Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 19
Capítulo 19 - Molly


Notas iniciais do capítulo

Corrigindo o que disse a uns dois posts: Esse é o maior capítulo que eu já escrevi.
Pode ter ficado grande, mas não sei se ficou bom, escrever em meio de surtos Rizzles não é fácil. Enfim...

Ótima leitura!

PS: Mari e Robs um beijo para vocês. Literalmente =P



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Existem pessoas que acham que a pior dor que existe é aquela que acontece na nossa pele. A dor de quando nos cortamos, de quando temos ferimentos graves e precisamos ir para ao hospital levar alguns pontos, mas não é verdade, essa dor de ferimentos ou de uma pancada pode até ser ruim, mas nenhuma dor supera um coração partido, por que ferimentos e pancadas por mais que doam quando você toma um analgésico a dor tente a diminuir e na melhor das hipóteses sumir, mas para coração partido ainda não inventaram nenhum medicamento que faça a dor cessar. E mesmo com ferimentos e pancadas a dor mesmo sem nenhum remédio tende a passar em alguns dias já a de coração partido é difícil dizer quando vai ter fim.

Como se já não tivesse sofrido o suficiente esses últimos três anos longe do grande amor de sua vida, ainda teve que vê-la saindo da cantina, acompanhada de um cara que ela dizia que amava. Como isso podia ficar pior? Na realidade era melhor sem fazer essa pergunta, por que tudo que está ruim pode piorar.

Jane ficou com raiva, tinha uma parcela de culpa por ter se fingido de morta, mas se passaram três anos, Maura não podia ter simplesmente esquecido tudo que elas viveram e sair amando outra pessoa assim. Também depois dessa desistiria, se Maura queria esquecer tudo que elas viveram juntas e ser feliz com Thomas que assim fosse, não ia mais insistir, estava machucada demais para insistir. Agora ela estava tendo um pouco de noção do quanto Maura tinha sofrido quando pensou que não tinha seus sentimentos correspondidos, quando Jane insistia em encerrar a amizade, mas agora, para falar a verdade, nem amizade mais tinha para se encerrar. Se soubesse que sua vida ia se transformar nessa porcaria teria aceitado a proposta de emprego que recebeu antes de voltar para Boston.

Ainda não estava acreditando que tinha dito aquilo mesmo para Jane. Que tinha dito que amava o Thomas, na frente dela. Fazia um ano e três meses que ela namorava o médico e nunca durante esse período tinha dito que o amava. O médico já estava acostumado, sabia que não ia conseguir fazer com que Maura o amasse da noite para o dia, sabia o quanto ela amava Jane e estava mesmo disposto a deixá-la para que ela fosse feliz com Jane, mas depois daquela declaração as coisas tinham mudado. Tinha tantas perguntas para fazer e a primeira delas era se o que Maura tinha dito era verdade, mas queria desfrutar daquele momento mais um pouco.

Deixaram o departamento e Maura deu a chave de seu carro para Thomas para que ele os levasse para casa, teriam muito o que conversar e ela esperava que pelo menos conseguissem chegar em casa, mas como diziam que mentira tem perna curta, só foi Thomas parar no primeiro sinal vermelho e olhar para o lado para ver Maura, estava com um lindo sorriso no rosto assim que virou para olhá-la, mas esse sorriso desapareceu quando percebeu que tinha acabado seus minutos de desfrute.


- Você só pode estar brincando comigo!

- Por favor Tom, vamos para casa, eu posso explicar.


Ela sabia que ao dizer que amava Thomas e não amava Jane ia ter uma crise de urticárias, por que aquilo estava longe de ser verdade. Por mais que ela quisesse, por mais que ela tentasse, ela não conseguia corresponder ao amor de Thomas, poderia ser a melhor namorada do mundo na concepção dele, mas sabia que isso não era verdade, por que para começar a pensar em ser uma ótima namorada precisaria pelo menos corresponder aos sentimentos dele e esse não era o caso.

Pensou que ia ser jogada para fora do carro ou que Thomas ia parar o carro e deixar com que ela fosse para casa sozinha, mas se surpreendeu quando o sinal abriu e ele seguiu em frente, foi o caminho inteiro em silêncio e uma hora ou outra resmungava algo que ela não conseguia entender o que era e balançava a cabeça em negativo. Não o culpava por estar bravo, tinha mentido para ele com o propósito de machucar Jane o machucando também dizendo algo que ele esperava escutar por muito tempo. Quando tinha se tornado alguém desse jeito?

