Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 1
Capítulo 1 - O Primeiro Caso


Notas iniciais do capítulo

Tive a ideia de escrever essa fic enquanto dormia (como sempre vem minhas ideias) Pensei: "Nossa! Que legal seria se isso acontecesse!" Não que a morte de Jane seja legal, mas... Enfim, só lendo para entender por que eu resolvi escrever uma fic assim e por que eu estou achando a ideia muito boa.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/339369/chapter/1

A chuva caia fininha naquela tarde. As pessoas com seus imensos guarda-chuvas abertos deixavam o cemitério, mas ainda não acreditavam em quem a pouco tinham acabado de enterrar. Jane Rizzoli, a primeira mulher detetive da Homicídios de Boston, grande detetive por sinal, familiares, amigos, colegas de trabalho e a mulher que ela amava estavam no enterro, não deixaram de esconder o quanto estavam abalados e chocados com o que tinha acontecido, choravam como parecia que nunca tinham chorado na vida, mesmo com o mau humor e o jeito rabugento todos adoravam Jane, conheciam ela e sabia do grande coração que tinha atrás de todo aquele sarcasmo e ironia, talvez fosse até por isso que estava tão difícil dizer adeus.

- Nós vamos pegar quem fez isso com ela Maura. – Frost dizia, mesmo sabendo que não ia amenizar nenhum pouco a dor que Maura estava sentindo por perder Jane, mas era questão de honrar sua memória pegando o desgraçado que tinha feito aquilo. – Eu prometo Maura, nós vamos pegá-lo.

Maura era a mais abalada de todos que passaram por lá. Chegou ao cemitério sem dizer nenhuma palavra, não tinha forças para dizer nenhuma palavra, a pessoa que mais tinha amado na vida estava agora em um caixão, dentro de um buraco, prestes a jogarem terra em cima. Não viria mais Jane se não fosse pelas fotos que tiraram, não ouviria mais sua voz se não fosse pelos vídeos que gravaram, não teria mais sua presença, não a teria mais sussurrando em sua orelha o quanto ela a amava. Por que a vida tinha que ser tão injustiça e tirar Jane dela? Tinha demorado tanto para encontrar o grande amor de sua vida e quando encontra...

- Vamos querida. – Angela abraçou Maura de lado. – Vai acabar ficando doente nessa chuva. – Angela tentou fazer com que Maura seguisse seus passos e saísse de frente do tumulo, mas não obteve sucesso. – Eu sei como isso é difícil, eu sei o quanto você a amava, mas você precisa deixá-la ir.

Maura encarou Angela por alguns segundos e voltou a olhar para o tumulo. Como podia deixá-la ir se ela tinha acabado de ser tirada de sua vida? E por que Angela parecia estar tão conformada com a morte de Jane? Era a filha dela! Mesmo pensando assim, não tinha forças de colocar nada para fora, estava esgotada fisicamente e psicologicamente, no auto de sua depressão só queria ser enterrada junto com Jane para que esse pesadelo terminasse logo.

Com a ajuda de Frank, Angela conseguiu levar Maura para casa. A legista foi o caminho inteiro sem dizer uma palavra, estava aérea, parecia que o pensamento estava a mil. Angela queria ter o poder de ler mentes só por aquele instante para saber o que se passava na cabeça de Maura, sabia que ela estava sofrendo e queria ajudá-la, mesmo sabendo que ia precisar de ajuda quando finalmente se desse conta de que não ia mais ver sua Jane.

- Quer que eu prepare um lanche para você? – Perguntou Angela. Mas Maura nada responde, só caminhou até a estante e pegou uma foto dela e Jane e ficou acariciando a foto. – Quer que eu te prepare um chá?

- Não, obrigada.

Angela ficou feliz com o que ouviu, não a recusa claro de que se podia fazer algo, mas sim que após horas Maura tinha dito alguma coisa por que a única coisa que tinha feito o dia inteiro foi chorar.

- Tem certeza? Você precisa comer Maura, não come desde ontem.

- Eu só quero ficar sozinha.

- Maura... – Angela pegou as mãos da legista e encaminhou para que as duas sentassem no sofá da sala. – Quero que você saiba que eu estou aqui.

- Eu sei e sou grata por isso.

