Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 21
Capítulo 21 - Presas no Elevador


Notas iniciais do capítulo

Sinceramente? Não achei outro título, por que título pra mim é um problema, mas acho que isso resume. Sem mais delongas...

Ótima leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/339369/chapter/21

Já fazia mais de vinte minutos que as duas estavam presas dentro do elevador e em nenhum momento ele tinha feito menção de que voltaria a funcionar, nenhum movimento, nenhuma luz acendendo, nada e para completar os celulares não tinham sinal lá dentro, não que fosse resolver alguma coisa, mas poderiam ligar para alguém e acelerar o processo para as duas saírem de lá.

Impaciente, Maura andava de um lado para o outro. Molly percebeu que essa era uma característica dela quando estava nervosa, entendia que ficar mais de cinco minutos fechada em um lugar que não era grande e sem luz era de se ficar nervosa, mas isso não faria com que elas saíssem logo dali, então por que não se juntar a ela e se sentar para esperar até que o problema fosse resolvido? Mal sabia ela que Maura estaria até menos nervosa se não estivesse presa no elevador com uma das últimas pessoas que ela queria conviver no planeta.

- Você por acaso é claustrofóbica Maura?

- Eu? – A legista foi cortada de seus pensamentos que tinha o único propósito de prender sua atenção para que ela não se lembrasse que estava em um elevador com Molly, por que se ficasse pensando nisso acabaria falando ou perguntando o que não deveria. – Eu não. Por quê?

- Por que você está começando a me assustar com essa sua inquietação. Eu sei que já tem um tempo que estamos presas, mas você uma hora vai acabar se cansando de andar de um lado para o outro.

- Não está sugerindo que eu sente no chão ao seu lado não é verdade? Por que pessoas pisam nesse elevador todos os dias. Você sabia que uma sola de sapato carrega cerca de... – Molly soltou um riso. – O que é tão engraçado?

- Eu pensava que a Jane exagerava quando falava de você, mas não, você é exatamente como ela disse.

- Por que vocês duas não derem certo?

Já estava se torturando demais com essa pergunta desde que o elevador tinha parado, para falar a verdade desde que tinha ouvido que as duas não tinham dado certo que queria fazer essa pergunta, mas não sabia como e nem se gostaria da resposta. Mas estavam dentro de um elevador que não tinha nenhum indicio de que ia voltar a funcionar logo e percebeu que Molly estava louca para puxar um assunto, então por que o assunto não ser isso?

- Desculpa? – A agente perguntou surpresa com a pergunta, não imaginava que Maura a faria.

- Por que você e Jane não deram certo?

- A resposta não está óbvia desde que ela voltou? Por que ela te ama Maura.

Maura balançou a cabeça em negativo discordando do que Molly dizia, se Jane a amasse mesmo não teria se envolvido com outra.

- Sério mesmo que nessa altura você ainda duvida do amor dela? Só não tive os três anos mais insuportáveis da minha vida por que Jane é ótima companhia, mas ás vezes pensava que ao invés de amor ela tinha era alguma obcessão por você, por que você todo dia era citada.

Já fazia uma semana que estava trancada naquele quarto e tudo incomodava. A cama, a televisão de plasma de 42 polegadas, os DVDs que traziam para ela assistir, a decoração do quarto, o tamanho do quarto, a estante com livros, os policiais do lado de fora do quarto, a comida, os pontos, o braço imobilizado. Tudo.

Como de costume lá estava ela passando os canais e não tinha nada que a agradava na televisão, era final de temporada de beisebol, para piorar a situação os Red Sox tinham perdido e foram desclassificados. Ouviu batidas na porta.

- Desde quando vocês batem?

- Sou uma agente educadinha. – Disse Molly entrando no quarto. – Minha mãe me ensinou que sempre deve bater antes de entrar.

Jane só a olhou com cara de “Hum... Bom pra você” e voltou a passar os canais da televisão.

- Não quer nem saber para que vim aqui?

- Se não for pra me dar a boa noticia de que pegaram aquele doido e que eu posso voltar para casa eu acho que não.

Molly então tirou do bolso de sua jaqueta um envelope e colocou em cima da cama. Jane olhou por aquele envelope por alguns segundos, mas sem fazer menção de que estava curiosa e que queria saber o que tinha lá dentro.

- Ela é linda. – Disse Molly sentando-se em uma poltrona que tinha perto da cama de Jane. – Agora entendo por que não queria deixá-la.