Chegaram a casa da Maura e ainda calado Thomas desceu do carro e entrou na casa na frente da legista. Nunca tinha brigado com Thomas, o namorado sempre havia se mostrado compreensível em tudo, era perfeito para qualquer mulher, ás vezes até esquecia de que a irmã vivia dizendo que ele tinha crise de raiva, que ele gritava, ficava vermelho, era difícil imaginar Thomas assim, mas parecia que ela ia conhecer esse lado dele e não ia demorar muito.


- EU ESTAVA DISPOSTO A TERMINAR COM VOCÊ! – Ele disparou assim que viu Maura passando pela morta. – EU SEMPRE ENTENDI QUE ELA É, FOI, É E SEMPRE SERÁ O GRANDE AMOR DA SUA VIDA, MAS EU PENSEI QUE EU TIVESSE ALGUMA IMPORTÂNCIA PARA VOCÊ!

- Você é importante para mim sim Tom. – Ela disse sinceramente. – Se não fosse você esses dois anos eu não sei como seria minha estadia em Los Angeles. Você foi um grande amigo.


Thomas soltou um riso de indignação.


- Amigo... Já deveria ter imaginado.

- Não, não foi isso que eu quis dizer...

- Não Maura, foi exatamente isso que você quis dizer e eu não te culpo por pensar assim. Sempre ouvi você falar sobre a Jane, como ela havia sido importante na sua vida, não só como sua namorada, mas também como sua melhor amiga, eu sempre estive ao seu lado para te escutar, papel de amigo mesmo.

- Você também é um excelente namorado Thomas, mas é que...


Odiava se sentir como se começasse a chorar nunca mais ia parar, mas era assim que se sentia desde que Jane tinha voltado, não conseguia mais controlar seus sentimentos, quando via já estava chorando, batendo nos outros no meio da rua, beijando e mentindo e como mais uma prova de que não conseguia conter seus sentimentos começou a chorar. Sabia que não tinha esse direito, que ela tinha magoado Thomas, que deveria uma explicação para ele, não começar a chorar para ele sentir dó dela, se é que ia sentir.

Por mais que quisesse, por mais que tentasse não conseguia ficar bravo com Maura por muito tempo, tinha sim crise de raiva, desde pequeno, mas aprendeu a controlar e não descontar nas pessoas que não mereciam isso e mesmo se merecesse, como Maura estava merecendo, não ia descontar nela, por que sabia onde tinha se metido quando pediu para namorar com ela, descontaria a raiva de outras formas mais tarde. Não aguentou ver a legista chorando e a abraçou.


- Está tudo bem você ainda amá-la, Maura.

- Não, não está. Ela me fez sofrer durante três anos pensando que ela estava morta.

- Mas mesmo assim seu coração não deixa de amá-la.


Maura se separou do abraço e encarou Thomas com um ar de confusão.


- Você como médico deveria saber que o coração só serve para bombear o sangue para o corpo, ele não ama ninguém. – Thomas soltou um riso. Adorava quando Maura começava, fazia com que ele se sentisse como quem não sabe nada, mesmo depois de muitos anos estudando. – Na realidade quem ama a Jane são duas estruturas cerebrais chamadas ínsula e estriato. A maioria das pessoas cometem esse erro em pensar que é o coração que ama devido a quando estamos apaixonados ou amando as duas estruturas fazem com que o coração bate mais rápido. Imagine se o coração que amasse? Como ficaria as pessoas que recebem transplante de coração? Ia amar a pessoa que o doador amou. Mas eu queria que houvesse um modo de mandar na ínsula e estriato para que parassem de amar a Jane.

- Vem cá. – Thomas puxou Maura pela mão e se encaminhou até a sala. Sentaram no sofá. – Uma coisa que meu pai ensinou é que um grande amor só acontece uma vez na vida. Que você só encontra o amor da sua vida uma única vez e quando você o perde por mais que tente não vai conseguir substituí-lo, você pode até ser feliz com a outra pessoa, mas não vai ser a mesma coisa. Eu não quero ser o substituto Maura, ainda mais quando o amor da sua vida ainda existe, que você já o encontrou. Eu não conheço a Jane e os dois minutos que passei com ela me fez perceber que eu gosto mais da Jane das histórias que você me contava, mas por algum motivo essa Jane que eu fiquei cara a cara é a Jane por quem você se apaixonou e eu não posso ficar no meio disso, não possa saber que estou atrapalhando a sua felicidade.