- Já que você não quer comer tenta dormir um pouco, vai fazer bem para você.

- Para eu acordar e ver que isso não é um pesadelo? – Fez um negativo com a cabeça. – Prefiro continuar acordada.

- Maura...

- Se importa? – Maura levantou do sofá. – Quero ficar um pouco sozinha.

- Tudo bem. – Angela levantou do sofá e deu um abraço em Maura que não fez menção em não retribuir. Abraçou Angela forte, não conseguiu chorar, parecia que suas lágrimas haviam secado de tanto que já tinha chorado nessas últimas 24 horas, mesmo que fosse cientificamente improvável suas lágrimas terem secado. – Vai ficar tudo bem.

Bem que ela queria acreditar que tudo ia ficar bem, mas ela sabia que não ia, não se isso não passasse de um pesadelo e assim que ela acordasse Jane estaria ao seu lado perguntando o que aconteceu e ela contasse toda a trágica história, assim seria abraçada pela namorada e ela diria o quanto o pesadelo foi idiota, que ela estava ali e que nunca a deixaria, mas as coisas não eram bem assim. Maura subiu até seu quarto e deitou na cama, do lado direito para ser mais precisa, ficou acariciando o travesseiro do lado esquerdo que era onde Jane costumava deitar, inspirou o cheiro com a esperança de ainda ter o cheiro da detetive lá e ainda tinha, o cheiro do xampu de frutas vermelhas que ela costumava a usar, misturado com o cheiro único que Jane tinha e que Maura não conseguia descrever, por alguns segundos sentiu, enquanto seus olhos estavam fechados sentindo aquele cheiro, que a detetive estava no quarto, mas quando abriu os olhos percebeu que jamais veria Jane de novo e que o cheiro de Jane no travesseiro não ia durar para sempre e só de pensar naquilo um buraco ia se formando em seu coração. Não ia conseguir se acostumar sem a presença de Jane, sem seu mau humor, sarcasmo, ironia, sua tentativa de ser romântica quando as duas estavam sozinhas, o mais difícil de tudo era saber que tudo aquilo era culpa dela, que se alguém tinha matado Jane esse alguém era Maura.

Fechou os olhos tentando acalmar sua cabeça e não pensar em nada, talvez Angela tivesse razão, precisava dormir um pouco, mesmo que isso resultasse a não dar um fim ao pesadelo, mas era impossível não pensar em nada, sua cabeça ficava martelando no dia em que ela e Jane se conheceram.

Era uma segunda-feira. Tinha um pouco mais de uma semana que Maura tinha vindo morar em Boston, tinha aceitado uma proposta de emprego que assim que se instalasse na cidade poderia começar. Sempre foi ótima em seu trabalho, seu chefe em Londres ficou chateado quando Maura veio com sua carta de demissão dizendo que tinham arrumado outro trabalho em outro continente, mas era o que ela mais precisava naquele momento. Um novo trabalho, novas pessoas ao seu redor, não que se importasse com as pessoas, nunca foi de fazer amigos por onde passou, trabalhou cinco anos em Londres e não tinha uma pessoa que ela apontava e dizia que aquela era amiga, sempre foi mais fechada, até na faculdade ou no internato em que estudou, sua preocupação sempre foi em estudar e ser excelente no que fazia e isso ninguém podia se queixar, por que ela era.

Maura estava ansiosa, iria trabalhar em um departamento de homicídios, iria ajudar a resolver crimes, não era muito de assistir televisão se não fosse os canais educativos e de documentários como o Discovery, mas ás vezes que tinha passado por CSI achava interessante e seria uma honra ajudar detetives e policiais a encontrarem assassinos. Resolveu parar em uma padaria que tinha perto do prédio em que iria trabalhar para tomar um café. Enquanto estava na fila ouvia uma discussão do possível dono do lugar e de uma mulher, a principio não tinha visto a mulher, mas depois percebeu que não era uma mulher qualquer, era uma garota de programa querendo levar um café da manhã de graça. Já tinha assistido a alguns documentários de como era a noite de uma garota de programa, sempre disposta a ajudar, Maura tirou dois dólares de sua bolsa, se encaminhou até a garota e estendeu o dinheiro para ela.