Sabia que Molly se referia a Maura, mas não entendia por que ela estava tocando naquele assunto. Olhou para a agente por alguns segundos que fez sinal para que ela pegasse o envelope e olhasse. Ao pegá-lo de cima da cama e abri-lo tirou de dentro dele uma foto de Maura. Lembrava do dia que foi tirada aquela foto, ela mesma havia tirado, tinham voltado de um jantar e Jane disse que queria uma nova foto dela para colocar em seu celular, depois de muitas discussão sobre o motivo de colocar uma foto dela e não das duas Maura finalmente posou para a foto. Sorriu a ver a foto, era uma das suas favoritas. Não imaginava o quanto era seu nível de saudade de Maura, mas ao ver aquela foto já estava era insuportável a saudade.

- Ela é a melhor pessoa que já conheci na vida. E está acabando comigo a possibilidade de eu machucá-la novamente.

- Machucá-la novamente? Do jeito que você fala dela parece que nem a voz para ela você aumenta.

- Foi antes de ficarmos juntas. Eu não queria aceitar que estava apaixonada pela minha melhor amiga, então a afastei.

- Nessa idade e era uma baita de uma enrustida? – Molly soltou um riso de deboche. - Por favor Rizzoli, esperava mais de você.

- Eu não era enrustida, eu só não sabia lhe dar com meus sentimentos.

- Em outro significado, enrustida. Mas conte-me mais sobre esses seus sentimentos.

Passaram a tarde inteira conversando. Jane contou toda sua história desde quando conheceu Maura até quando começaram a namorar. Então Molly passou a ir com mais frequência ao quarto em que Jane estava, percebia que conversar fazia com que a detetive se distraísse e ficasse menos mau humorada, mesmo que todo dia o assunto fosse Maura, mas com o tempo mesclavam o assunto Maura com outros como beisebol, seriados de TV que Jane agora tinha muito tempo para assistir, gostos e qualquer assunto que aparecesse. Gostava de conversar com Jane, ter a companhia dela, no começo não tinha gostado de ter sido designada para ser “babá” de uma detetive que levou um tiro, queria ir a campo achar o assassino, mas não tinha do que reclamar.

- Onde estamos? – Perguntou Jane após descer do carro. Olhava em volta de si e não via nada, tirando árvores e uma casa, provavelmente estava em um lugar no meio do nada em Washington.

- Você me fez três pedidos e dois eu disse que ia ver o que conseguia fazer já que um deles eu não podia cogitar nem em fazer. – Molly foi se direcionando a frente da casa. – Eu trouxe a foto de Maura como você pediu e se me lembro bem você também disse que não queria ficar parada. – Molly abriu a porta da casa. – É aqui que você vai ficar e trabalhar por enquanto.

Jane entrou na casa e se surpreendeu com tudo que viu. Vários equipamentos do FBI montados na sala. Independesse do que fosse fazer ali já serviria para ocupar a mente, mesmo que não estivesse correndo atrás de bandidos.

- Sei que não vamos correr atrás de bandidos, mas podemos ouvir gravações, assistir vídeos e se você se comportar podemos até ajudar em vigilância, mas sem sair daqui de dentro. Acho que já da uma ajuda para pegarmos bandidos.

- Melhor do que ficar trancada naquele quarto assistindo Hart Of Dixie.

- Mas eu tenho uma regra. – Jane a encarou esperando que ela continuasse. – Nada de tentar contanto com a Maura.

- Tudo bem.

Molly pensou que aquele “tudo bem” tinha vindo fácil demais, ainda mais por alguém que todo santo dia pedia para avisar Maura que ela estava viva, mas resolveu confiar, Jane não estragaria isso.

Com o passar dos dias percebeu que tinham razão em querer proteger Jane a todo custo, mesmo contra sua própria vontade. Ela era a melhor profissional com quem Molly já havia trabalhado, era competente, focada e tentava fazer até o impossível para ajudá-los. Percebeu que o trabalho a distraia, claro que ainda citava Maura uma hora ou outra, ainda mais quando recebia informações sobre a autópsia de algum corpo, mas tinha parado de se lamentar e dizer que a legista a odiaria quando ela aparecesse viva. Era até bom Jane se comportar assim, não sofreria tanto já que não tinha data para ela voltar para casa e as noticias sobre Adam não eram agradáveis já que não faziam ideia da onde ele estava.

- Agente Storm.

Um dos agentes a chamou e fez sinal para que ela fosse até o lado de fora, ela só olhando para Jane como se pedisse para que ela se comportasse e a detetive só assentiu com a cabeça.

