muito, muito alto, e que metaforicamente tocam o céu, ou "arranham"...

— Eu lembro que agora à pouco você sussurrou essa palavra, enquanto dormia. — Uma enfermeira que acabara de chegar, contou.

O garoto olhou pro vazio, sua mente fazia um revirado de informações. Tudo se encaixava lentamente, e várias frases e imagens vinham em sua mente.

Carl fechou os olhos.

Você entenderá tudo na hora certa... Essa não é uma história sobre você... Eu sinto como se você fosse realmente da minha família... A minha vida agora, depende da dele... Ele não merece ser salvo! Você não é Deus pra decidir quem vai morrer ou não! Desde que eu me entendo por gente, eu corro risco de morte... São os meus anjos... Destinado á morrer... Carl, eu só quero que você tenha sempre fé... E o que importa é que todos estaremos juntos um dia, no final... Você é um sobrevivente, Carl... Entender que morrer é um ato tão sincero e preciso, como viver ou amar... Quando você entender tudo isso você estará pronto para aceitar o seu destino final...Os sonhos não são reais! Então porque eles existem? Você só tem que entender melhor as coisas... Nós não temos nada mais a aprender, mais tem alguém que ainda precisa...

Carl abriu os olhos.

— Eu preciso ligar pra uma pessoa. Eu preciso... Por favor doutor, você pode me emprestar o seu celular? Eu acho que eu sei o número de cór.

XX-XX-XX

Leonel acordou de súbito. O médico estava dormindo quando teve um pesadelo que o fez despertar. O homem estava usando somente uma calça de moletom, e estava com o cabelo mais bagunçado do que de costume. Ele sentou na beirada da cama e colocou as mãos sobre a cabeça, tomando fôlego. O que será que significa sonhar com a própria morte?

Ele então olhou para o lado e pôde ver um porta-retratos, onde estava ele e sua esposa abraçados num parque florido, ela estava grávida.

Leonel podia se lembrar perfeitamente daquela tarde. Sorriu.

XX-XX-XX

Abril de 1995

Leonel e a esposa estavam sentados num parque florido, em cima de uma toalha xadrez. Estavam fazendo um piquenique. Ele estava alguns anos mais jovem, e sem a sua convencional barba.

— Me passa a torrada, Vanessa?

— É claro meu amor. — A mulher deu um pote ao marido. — Vanessa era uma mulher muito bonita, tinha os cabelos castanhos cor de mel, lisos e soltos. Seu rosto tinha traços delicados e suaves que condiziam com a sua doce personalidade. Um belo vestido florido, a deixava ainda mais encantadora.

Leonel a olhava com todo o amor que podia. — Parece que a gravidez te deixou ainda mais bonita.

— Obrigada, meu amor. — A moça se inclinou para beijar o marido. — Eu ando pensando... Tem certeza que você quer fazer o meu parto?

— Sim! Vai ser maravilhoso fazer o parto do meu próprio filho! — Leonel disse com os olhos brilhando, empolgado.

— Eu sei, meu bem, mas você pode ficar nervoso e...

— Vai dar tudo certo, amor! Nosso filho vai nascer com muita saúde, eu prometo.

— Promete? — Vanessa sorriu.

— Prometo ainda mais... — Leonel sorriu. — Prometo ser o melhor pai do mundo! Dar todo o carinho que o nosso filho merece!

— Isso eu não tenho a mínima dúvida, seu bobo!

Leonel a envolveu em um longo e demorado beijo. E depois passou a mão delicadamente sobre a barriga da esposa.

— Não é, garotão?

XX-XX-XX

Leonel acabara de chegar na cozinha de sua casa. O sono não veio mais, e o médico resolvera tomar um copo de água.

— Promessas... Elas nunca deveriam existir. Principalmente para pessoas como eu.

Leonel sentou no sofá, se surpreendeu com o telefone tocando. Quem é a essa hora? São quase três da manhã! Será que é a Angel? Mas, não lembro de ter dado meu número a ela... O médico tirou do gancho.

— Alô?

XX-XX-XX

Wen havia acabado de entrar no elevador do prédio. Estava sozinho, e ele mesmo apertou o botão que o levaria ao estacionamento subterrâneo do edifício. Eu não vou passar pela recepção, iriam me encher de perguntas e... Pessoas intrometidas! Ele secou uma lágrima que escorreu de seu olho esquerdo. Pode ficar tranquilo Phil, eu já estou chegando...