- Com licença! – A garota de programa que algum tempo depois ela descobriria que era Jane a olhou de cima a baixo e continuou. – Não está vendo que estamos no meio de uma discussão? Volte para seu lugar na fila que daqui a pouco você vai pegar seu café com leite desnatado.

- Não, isso não é para mim é para você comprar seu café. – Maura estendeu o dinheiro mais uma vez. – Tome.

- Não sei quais são suas intenções depois de me pagar esse café, mas eu não vou aceitar.

- Por que não? Assim seus problemas ficam resolvidos e você para de discutir com o senhor e as pessoas que estão na fila esperando por seu café param de te xingar.

- E você acha que eu ligo? Stanley me conhece, custa ele me dar um café e uma rosquinha e eu pago para ele depois do meu turno?

- Como se você ganhasse tanto assim. – Stanley debochou. – Vamos Tiffiny ou aceita o dinheiro da dona ou me deixe atender os outros clientes.

- Se eu fosse você aceitaria o dinheiro. – Disse Maura estendendo mais uma vez o dinheiro para Jane. – Sei como a noite de vocês é puxada, precisam se alimentar bem.

- Sabe? – Jane abriu um sorriso cínico. – Sabia que te conhecia de algum lugar. – Maura a encarou sem entender. Conhecia? Da onde? – Você é a cafetina das... Como é mesmo que você as chama? – Jane fez uma pausa buscando na memória o nome. – Lindas mais perigosas!

- Você só pode... Você... – Maura tinha ficado desconsertada, nunca ninguém tinha a confundido com uma cafetina. – Você...

- Essa roupa impecável. – Jane balançou a cabeça em negativo. – Veio pedir desculpas por não ter me aceitado quando tentei trabalhar para você?

- Eu não sou cafetina! – Finalmente tinha conseguido montar uma frase. – Eu não pratico o ato de lenocínio, você está me confundindo com outra pessoa.

- Leno quem? – Jane perguntou confusa. – Até agora não estava te ofendendo.

- Não estou te ofendendo. Lenocínio é uma pratica que consiste em explorar o comercio carnal alheio sob qualquer forma ou aspecto, havendo ou não mediação direta ou intuito de lucro.

- Fico feliz de não ter sido aceita para trabalhar com você. – Disse Jane um tanto quanto surpresa com o dicionário ambulante que tinha em sua frente. - Se tivesse que aguentar você e sua boca de Google eu não ia conseguir trabalhar, tirando que eu não queria ficar esnobe que nem suas garotas, estou feliz com meu cafetão.

- Eu já disse que não sou cafetina! Sou só uma pessoa tentando ajudar a alguém necessitada, mas se você não quer minha ajuda...

- Sou uma garota de programa, não sou uma sem teto. Se quiser me ajudar o programa são 200 dólares.

Maura abriu a boca por alguns segundos envergonhada. Mal tinha chegado a cidade e já tinha sido chamada de cafetina e agora estava sendo chamada para pagar por um programa? Qual o problema com um ato de caridade?

- Olha... – Maura não conseguia formular uma frase, deixou os dois dólares em cima do balcão. – Com licença.

E deixou a lanchonete.

- Vai fazer o pedido agora?

Stanley disse sem paciência. Jane com um sorriso cínico respondeu.

- Me vê um café e uma rosquinha.

Terminado o café Jane foi para sua casa, trocou de roupa e foi para o departamento, tinha lembrado que o chefe ia apresentar o legista novo para sua felicidade. Trabalhar com doutor Parker, alguém que ela chamava de jurássico só atrasava seu lado para se tornar detetive, era uma ótima policial e se Deus e o chefe quisessem assim que conseguisse descobrir quem estava matando as garotas de programa com overdose de heroína ia conseguir abrir uma porta para a sua tão sonhada promoção. No caminho para o departamento algo que lhe intrigava era a figura loira que tinha aparecido mais cedo lhe dando dois dólares para que pudesse pagar o café, normalmente as pessoas que a viam vestida como uma garota de programa a olhava torto, as mulheres tiravam seus maridos de perto com medo de serem trocadas por um programa de 200 dólares, mas aquela mulher foi diferente, não demonstrou em nenhum momento incomodo por estar ao seu lado, era difícil encontrar pessoas hoje em dia assim em Boston, essa era a triste realidade.