Pensou por diversas vezes por que não aproveitar a chance que tinha em sua frente e avisar para Maura que estava viva. Tentou aparentar que estava bem, que quase não pensava mais nisso, parou de pedir para Molly e parecia que ela tinha acreditado que ela estava sendo uma boa menina. Fazia o melhor sim no trabalho que tinha sido designada, mas também a todo segundo pensava em quando ficaria totalmente sozinha para mandar um email para Maura nem que fosse dizendo “Eu estou viva”. Conseguiu sua oportunidade. Todos estavam distraídos ao lado de fora, talvez conversando alguma coisa sobre o caso que estava trabalhando, não jogaria essa oportunidade fora.

Oi Maur... Eu prometi que não ia morrer e essa sou eu cumprindo minha promessa.

Você pode, por favor, não me odiar e esperar por mim? Eu juro que vou voltar para você.

Eu te amo.

- Nem pense em enviar esse email Rizzoli!

Jane olhou para trás e encontrou uma Molly furiosa. O que a deixou com raiva, não poderia ter esperado mais 5 segundos para pudesse enviar o email?

- Já vai fazer um ano Molly...

- Não piore as coisas. Eu juro que se você mandar esse email você vai voltar a ficar trancada naquele quarto!

- Não me importo.

Passando por tudo que já tinha conversado com Molly sobre não se comunicar com Maura, sem nem pensar por mais nenhum segundo, Jane clica em enviar.

- Você só pode estar de brincadeira comigo! SAI DESSA CADEIRA AGORA RIZZOLI!

Jane não quis nem relutar e enfrentar Molly, já tinha feito mesmo, então levantou da cadeira e se encaminhou para o quarto, só ia esperar que a qualquer momento viessem lhe dizer que ela ia voltar para o quarto que estava antes ou que desistiriam dela, que estava pouco se importando com sua vida e que ela fosse atrás de Adam também.

Passou basicamente o dia inteiro trancada no quarto olhando a foto de Maura, pelo menos estava mais leve consigo mesma, tinha conseguido enviar o email para Maura, ela provavelmente agora já sabia que ela estava viva, com toda certeza cheia das perguntas, mas que seriam respondidas em breve, por que esperava Molly desistir dela, o FBI desistir dela e ela finalmente poder voltar para Boston.

- Você ainda vai fazer com que eu perca meu emprego. – Disse Molly entrando no quarto de Jane. – Ela está bem Jane. Acho que vai até escrever um artigo sobre mortes misteriosas, sei lá, sei que vai escrever um artigo.

- Escrever um artigo? Ela já tinha comentando algumas vezes comigo, mas... Como você sabe?

- Tive que hackear o email dela para poder apagar o seu antes que ela visse e vi o email da proposta.

- Você fez o que? – Perguntou Jane incrédula. – Por que você simplesmente não deixou que ela lesse?

- Para que Jane? Pra estragar tudo que fizemos por esse quase um ano? Ela está bem e eu não estou mentindo, mas imagine ela receber um email desses que diz que você está viva como ela iria ficar? Se você a ama mesmo vai esperar com que tudo seja resolvido para que você explique tudo frente a frente ou você acha que se ela tivesse lido aquele email você teria direito de resposta?

Poderia passar vinte anos, ela nunca concordaria em continuar forjando sua morte para Maura. Ela mais do que ninguém tinha o direito de saber que ela estava viva. Não sabia se ficava feliz ou triste por Maura estar bem e até pensando em escrever artigos, não queria que ela passasse o resto da vida chorando sua morte falsa, mas também não queria que ela a esquecesse, que ficasse com raiva por ela teoricamente não ter cumprido a promessa e resolvesse por excluir tudo que passaram juntos de sua memória. Quando percebeu tinha uma fina lágrima caindo de seu olho. Já tinha chorado e muito quando estava sozinha olhando para a foto de Maura, queria voltar para casa, queria sua vida de volta, queria Maura de volta, mas os poucos dias que falaram que ela ficaria em proteção já estava se tornando um ano. Secou a lágrima com a esperança de Molly não ter percebido.

- Vamos. – Disse Molly fazendo um sinal com a mão para que ela levantasse e saísse do quarto. Jane ficou a encarando sem entender, já iam voltar para o quarto? – Estamos no meio do nada, mas a alguns quilômetros de um ótimo restaurante, podemos comer alguma coisa, você pode ver pessoas e se quiser pode até beber um pouco, não ligo.

- Pensei que eu não pudesse sair daqui.

- E não pode, mas você já colocou meu emprego em risco hoje mesmo. – Molly deu de ombros. – Vamos.

Precisava mesmo distrair a cabeça, ver pessoas e por que não tomar uma boa cerveja? Já tinha estragado tudo mesmo, não conseguiu avisar a Maura que estava viva e provavelmente não chegaria mais perto de nenhum dos computadores instalados na sala da casa, então não ia custar nada sair para comer alguma coisa com Molly, por que tinha que admitir, ela era boa companhia.

