Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 2
Capítulo 2 - Somos amigas?


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo pessoal!
Fico feliz que tenham gostado do primeiro capitulo e esperam que curtam esse também.
Ótima leitura =)



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Um mês tinha se passado desde a morte de Jane. No departamento mesmo ainda arrasados todos tinham voltado com suas vidas normais, mesclando encontrar o assassino de Jane tinham outros assassinos para encontrar também, por que Jane poderia ter morrido, mas os crimes continuavam, mas Maura ainda não estava racionalmente capaz de pensar assim, tinha achado um absurdo quando Angela falou que tinha voltado a trabalhar, uma parte de si até tentava entender que a vida continuava e que ela tinha que continuar com a vida, mas a outra parte só queria se afogar nas lembranças de quando Jane ainda estava viva. Todos estavam preocupados com Maura, por que ela não saia de casa, se comia era só na frente de Angela que sempre levava seu almoço e seu jantar e não saia de perto de Maura enquanto ela não terminava de comer, Maura estava irreconhecível, todos sabiam que a morte de Jane tinha a abalado e não era para menos, além de namoradas eram melhores amigas, mas pensaram que após algum tempo ela ia voltando ao normal aos poucos, provavelmente precisaria de mais tempo.

Deitada em seu inseparável sofá desde a perda de Jane, Maura passava os canais da televisão sem encontrar nenhum programa que prendesse sua atenção, nem aqueles documentários científicos eram capazes de prender sua atenção e eram de longe seus favoritos, mas ultimamente estavam fazendo com que ela também se lembrasse de Jane, de suas discussões sobre o que iriam assistir e no final das contas sempre acabam assistindo alguma comédia romântica. Foi atrapalha de seu mais novo hobby com a campainha tocando, pensou em não atender, mas como sabia a preocupação que estava causando a todos seria melhor atender para não pensarem que tinha cometido suicídio ou algo parecido. Foi se arrastando até a porta e quando abriu desejou não tê-la aberto. Era Dean parado do lado de fora de sua casa, não via Dean desde o acontecido com Paddy Doyle, Jane ainda havia falado com ele alguns vezes sobre alguns casos, mas nada que o fizesse voltar para Boston, mas agora com a morte de Jane parecia que até o FBI tinha sido envolvido para pegar seu assassino.

- O que você quer? – Perguntou ríspida. – Não falaram para você que não quero visitas? Ainda mais a sua.

- Eu sei que tivemos nossas desavenças no passado Maura, mas assim como você eu também me importava com a Jane e estou aqui para ajudar.

Mesmo contra a vontade Maura deu espaço para que Dean entrasse. Talvez viesse com alguma noticia sobre o paradeiro do assassino de Jane, mesmo sendo improvável já que se alguém tivesse alguma noticia Frost e Korsak seriam os primeiros a avisá-la.

- Sinto muito por tudo que você está passando Maura. – Dean foi andando atrás de Maura que sentou de volta no sofá, ligou a televisão e voltou a passar os canais. Já tinha ouvido que Maura estavam mal, mas não imaginava que tanto assim. – Estamos fazendo de tudo para descobrir onde está o assassino da Jane, vamos pegá-lo.

Maura desligou a televisão e encarou Dean.

- Eu agradeço o que vocês estão fazendo, mas pegá-lo vai acontecer o que? Vai pegar 20/30 anos de prisão e depois? Jane vai continuar morta!

- Eu sei. Infelizmente isso não podemos mudar, mas vamos honrar a memória dela.

- A culpa de tudo isso é minha. – A voz dela saiu embargada. – Se eu... Se eu... – Balançou a cabeça em negativo. – Eu quero que peguem quem fez isso com a Jane, mas isso não vai mudar o fato de que ela está morta, por minha causa.

- Maura você não teve culpa de nada. – A legista baixou os olhos. – Sei que todos já falaram isso para você, mas já está na hora de parar de se culpar por algo que não tinha nada a se fazer.

- O que você quer afinal?

- Se for possível que você me detalhasse o que aconteceu naquela noite.

Teria que viver aquele dia de novo? Já tinha dito tudo que lembrava para Korsk e Frost e a lembrança parecia tão vívida quanto a realidade. Era impossível acreditar que Jane já tinha sobrevivido a um serial killer que era o Hoyt, já tinha sobrevivido a um tiro que ela própria resolveu levar para salvar vidas, todos os casos, todas as ameaças e morreu de uma forma que ninguém poderia prever, nem a própria Maura que se culpava pela morte da amada.