Chegando ao departamento de homicídios Jane percebeu que todos já estavam lá, provavelmente esperavam por ela e pelo chefe.

- Finalmente Jane! – Disse Frost seu parceiro na investigação do assassinato das garotas de programas. Também brigava por uma vaga como detetive. – Pensei que ia perder a apresentação do novo legista.

- Só dele vir tomar o lugar do Parker eu já fico feliz.

- Bom dia a todos. – Disse o tenente. Todos responderam com um “bom dia”. – Como todos vocês sabem, depois da transferência do doutor Murphy, finalmente conseguimos encontrar um legista chefe a altura e encontramos, na verdade, uma chefe legista. Queria que todos dessem as boas vindas a doutora Maura Isles.

Maura entrou no lugar que todos se encontravam com um sorriso que os poucos desapareceu quando deu de cara com Jane. A mesma coisa com a detetive, até então policial, a viu. Jane não era uma garota de programa, mas sim trabalhava para a homicídio de Boston, se fossem tão desagradável quanto a “Tifanny” seria difícil trabalhar com ela. Já Jane pensava que se Maura fosse tão boca de Google e certinha que aparentou ser na lanchonete, elas não se dariam nenhum pouco bem e possivelmente ela sentiria falta de Parker.

Depois das devidas apresentações foram chamados para um novo homicídio, para os detetives e policiais só mais um, para Maura o seu primeiro, sabia que era errado se sentir feliz com a morte de alguém, mas só de pensar que agora seria oficial, ela ajudaria detetives a encontrar assassinos, estava ansiosa para isso.

Chegando a cena do crime encontrou uma garota, mais pálida do que o comum de quando alguém está morto, com os lábios roxos. Jane logo deduziu que era mais uma vitima do Assassino da Heroína, era assim que Jane tinha o apelidado, por que sabia que ele contratava as garotas de programa, chegando ao motel as amarrava e injetava heroína nelas até que morresse de overdose. Já fazia uma semana que Jane trabalhava no caso e até agora não tinha conseguido nada que não fosse um monte de alarme falso.

- Mais uma. – Jane disse desacreditada. Tinha passado a noite inteira em vigília e nada. – Overdose.

- Como você consegue determinar que a causa da morte foi overdose se nem fiz todos os exames toxilógicos nela? – Perguntou Maura agachada na frente do corpo. – Sabia que existem diversas formas de matar alguém?

- Cafetina... – Jane respirou fundo, já era a quinta garota que morria em uma semana, a imprensa já estava caindo matando, precisavam logo descobrir quem era o assassino. Maura a encarou de cara feia, ia ficar a chamando de cafetina até que horas? – Olha a boca roxa.

- Ela pode ter morrido de hipotermia.

- E essas marcas de agulha no braço dela?

- Não estou dizendo que ela não usou, estou dizendo que overdose pode não ser a real causa da morte. E caso você não tenha ouvido meu nome na apresentação... É Maura.

Disse com um sorriso tirando Jane do sério. Doutor Parker poderia demorar uma eternidade para fazer a autópsia, mas sem duvidas concordaria com ela que a causa da morte era overdose, por que nos últimos dias era a única coisa que estava matando e só matava garotas de programas.

Para não sair do sério de vez Jane preferiu procurar no bairro para ver se alguém sabia ou tinha visto alguma coisa que pudesse ajudar a descobrir não só o assassino dessa nova garota de programa como das outras quatro. Que a doutora “cafetina” descobrisse o óbvio e depois viesse lhe contar. Como já imaginava ninguém viu e nem sabia de nada, as outras garotas de programas estavam com medo de serem interrogadas por que podiam ser a próxima, se não achassem alguma coisa na autópsia continuariam sem nada.

- O que você tem para mim? – Disse Jane entrando no laboratório de Maura. – Alguma novidade cafetina?

Maura suspirou fundo e colocou em cima do balcão a prancheta em que termina o relatório. Já tinha se apresentado para Jane não sabia quantas vezes e mesmo assim ela cismava em chamá-la de cafetina.

- Foi encontrado na vitima uma quantia elevadíssima de C21H23NO5.

- Que seria?