- Você não está atrapalhando nada Tom, foi ela que causou tudo isso.

- Mas ela já explicou os motivos Maura. Mesmo que eu não concorde com o que ela fez, pode ser verdade que ela tenha feito por amor. Você que a conhece, você que ouviu a história deve saber mais do que eu.


Já sabia disso tinha um tempo, desde quando resolveu beijar Jane na noite passada, mas não queria admitir que Jane tinha feito aquilo realmente por amor, que tinha feito para protegê-la por que isso resultou em seu sofrimento, mas no final das contas ela sabia que essa era a Jane, a que fazia qualquer coisa para deixar as pessoas que ama a salvo, não podia discordar que o que ela tinha feito não foi por amor.


- E depois... Tudo que você sempre quis na vida era que ela estivesse viva, por que não aproveitar já que seu desejo se tornou realidade?


Não podia dar mais razão para Thomas. Sempre que pensava na morte da Jane queria que tudo não se passasse de um pesadelo e que quando acordasse a detetive estivesse ao seu lado. Estava tão desesperada que certo dia olhando pela janela de seu quarto viu uma estrela cadente passar e lembrou do que Jane tinha lhe dito quando comemoravam o aniversário de namoro no Havaí, que a estrela poderia realizar desejos e mesmo que não acreditasse muito, mesmo depois de toda aquela história linda de Jane ela pediu que Jane estivesse viva. Pois bem, ela estava.


- Me desculpa, Tom.


O médico mandou um meio sorriso para ela e fez um carinho em seu rosto. Procurava acreditar que teria um futuro com Maura, mas no fundo sempre soube que nunca seria correspondido, que sempre teria a sombra de Jane no meio dos dois, mas não se importava por que era só uma sombra, agora tinha ela em carne e osso e por todo tempo que escutou Maura falando dela não seria justo ele ficar no meio do caminho dessa vez, teria que seguir em frente e esperar que Jane fizesse Maura feliz como ela disse o quanto ela já tinha feito só com o um ano e seis meses de namoro tirando os seis anos de amizade.


- Não tem nada que se desculpar. Não mandamos no coração, digo, no cérebro. – Disse fazendo com que os dois soltassem um pequeno riso. – Agora acho que você já pode aceitar o pedido de casamento dela, não?


Maura o encarou sem entender. Como ele sabia do pedido de casamento? Isso foi algo que ela nunca tinha contado para ele, tinha conseguido ir ao túmulo de Jane, mas não conseguia dizer que ela tinha levado os tiros em plena proposta de casamento.


- Como...?

- Você não aceitou meu pedido de casamento e eu vi sua expressão era como se você me falasse sim ia trair a Jane.


Mesmo assim não ia contar essa história agora para ele, só mandou um meio sorriso e puxou Thomas para um abraço. Não podia mandar em seu cérebro e talvez Thomas estivesse certo em tudo que tinha dito. Cada um de nós só temos um único grande amor da vida, ás vezes o encontramos e passamos o resto da vida com ele, ás vezes o perdemos prematuramente e em alguns casos passamos despercebidos e não vemos que ele está em nossa frente. Depois de tantos erros, de tantos caras errados ela encontrou seu grande amor em uma mulher, que era completamente o oposto do que ela procurava para um relacionamento, alguém que ela disse por diversas vezes que não era o seu tipo, mas no final das contas quase se viu noiva dela. Estava na hora de deixar a raiva de lado, o ressentimento, a magoa por todo sofrimento que lhe foi causado devido essa mentira e fazer com que a “renuncia” de Thomas valesse a pena, que ela fosse ser feliz com a única pessoa do mundo que nasceu para fazê-la feliz.


***


Por mais que você pense que as coisas vão ficar bem sempre acontece o contrário até que tudo fique realmente bem, quando fica bem.