O restaurante era bom, aconchegante e talvez o único naquela região. Jane estava admirada com o lugar, mas não pelo lugar, mas por finalmente estar vendo pessoas sem ser os dois agentes do FBI que ficam na porta da casa de manhã, os dois da noite e Molly, eram as únicas cinco pessoas que ela tinha acesso e ainda falaram que eram muitas por que normalmente só veem uma pessoa e olha lá, poderia se considerar sortuda, ainda estava vendo um dos agentes por que ele foi junto com ela e Molly, mas nada tiraria seu momento de maravilhada por estar em meio de pessoas.

Comeram, conversaram, beberam, beberam e beberam. Jane até estranhou Molly a acompanhar na bebedeira, mas não reclamou, sempre bom ter companhia. Deixaram o restaurante ele estava quase fechando, as duas levemente bêbadas foram levadas de volta para casa, foram o caminho inteiro rindo, o agente que a acompanhavam não via onde elas estavam vendo tanta graça, mas era bom ver Jane menos rabugenta, mesmo que fosse devido ao efeito do álcool.

- Obrigada pela noite. – Disse Jane parada na porta já do lado de dentro e Molly ao lado de fora. – Estava precisando.

- Eu não vou desistir de você Jane. – A detetive a encarou confusa. – Eu... – Molly se aproximou de Jane. – Não vou desistir de você.

Quando Jane percebeu Molly já estava praticamente em cima dela para beijá-la. A verdade era que todos já tinham percebido que em algum ponto de convivência com a “insuportável Jane” Molly havia se apaixonado, só Jane que não tinha percebido isso ainda, o que não era novidade nenhuma. E Molly ainda não tinha pensado em uma maneira de se declarar, por que sabia que o mundo da detetive girava em torno de Maura, que só perderia seu tempo falando de seus sentimentos, mas naquele noite, depois de muitas cervejas, fazia todo sentindo do mundo beijar Jane, então ela aproximou seus lábios dos lábios da morena e quando estava a milímetros de beijá-la sentiu uma mão em seu peito a distanciando.

- Desculpa, mas eu não posso. – Disse Jane. Mesmo bêbada ainda tinha consciência de que não seria certo o que estava prestes a fazer. – Não é certo com a Maura, eu a amo e...

- Tudo bem Jane, não precisa se explicar, eu só precisava tentar. Tenha uma boa noite.

Tudo indicava que depois desse fora Molly ficaria na sua e não tentaria mais nada com Jane e as duas voltariam as suas vidas normais, mas a morena estava enganada, a saída com direito a cerveja tinha incentivado Molly a dar diversas indiretas bem diretas para Jane, nada desagradável que fizesse com que a detetive fosse obrigada a pedir que a ruiva fosse trocada por outra agente ou de preferência um agente, ela até que se divertia com Molly.

Com o passar do tempo Jane se convenceu que ficaria em proteção até que Adam fosse pego, tentou ainda por mais algumas vezes avisar Maura que estava viva, mas nesse aspecto estava sendo mais observada do que nunca. Saia algumas vezes com Molly, se divertiam que às vezes até esquecia o que tinha deixado para trás, mas sempre, a noite, antes de dormir, lembrava que tinha uma vida para voltar, uma namorada para conversar e via o quanto sentia falta disso e o que mais almejava na vida era ouvir a resposta de Maura sobre o pedido de casamento, pois ainda não acreditava que tinha justo que levar um tiro naquele momento.

- Tem certeza que você quer ir? – Perguntou Molly. Finalmente tinham conseguido pegar Adam e Jane estava livre para voltar a sua vida normal. – Já disse que podemos montar a dupla Rizzoli & Storm no FBI. Não estava brincando quando disse que queremos você trabalhando conosco Jane. Você é ótima!

- Eu tenho certeza. – Disse Jane com um meio sorriso. – Eu já tenho minha dupla e se chama Rizzoli & Isles, foi maravilhoso trabalhar com você, mas eu preciso voltar.

- Nem se eu falar que te dou casa, comida e roupa lavada? Qual é Rizzoli, podemos casar se você quiser.

Jane soltou um riso.

- Você sabe que nunca daríamos certo.

- E minha autoestima está lá embaixo, por que eu linda e ruiva na sua frente você não deu nenhuma olhada, mesmo depois de três anos longe de Maura, como isso é possível?

- Algumas pessoas chamam isso de amor. – Molly mandou um meio sorriso e abraçou Jane. – Obrigada.

- Seja feliz com a Maura.

- Eu serei, se ela não me odiar pelo resto da vida.