- Diacetilmorfina. – Jane encarava Maura pouco interessada no que ela tinha a dizer a seguinte. Só queria a confirmação de que a vitima foi morta por overdose de heroína, mas não conseguia essa confirmação sem a doutora lhe dizer um livro. - Uma droga opióide semi-sintética, produzida e derivada do ópio, extraído da capsula de algumas espécies de papoila.

- Novamente... – Jane repetiu sem paciência. – Que seria?

- Heroína.

- Você tem certeza? – Perguntou debochada. Não tinha dito aquilo na cena do crime? – Não foi por hipotermina?

- Posso lhe assegurar detetive Rizzoli que ela morreu de overdose. – Disse Maura com seu singelo sorriso. Sorriso o qual já estava irritando Jane. Ela trabalhava com mortos, não podia mostrar esse tipo de felicidade, só se claro, aquele sorriso era um sorriso de deboche da sua cara. Pensado isso, Jane passou a gostar menos ainda do sorriso da legista. - Todos os exames toxilógicos apontam para isso.

- E eu não tinha dito isso na cena do crime?

- Você estava supondo, não tinha certeza.

- Levando por base que há uma semana as garotas de programa só veem morrendo de overdose eu posso lhe assegurar que eu tinha 100% de certeza. – Disse Jane com um sorriso cínico. – E você me chamou de detetive Rizzoli? Não sou detetive.

- Não? – Maura perguntou surpresa. – Falaram que eu ia trabalhar diretamente com os detetives.

- Pretendo me tornar uma depois que esse caso acabar, mas enquanto isso é policial Rizzoli, cafetina.

Maura revirou os olhos.

- Quando você vai começar a me chamar pelo nome?

- Quando você me ajudar a resolver esse caso. E em “ajudar” eu falo em não me dizer o óbvio Wikipédia.

Maura fechou a cara. Não ligava de ser chamada de cafetina, nem de boca de Google, mas de Wikipédia era um insulto, o site não era completamente confiável em suas informações como ela era, mas resolveu não entrar no assunto. Jane já não gostava dela e sinceramente não fazia questão que ela gostasse, só queria que essa implicância que Jane tinha com ela não afetasse o trabalho, por que ela realmente queria que seu trabalho fizesse a diferença.

- Olhando o relatório das outras vitimas... – Maura pegou uma prancheta em cima da mesa. – Verifiquei algumas coisas interessantes...

Jane pensou que por coisas interessantes viria mais papo Wikipédia, mas estava enganada. Maura veio com umas observações interessantes sobre o caso. Passaram mais de horas olhando para as autópsias das outras vitimas e comparando com a atual. Tinha um padrão na forma em que ele injetava a heroína nas vitimas e Maura descobriu isso e logo Jane percebeu que o padrão era de três viciados que ela “conhecia” quando trabalhou para os narcóticos. Definitivamente Maura era melhor que Parker que em uma semana estava trabalhando naquele caso e não tinha conseguido descobrir o que Maura descobriu em poucas horas, mas óbvio que ela não ia dizer aquilo para legista. Imediatamente ligou para Frost e Korsak, o detetive que trabalhava no caso junto com eles, para procurar os três viciados e levá-los ao interrogatório.

- Você acha que um desses três tem algo a ver com a morte das garotas?

- Se eu falar o que eu acho estaria supondo certo doutora?

Maura sorriu. Jane podia estar se fazendo de insuportável o dia inteiro, mas pela primeira vez no dia não tinha sido chamada de cafetina e querendo ou não ela era alguém agradável para se passar a tarde, era inteligente de sua maneira e Maura percebeu que ela realmente amava o que fazia e que queria se tornar detetive logo e Maura queria ajudar com isso, não entendia a súbita vontade de querer que o sonho de Jane se tornasse realidade se nem sobre isso tinham conversado e fazia menos de 24 horas que conhecia a policial, mas queria ajudar.

Foram investigados os três viciados, mas nenhum deles pareceu culpado ou tinham alguma prova de algum deles era o assassino, consequência disso dois dias depois apareceu mais um vitima.

- Overdose de novo, não foi? – Jane perguntou irada. – Não foi? – Maura fez um afirmativo com a cabeça. Só tinha dois dias que estava trabalhando com Jane, mas não tinha a visto irritada daquele jeito ainda. – Eu vou pegar esse filho da mãe nem que seja a última coisa que eu faça!