Maura tinha decidido que daria mais uma chance para Jane, que elas podiam começar da onde pararam ou podiam recomeçar, não importava, o que realmente importava era que iria ter Jane de volta, depois de três anos pensando que ela estava morta. Passou a noite inteira repassando as histórias que Jane tinha lhe contado sobre ter que se fingir de morta que pela primeira vez, desde que tinha ouvido não sentiu raiva e sim gratidão por Jane ter tomado essa decisão, mesmo que por contra vontade, por que ela viu do que o Adam era capaz, atirou em Jane, tinha atirado em Korsak, o que impediria dele machucar mais alguém? Por todo esse tempo que pensou que Jane estivesse morta ele só atacou quando foram atrás dele para não ser pego, mas não chegou perto de Maura e de mais ninguém que ela amava, por que na cabeça dele Jane era a coisa mais importante que ela tinha na vida e pela primeira vez, depois desses últimos dois dias ela percebeu que além de Adam ter sido preso, ela teve a pessoa mais importante e que mais amava de volta. Se existia um Deus, esse agora estava do seu lado.

Foi acordada das poucas horas de sono que teve, pois não conseguia parar de pensar em como seria o dia seguinte, em como seria conversar com Jane, com seu celular tocando indicando mais um homicídio. Chegou a cena do crime, cumprimentou todos e não deixou de abrir um sorriso quando viu Jane que obviamente não retribuiu e fingiu que nem tinha visto que ela havia chegado. Foi até o corpo e percebeu que esse dessa vez estava só sem as mãos, tentava puxar na memória algo que poderia explicar o que esse assassino estava fazendo, mas não conseguia, primeiro um corpo sem cabeça, depois um sem os braços e agora um sem as mãos e sempre mulheres da faixa etária de 30 entre 35 anos, brancas. Terminou de examinar o corpo, passou as informações de sempre e autorizou a remoção, precisava fazer alguns testes e torcer para que dessa vez encontrasse algum indicio que poderia apontar o assassino.

Dessa vez, diferente das outras cenas de crime encontrou Cavanaugh dando uma entrevista para a imprensa, estavam discretos, mas agora com um terceiro assassinato em dias consecutivos era de se estranhar.


- Quando eu disse que queria um ótimo caso quando voltei não pedi por isso. – Resmungava Jane. – Espero darmos mais sorte hoje do que os outros dias.


Frankie e Frost concordaram. Iam para o departamento e começar a procurar por onde já tinham pistas: A academia.

Maura percebeu que Jane estava pronta para deixar a cena do crime e segurou o braço da legista.

Ao ver que era Maura que segurava mandou um olhar tão feroz para a loira que se fosse cientificamente possível teria a queimado.


- Será que podemos conversar mais tarde?

- Conversa com seu namorado. – Jane disse friamente enquanto soltava o seu braço das mãos da loira. – O namorado que você ama.


Deu as costas para Maura e foi andando até seu carro.

A loira sabia que merecia isso depois da mentira que tinha contado no dia anterior, mais ia reparar isso.

Jane não queria conversa, não depois do que Maura tinha feito. Depois de tudo que tinham passado juntas a legista vem simplesmente com um “Jane não tem o meu amor, eu não amo a Jane, eu amo você”, entendia ela ter arrumado um namorado por que pensou que ela (Jane) tinha morrido, merecia reconstruir sua vida, sabia que esse era um dos perigos que ela corria por contar tal mentira, mas mesmo assim, lá no fundo torcia para que Maura fosse aquelas mulheres que ficam de luto por muito tempo, podem até arrumar um namorado aqui outro lá, mas se a pessoa quem ela sempre amou aparecesse em sua frente deixaria quem quer que fosse e voltaria para o seu grande amor. Talvez foi ingênua em pensar que ela fosse o grande amor de Maura.

Ela até tentou reparar. Foi atrás, tentou conversar, mas Jane estava irredutível, não queria falar com ela. Mandava Frankie até o necrotério quando ela mandava mensagem dizendo que tinha o resultado da autópsia, quando Maura chegava ao escritório ela inventava uma desculpa que ia tomar café, quando a legista estava na cantina Jane dava um jeito de sair de lá, definitivamente não compartilharia do mesmo ambiente com Maura. Isso na sexta-feira, quando estavam trabalhando, no fim de semana quando Maura foi até o apartamento de Jane a detetive não a recebeu, mesmo com Maura mandando mensagem dizendo que não ia sair de lá enquanto ela não abrisse a porta, mesmo com Maura ligando e tendo o telefone desligado em sua cara.


