Harry se sobressaltou, ela nunca tinha ressaltado características que fizessem menção aos seus pais então ele entendeu isso como um sim ao seu pedido.

Ainda sem jeito eles se abraçaram o primeiro abraço em 18 anos, 11 meses e 23 horas.

A menção das horas o fez soltar a tia lentamente, eles tinham muito trabalho a fazer.

–Então vocês vão?

Antes que a tia pudesse responder o tio levantou.

–O que está acontecendo? Petúnia, você não pode considerar essa ideia maluca não é? Nenhum de nós vai a essa escola de truques!

A tia em silencio abaixou a cabeça, ela teria que encontrar um modo de convencer seu marido, o mesmo que Harry pensava em fazer, mas antes que os dois tivessem uma ideia, a situação perfeita se formou.

–Fale por você pai, eu com toda a certeza vou aproveitar essa chance.

–O que? – Todos na sala perguntaram perplexos olhando para Duda, que estava em pé na frente do sofá.

–C...Como...Como assim? Duda, por favor... – Começou tio Valter.

–Pai, olha, eu sei que nunca fui uma boa pessoa, principalmente com o Harry, mas eu cresci, Harry salvou minha vida e eu nunca pude fazer nada em troca, ele não tinha nenhuma obrigação comigo quando aquilo me atacou, mas ele ficou para me proteger, mesmo podendo ser expulso da escola dele. Sem contar que eu sempre tive um pouco de inveja de você Harry.

–De mim?- Perguntou Harry voltando a se sentar na poltrona.

–Claro. Eu nunca fui uma pessoa muito sociável, isso por que eu nunca fui uma pessoa legal, eu estava acostumado apenas com você e eu podia ter tudo enquanto você não tinha nada e eu achava isso normal. Até que eu entrei na escola...

“Eu não consegui me relacionar muito bem no começo, até o dia em que uns garotos da quarta serie tentaram me bater e eu acabei batendo neles. Depois disso todos queriam ficar perto de mim, se sentiam protegidos perto de mim, mas ao invés de fazer isso você sempre fugiu de mim como o diabo da cruz, por isso eu passei a te perseguir aqui em casa e lá na escola... Conforme fomos crescendo, eu ganhava os melhores brinquedos e as roupas mais legais e você ficava com minhas roupas velhas e brinquedos quebrados, mas isso nunca foi importante pra você, enquanto mais e mais pessoas se aproximavam de mim pelo que eu poderia oferecer, você não, e pior, sempre que eu obrigava você a ficar sozinho, ou te perseguia sem motivo você fazia coisas muito mais legais sozinho, como a vez que você foi parar no telhado da escola por que eu queria te bater, ou quando fazia aqueles brinquedos quebrados andarem de verdade ou voarem... Até quando fez a tia Guida encher feito um balão!- Ele deu uma risada como se a lembrança ainda o deixasse feliz - Por mais que eu fizesse coisas contra você, você nunca tentou se aproximar de mim e acho que no fim era exatamente o que eu queria que fizesse. “

Harry olhou seu primo grandalhão, será que ele tinha tomado cerveja amanteigada estragada? O que era aquilo que estava acontecendo? Sua família estava se desculpando com ele?

Harry sentado podia ver o quanto se primo havia amadurecido, o tempo mostrou a ele o que era humildade e caráter, coisas que ele não possuía.

– Acho que, se você ainda quiser, bem... Acho que se você puder... Er... Perdoar algumas das coisas que eu te fiz... Será que... – Começou um Duda mortalmente vermelho erguendo a cabeça olhando para Harry.

–Tudo bem, Duda- Interrompeu Harry vendo como o primo estava lutando com as palavras, ao que parece os Durleys tinham sentimentos por ele, tudo o que atrapalhava aquela relação eram magoas e medo do desconhecido. – Eu consigo entender as coisas de um jeito melhor agora, acho que tudo o que precisávamos era de uma conversa franca e eu realmente adoraria poder ter uma relação familiar solida com vocês, e não se preocupe quanto a isso Duda, não era como se você não me atingisse realmente... Lembra-se daquele dia no zoológico, quando você ficou preso dentro do viveiro da jiboia? – Ele esperou o primo concordar com a cabeça – Acho que pode me considerar culpado por aqui...

