Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 6
Capítulo 6 - Foi um erro


Notas iniciais do capítulo

Vou dar uma de Tamaro um pouco por que sou dessas =P
Ótima leitura! =)



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Até que as compras tinham sido divertidas. Angela sabia como distrair Maura falando sobre seus clientes mais bizarros da cantina. Fazia muito tempo que Maura não saia de casa e não se divertia do jeito que se divertiu naquela tarde. Se sentia mais leve e pelo resto do dia acabou esquecendo que Jane havia morrido.

Maura era grata por mesmo depois da morte de sua namorada Angela nunca ter saído do seu lado, mesmo quando ela se trancava no quarto dizendo que não queria ver ninguém. Mesmo quando ela não dizia mais de duas palavras quando Angela tentava puxar um assunto. Mesmo ela fazendo birra para comer e se culpando pela morte de Jane, Angela nunca saiu de seu lado, nunca a deixou de tratá-la como uma filha e ter Angela por perto nesse momento tão complicado de sua vida era um presente.

Chegou em casa, guardou as compras e se presenteou com um banho. Merecia depois da tarde que mesmo maravilhosa tinha sido bem cansativa, por que andaram em várias lojas. Quando Maura saiu do banheiro encontrou Jo Friday em cima de sua cama mexendo em seu celular, tinha adotada a cadela desde que Jane tinha morrido, não poderia deixá-la com qualquer um, mesmo que a cadela fosse só mais uma lembrança de sua amada. Percebeu que Jo Friday tinha parado em cima da cama e tinha ficado encarando o celular.

- O que você está aprontando Jo Friday?

Maura sentou na cama e pegou o celular. Por incrível que parecesse Jo Friday tinha aberto a pasta de fotos de Maura e parou bem em uma foto com as duas. Naquele momento Maura se deu conta de que tinha passado algum tempo sem pensar em Jane, tinha esquecido por algumas horas que a detetive estava morta. Angela já tinha conversado com ela, já tinha dito que não fazia mal por algum tempo esquecer que Jane estava morta, para ela voltar com sua rotina normal, trabalhar, ocupar a cabeça, não pedia para que ela esquecesse Jane, mas faria bem a legista se ela se desligasse um pouco disso, mas Maura tinha medo de que se fizesse isso, se esquecesse que Jane estava morta poderia esquecer realmente que ela estava morta e que se fosse do Dirty Robber, em sua casa ou no apartamento da detetive a encontraria lá e quando caísse em si que Jane não estaria lá por que estava morta seria como se a tivesse enterrando pela segunda vez e definitivamente ela não tinha forças para aguentar isso.

- Eu também sinto falta dela. – Disse Maura acariciando Jo Friday. – Muita.

Olhou para a foto no celular e acariciou o rosto de Jane. Nunca tinha amado tanto alguém na vida como amava Jane, talvez nunca mais fosse amar ninguém novamente. Permitiu que uma lágrima caísse de seu olho. Sentia tanta saudade dela, mas agora só mataria essa saudade com as lembranças.

Tinha estragado tudo. Ao beijar Jane sabia que tinha estragado tudo. Mas por que então estava tão feliz por isso? A resposta era simples: Jane havia correspondido. Poderia ter cometido todos os erros do mundo tirando seus sentimentos de dentro da caixinha e ter beijando Jane, mas no final das contas foi melhor do que ela imaginou, por que Jane tinha correspondido. Pôde sentir o gosto doce de sua boca, sentir os seus lábios colados com os da detetive, não se importava de ter ficado plantada na escola e ter que ser levada embora por Giovanni. Não conseguiu entender o motivo da reação de Jane depois do beijo. Mas quem se importava? Jane havia correspondido e Maura, que sempre foi contra a uma suposição, passou a achar que os sentimentos dela eram recíprocos, que Jane também sentia algo por ela.

Acordou naquela manhã com seu telefone tocando indicando um novo homicídio. Pensou que tinha tido mais um de seus sonhos, mas então lembrou que não tinha sido sonho nenhum, ela e Jane haviam se beijado, não tinha sido como ela imaginou, com Jane fugindo, mas foi um começo. Ela e a detetive teriam muito o que conversar.