“Será que você pode parar de ser infantil e abrir essa porta? Precisamos conversar.”


“Vá conversar com o seu namorado e me deixe em paz.”


“Eu não tenho um namorado. Tom terminou comigo por que minhas urticarias me denunciaram quando eu disse que não amava você.”


Então ela tinha mentido? Ela não amava o Thomas? Então, por que mesmo depois daquela mensagem Jane não conseguiu abrir a porta? A resposta era simples, ela ainda estava com raiva de Maura, sabia que tinha machucado e magoado a legista quando se fingiu de morta, mas a loira tinha a machucado e magoado na mesma proporção quando disse a amava outro e também por que ela estava se enganando, tinha ficado sim com raiva de Maura por ela ter arrumado um namorado ao invés de ainda ter ficado de luto por ela, poderia soar egoísta, mas no momento essa era a realidade. Sabia que daqui uns dias, quando encontrasse com aqueles olhos verdades e aquele sorriso doce em uma próxima cena do crime ou em algum corredor do departamento não podia dizer que a raiva ia ser a mesma, se não ia ceder ao pedido de Maura de conversarem, mas enquanto pudesse a ignorar, faria. É por essas e outras coisas que as pessoas preferem ficar sem entender o amor.

Consequência da raiva de Jane foi uma Maura esperando por mais de duas horas que a porta fosse aberta, com a detetive ignorando suas mensagens e não atendendo mais seus telefonemas. Foi embora muito irritada, se Jane quisesse que a chamasse para conversar agora.


***


Na segunda-feira parecia que o assassino continuava de folga assim como no fim de semana, por que não tiveram nenhuma chamada de homicídio o que era ótimo para espantar a imprensa e continuarem trabalhando no caso.

Tinham pesquisado o nome de todas as pessoas que tinha profissão como médico na academia, mas não encontraram ninguém que tivesse um vínculo com as três vitimas, sendo que o único vínculo era aula de dança na academia.

Jane e Maura continuavam sem se falar, tinham se esbarrado por diversas vezes no dia, mas fingiam que não se conheciam.

As duas estavam na cantina, Jane sentada em uma das mesas tomando café e Maura sentada de frente ao balcão tomando também um café e reclamando de Jane para Angela.


- Eu tentei conversar com ela, mas ela me deixou esperando por mais de duas horas do lado de fora do apartamento.

- Por que você foi mentir para ela também Maura? Ela ficou magoada, passou três anos sem te ver e você diz que não a ama mais?

- Eu sei que ela é sua filha, mas vai ficar mesmo do lado dela agora?

- Eu não estou do lado de nenhuma das duas, estou do lado do amor. Se eu fosse você aproveitava que ela está sentada logo ali na frente e ia falar com ela e se ela tentar fugir eu prometo que dou um grito com ela para que ela fale com você.


Maura respirou fundo. Seria a última tentativa, se Jane não quisesse a ouvir não insistiria mais. Quando pensou em se levantar foi surpreendida com uma mulher ruiva, mais ou menos de sua altura, branca, com um imenso sorriso no rosto chegando por trás de Jane e lhe tapando os olhos com as mãos.


- Se adivinhar quem é a rodada de bebida quando encerrarmos esse caso é por minha conta.

- Molly. – Disse Jane com um sorriso e tirando as mãos da agente de seus olhos.


Se virou e foi realmente a agente que encontrou atrás de si. Levantou-se e a abraçou. Maura nunca tinha visto aquele sorriso no rosto de Jane recepcionando alguém como viu quando ela descobriu que era Molly que tapava seus olhos.


- Vai me dizer que o FBI acha que não estamos fazendo um bom trabalho e mandou você para supervisionar?

- Na realidade mandou uma equipe que chega amanhã, eu vim na frente, mas isso não significa que não confiamos no trabalho de vocês, só viemos ajudar.

- Acredito. – Disse descrente. – Acho que você ficou foi com saudade de mim e veio fugida de Washington.

- Também. – Disse a agente com um sorriso sacana. – Você fica ainda mais bonita fora daquele quarto.