Jane já ia deixando a casa rumo ao carro que a levaria ao aeroporto.

- Rizzoli. – Molly a chamou. Jane parou no meio do caminho para ver o que ela queria. A ruiva se aproximou dela e lhe deu um beijo. – Sinto muito, mas segurei três anos por isso, pode ir.

Jane balançou a cabeça em negativo rindo, em outro momento teria ficado muito brava com ela, mas estava voltando para casa, ia rever sua mãe, seus irmãos, seus colegas e o mais importante, ia rever Maura, então não seria um beijo não correspondido que estragaria isso.

- Tirando esse beijo você e Jane não tiveram nada? – Perguntou Maura perplexa, mas feliz com tudo que havia ouvido. – Por que eu ouvi vocês dizendo que nunca dariam certo.

- Por que nunca daríamos. Imagine Jane comigo imaginando ser você? Não mesmo.

- Mas eu vi vocês duas se beijando no saguão ontem.

- Nós nos beijando... – Molly fez uma pausa. – Ah não! Aquilo? Fui eu. Desculpa, eu sabia que não deveria ter feito. Jane não fez nada, eu a beijei, de novo.

Não era a toa que Jane a chamava de gênio burro, que a propósito, estava com saudade de ser chamada assim. Conseguia uma explicação cientifica para tudo, conseguia dizer o significado de milhões de palavras, mas não conseguia ver quando estava errada. Por isso que não gostava de teorias e suposições, por que quando se arriscava em fazer acabava errando, mesmo pensando que já tinha todas as evidencias. Se tivesse ido direto a fonte tudo já estaria resolvido, não teria dito o que não devia e não estaria se sentindo a pessoa mais idiota do mundo.

Ouviram o elevador fazendo um barulho que indicava que tinha voltado a funcionar. Não podia como o momento ficar melhor, a vontade que tinha era de abraçar Molly por ter esclarecido tudo, mas só ficou sorrindo para a agente que não entendeu muito bem o porquê do sorriso, mas retribuiu mesmo assim.

- Amém! – Disse Molly saindo do elevador assim que chegou ao quinto andar. – Pensei que nunca iam fazer essa porcaria voltar a funcionar.

- Maura. – Disse Thomas ao ver a legista saindo do elevador também. – Por isso que você não chegava nunca, estava presa no elevador. Está tudo bem?

- Está sim.

- O que você queria falar comigo?

- Bom... – Maura fez uma pausa, estava receosa, não queria problemas com Thomas, tinha um carinho imenso por ele e não queria que ele pensasse que ela estava o acusando de assassino. – Essa aqui é a agente Molly Storm do FBI, ela tem algumas perguntas para fazer a você.

- FBI? – Perguntou sem entender o motivo do FBI querer falar com ele. – Estou com algum tipo de problema?

- É isso que quero saber. – Disse Molly. – Tem algum lugar que podemos conversar?

Thomas encaminhou as duas para a sala de reuniões.

- Será que podem me explicar agora o que aconteceu?

- Você conhece alguma dessas mulheres? – Molly colocou as fotos de Rebecca, Bridget, Felicity e Danielle em cima da mesa.

- Essas duas. – Thomas apontou para as fotos. – Rebecca e Bridget. Operei as duas da última vez que estive em Boston. Por quê?

- Elas estão mortas. – Respondeu Maura.

- O que? Como? Isso tem a ver com aquele caso em que você está trabalhando Maura? Vocês não acham que eu...

- Não estou achando nada Tom. – Respondeu Maura. – É que você tinha ligação com Rebecca e Bridget e foi a último a ver Felicity e Danielle vivas.

- Felicity e Daniella? – Molly apontou para as outras duas fotos. – Eu não... – Thomas olhou para a foto de Felicity. – Ah sim, claro! Ontem eu a ajudei a trocar o pneu do carro. – Disse apontando para a foto de Felicity. – Eu já estava saindo da academia quando ela perguntou seu eu podia ajudá-la, mas foi só isso, eu troquei o pneu e fui embora.

- Você não lembra da Danielle? – Molly perguntou. – Você esbarrou com ela na quinta-feira.

Thomas pegou a foto na mão e olhou por alguns segundos, mas definitivamente não conseguia se recordar dela.

- Não. Esbarro em tanta gente naquela academia.

- E onde você estava quando chegou em Boston entre as 22 e 23 horas?

- Claro que com a Maura! Ela pode confirmar isso. – Thomas olhou para Maura. – Não pode?

- Eu disse que queria ficar sozinha aquela noite, lembra?

- Eu respeitei, mas não sai de casa, eu fiquei assistindo televisão a noite toda e... – Thomas fez uma pausa e soltou um riso de indignação. – Claro que eu só tenho Bass e Jo Friday como álibi.