A ideia que estava na cabeça do moço era um tanto esquisita. Wen queria morrer, estava certo disso. Agora sem o irmão, não tinha mais nada que o fizesse se sentir preso ao mundo. Nada poderia atrapalhá-lo, nada. O plano do cadeirante era simples: Se jogar na frente do primeiro caminhão ou ônibus que passasse na rua. Wen queria morrer da mesma maneira que o irmão, atropelado.

— Não fica triste, Phil... — Wen encarava a porta do elevador que abria, havia um homem esperando para subir. — Eu vou ficar com você, irmãozinho.

XX-XX-XX

Angel teve a sorte de lembrar-se o nome do hotel de Wen, graças a Shaniqua que momentos antes havia a informado. Shani, aonde você tá? Tomara que essa falta de notícias, não signifique algo ruim. A loira pensava enquanto o táxi aonde ela estava, continuava em movimento pelas ruas da cidade.

— O senhor não pode ir um pouco mais rápido?

— Olha, senhorita... As ruas da cidade andam muito perigosas, mesmo essas horas da madrugada, os acidentes ocorrem. — O motorista, um homem já de meia idade, conversava com Angel a olhando pelo retrovisor.

— Hoje mesmo, um colega de anos da nossa companhia de táxis acabou morrendo em um acidente em frente ao cemitério municipal.

— Eu fiquei sabendo. — Angel se lembrou do terrível acidente após o Memorial.

— O nome dele era Carl.

Angel não pode deixar de reparar na coincidência.

— Acredita que ele tinha acabado de sobreviver à um assalto no banco?

— Sério? — Angel foi dizendo, não estava afim de conversar, mas não queria ser grossa. — Tem coisas que acontecem e a gente não entende mesmo... Talvez a gente nunca entenda.

O táxi parou em frente ao prédio, era um edifício de tamanho razoável, mas elegante. Angel pagou o taxista e pegou sua bolsa e saiu do carro, foi andando o mais depressa possível, chegando a recepção.

— Eu preciso visitar o Wen! É... Wendell! O nome dele é Wendell, eu acho! — A loira foi dizendo nervosa para a recepcionista.

— Como assim, "eu acho"?

Angel respirou. — Você precisa me deixar entrar, é caso de morte ou morte... Ele é um cadeirante, se isso ajuda.

— Ah, Wendell Aleen... Ele perdeu o irmão hoje de manhã.

— Sim, foi... Por favor, eu preciso falar com ele!

— Bom, eu vou ligar pra ele, para ver se ele autoriza a sua subida. Já é quase de manhã, ele deve estar descansando.

A loira batia os dedos na bancada, estava nervosa e a ponto de fazer uma loucura. Qual dessas chaves é a do quarto dele? Eu tenho certeza que ele não vai autorizar a minha subida. Angel pensava olhando na prateleira cheia de chaves atrás da recepcionista.

XX-XX-XX

Carl já estava sedado na maca, o garoto estava inconsciente e preparado para a cirurgia. O Dr. Kramer e seus ajudantes já chegavam a sala de operação, a sala era mantida numa iluminação forte e extremamente clara, a maca com o corpo do garoto foi posicionada num local estratégico, perto de todos os utensílios necessários para a cirurgia.

— A anestesia, Shawnee. Geral. — Dr. Kramer ordenou a uma das enfermeiras.

Shawnee era uma jovem enfermeira. Havia terminado de conseguir uma vaga no corpo de funcionários do Hospital do Centro. Era uma jovem oriental de vinte e poucos anos, não tinha uma aparência bonita, ao contrário, tudo o que fazia de errado em sua vida, se refletia em sua aparência. As drogas, elas sempre estavam presentes na vida da recém enfermeira, seja para curar suas dores, suas angústias e mágoas do passado ou para uma simples comemoração.

A moça se aproximou do local onde ficavam as injeções de anestesia, de um lado estavam as anestesias gerais, e do outro as locais. De repente a vista da asiática ficou turva por alguns segundos, ela ajeitou a máscara de proteção que estava em seu rosto, e fechou os olhos com força. E após uma chamada autoritária do médico, a moça pegou uma das seringas e entregou à ele. Uma outra enfermeira aplicou o líquido no braço do garoto.