“Fora do quarto”, pensou que já tinha visto de mais quando Jane ficou com sorrisos e abraços para Molly, mas pensou em ficar mais um tempo para provar que seu pensamento estava errado, mas depois de ouvir as últimas palavras da agente ela não estava tão certa assim de seus pensamentos estarem errados. Deixou algum dinheiro em cima do balcão e deixou a cantina. Já tinha se acostumado com a novidade de ter Jane de volta, mas de volta com uma amante era demais.

Angela também não tinha gostado nenhum pouco do que viu, poderia ter uma explicação, então era melhor Jane dá-la logo. Percebendo os olhos curiosos e um pouco irritados de sua mãe, Jane puxou Molly pela mão e a levou até o balcão.


- Ma quero que você conheça a Agente Molly Storm, ela que ficou de olho em mim quando estava em proteção. É uma grande amiga.


Molly com um sorriso estendeu a mão para Angela que por educação a cumprimentou.


- Jane falou muito bem da senhora. Fico feliz em finalmente conhecê-la.

- Espero que ela tenha falado muito bem da Maura também.


Jane encarou a mãe com a cara fechada. Sutileza e educação as vezes lhe faltava.


- Pode ter certeza que falou.


Por sorte Molly era uma das pessoas mais simpáticas e que sabia filtrar certos comentários e respondeu a mãe com o mesmo sorriso de quando a cumprimentou.

O celular de Jane tocou avisando que chegou mensagem.


- Descobriram que você está aqui Molly. Pediram pra gente subir.

- Prazer te conhecer senhora Rizzoli.


Angela só mandou um sorriso amarelo para a agente. Assim que se afastaram ela pegou o telefone e discou o número de Constance.


- Acho que temos problemas...


As duas chegaram ao andar do escritório da homicídios e perceberam que estava toda a equipe reunida lá. Os olhos de Jane até encontraram os de Maura que tinha até um sorriso no rosto por conversar com alguns policiais, mas logo desapareceu assim que viu Jane com Molly. Tinha o intuito de ir até o necrotério e só sair de lá quando encerrasse seu expediente, mas como também tinha recebido uma mensagem para ir ao escritório não pode concretizar sua vontade.


- Molly. – Korsak cumprimentou a agente com um abraço. – Fico feliz que tenham mandado você, mesmo eu não gostando da intromissão do FBI em certos casos.

- Não vim me intrometer, só vim para ajudar. Você e Rizzoli estão de bem ou ela ainda não conseguiu te perdoar?


Korsak olhou para Jane que ao ouvir a agente tocando nesse assunto nem olhou para sua cara. Ainda estava sim brava com ele.


- Eu sou paciente.

- Bom dia a todos. – Disse Cavanaugh e foi recepcionado por um “bom dia” vindo por parte de todos que estavam ali reunidos. – Queria que vocês conhecessem a Agente Molly Storm, ela e mais um pequeno grupo do FBI vieram para nos ajudar com o nosso possível novo serial killer. Quero que vocês a atualizem e digam todas as teorias e suspeitos que vocês tem. Sei que vocês não gostam quando o FBI se envolve, mas eles só estão aqui para ajudar, como ajudaram a achar o atirador da detetive Rizzoli. Ah e foi a agente Storm que cuidou da detetive Rizzoli esse tempo que ela esteve em proteção. Espero que a faça sentir em casa Rizzoli.

- Molly se sente em casa em qualquer lugar senhor, mas farei o meu possível.

- Então vamos ao trabalho!


Todos esperam Cavanaugh se retirar para pegaram suas pastas, fotos e tudo que sabiam sobre o caso. Começaram a falar tudo ao mesmo tempo, onde ninguém entendia nada. A verdade era que estavam todos querendo pegar o tal assassino, mas sem pistas e sem maiores informações estava complicado, as vezes alguém do FBI poderia ser de uma ótima ajuda.


- Calma gente. – Pediu Molly. – Um de cada vez. Quero saber sobre a autópsia antes. Alguém?