Chegou a cena do crime dando “bom dia” para todo mundo. Se simpatia não fosse já uma característica de Maura Isles, com toda certeza diriam que ela tinha acordado de muito bom humor, o que não era mentira. Quando seu olhar encontrou com o de Jane ela sorriu para a detetive, que para sua surpresa desviou o olhar e não retribuiu o sorriso.

- Bom dia Jane. – Desejou com um sorriso.

- Bom dia doutora Isles.

Maura percebeu o tom de indiferença na voz de Jane, mas nada disse. Resolveriam sobre isso depois. Fez seu trabalho na cena do crime que foi identificar se a vitima tinha sido mesmo assassinada. Só confirmou o homicídio e o que poderia ter causado a morte devido as marcas em sua cabeça, mas não estendeu para mais nenhuma teoria ou suposição, por que nos casos ela não fazia aquilo, diferente de sua vida pessoal. Estranhou Jane ficar calada por toda a analise que ela fez no corpo na cena do crime e não ter dado nenhum de seus palpites ou fazer com que Maura desse seus palpites.

- Doutora Isles atualize o detetive Frost quando tiver o resultado da autópsia.

- Por que a Maura tem que me atualizar? – Frost perguntou sem entender. – Não é você que ela atualiza sempre? Não vai me dizer que brigaram?

Jane nada respondeu, só se direcionou até seu carro.

Maura estranhou aquela atitude, normalmente ela atualizava outra pessoa sobre o caso quando ambas estavam brigadas, o que não era o caso. Tinham se beijado, isso não era motivo para Jane estar a ignorando. Pelo menos Maura achava que não.

O beijo havia sido inesperado e lhe tirou o sono. Não por que Maura havia a beijado, tudo bem que isso também era um problema, mas o problema maior ela era ter correspondido, não poderia ter correspondido, por que ela era apaixonada pelo Casey, estava tentando fazer de tudo para ficar bem com Casey, para que ele aceitasse seu amor e que pudessem ser felizes, mesmo que ele tivesse que viver o resto de sua vida usando muletas. Mas afinal de contas quem Jane estava querendo enganar se não fosse ela mesma?

Já tinha descoberto há algum tempo que era apaixonada por Maura, mas nunca imaginou que esse sentimento fosse recíproco, por que a legista nunca tinha dado indícios de que era e achou melhor assim por que no final de contas paixão era algo passageiro e mesmo tendo consciência de que estava apaixonada pela sua melhor amiga ainda procurava pensar que tudo não passava de um engano, que estava confundindo as coisas. Foi então que Casey voltou e era sua oportunidade de mostrar para seu coração que estava errado, que ela era completamente apaixonada por Casey e mesmo com ela a rejeitando e falasse o que bem entendesse para mantê-la longe ela iria brigar por ele, por que é isso que as pessoas fazem quando tem uma desilusão amorosa, partem para outra. Mas como podia ter tanta certeza que o que teve com Maura foi uma desilusão amorosa se não sabia dos sentimentos da loira? Procurava não pensar nisso, se recusava a acreditar que estava apaixonada pela sua melhor amiga, por que achava que não era correspondida, por que alguém que é apaixonada por você não te apoia com outra pessoa, não te aconselha, não diz para você seguir em frente, não te abraça quando seu mundo desmoronou. Mas então Maura a beijou e em dois segundos fez tudo que acreditava não passar de um monte de besteira. Teve a certeza que estava apaixonada por sua melhor amiga, que provavelmente o sentimento era recíproco e querer ficar com Casey era só uma forma de fugir disso tudo.