- A tartaruga e a cachorra? – Perguntou Molly.

- Cágado. – Corrigiu Maura. – Como você sabe?

- Jane me falou sobre eles. – Ao Thomas. – Na quarta-feira você estava na academia também. Um dos rapazes que trabalha lá disse que te viu. Você parecia revoltado.

- E eu estava, por que tinha acabado de descobrir que Maura e Jane tinham se beijado. Não queria que eu estivesse pulando de felicidade não é mesmo?

- Na ficha que puxamos de você diz que você tem histórico de problemas em controlar a raiva. Você pode ter ficado bravo por Jane ter voltado e descontou a raiva nessas mulheres.

- ISSO É UM ABSURDO! – Thomas disse possesso. – EU JAMAIS MACHUCARIA ALGUÉM! A única vez que machuquei alguém foi com os meus sete anos, quando chutei meu cachorro para longe, depois disso meus pais viram que eu precisava ser tratado e eu não dei mais problema, eu sei me controlar, por isso o saco de pancadas. Você me conhece Maura, sabe que eu não machucaria ninguém.

- Por isso que estamos aqui e não no departamento, por que a doutora Isles acredita em você. – Molly colocou outras fotos em cima da mesa, agora como as vítimas foram encontradas, incluindo a foto em que Maura fez a descoberta de que os membros se “encaixavam”. – Você é cirurgião... O quanto de precisão é preciso para fazer um corte desses?

- Esses membros cortados se ligam! – Disse Thomas espantado com o que vinha. – Nunca um cirurgião geral conseguiria fazer cortes como esse, as vezes fazemos amputações, mas é pra pessoa viver pra sempre sem o membro, não recolocá-lo, isso aqui foi feito por um cirurgião ortopédico.

- Não... Eu disse isso para ela cara. – Disse um médico entre risos entrando na sala com mais dois médicos. – Oh me desculpa Tom, eu não sabia que estava ocupando.

- Não tem problema. – Disse Molly. – Já tínhamos terminado. Eu sei que você tem tempo para ficar em Boston, mas enquanto não resolvemos, por favor, não deixe a cidade.

- Me desculpe por isso Tom.

- Está tudo bem Maura. – Disse com um meio sorriso. – O que importa é que você acredita em mim.

- Desculpa... – Se intrometeu o médico. – Maura? Sua Maura?

- Não, não minha mais. – Respondeu Thomas. – Maura esse aqui é Lucas Palmer, já deve ter comentando dele algumas vezes para você.

- Já comentou dele sim. – Respondeu com um sorriso o cumprimentando. – Prazer.

- O prazer é todo meu. Pensei que era exagero do Tom quando ele falava de você, mas pelo que eu vejo não.

- Nunca exagero.

- Doutora Isles, será que...?

- Oh sim. Me desculpa rapazes, mas eu preciso ir. – Ao Thomas. – Posso te ligar mais tarde?

- Claro!

Maura mandou um meio sorriso para Thomas, se despediu de todos junto com Molly e deixou a sala.

***

- Ma o que você está fazendo? – Perguntou Frankie ao ver a mãe com dos buquês de flores em cima do balcão.

- Tentando reconciliar sua irmã e a Maura.

- Quantas vezes vou ter que falar para parar de se meter? Você viu que da última vez que você e Constance se meteram Maura saiu daqui falando que não amava a Jane.

- Mas dessa vez é diferente. – Angela mostrou um cartão para Frankie. - Está parecendo com a letra da Jane?

- Não Ma, está parecendo com a sua letra.

- Acho que vou mandar só as flores então.

Frankie suspirou. Sabia que sua mãe nunca ia parar de tentar reconciliar as duas, então resolveu ajudar.

- Deixa que eu escrevo.

- Desde quando você aprendeu a falsificar letras?

- Tem algum tempo já. Usava as vezes na escola.

Se fosse em outro tempo Angela teria dando uma bronca por causa disso, mas dessa vez não, o que Frankie tinha aprendido para fazer coisa errada agora estava sendo usado para um bem maior, por que enviar flores para duas pessoas que não estão se falando, uma em nome da outra é algo super certo de se fazer.

***

Chegaram ao departamento e Molly passou tudo que tinha conseguido para eles. Ficariam de olho em Thomas, mas também procurariam por algum cirurgião ortopédico que fazia parte da academia e que podia ter alguma ligação com as vítimas.