Ao ouvir a palavra autópsia Maura já sabia que era com ela. Infelizmente não poderia ir embora e deixar na mão de outra pessoa dizer tudo que tinha descoberto (que não foi muita coisa) por que ninguém entendia tão bem quanto ela, mas só de saber que iria dirigir a palavra para a possível mulher que Jane a traiu durante esses três anos lhe causava sentimentos que ela nunca havia partilhado. Para começar que ela não deveria nem se importar com isso por que Jane estava se fingindo de morta e ela havia ficado com Thomas, mas isso ela podia se justificar pelo simples fato de que ela realmente pensava que Jane estava morta, fato que não explicaria por que Jane ficou com outra mulher sendo que sabia que ela estava viva. Não gostava de se sentir assim, não gostava de fazer suposições sem ter fatos concretos, mas era o que tudo aparentava. Jane nunca era só sorrisos para ninguém que não fosse ela, nunca tinha aquele nível de simpatia que não fosse com ela e ninguém nunca tinha vindo com um “adivinha quem é” para cima da Jane quando elas namoravam. Então tinha fatos sim concretos e sentimentos confusos. Mas foi obrigada a deixar o lado pessoal de lado e partir para o profissional e sair de trás da mesa que estava, pegar a pasta com os relatórios sobre as autópsias e falar para Molly.

A agente reconheceu Maura de longe. Já tinha visto tanto a foto dela com Jane, já tinha ouvido a detetive falar tanto dela que parecia que já conhecia Maura há muito tempo.


- Doutora Isles. – Maura se assustou com o entusiasmo em que a ladra de namoradas a saudou. – O FBI queria mandar um legista nosso para vir auxiliá-la, mas Jane falou tão bem de você que eu achei que não seria necessário.


Maura olhou para Jane que desviou o olhar. O mínimo que ela podia fazer mesmo era falar bem dela para a amante.


- Realmente não seria necessário. Eu faço muito bem meu trabalho.

- Pode me mostrar o que descobriu com a autópsia?


A legista fez um positivo com a cabeça e começou a explicar tudo que havia descoberto. Molly ficou realmente impressionada com a boca de Google de Maura, quando Jane dizia a forma que ela falava os termos científicos e a definição que ela tinha para tudo pensou que era exagero da parte dela, pensou que ninguém podia ser tão inteligente a esse ponto, mas foi surpreendida. Uma hora ou outra pegava o olhar de boba apaixonada de Jane olhando a forma como Maura lhe explicava as coisas e logo viu que as coisas não estavam bem entre as duas, por que do jeito que Jane falava de Maura quando a visse era possível que se trancaria em um quarto com a doutora e só saísse de lá uma semana depois, mas parecia que a legista não tinha aceitado seu pedido de desculpa e nem entendido seus motivos.

Terminou com Maura e logo passou para Frost e Frankie pegar as atualizações. Queria saber tudo que podia sobre o caso para poder ajudar e entender a mente do serial killer.


- Korsak... – Maura resolveu conversar com o detetive antes de ir ao necrotério, não tinha mais nada para fazer lá e não tinha a mínima vontade de permanecer no escritório. – Posso te fazer uma pergunta?

- Claro!

- Qual a relação da agente Molly com a Jane?

- Elas se tornaram bem próximas nesse período de três anos. Storm era praticamente a única pessoa que Jane via por segurança.

- Bem próximas em que sentido?

- Maura se você quer saber se Jane e Molly tiveram alguma coisa não sou eu que vou poder te responder. – Korsak direcionou sua atenção a Jane e a legista fez o mesmo. – Você sabe muito bem quem pode tirar todas suas duvidas.


Não queria conversar com a Jane para saber o que praticamente já tinha certeza. Não queria que todas as declarações e explicações passassem de palavras, que enquanto Jane dizia que estava pensando nela estava era dormindo com outra pessoa. E depois duvidava muito que Jane ia querer conversar com ela, estava lhe ignorando desde o fim de semana.


- Doutora Isles. – Quando pensou que ia poder deixar o escritório foi chamada por Molly. – Será que podia ficar mais alguns instantes? Gostaria de sua opinião em algumas teorias.

- Eu não sou muito fã de teorias agente Storm.

- Jane me disse isso também, mas também me falou que você costuma ajudar, então, por favor.


Tinha se disponibilizado para trabalhar no caso então não podia recusar. Montaram algumas teorias e perfis de possíveis assassinos. Maura pode perceber que Molly não era uma pessoa ruim, sabia lhe dar com as pessoas, sabia conversar e por ser do FBI não chegou querendo mandar em tudo, sempre gostava de saber a opinião dos outros e uma hora ou outra fazia alguma piada, que ela particularmente não entendia, mas que fazia Jane gargalhar.