Vários dias se passaram, mais três vitimas apareceram, mesmo padrão. Jane já não sabia mais o que fazer, tinha aumentado os dias na rua, mal comia, não dormia, só se importava em descobrir quem estava por trás de tudo aquilo.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntou Jane ao ver que era Maura dentro do carro que tinha parado em sua frente. – Resolveu pagar 200 dólares em um programa?

- Não! – Disse arrancando risos de Jane. A policial adorava quando ela ficava corada quando Jane citava sobre o programa. – Vim te levar para casa.

- Benzinho sem me pagar os 200 dólares você não vai levar esse corpinho para lugar nenhum.

Maura soltou um riso tímido.

- Por favor, prometo não abusar muito de você. – Jane fez um negativo com a cabeça. Não ia deixar o ponto enquanto não descobrisse alguma coisa. – Eu sei que você quer pegar esse assassino, eu também quero, mas se você desmaiar por não comer direito não vai pegar assassino nenhum. Você sabia que nosso corpo precisa de...

- Tudo bem Wikipédia. – Jane a cortou, não estava a fim de ouvir nenhuma de suas explicações, já era mais de 22 horas, ela estava lá desde as 18 horas, não tinha comido nada, não tinha dormido nada. Estava vivendo para resolver aquele caso. Entrou no carro. – Para onde vamos? Estou faminta.

- Para minha casa. Faço o melhor sanduiche natural que existe.

- Com natural você quer dizer manteiga de amendoim, presunto, queijo e marshmallow?

- Não, quero dizer natural mesmo.

Tinha quase duas semanas que Jane e Maura estavam trabalhando juntas e Jane já estava se acostumando com a companhia da legista. No começo fazia de tudo para ser desagradável para ver se assim Maura se afastava um pouco, mas quanto mais desagradável era mais Maura estava do lado de fora da sala de interrogatório junto com ela enquanto Korsak e Frost interrogavam algum suspeito, dizia que podia ler expressões faciais. Tinha passado a ir mais vezes ao departamento e ela e Jane passavam horas lendo algum relatório para ver se tinham deixado passar algo, não queria admitir, mas até que Jane gostava da companhia da legista, sempre foi cercada por homens e ter uma companhia feminina era até uma boa.

- Espera, espera! – Disse Jane. Maura a encarou sem entender. – Para o carro!

- O que aconteceu?

Jane tinha acabado de ver um de seus suspeitos traficantes saindo dos Narcóticos Anônimos e desde que tinha conhecimento, desde que tinha interrogado ele na última semana ele dizia que ainda usava e não tinha pretensão nenhuma de parar. Jane fez com que Maura o seguisse, a legista de começo ficou um pouco apreensiva, mas depois foi gostando da brincadeira, era sua primeira “missão” em campo. Seguiram o rapaz e Jane não pode acreditar quando viu ele parando em um ponto chamando uma garota de programa, depois disso foi tudo muito rápido... Seguiram os dois, pararam em um motel e quando Jane chegou ao quarto a garota estava amarrada e ele estava prestes a matar mais uma de overdose. Finalmente o assassino de heroína havia sido pego.

Após a captura do assassino Jane foi até o bar que ficava perto do departamento. Estava feliz que finalmente tinha pego o assassino, mas ainda tinha algo que lhe incomodava, enquanto bebia sua cerveja viu Maura entrar no bar, ficou um tanto surpresa, não sabia que Maura era alguém que frequentava aquele tipo de lugar, logo sua surpresa foi embora quando viu a legista pedindo uma taça de vinho tinto, já era de se esperar que se ela frequentava aquele lugar com toda certeza não iria beber cerveja.

- Ótimo trabalho hoje Jane. – Maura disse com um sorriso. Jane fez sinal para que ela se sentasse.

- Não teria conseguindo se não fosse você. Obrigada Maura. – A legista abriu um sorriso, depois de duas semanas, Jane finalmente tinha a chamado pelo nome.

- E quando vou poder passar a chamá-la de detetive Rizzoli?

- Não vai. – Jane deu um gole em sua cerveja. Maura e encarou sem entender. – Mas pode chamar o Frost de detetive, ele foi promovido.

- E quanto a você?