Vendo Dean ali na sua frente lembrou da primeira vez que Jane foi atacada por Hoyt. Estava em sua casa dormindo quando recebeu a ligação de que Jane estava no hospital. Tinha três meses que estavam trabalhando juntas, o primeiro caso de Jane como detetive foi de um serial killer que matava casais e por algum motivo ele tinha ficado obcecado por Jane.

Já fazia duas horas que Maura estava na sala de espera, a detetive dormia, mas precisava mesmo depois de tudo que tinha passado. Queria ir até o quarto, mas não sabia até que nível estava a amizade das duas se é que eram amigas. Bebiam juntas depois do trabalho, mas mal conversavam sobre sua vida pessoal, ás vezes um assunto ou outro era citado, mas nada demais. Jane algumas vezes comentava da mãe que lhe preparava o almoço para levar a delegacia, de um irmão que estava prestes a se tornar policial, mas nada demais, já Maura não tinha muito o que contar, sempre viveu mais sozinha que com seus pais, então não queria parecer a coitadinha rejeitada, mas desde que tinha recebido a ligação de que Jane estava no hospital por que foi atacada por Hoyt a sensação que teve era de querer estar perto dela, mesmo que fosse na sala de espera e Jane nem fazer ideia de que ela passou por lá.

- Esperando noticias de alguém? – Perguntou uma mulher que tinha percebido a cara de aflita de Maura. Sentou ao seu lado. – Acredite, aprendi isso hoje, se eles demoram para te dar noticias é por que tudo está bem.

Maura mandou um sorriso tímido.

- Já tive noticias. É de uma ami... Conhecida. Só que está dormindo, não quero incomodá-la.

- Não sei que dificuldade vocês tem em chamar alguém de amigo. Minha Jane tem o mesmo problema. Falo para ela que tem que fazer mais amigos, mas ela nunca me escuta.

- A senhora é a senhora Rizzoli? – Perguntou Maura surpresa. – Mãe da Jane? – Com um sorriso. – Sou Maura.

- Maura? – Angela abriu um sorriso. – Por favor me chame de Angela por que Jane fala tanto de você que acho que já te conheço a vida inteira. – Maura soltou um riso tímido. – Ela vai ficar feliz em te ver. – Angela levantou do banco. – Vamos, ela deve acordar daqui a pouco.

- Não Angela, eu não quero atrapalhar, a deixe descansar, só avisa que eu passei por aqui.

- Deixa de ser boba Maura, ela vai ficar feliz em ver alguém que não seja eu.

Era o empurrão que Maura precisava para tomar coragem para ver Jane. Tinha gostado de Angela, era um amor a mãe de sua colega. Chegando ao quarto encontrou Jane dormindo, suas mãos enfaixadas encima da barriga, não apresentava nenhum sinal de dor, mas deveria ser por que dormia profundamente e por causa dos analgésicos dados também. Angela fez com que Maura sentasse em uma poltrona que tinha ao lado da cama e Angela sentou um pouco mais afastada em um sofá que tinha no quarto e passaram a conversar. Maura nunca pensou que teria uma conversar tão agradável assim com a mãe de alguém, as mães de seus namorados de primeira impressão a achavam um amor, mas depois que ela abria a boca eles a achavam a garota mais estranha do mundo, isso na sua adolescência, por que depois de uma certa idade ela passou a não ter relações tão sérias assim já que nenhuma dava muito certo, talvez fosse por Angela não ser mãe de nenhum namorado seu e sim mãe de sua colega que elas estivessem se dando tão bem. Angela admirava a inteligência de Maura e em nenhum momento a achou estranha quando ela soltava seu dicionário interior, para falar a verdade Angela achou até que era exagero de Jane quando ela dizia que Maura sempre tinha um significado ou estudo cientifico para tudo.

- Querem que eu traga um chá para vocês duas? O Assunto está bom?

Ambas abriram um sorriso ao ouvirem as primeiras palavras de Jane depois de todo o acontecido. Que saudade que estavam do mau humor da detetive.

- Como você está? – Maura perguntou. – Está sentindo alguma dor? Quer que eu chame uma enfermeira?