Passou a noite em claro lembrando do beijo e em como foi bom ter os lábios de Maura colados com o seu, ás vezes quando a imaginação fugia do controle, fantasiou em como seria o beijo da legista, mas a realidade era bem melhor. Mas não podia, não podia ter gostado do beijo de Maura, não podia alimentar esse sentimento, tinha que continuar com seu propósito que era amar Casey, correr atrás do Casey, mesmo que ele a expulsasse todas as vezes, deveria continuar almejando ter um futuro com Casey, sofrer com a possibilidade dele morrer, só que dessa vez não teria Maura para lhe apoiar, por que ela imaginou que depois do beijo todos os sentimentos viriam a tona, por isso fugiu e não conseguiu formular uma frase, precisava pensar, precisava entender o que tinha acontecido e a conclusão chegou foi: Eu estou apaixonada pela minha melhor amiga. Mas não podia estar, por que era para ela estar apaixonada pelo Casey e ela ficaria apaixonada pelo Casey, por que Maura jamais ficaria sabendo dos seus sentimentos por ela, por que Jane não queria dar razão as pessoas que falavam tanto dela pelas costas, que ela não conseguia ser amiga de uma mulher por que ela gostava de mulheres. Poderia até ser um pouco de preconceito, mas sua mãe sonhava em ter netos, mesmo que não fosse sua vontade subir de vestido branco em um altar, ela o faria só para ver sua mãe feliz e a pessoa ideal para fazer isso era Casey, não Maura. Não sua melhor amiga que deveria ser dama de honra de seu casamento, não ser um dos motivos por não ter casamento.

Ah casamento!

Ia acabar enlouquecendo, Casey nem atendia suas ligações e ela pensando em casamento? Era uma idiota mesmo fugindo da verdade, mas enquanto pudesse fugir, fugiria.

- Novidades? – Perguntou Frost entrando no necrotério.

- Cadê a Jane? Tinha mandando a mensagem para ela.

- Não sei o que está acontecendo entre vocês duas, mas ela pediu para que eu viesse.

Maura não entendia por que Jane não podia ser profissional. Tudo bem que nunca foram 100% profissionais no ambiente de trabalho, tratavam de tudo enquanto a legista fazia a autópsia e nunca eram assuntos sobre o trabalho. Mas o que custava ser profissional só dessa vez? Trabalhavam melhor juntas e Jane mais do que ninguém sabia disso.

Passou a manhã inteira sem noticias de Jane. Perdeu as contas de quantas vezes tinha mandando mensagens para ela e não obteve resposta. Tentou por umas duas vezes ir até o departamento e chamar Jane para uma conversa ou marcarem alguma coisa para mais tarde, precisavam conversar, não podiam ficar daquele jeito, mas sempre que tentava sair do necrotério aparecia alguma coisa para fazer e ficou assim até a hora do almoço e quando finalmente conseguiu uma pausa, Jane não se encontrava no departamento.

Mandou uma mensagem avisando que iria almoçar na cantina e se quisesse Jane poderia lhe encontrar lá, mas parecia que realmente a morena não queria conversa com Maura, por que ignorou mais uma vez a mensagem e não apareceu para o almoço.

- Por que vocês brigarem dessa vez? – Perguntou Angela ao ver a legista almoçando sozinha.

- Não brigamos. Jane que não sabe lhe dar com as consequências dos atos dela.

Nesse momento Maura percebeu o quanto estava aborrecida com Jane. Já estava cansada de ter suas mensagens ignoradas e Jane fugindo dela. Estava na hora de ela começar a agir como uma adulta.

- Jane falou mal das suas máscaras de novo não falou?

Maura a encarou com um olhar de confusão.

- Jane anda falando mal das minhas máscaras?

- Ela está passando por um momento difícil. – Angela resolveu mudar de assunto, se as mascaras não era o motivo da briga não queria criar mais um. – Essa história toda com o Casey está a deixando insuportável. Eu acho o Casey um bom rapaz, mas ele não é bom o suficiente para minha Jane, ele se perdeu depois do acidente, parece até outra pessoa, mesmo que ele fique bem depois dessa cirurgia, não sei se as coisas vão ser do jeito que a Jane quer, se Casey vai voltar a ser o mesmo. Jane precisa de alguém que não sinta pena de si mesmo, por que senão ela só vai sair machucada.

