Harry ficou preocupado por um instante, seus únicos parentes vivos assumiram a mesma careta suína em choque com uma tonalidade muito parecida com a da Murta-que-Geme, até mesmo Tia Petúnia com seu pescoção ossudo. Assim que ele viu o Tio começar a ficar vermelho ele recostou na cadeira relaxando minimamente, esperando pela fúria que viria.

–EU NÃO ACREDITO! VOCÊ SÓ PODE ESTAR LOUCO SE ACHA QUE QUALQUER UM DE NÓS VAI PISAR NUM LUGAR DE PESSOAS ESQUISITAS! SOMOS NORMAIS E NÃO QUEREMOS VER NENHUM TRUQUE! VÁ EMBORA E LEVE SEUS AMIGOS ESTRANHOS COM VOCÊ! OUVIU BEM MOLEQUE? E NUNCA MAIS VOLTE!

Harry apenas olhava para seu tio, a papada do queixo tremendo ligeiramente enquanto apontava o dedo roliço na cara dele. Ele olhou em seu relógio de pulso, uma hora já havia se passado então ele deveria ir rápido ou não conseguiria sair dali a tempo.

–Eu acho que você não escutou direito a carta Tio, vocês não foram convidados. Vocês foram CONVOCADOS a aparecer no castelo. Não foi algo como “vocês podem escolher se vão ou não”, se você acha que eu tivesse essa opção eu estaria aqui? Eu vivi com vocês por tempo suficiente para saber que vocês não fariam nada sem serem obrigados.

–Então VOCÊ vai nos obrigar?

–Eu até poderia fazer isso tio, tenho autorização para fazer feitiços fora da escola, mas não, o Ministério obrigará vocês. - Ele se curvou para frente - Entenda, se saírem daqui comigo, nada irá mudar realmente na vida de vocês e não será necessário chamar a atenção de vizinhos ou conhecidos, mas, se no dia 1º de Setembro você, Tia Petúnia e o Duda não estiverem na escola, bruxos designados pelo ministério virão busca-los com a roupa do corpo na frente de quem quer que seja. Vocês escolhem. Ou saem sem dificuldade ou terão suas vidas modificadas para sempre.

–VOCE ESTÁ NOS AMEAÇANDO! ?COMO VOCE PODE ENTRAR NA NOSSA CASA E NOS AMEAÇAR DESSE JEITO? VOCE ESTÁ VENDO PETUNIA? TODOS ESSES ANOS DEDICADOS A ESSE MOLEQUE PARA ELE VIR NOS AMEAÇAR DEPOIS DE TUDO!DIGA LOGO O QUE VOCE QUER, É DINHEIRO?

Harry não estava mais suportando aquilo, estava tentando manter a calma, mas assim que seu Tio deu a entender que ele veio atrás de dinheiro, Harry perdeu totalmente o controle ficando em pé.

–SILENCIO VALTER DURSLEY!EU NÃO PRECISO DO SEU DINHEIRO!

Logo Gina tocou seu braço, ele olhou a nos olhos e respirou fundo por algumas vezes sentando novamente.

–Desculpe o descontrole, mas a situação também não é fácil para mim. Mas eu achei que o melhor seria avisa-los do que ver vocês sendo levados por funcionários do Ministério fazendo escândalo. Apenas olhem como uma oportunidade e não como um castigo. Eu vou custear tudo embora não seja preciso muitas coisas, e o castelo é maravilhoso, só terão que tomar cuidado com algumas salas do terceiro andar e com a floresta proibida e com os fantasmas e Pirraça, mas tirando isso... É um lugar mágico.

–Você disse fantasmas? Fantasmas de verdade? – perguntou Duda surpreendentemente branco.

–Sim, mas não são perigosos nem nada, ficam ali apenas, flutuando e conversando, mais nada... - Disse Rony dando de ombros

Eles viam preocupação e medo nos olhos dos Dursleys e Harry achou melhor intervir.

–Da ultima vez que vocês me viram eu estava saindo para enfrentar Voldemort e cuidando para que vocês fossem protegidos. Eu vivi com vocês durante 17 anos! Fazendo tudo o que vocês pediam e mais do que tudo, eu salvei o Duda quando poderia simplesmente ter ido embora, eu odeio ter que cobrar isso de vocês agora, mas eu preciso da ajuda de vocês.

Ele viu que Duda se encolheu visivelmente, um ataque de dementador é difícil de ser esquecido e viu seus tios trocando olhares pensando seriamente no assunto.

–Ainda... Eu... Aquilo... Harry, aquilo ainda existe?

–O que Duda? Dementadores?- Seu primo acentiu levemente- Sim ainda existem, mas hoje em dia são caçados e não podem chegar perto de nenhuma pessoa. Sem contar que eles nunca poderiam atacar dentro do castelo.

–E como você tem tanta certeza? Meu filho foi atacado por uma coisa dessas na rua e ninguém nos mandou uma retratação.