- Cinco minutos conversando com a minha mãe e você já pegou a superproteção dela, Maura? Eu estou bem, tão bem quanto alguém que acabou de ter as duas mãos presas no chão por um serial killer.

- Já está ótima. – Disse Angela ajeitando o travesseiro de Jane a fazendo fechar a cara. – Vou pegar café, alguém vai querer?

Ela puxa o lençol de Jane que estava abaixo da cintura um pouco mais para cima. Maura achava graça da superproteção de Angela com Jane. Mas na verdade é que não conseguia imaginar o que Angela estava passando, ficar com o coração na mão toda vez que a filha sai de casa para trabalhar sem saber se ela vai voltar viva.

- Eu acho que já vou indo. – Maura levantou da poltrona. – Só queria ver como a Jane está.

- Agora que ela acabou de acordar? – Angela fez um negativo com a cabeça. – Você vai ficar mais um pouco Maura. Sei que Jane está feliz com a sua presença.

- Tão feliz quanto você ficava quando eu bati nos filhos do vizinho e ele vinha reclamar para você.

Angela fez careta.

- Fique até eu voltar com o café. – Angela passou a mão no ombro de Maura. – Volto logo.

E deixou o quarto.

O silêncio imperou no lugar. Não que Maura não tivesse muito o que dizer, ela tinha, só não sabia como dizer, ainda mais na situação de Jane, já tinha lido alguns estudos feitos em pessoas que passam por alguma situação traumática e mesmo que Jane aparentemente podia ter acordado de bom humor não dava para imaginar o que estaria por vir, se o bom humor permaneceria, se ela queria Maura lá, se a legista não estava atrapalhando, era melhor ter ficado só na sala de espera.

Jane percebendo a hesitação de Maura em puxar qualquer conversa resolveu pensar em alguma coisa logo, estava com uma sensação estranha demais só trocando olhares com a legista que aparentava estar bem nervosa. Passou os olhos pelo quarto e na mesinha ao lado de sua cama encontrou um vaso com flores.

- Me trouxe flores doutora Isles? – Perguntou em tom provocativo. Sabia que Maura não tinha trazido as flores, mas como até hoje chamar Maura de cafetina causava algum efeito, queria ver como ela se comportaria com Jane dizendo que ela tinha levado flores. – Não recebo flores nem de homens.

Como pretendia Maura ficou mais vermelha que uma maçã. Não sabia por que a doutora se envergonhava tanto diante de algumas situações.

- Não, eu não te trouxe flores. – Maura resolveu procurar por um cartão no meio daquelas flores para Jane não pensar que ela estava mentindo. – Olha aqui. – Tirou o cartão do meio das flores. – Posso?

- Se não for um bilhete de você dizendo que é outra pessoa.

- “Obrigado por ser mais forte que um exército inteiro. Fique bem logo. Gabriel Dean”. – Maura leu o bilhete. – Viu como eu não te mandei as flores e que homens podem enviar? Vai agradecê-las? Ele gosta de você.

- Ele não gosta de mim. – Jane fez careta. – Só se sentiu responsável pela minha segurança.

- Não, ele gosta de você, senão não tinha te mandado flores.

- E mesmo se gostasse... Ele já está a caminho de Washington mesmo.

- Como você sabe?

- Por que eu ouvi ele conversando com a minha mãe quando trouxe as flores.

Maura fez uma cara de confusa.

- Eu sabia que você não me trouxe as flores Maura.

- Ah... – Maura fez uma expressão de que tinha entendido tudo. – Você só estava debochando de mim?

- Provavelmente?

Jane esperava que Maura ficasse irritada com ela, por que a maioria das vezes adorava tirar sarro da cara de Maura e achava engraçado como ela não entendia, ainda mais quando ela era sarcástica. Maura era vivida, disso Jane não tinha duvidas, mas para certas coisas ela era tão inocente que algumas vezes Jane até se sentia mal por usar Maura como instrumento de sua diversão. Estava aprendendo a gostar da legista. Sim, gostava de pensar que estava aprendendo, não que já gostava dela o suficiente por esses três meses que ela faria falta na sua vida se ela fosse embora, mas ninguém precisava ficar sabendo. Se surpreendeu ao ver que ao invés de irritada Maura soltou um riso, foi obrigada a rir junto com a legista. Era bom ter Maura por perto.