E Maura não pode nem discordar de uma palavra que Angela disse. Se tivesse coragem de falar tudo que pensava ao invés de ficar apoiando Jane nesse romance que fazia seu coração doer só de imaginar dando certo, talvez as coisas fossem diferentes. Talvez Jane visse o que tinha em sua frente e entendesse que a pessoa certa para ela era uma legista boca de Google, que jamais a magoaria. Mas depois de todas as rejeições durante o dia, Maura começou a duvidar disso e a felicidade que tomava conta de seu coração por ter o beijo correspondido por Jane começou a desaparecer e voltou a pensar em como aquilo tinha sido um erro e Jane provavelmente também estaria achando a mesma coisa, por isso a ignorava, não conseguia conversar sobre isso. Mas precisavam conversar, por que antes de mais nada eram amigas e amigas conversam sobre tudo, mesmo que um beijo possivelmente pudesse ter abalado essa relação.

- Maura? – Angela a chamou. Percebeu que a legista tinha ficado aérea de uma hora para outra. – Tudo bem?

- Tudo. – Respondeu voltando de seus devaneios. – Eu vou tentar conversar com ela mais tarde.

- Tem alguma coisa que eu possa fazer no momento?

Com um sorriso Maura fez um negativo com a cabeça. Realmente não tinha nada a ser feito, por que ela não podia contar para Angela que tinha beijado Jane. A mulher lhe tratava como uma filha, isso significava que ela via as duas como irmãs, então tecnicamente na noite anterior ela tinha beijado sua irmã. Então isso queria dizer que ela tinha acabado de cometer um incesto? Maura não sabia mais nem o que pensar, estava confusa demais. Não era irmã de sangue de Jane, então nada de incesto, mas provavelmente Angela poderia pensar assim. A mãe ia saindo quando Maura a chamou novamente precisava pelo menos fazer uma única pergunta.

- Você já se apaixonou por alguém que você não deveria se apaixonar?

- Fui casada com ele por 40 anos. – Respondeu Angela. – Mas não me arrependo. Só fico chateada por pensar durante 40 anos que ele era o homem da minha vida e no final das contas ele mudar completamente a ponto de eu não reconhecer mais o homem com quem casei. Se apaixonar é bom Maura e amar é melhor ainda, não fique pensando que é alguém errado e que você não deveria se apaixonar, corra atrás, por que melhor do que se apaixonar é ser correspondida.

Maura só mandou um sorriso. Angela sempre sabia o que dizer, pena que não fazia ideia ao que Maura se referia. Se soubesse o conselho não seria o mesmo.

Com o fim do expediente, em uma última tentativa Maura foi até o departamento a procura de Jane, mas Korsak lhe disse que já tinha um tempo que ela tinha saído.

Pensou em ir para casa, deixar Jane espairecer e quando quisesse poderiam conversar, mas estava chateada, se fosse só ela que tivesse beijado e Jane não tivesse correspondido tudo bem, entenderia o lado da detetive, mas ela também tinha sido beijada e do jeito que conhecia Jane, se ela pudesse fugiria do assunto para sempre. Então era melhor encerrar com ele logo.

Chegou ao apartamento de Jane e bateu na porta. A detetive que se encontrava em seu inseparável sofá, assistindo a algum programa de esporte e bebendo sua cerveja deixou a cerveja em cima da mesinha, desligou a televisão e foi até a porta atendê-la, mas antes de abrir a porta olhou no olho mágica, viu que era Maura. Não ia atender.

- Sei que você está em casa Jane. Abre a porta.

A morena nada disse, só ficou parada na frente da porta.

- Eu não vou embora enquanto você não abrir. Precisamos conversar.

Jane sabia o quão persistente Maura poderia ser, então mesmo contra sua vontade abriu a porta.

- O que você quer?

- Que você pare de fugir de mim.

- Eu não estou fugindo de você.

Maura a encarou.

Jane abriu espaço para que ela pudesse entrar, se iam discutir sobre a noite anterior como sabia que iriam, era melhor que isso fosse discutido dentro do apartamento. Maura entrou no apartamento. Jane fechou a porta atrás de si e disparou:

- Qual o seu problema?