Shawnee ainda estava zonza. Eu não devia ter fumado unzinho agora à pouco. Mas como eu ia imaginar que o Kramer ia querer operar às essas horas da madrugada? Eu pensei que o turno da noite era mais calmo... A moça pensava, se aproximando dos outros colegas perto do corpo inconsciente de Carl.

— Agora vamos esperar alguns minutos até a anestesia fazer efeito. Enquanto isso quero que vocês desinfetem mais uma vez os aparelhos que utilizarei. — Doutor Kramer dizia aos seus ajudantes. — Não quero que nada dê errado nessa cirurgia. Eu te prometi, Angel. Angel... O médico se lembrou da moça. Que nome lindo, mas a dona dele é ainda mais.

Na maca, Carl não fazia nenhum movimento. Ele permanecia estático, com o semblante tranquilo e com os olhos bem fechados.

XX-XX-XX

Wen caminhava, com a ajuda de sua cadeira de rodas, pelo pátio do estacionamento. O homem estava seguro de si, tinha a total certeza do ato que iria fazer. O suicídio. Para Wen, este era o único meio de se sentir melhor, a única forma de poder se perdoar por ter desprezado o irmão à poucos segundos da morte do próprio.

— Eu vou reencontrar os meus pais, o Phil... Eu vou poder andar novamente, eu vou andar! Eu estarei livre dessa prisão, dessa vida... Se é que se pode chamar de vida, uma vida dessas. Uma vida preso à uma cadeira... Eu quero me levantar! — O homem colocou as mãos sobre o rosto após o grito. Não havia ninguém ali.

Wen secou as lágrimas que caíam em seu rosto. Foi quando visualizou um caminhão no alto de uma rampa, um tanto distante dele. O veículo estava com os faróis acessos e parecia ligado. Wen encarou o veículo, e pôde constatar que o motorista havia saído e deixado o caminhão ligado. Idiota.

Ele então se preparou para continuar o seu trajeto, e quando foi passar a mão na manivela que ajudava a cadeira de rodas andar, não conseguiu. Ela estava travada. Ele não podia sair dali, a cadeira não se movimentava. Foi quando Wen ouviu um barulho vindo da direção do local do caminhão, ele parou de tentar movimentar a manivela e olhou pro veículo. O caminhão havia ligado sozinho ou algo assim, Wen ainda não sabia como e nem porquê, mas o veículo estava andando e o pior... Vindo em sua direção.

XX-XX-XX

— Ele não atende. — A recepcionista colocou o telefone de volta no gancho. — Me desculpe, mas eu acho que o Wen deve estar dormindo.

Angel colocou as mãos sobre sua cabeça.

— O Wen? Aquele rapaz da cadeira de rodas? — Um homem que usava um uniforme semelhante a de um faxineiro, falou se aproximando da bancada e das garotas.

— Sim! — Angel disse esperançosa.

— Eu vi ele a pouco, ele estava e deve estar ainda no estacionamento... Ele saiu do elevador e eu entrei.

Angel saiu correndo em direção ao elevador, a loira entrou no aparelho e apertou o botão que a levaria ao local. Droga Wen, não posso perder você de vista! Em pouco tempo, a loira chegou ao grande pátio do estacionamento. Ela saiu do elevador e correu em disparada pelo local, passava correndo por entre os carros, gritando pelo homem.

— Wen! Wen! — A loira o avistou um tanto longe, ele estava parado e puxando algo próximo de sua perna, mas a loira estava eufórica demais para perceber. Ela então chegou próximo do cadeirante, Wen levou um pequeno susto.

— Você?! — Wen não sabia o que dizer, o caminhão estava prestes a descer a rampa, e Wen já imaginava o que aconteceria.

Foi aí que Angel reparou na luz omitida pelos faróis vindo do veículo, no alto da rampa.

— Meu Deus!

— Me ajuda a sair daqui, garota! Vai rápido! — Wen gritava, já tinha esquecido de tudo o que pensara antes. O homem estava assustado, era como se a morte o estivesse encarando, ele podia sentir que em poucos segundos perderia a vida, numa morte dolorosa e brutal. Aquela sensação o deixou completamente apavorado. Não era assim... Não agora... Eu...

— Eu não quero morrer!

— Calma, Wen! — Angel se inclinou e puxou a tal alavanca. Nada, nada acontecia. Ela tentou movimentar a cadeira e nada. — Droga, é agora! A hora dele é agora.