Antes que ele pudesse terminar seu primo havia dado três passadas largas até ele e agora lhe dava um abraço de urso. Ao redor da sala Tia Petúnia e Hermione choravam copiosamente, Gina tentava segurar o choro, mas seu rosto já estava ficando vermelho, enquanto isso Luna se revezava oferecendo lencinhos de papel para Hermione e Petúnia.

Quando Duda resolveu soltá-lo ainda disse.

–Espero que nosso relacionamento seja melhor do que o das nossas mães, eu sinto muito pela sua mãe, Harry.

–Obrigado, ela era sua tia no final das contas, você também deve ter sentido falta, de alguma maneira...

Duda confirmou com a cabeça e foi consolar a mãe, Gina e Hermione deram um abraço em Harry deixando o garoto ainda mais sem jeito enquanto Rony ria de sua cara.

Foi Neville que quebrou o clima com um pigarro.

–Já que está tudo resolvido, será que poderíamos já arrumar as malas?- Ele disse olhando no relógio de pulso.

– Como assim malas? Vão nos tirar de nossa própria casa?- Começou tio Valter.

–Valter, por favor, deixe o menino falar... Por favor, por que teríamos que fazer as malas?Não teríamos que ir apenas em Setembro?- Perguntou a tia para desespero do marido.

–Sim, vocês terão que estar lá em setembro, mas Harry acha que o melhor é fazer com que vocês tenham um contato com o mundo bruxo antes de irem para Hogwarts, tentar minimizar o choque de sair de vidas normais para fantasmas e cachorros de três cabeças. - Continuou Neville.

–CACHORROS DE TRÊS CABEÇAS?!?!?! –Guinchou o tio caindo no sofá.

–Foi só um exemplo, até por que Hagrid tirou o Fofo de dentro do castelo... – Disse Hermione.

–Mas quando então vamos sair? E para onde?

–Não se preocupem vocês vão para minha casa, A Toca, e sairão daqui hoje... -Disse Rony.

Os Dursleys se olharam, era obvio que Tio Valter não queria ir, mas também não deixaria sua mulher e filhos irem sozinhos e eles por sua vez, queriam ir, mas também não gostariam de deixar o homem sozinho.

Tio Valter se levantou do sofá e disse para Harry:

–É seguro? Quero dizer, nós voltaremos para casa? Teremos uma casa quando voltarmos?

–Claro Tio, vocês mesmos cuidarão da casa enquanto estiverem fora, ninguém vai desconfiar.

–Como assim? – começou Valter, mas foi interrompido.

–É mais fácil mostrar do que explicar, mas vamos por enquanto nos concentrar em fazer as malas. Gina, Luna, Mione, vocês podem ajuda-los a preparar o que terão que levar?

–Claro que sim, meu pai me ensinou a fazer as malas desde cedo sabe, sei fazer as meias ficarem bem enroladas. -Disse um Luna sorridente.

Enquanto as meninas conversavam sobre qual feitiço usar Harry voltou a sentar na poltrona, com Rony e Neville sentados nos braços da mesma, olhando para sua família ele confirmou o quanto sua decisão de fazê-los entrar em contato com o mundo da magia antes de entrar em Hogwarts, foi correta.

Sua Tia agora estava sentada sendo abraçada pelo filho que estava no meio recebendo palminhas nas costas de seu pai que não conseguia parar de resmungar.

Com um movimento de varinha das meninas malas e roupas começaram a voar escada abaixo, meias se enrolavam perfeitamente em todas as malas e rapidamente elas estavam prontas, deixando os Durleys apavorados, principalmente quando casacos de viagens apareceram flutuando em suas direções.

As meninas olharam para suas obras com satisfação, seis malas perfeitamente arrumadas e voltaram para perto do resto das pessoas na sala, Harry ficou de pé mais uma vez e disse em voz alta.

– Monstro! Preciso de você aqui.

Com um estalo o elfo domestico apareceu no corredor da entrada.

–Estou aqui mestre.