Maura tinha resolvido por não ir atualizações junto com Molly, precisava ficar algum tempo sozinha para finalmente poder assimilar tudo que a agente havia lhe contado, entender que durante esses três anos Jane se fingiu de morta, mas em nenhum momento deixou de pensar nela, tentou até contato e para melhorar as coisas não tinha ficado com Molly. Precisava conversar com Jane, mas não sabia se a detetive queria conversar com ela.

- Doutora Isles. – Disse Susie com um buquê de flores na mão, não bateu na porta do escritório por que já estava meio aberta. – Enviaram para você. – Susie entregou o buquê para Maura. – Com licença.

- Obrigada Susie.

Assim que Susie deixou o escritório antes de mais nada Maura cheirou as flores, se lembrou de uma vez que Jane lhe entregou um buquê de flores com a desculpa de que estava com vontade de dar flores para alguém e por que não dá-las a mulher de sua vida. Sempre soube que o real motivo foi por que ela tinha arranhado seu carro, mas nunca contou, por que tinha adorado o gesto.

Tudo passa, mas o amor da gente não...

Jane

Maura abriu um sorriso, mas estava confusa, mesmo depois de tudo que tinha dito para Jane ela ainda estava lhe mandando flores e um bilhete com uma pequena declaração? A letra não enganava, era de Jane e depois, após as histórias que tinha ouvido de Molly, o modo como Jane tinha aguentado firme os três anos, só para voltar e tê-la de volta, a frase não podia ser diferente, por que depois dos três anos, depois de todo sofrimento que passou imaginando que Jane estaria morta, mesmo depois de pensar que tinha seguido em frente, só foi vê-la por segundos para saber que o amor estava intacto, que independente do que passasse, elas continuariam se amando. A frase era perfeita para o momento.

- Alguém anda arrasando corações. – Disse Frankie carregando o buquê de flores. – Mandaram para você. – Disse entregando o buquê para Jane.

- Quem mandou? – Perguntou Frost. – Admirador secreto?

Estava curiosa para saber quem tinha lhe enviado flores, primeiro por que nada tinha mudado com o passar dos anos, não recebia flores. Pegou o cartão para ver se mostrava quem tinha enviado.

Achei felicidade quando te encontrei...

Maura

Poderia ter ficado feliz se não tivesse ficado confusa. Mais cedo a loira tinha dito que foi um erro ela ter voltado e agora mandava flores com uma pequena declaração? Poderia dizer que era alguma brincadeira de alguém se não conhecesse a letra de Maura e saber que a frase fazia sentindo, não querendo ser prepotente e dizer que a legista só era feliz por que a conheceu, pelo contrário, sempre que Maura dizia que ela (Jane) tinha mudado sua vida ela dizia que não era bem assim, que foi Maura que tinha mudado sua vida, mas por tudo que a legista disse e passou, aquela frase no cartão não poderia ter vindo de outra pessoa que não fosse da legista, mas não sabia o que pensar, ainda estava doendo tudo que tinha ouvido.

- Nada de admirador secreto. – Disse colocando o cartão de volta no buquê de flores. – Nem de flores eu gosto.

Molly tirou o buquê das mãos de Jane e pegou o cartão para ler.

- Qual o seu problema?

- Meu problema é que estou cansada então vou para minha casa, tomar um banho e tomar uma cerveja. – Jane pegou o cartão da mão da Molly. – Se gostou das flores pode ficar com elas. Boa noite para vocês.

Foi para casa, tomou seu banho e pegou uma cerveja para ser sua companhia para assistir ao programa de esportes. Até queria prestar atenção, mas não parava de olhar o cartão que Maura havia lhe mandado. Não sabia o que fazer, se ligava para ela, se ia até sua casa ou se deixava as coisas como estavam e deixasse com que Maura fosse atrás dela.

Cansada de não conseguir prestar atenção em nada e só pensar em Maura por causa do cartão resolveu que estava na hora de tirar uma satisfação, por que senão seria mais uma noite sem dormir. Tomou mais um gole de sua cerveja, levantou do sofá e se encaminhou até a porta pronta para ir a casa da loira, mas para sua surpresa encontrou Maura ao lado de fora pronta para bater na porta. Ficou olhando para Maura com uma cara confusa, tanto que não conseguiu formular uma palavra, com toda certeza a legista era a última pessoa que ela imaginou que veria naquela noite parada na porta de sua casa, mesmo depois do bilhete.

- Posso entrar? – Maura perguntou após perceber que Jane a encarava e parecia que não ia dizer uma única palavra. Ainda sem dizer nada Jane abriu espaço para que ela entrasse.

Ficaram trocando olhares por alguns segundos assim que Maura entrou no apartamento. Jane não tinha o que dizer e Maura não sabia por onde começar, então já sabendo que se continuassem assim ia ficar a noite inteira a legista resolver começar.