- O chefe não vai muito com a minha cara, acho que é por que sou mulher. – Deu de ombros. – Que venha o próximo caso.

Maura percebeu que ela estava completamente arrasada, mesmo que ela quisesse mostrar o contrário. Tinha dado seu sangue para resolver o caso e no final das contas outra pessoa foi promovida em seu lugar? Não que Frost não merecesse, mas Jane merecia muito mais. Foi para casa pensando em tudo que tinha acontecido naquela noite, não podia deixar as coisas assim, precisava fazer algo.

De manhã Maura fez questão de chegar mais cedo que o comum e nem desceu para seu laboratório, foi diretamente para o departamento, foi até a sala do chefe e encontrou outro homem na sala.

- Com licença...

- Pois não?

- Desculpa incomodar senhor, mas onde eu posso encontrar o tenente Rodriguez?

- A senhorita seria?

- Doutora Maura Isles. – A legista estendeu a mão. O homem a cumprimentou. – Sou a nova legista chefe.

- Doutora Isles. – O homem abriu um sorriso. – Ouvi falar maravilhas de você. Sou o tenente Sean Cavanaugh, acho que Rodriguez não deve ter se despedido, bem típico dele. – Balançou a cabeça em negativo. – Em que posso ajudá-la?

- É que eu queria conversar sobre a policial Rizzoli.

- O que Rizzoli aprontou dessa vez?

- Na realidade nada. Só que eu achei uma injustiça o que o tenente Rodriguez fez com ela. Jane se dedicou tanto a esse caso do assassino da heroína, passou horas e mais horas acordada atrás de uma pista, conseguiu pegar o assassino e o policial Frost que é promovido ao invés dela? Não duvido do potencial do Frost, mas o pouco que conheço Jane sei que ela sempre vai ser assim, sempre vai dar o melhor de si para prender assassinos e acredito que o senhor e esse departamento estão perdendo muito em não ter a Jane como detetive. Acredito que vocês deveriam repensar sobre essa promoção.

Maura tinha ensaiado aquilo a noite inteira. Tinha criado uma afeição muito forte por Jane e tinha passado a preferir a Jane que a chamava de cafetina do que a arrasada Jane que não tinha a feito rir nenhuma vez no bar na noite passado. Mas o que Maura não sabia era que Jane estava ouvindo tudo o que ela dizia e ficou sem palavras. O que ela tinha feito a não ser irritar Maura que a fez tomar partido dela assim?

- Rizzoli junte-se a nós. – Disse Cavanaugh. Maura olhou para trás e se surpreendeu ao ver Jane parada na porta. Não era para ela ter ouvido aquilo. Não sabia onde enfiar a cara. – Não sabia que tinha feito amigos na minha ausência.

- Não somos amigas.

Elas falaram juntas.

- Definam como quiser essa relação. – Cavanaugh abriu uma gaveta e pegou algo lá que nem Jane e nem Maura conseguiram ver o que era. – Rodriguez é alguém mais mente fechada, se dependesse dele só homens trabalhariam nesse departamento, mas eu não penso assim, penso que eu preciso de uma equipe com potencial, que queira pegar assassinos, que se empenhem, então não contesto a decisão dele de ter tornado Frost detetive.

- Eu também não senhor. – Jane já esperava pelo sermão por causa de Maura ter se intrometido em sua vida. – Frost vai ser um excelente detetive.

- Mas você também vai Rizzoli. – Cavanaugh estendeu um distintivo para Jane. – Desde que eu sai de licença ele está guardado, mas esperava pela oportunidade certa

- Chefe... – Jane pegou o distintivo desacreditada. – É meu?

- Bem-vinda a Homicídios de Boston Detetive Rizzoli.

Jane abriu um sorriso e estava tão feliz que a primeira coisa que fez foi abraçar a primeira pessoa que estava em sua frente e essa pessoa foi Maura.

Lembrando de tudo aquilo Maura voltou a chorar. Não teria mais com quem recordar o primeiro caso juntas, o começo da relação de amizade, não ai ter mais Jane rindo de sua cara sempre que lembrava como Maura ficava vermelha sempre que era chamada de cafetina. Ia ter que recordar desses momentos sozinha e lhe doía, por que isso significava que Jane estava realmente morta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? Tirando o fato de eu ter matado da Jane... O que acharam?