Wen estava assustado demais para perguntar qualquer coisa, apenas encarava Angel com os olhos, e estes mesmos se arregalaram quando viram que a loira se afastava aos poucos.

— Aonde você vai? Você vai me deixar aqui?! Vai me deixar morrer?!

Angel já chorava naquela altura. A moça olhava o cadeirante nos olhos enquanto pensava. Eu o salvando ou não, a lista vai seguir pro Carl... Eu não posso perder tempo aqui.... Me desculpe.

— Me desculpe. — Angel virou e começou a caminhar lentamente em direção à uma outra saída do local, ainda com as mãos sobre a boca.

Wen ficou estático. E olhou mais uma vez para o caminhão no alto da rampa, o veículo já passara lentamente quase todas as rodas e estava prestes a descer, e com o embalo se chocaria com uma parede no fundo do estacionamento. Só que entre eles estava Wen, impossibilitado de se mover, era um alvo fácil.

O caminhão passou todas as rodas para a parte inclinada da rampa, e pegou o embalo, vindo com toda velocidade para cima de Wen. Ele pode ver melhor a placa do caminhão, e as letras e números da placa: 4 D 3 4 7 H.

Morte? O cadeirante fechou os olhos. Acabou... Finalmente acabou. Ele então sentiu uma pontada em seus braços, eram como unhas arranhando sua pele... E eram.

Angel conseguiu tirar o corpo de Wen de cima da cadeira nos últimos segundos. Agora, ela estava caída por cima do rapaz, ele pode sentir o vento do movimento do caminhão e pôde ouvir o grande baque deste numa parede no fundo do pátio.

— Você me salvou... — Wen disse olhando a loira nos olhos, enquanto ela se levantava.

— Eu tenho que ir... Com o barulho do estrondo, devem vir pessoas aqui... Peça ajuda à eles. — A loira disse ainda zonza, e saiu correndo em direção à uma das saídas do local.

— Mas, eu nem lembro o seu nome! — Wen estava caído no chão sem poder se levantar.

— Angel! — A loira gritava enquanto corria. — O meu nome é Angel, droga!

XX-XX-XX

Anjo...

Você está agindo como um esta noite. Eu estou bancando o anjo ajudando à todos...

Angel estava de volta ao táxi, era um outro, com um outro motorista. A loira chorava compulsivamente, passava a mão sobre o rosto, e ficava ainda pior quando lembrava que a vez de Carl havia chegado, e ela não estaria do seu lado. Por favor, que o Carl esteja bem, meu Deus. Eu prometo que se tudo acabar bem, eu... Eu visito os meus pais, eu falo com eles eu os perdoo, eu prometo. Essa vai ser a minha promessa. A loira secou algumas lágrimas.

Em algum tempo, o táxi finalmente chegou e estacionou em frente ao Hospital do Centro, Angel pagou rapidamente o motorista e entrou correndo na recepção do prédio.

— Cadê o Carl?! Cadê ele? — A loira gritava com toda a força que tinha em frente a bancada da recepção. Logo algumas pessoas vieram acalmá-la.

— Angel? — O Dr. Kramer chegou próximo da loira.

— Graças a Deus, Doutor! — Angel estava tão nervosa, que só de avistar alguém conhecido se acalmou um pouco. — O Carl está bem não está?

O médico olhou nos olhos da loira.

— Angel, eu prometi que iria fazer o possível... Eu fiz. — O moço desviou olhar. — Houve um erro no começo da cirurgia, já faz alguns minutos e...

O médico olhou profundamente nos hipnotizantes olhos azuis de Angel.

— O Carl está morto.


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Notas finais do capítulo

SE NAUM LEU O CAP, AQUI PODE (OU NÃO) TER ALGUM SPOILER... ARRISQUE-SE, SEU REBELDE. U.U

Sim, isso aconteceu mesmo. :(
Tudo estava planejado deeeeeesde o começo. E acreditem, se acharam esse cap corrido e agitado, precisam ver o que ando pensando em fazer nos próximos... XD
Espero que tenham gostado, se surpreendido, chorado, ficado contentes, ou ficado com vontade de enfincar as unhas em mim ~ like a Angel ~ Espero que tenham sentido algo, ao menos.
Ah, e fiz várias homenagens a uma franquia famosa de terror e uma cantora que eu gosto bastante