- Nenhum. – Maura respondeu um tanto confusa com a pergunta. – Faço exames anualmente e não tenho nenhum problema nem físico e nem psicológicos. Por quê?

Jane bufou.

- Por que você me beijou ontem a noite?

- Por que eu tive vontade.

Jane não acreditava na naturalidade que Maura tinha respondido aquilo. Estava começando a ficar com raiva. Maura não aparentava estar nenhum pouco arrependida de tê-la beijado. Desejava pelo menos que ela se arrependesse, dissesse que foi um erro, pedisse desculpas, assim poderiam seguir com suas vidas, assim não teria que encarar a sua realidade, de que estava brava com a sua melhor amiga por ela ter a beijado por que isso poderia significar que ela tinha sentimentos, só que ela não queria que Maura tivesse esses sentimentos por que ela também não queria ter.

- Você não pode sair beijando qualquer pessoa por ai só por que tem vontade Maura. Você não pode sair me beijando só por que tem vontade!

- E você pode corresponder só por que tem vontade?

Maura queria ser a mais sensata possível, não queria discutir e não queria explodir, mas Jane estava pedindo por aquilo, não podia ficar se fazendo de vitima sendo que também tinha a beijado.

A morena ficou por alguns segundos processando o que responder. Não podia negar que tinha correspondido, por que tinha, Maura não era louca. Alias, louca era, pelo fato de tê-la beijado, mas não estava fantasiando por ela ter correspondido.

- Foi um erro. – Jane finalmente respondeu. – Eu estava confusa. Eu... Eu jamais deveria ter correspondido. Eu jamais deveria ter aceitado dançar com você. Eu jamais deveria ter aceitado ir aquela reunião.

- Ninguém corresponde a um beijo por erro Jane. Ou a pessoa quer ser beijada ou não quer.

- Maura o que você está insinuando? Que eu correspondi por que quis? Que eu também te beijei por que quis? Por que isso não é verdade. Eu jamais te beijaria!

- Qual o problema em me beijar?

- Nós somos só amigas! Não essas amigas com benefícios como existe hoje em dia. Somos amigas. Amigas não se beijam!

- Nem se essa amiga estiver completamente apaixonada?

Já estava tudo dando errado mesmo. A conversa já estava se tornando discussão. O que Maura tinha mais a perder dizendo aquilo?

O que Jane temia aconteceu. Maura tinha declarado seus sentimentos. Estava quase aceitando a ideia de que Maura tinha a beijado por que quis, por que teve curiosidade, como há algum tempo quando ela disse que tinha curiosidade em beijar uma mulher. Poderia ser o melhor dia de sua vida, se não fosse o pior.

Se sentiu obrigada a sentar-se no sofá para processar o que tinha acabado de ouvir. Maura, sua melhor amiga, apaixonada por ela. Quando isso tinha acontecido? E como ela não percebeu? Como perceberia? Demorou para perceber que também sentia o mesmo, mas ao contrário de Maura jamais iria expor seus sentimentos.

- Eu estou apaixonada pelo Casey. Eu amo o Casey. Você sabe disso!

- Ele não te merece Jane.

- Agora ele não me merece? – Jane perguntou indignada. – Onde estava você pare me dizer isso antes do beijo? Por que não lembro de você me dizendo, só lembro de você me apoiando.

- Eu queria que você desse certo com o Casey! Pelo menos achei que queria. Mas isso antes do beijo que você correspondeu e eu não podia mais esconder isso. Eu tentei ser a melhor amiga, que te apoiaria em qualquer decisão que você tomasse sem dizer o quanto egoísta o Casey está sendo. Eu tentei ser sua amiga e não dizer o quanto você não é você quando está com ele, em como você se transforma em outra Jane, uma Jane irreconhecível, diferente daquela que eu conheci que não precisava de homem para nada, aquela Jane que até fugia dos homens por que ele não era bom o suficiente. Cadê aquela Jane? Agora está correndo atrás de alguém que não está nem ai para seus sentimentos, que só te machuca, que só te faz sofrer, que só te faz chorar. Quem quer um homem desses? Ele não te merece Jane. Você é bem melhor que isso.