–Ninguém mandou nada por que aquilo tinha sido uma emboscada para o Harry, queriam abafar o caso, e Hogwarts é, sem duvida nenhuma, o lugar mais seguro do mundo. – Disse Neville coçando uma cicatriz profunda na bochecha.

Petúnia estava olhando para um ponto fixo no tapete e então Harry se lembrou de algo.

–Tia, por que você nunca disse que conheceu outro bruxo?

–Eu não...

–Severo Snape, o amigo de infância da minha mãe.

Ele notou o quanto sua tia ficou nervosa com essa conversa inesperada. Ela se levantou e foi para perto da lareira, ficando de costas para eles.

–Como você soube disso? Com toda a certeza aquele desgraçado contou mentiras ao me...

–Severo está morto.

Ela se virou olhando para ele com olhos esbugalhados.

–O que?

–Ele morreu, mas ao contrario do que você pensa ele nunca contou nada sobre você ou sobre seu passado, ele sempre me odiou, ou parecia me odiar, já que deu sua vida para me proteger.

–Como... Ele... - Ela estava tão chocada ao imaginar aquele garotinho de vestes estranhas e de olhar severo dando a vida por alguém que voltou a sentar apertando levemente a garganta.

– É uma longa historia tia, mas ele sempre foi um homem valoroso e eu só descobri isso agora, ele pode ter feito suas escolhas erradas, mas isso não apaga tudo o que ele fez de bom... Mas eu não gostaria de falar dele, mas de uma menininha que gostaria de ir para Hogwarts com a irmã.

Ele viu a tia mudar de cor imediatamente, todo seu rosto adquiriu a conhecida cor púrpura do Tio Valter.

–Não sei do que você está falando!- Disse ela virando levemente o rosto

–Bom, é sobre uma menina que tentou enviar uma carta pedindo autorização a Dumbledore para ir a Hogwarts junto com a irmã, mas que como não pode cresceu e se tornou uma velha azeda.

– Oh! Como ousa! Não sou velha! Muito menos azeda!

Harry deu uma risadinha, tinha conseguido pegar a tia.

–Mas era você aquela menina.

–Petúnia o que esse moleque está dizendo? É verdade?

Ela apenas acentiu abaixando a cabeça.

– E por que ela não iria querer?Podemos fazer coisas muito legais como voar, fazer com que um objeto inanimado se mova ao nosso bel prazer.Imagino que para uma criança não bruxa é tudo o que ela sempre quis! – disse Gina.

–Mas eu não quero mais, eu cresci me tornei uma adulta, normal e madura! Olhe só para o que aconteceu com a minha irmã! Se explodindo no final...

–Pare com isso mãe! Ela era a sua irmã, mãe do Harry e você sabe que ela foi morta, por que nunca fala dela?Por que sempre tenta deprecia-la? Por favor, pelo menos respeite a memória de um parente seu morto! –Disse Duda para sua mãe. Ela levantou rapidamente e se virou gritando com o filho, algo que Harry nunca a tinha visto fazer.

–POR QUÊ? POR QUE ELA NÃO PENSOU EM MIM QUANDO ME DEIXOU E FOI PARA AQUELE CASTELO COM AQUELE MENINO ESTRANHO, ELA NÃO PENSOU! ME DEIXOU AQUI COM MAMAE E PAPAI FALANDO SOBRE COMO ERA BOM TER UMA BRUXA! ELA NUNCA SE IMPORTOU COM O QUE EU PASSEI! Só me mandava cartas falando do quanto era divertido ser uma bruxa, ela não... Ela me deixou...

Petúnia chorava e Harry nunca tinha visto a tia assim, ela gritou com o filho e agora estava em pé, chorando enfrente a lareira de costas para eles como se não soubesse o que fazer na própria casa.

Tio Valter começou a levantar, mas Harry fez um sinal para que sentasse e magicamente ele o fez.

–Tia, você deve estar se perguntando sobre como eu soube disso não é? Quando Severo morreu, ele me entregou suas memórias e eu vi tudo acontecendo, não foi intenção da minha mãe te machucar, tanto que ela sempre te defendeu quando ele tentava algo, mas ela não poderia deixar de ir a Hogwarts e nem você poderia ir até lá sem autorização, mas agora você pode! Você foi convidada a conhecer esse mundo que você sempre se negou a conhecer e saber sobre criaturas, feitiços e magia...

–Mas eu não tenho magia. – Disse Petúnia com uma voz chorosa.

–E isso importa? A maior magia que pode existir é o conhecimento, ele abre portas e nos faz voar para um nível maior como pessoa. – respondeu Hermione.

–Vamos tia? – Perguntou Harry estendendo a mão para ela. – Podemos dar um fim melhor para as duas.

Ela olhou para ele, em seus olhos pelo o que pareceu ser a primeira vez na vida, com um sorriso ela pegou em sua mão.

–Você tem os olhos de sua mãe, Harry.