- Maura... – Jane olhou a hora em seu celular. – Duas horas da manhã? Não era para você estar em seu sono de beleza? Faz quanto tempo que você está me esperando acordar?

- Não importa. Eu não ia conseguir dormir sem pelo menos saber que você estava bem.

E Maura sabia mesmo fazer com que Jane ficasse sem palavras. A dois segundos estava se divertindo as custas da legista e agora ouvia algo assim saindo da boca dela? Só conseguiu agradecer a preocupação com um sorriso tímido. Mesmo com o pouco tempo de convivência já tinha percebido que Maura era única.

***

- Mãe! O que você... ?

Jane tinha recebido alta do hospital depois de dois dias. Estava louca para voltar para casa, queria sua cama, seu sofá, sua televisão, seu cereal, sua bagunça, poderia até encontrar tudo isso quando chegou em casa, mas sua bagunça não.

- Quem disse que era para você limpar meu apartamento?

- Era capaz de infeccionar seus pontos de tanta sujeira que tinha nesse lugar.

- Estou com a mão enfaixada. – Jane ergue as mãos para mostrá-las. – Não tem como infeccioná-las.

- Na realidade mesmo com suas mãos enfaixadas os pontos podem sim infeccionar, por que as bactérias...

- E posso saber por que a senhora chamou a Maura? Não preciso de babá.

- Ela só veio te fazer companhia enquanto eu vou ao mercado fazer algumas compras. Você sabia que só tem cereal nesse apartamento para comer?

Jane fez careta. Claro que sabia.

Angela deixou Jane e Maura sozinhas no apartamento e foi fazer as compras. Sem atrasar mais seu reencontro com seu sofá tratou de sentar-se nele e mesmo que seu desejo fosse ficar sozinha não destratou Maura e deu um lugar para ela sentar no sofá também. Tinha algumas perguntas, muitas perguntas para falar a verdade, mas não sabia como fazê-las sem chatear Maura, a legista tinha ido lhe visitar todos os dois dias que tinha ficado internada, a distraia, trazia até alguns artigos científicos que possivelmente ela nunca iria ler, mas só de ver como ela ficava animada falando sobre o artigo já a fazia até esquecer que estava com as duas mãos cheias de pontos, enfaixadas por causa de um serial killer.

- Você não precisava ter vindo Maura, sei que deve estar cheia de trabalho no laboratório.

- Na realidade não, esses últimos dois dias está calma no trabalho.

Jane fez um afirmativo com a cabeça e começou a passar de leve seu polegar direito na mão esquerda e depois o polegar esquerdo na mão direito. Os pontos incomodavam. Os pontos coçavam. Os pontos doíam, tinha hora que tinha vontade até de pedir para cortarem suas duas mãos só para aquele tormento passar.

- Dói?

Jane fez um afirmativo com a cabeça e em um momento inesperado Maura tomou suas mãos e passou a acariciá-las levemente com o intuito de fazer a dor ir embora. A detetive nunca tinha sentido nada parecido com o que sentiu quando as mãos de Maura tocaram a sua mão, queria tirar suas mãos das mãos de Maura, mas o toque estava tão gostoso que ia parecer até pecado se ela fizesse uma coisa daquelas. Com um sorriso nos lábios Maura devolveu a mão de Jane e como em um passe de mágica suas mãos pararam de doer.

- Daqui alguns dias não vai mais incomodar. Só fazer tudo que o médico mandou.

Jane passou os dedos novamente nas mãos para ver se tinha algum vestígio da dor ainda e também para ver se quebrava a sensação estranha quando teve as mãos de Maura tocando a sua e realmente nenhum vestígio de dor, mas a sensação continuava e ela queria Maura tocando em suas mãos mais vezes.

- Por que você se importa tanto?

Jane finalmente perguntou. Desde que tinha visto que ás duas horas da manhã Maura ao invés de estar dormindo estava no hospital esperando que ela acordasse precisava perguntar, mas não queria ser rude. Não que se preocupasse com isso.

- Com o que?

Maura perguntou realmente sem entender.

- Comigo. Eu tiro sarro da sua cara, sempre estou me divertindo a suas custas e mesmo assim você se preocupa comigo. Por que?