- Eu pedi o Casey em casamento. – Maura abriu a pouco alguns milímetros. – A cirurgia está marcada para o mês que vem e independente do resultado, nós vamos nos casar. Casey não é egoísta, ele pensa em mim, ele também é apaixonado por mim, ele só estava tentando me proteger, diferente de você que mentiu para mim esse tempo todo fingindo que me apoiava, mas que no final estava torcendo para que tudo desse errado por que está apaixonada por mim. Desculpa Maura, mas o beijo foi um erro, sua paixão por mim é um erro... – Jane fez uma pausa. - Nossa amizade é um erro.

- Nossa amizade é um erro? – Maura perguntou ainda perplexa com o que Jane tinha dito. – Nossa amizade é um erro?

- Sinto muito Maura.

Se tinha entendido bem Jane além de dizer que estava praticamente noiva do cara que só a magoava tinha também acabado de terminar com a amizade das duas. Naquele momento seu coração parou de bater e se desfez em mil pedaços. Recordava daquela dor que estava sentindo, só tinha sentido uma única vez que foi quando Ian foi embora sem nem ao menos se despedir, naquele tempo ainda se via imensamente apaixonada por ele, mas teve que aprender que amá-lo a fazia sofrer, então deveria deixá-lo ir embora para sempre de sua vida, foi assim que deu espaço para a paixão que sentia por Jane crescer. Não tinha mais nada o que dizer. Tinha declarado a sua paixão e o que acabou ganhando foi um “eu vou casar com outro e não quero você na minha vida”. Doeu? Claro que doeu, mas Jane não precisava saber, então ela deixou o apartamento sem dizer nenhuma palavra.

Óbvio que a morena tinha percebido o quanto aquelas palavras tinham machucado Maura. Viu em seu olhar o quanto tinha doído, o quanto tinha ficado magoada, só a tinha visto daquele jeito uma vez e foi quando Ian foi embora, depois disso nunca tinha visto ninguém mais partindo o coração de Maura, não da forma romântica. Mas aquilo precisava ser feito. Se arrependia de tudo que tinha dito e feito, mas foi preciso, não podia seguir com aquela paixão, não podia falhar com Casey, por que ela acreditava mesmo que ele não estava sendo egoísta, que ele só queria protegê-la, mesmo se isso resultasse em machucá-la. Cortar Maura de sua vida era o melhor a ser feito. Só assim poderia superar a paixão.

Sentiu um fio de lágrima caindo pelo seu rosto. A limpou rapidamente, não se permitiria chorar, mesmo se naquele momento seu coração estivesse completamente estraçalhado.

Maura quase não conseguiu chegar em casa. As lágrimas que ameaçavam cair embaçavam sua visão, o caminho parecia mais longo, seu coração parecia que ia explodir. Como tinha sido estúpida em beijá-la, como tinha sido idiota em ficar feliz achando que tudo ficaria bem por que tinha sido correspondida. Conseguiu estragar uma amizade de cinco anos em 24 horas. Se não tivesse tirado seus sentimentos da caixinha, se não tivesse os expostos, mesmo se isso implicasse em ter que ver Jane sendo feliz com outra pessoa que não fosse ela, pelo menos agora não teria perdido a amiga.

Entrou em casa parecendo um furacão, queria seu quarto, sua cama, seu travesseiro, queria soltar as lágrimas que o caminho inteiro ameaçaram cair. Ao chegar no quarto se jogou na cama entre os travesseiros e chorou. E dessa vez não tinha a quem recorrer, não tinha com quem conversar, por que a única pessoa que lhe ouvia era a pessoa que não queria mais lhe ver.

Lembrando de tudo aquilo Maura tomou uma decisão. Não seria a mesma que tinha tomado há algum tempo. Precisava superar a morte de Jane, precisava parar de sofrer, precisava escutar as pessoas ao seu redor que a amava. Precisava ser forte, mas não naquela noite, por enquanto podia continuar se afogando na saudade que sentia de sua amada.


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