- Me desculpa. – Jane a encarou sem entender o porquê do pedido de desculpas, mesmo existindo vários motivos para tal pedido. – Não foi um erro você ter voltado, eu falei aquilo sem pensar, o que está acontecendo muito ultimamente desde que você voltou. Você está certa, eu tentei seguir em frente, mas nada parecia certo por que não tinha você, eu namorei o Tom, ele era ótimo comigo, mas ele não era você e eu sabia disso, só não queria admitir.

Maura estava emocionada. Desde que tinha recebido o suposto bilhete de Jane tinha resolvido que ia falar com ela, mas não fazia a mínima ideia do que falar, sabia que pelo menos deveria se desculpar por tudo que tinha dito. Jane percebendo que ela começaria a chorar puxou a legista para um abraço.

- Obrigada por ter voltado. – Maura disse entre lágrimas.

- Eu prometi para você, não prometi?

Se separaram do abraço e Maura fez um afirmativo com a cabeça. Nunca mais duvidaria de nenhuma promessa de Jane, por que tinha que admitir a vida da morena a partir do momento que tinha levado o tiro não estava mais nas mãos dela e mesmo assim ela cumpriu a promessa, permaneceu viva e voltou para Maura.

- Vamos fazer direito dessa vez? – Sugeriu Maura. Mais uma vez Jane a encarou sem entender. – Eu te amo, mas não estou pronta ainda para voltarmos a ser um casal, por que acredito que antes disso éramos amigas. Sua proposta de sermos amigas novamente é bem interessante, podíamos tentar.

- Você sabe que não somos amigas convencionais, não é verdade? Por que nos amamos, somos apaixonadas uma pela outra e a qualquer momento você pode não resistir e vir para cima de mim me beijar e eu vou ser obrigada a dizer que somos só amigas. – Disse Jane arrancando risos de Maura.

- Eu vou correr o risco. Por que eu quero ter certeza que realmente está tudo bem você ter se fingindo de morta, agora que eu sei que você não me traiu com a Molly.

- Eu não te trai com... – Jane fez uma pausa tentando entender o que Maura tinha acabado de dizer. – Com a Molly? Sério Maura? – Maura deu de ombros. Jane deveria saber que ela nunca foi boa com suposições. – Eu dei suas flores para ela. – Maura a encarou sem entender. Que flores? – Mas não fique brava, eu estava com raiva de você. Mas guardei o cartão.

- Eu não te mandei flores. – Respondeu. – E que cartão? Você que me mandou flores com um cartão.

- Por que eu te mandaria flores com um cartão se eu estava com raiva de você?

Elas se entreolharam e riram. Óbvio que Angela tinha alguma coisa a ver com isso, como teve com o encontro de Jane e Thomas que não tinha dado muito certo. Lembrariam de agradecer depois, por que dessa vez tinha dado certo, ainda não tinham voltado a ser um casal, mas ficariam bem novamente e poderiam voltar com os planos.

- Você ainda bebe cerveja? Por que é a única coisa que tem nessa casa.

- Tem algum filme pra gente assistir?

- Você quer saber se tem O Diário de uma Paixão para assistir não é? – Maura fez um afirmativo com a cabeça com um sorriso, desde que Jane tinha supostamente morrido ela nunca mais tinha assistido a esse filme ou a qualquer outro que costumava assistir com Jane. – Não, por que está na sua casa, mas eu tenho um bom com a Reese Witherspoon.

- E Se Fosse Verdade? – Perguntou novamente com um sorriso animado.

- Não Maura, já assistimos esse filme milhares de vezes também.

Jane entregou uma cerveja para Maura e as duas caminharam até o sofá para assistir ao filme. Estavam felizes, não poderiam ser um casal – ainda -, mas estavam bem, talvez ainda tivessem algumas coisas para conversar, algumas coisas para esquecer, mas nada que com o tempo não fosse resolvido para que elas pudessem voltar da onde que tinham parado, para ver se assim, dessa vez, o pedido de casamento possa ter uma resposta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Uma observação: Só por que elas vão ser "só amigas" não significa que não teremos ótimas cenas ;) Para quem quer as duas juntas logo, se agarrem nisso, por que sou dessas.

PS: AS frases dos bilhetes são de músicas, que ao meu ver só a frase que eu coloquei tem a ver com o momento, mas se quiserem saber de que músicas foram.

Ana Carolina - Jammil e uma noites ( Não tem a marmota da música no youtube por que né é de 1998 se não me engano, só eu tenho essas reliquias do Jammil =P)
GPS - Claudia Leitte ( http://www.youtube.com/watch?v=uKpBpU8biig )