Sinceramente? Maura não sabia o que responder, então por impulso baixou os olhos. Alias, na realidade ela sabia, Jane era alguém mais próximo de um amigo de verdade que ela teve durante a vida, que passava bastante tempo com ela, que a chamava para beber no fim do expediente. Mesmo que tirasse sarro de sua cara, percebeu que isso era natural de Jane, fazia aquilo com todo mundo, era de sua personalidade e desde que tinham se visto pela primeira vez Jane até que era mais agradável e Maura a admirava. Voltou a olhar para Jane, percebeu em sua expressão que ela não desistiria enquanto não tivesse a resposta.

- Eu sou adotada. – Jane a encarou com curiosidade. Não era bem essa resposta que queria ouvir, mas não ia interromper Maura. – Fui muito nova para um colégio interno. Sou grata por meus pais terem me adotado, por que graças a eles tive a oportunidade de ser quem eu sou hoje. Mas eu nunca fui uma criança normal, enquanto as outras garotas brincavam de boneca eu lia livros sobre anatomia, adorava as aulas de biologia quando tínhamos que dissecar sapos, sempre me dei melhor com os mortos do que os vivos. Nunca tive amigas, por que as pessoas acho que tinham medo de mim, se assustavam cada vez que eu abria a boca. – Maura baixou os olhos novamente. – Quando vim para Boston pensei que seria só eu e os mortos novamente, mas você apareceu, me tratou como uma pessoa normal. – Voltou a olhar para Jane. – Mesmo que tire sarro de mim algumas vezes. – Soltou um riso. – Você é a coisa mais próxima que eu tive de uma amiga todos esses anos. Por isso que me importo.

Maura pensou que esse seria o momento que tinha jogado tudo para o ar. Jane nunca tinha dito que elas eram amigas, só a tratava sempre como “a colega de trabalho”, ganhar o papel de primeira amiga de alguém talvez não fosse algo que ela almejava.

- Sempre me dei melhor com os garotos. – Jane começou a falar para a surpresa de Maura que pensou que ela encerraria o assunto por ali. – Jogava basquete, beisebol, as meninas achavam até que eu gostava de garotas por que eu era cercada por todos eles e não ficava com nenhum, mas eles eram meus amigos oras. Tive umas duas amigas, mas só no período de escola. Fiquei com medo de nunca mais poder segurar uma arma novamente, mas você estava do meu lado e está e a única coisa que consigo pensar e me preocupar mais do que não poder mais segurar uma arma, ser uma detetive, uma policial e não ter você para me ajudar a solucionar o caso. – Maura baixou os olhos. Sim, Jane só via como uma colega de trabalho. – Você não é estranha Maura, pelo contrário, te acho um gênio e a maioria dos gênios você já deveria saber que as pessoas os achavam estranhos. Gosto de beber com Korsak e Frost, mas nunca pensei que diria isso, mas... Me divirto mais ainda bebendo com você, mesmo que seja por que ás vezes tiro sarro da sua cara. Depois de anos você é a coisa mais próxima que eu tive de uma amiga também.

Maura se sentiu na segunda série quando Clarice disse que ela era sua melhor amiga, pena que durou pouco tempo, por que a garota só queria seus lápis de cor e depois que usou tudo para terminar o desenho, esqueceu que Maura existia. Tirando essa parte trágica ela gostou do que ouviu, poderia parecer uma menina, mas gostava de Jane, gostava de como elas estavam se dando bem e gostaria de tê-la cada vez mais perto como sua amiga.

Jane nunca pensou que falaria coisas assim, ainda mais para a boca de Google, mas se sentiu no dever e a vontade de fazer isso, Maura tinha a conquistado de uma forma.

- Doutora Rainha dos Mortos, acho que minha mãe pode parar de reclamar que eu não tenho amigas e você nunca mais vai poder dizer que nunca teve uma amiga.

Com um sorriso triste Maura se lembrava daquele dia. Naquela época em seu inconsciente já sabia que não queria Jane só como amiga, por que tinha pegado nas mãos dela, tinha sentindo algo tomar conta de seu coração enquanto massageava as mãos da detetive, mas naquele instante ignorou aquilo, podia não ser nada. Se soubesse que depois de tudo que passaram, de como teve que correr atrás da Jane para finalmente ficarem juntas, não tinha perdido tanto tempo e ao invés de ficar relatando como foi ver sua namorada morrer, poderia estar fazendo planos para o casamento. Não que, dizer o que sentia para Jane antes poderia ter mudado alguma coisa.


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