Com o fim da reunião, cada um voltou para seus relatórios e trabalhos pendentes, mesmo sem suspeitos tinham evoluído no caso, iam reler todos os depoimentos para ver se não tinham deixado passar nada, qualquer detalhe já poderia fazer uma grande diferença.


- Posso ser sincera? – Molly sentou na ponta da mesa de Jane. – Pensei que nem te encontraria trabalhando e sim em um quarto trancada com a doutora.

- Ela não quis aceitar minhas desculpas e também tinha um namorado.

- Namorado? Homem? – Jane fez um afirmativo com a cabeça. – Bom... Pelo menos você continuou sendo a única mulher da vida dela.

- Eu não sei o que fazer...

- Se tivesse escolhido ficar comigo em Washington não estaria sofrendo.

- Você sabe que nunca daríamos certo, Molly.


Lembram das palavras que doem mais que ferimentos e pancadas? Pois bem... Essas que Maura tinha ouvido causou o mesmo efeito de quando ela disse para Jane que amava o Thomas. “Você sabe que nunca daríamos certo”, foi a comprovação de suas suspeitas desde que avistou Molly e para completar, assim que deixou o escritório sem nem ter sido percebida pelas duas desceu até o necrotério e ouviu burburinhos com a ficha completa de Molly e que ela e Jane haviam tido um caso sim.

Se sentia traída, depois de ter ouvido todas as explicações, todas as declarações, depois do beijo, depois de ter deixado Thomas, depois de pensar em um recomeço descobriu que quando Jane dizia que estava sofrendo com sua ausência, estava era no braços de outra. Costumava ser um gênio para tudo, mas quando envolvia sua vida amorosa parecia que não tinha concluído nem o primeiro ano.


- Você está toda de mimimi por que a doutora disse que amava outro? – Jane tinha contado toda a história para Molly. Desde que bateu na porta da legista até ter deixado Maura do lado de fora de sua casa sem abrir a porta. – Você fingiu que morreu, apareceu na porta da casa dela do nada e ainda queria que ela te recebesse de braços abertos? Por favor Rizzoli, não estamos em um conto de fadas.

- E você quer que eu faça o que?

- Vocês duas como casal nesse momento não está funcionando Rizzoli. Tem muita coisa mal resolvida ainda. Está parecendo a época que você era enrustida e não aceita a paixão da doutora por você.

- Eu não era enrustida. – Disse Jane indignada. – Só precisava lhe dar com alguns sentimentos.


Molly fez uma cara de descrente. Era enrustida sim, mas não ia começar essa discussão.


- Pede uma trégua pra Maura. Vocês não começaram sendo amigas? – Jane fez um positivo com a cabeça. – Então resgatem a amizade primeiro, depois vocês resolvem essa história de voltar a ser um casal ou não.

- Eu não sei...

- Você sabe e sabe disse há três anos. Você quer a Maura, confesso que sinto um pouco ainda por isso, mas estou superando.


Jane balançou a cabeça em negativo soltando um riso. Tinha que admitir que Molly tinha sido a melhor coisa que aconteceu nesses três anos, se não fosse por ela não sabia como teria suportado. Mesmo com os sentimentos que a agente carregava por ela, quando ela disse que não dariam certo por que Maura sempre ia ser a dona do seu coração a ruiva foi compreensiva, conhecia toda a história das duas até Jane ser tirada de seu conto de fadas que sabia que não ia adiantar forçar nada, nunca seria correspondida por Jane, então viraram grandes amigas.


***


Finalmente o expediente tinha acabado. Não aguentava mais ficar naquele departamento, gostava de trabalhar com todos, tinha ficado animada em ajudar com esse caso depois de dois anos, mas a realidade era que não estava conseguindo ficar no departamento sabendo que andares a cima estava Jane e sua amante. Não tinha errado, pensou que eram seus sentimentos que estavam a confundido e não a fazendo pensar claramente, lembrou que passou por isso quando Casey tinha voltado a vida de Jane e ela se fazia de boba apaixonada por ele, era a mesma sensação ver Molly e Jane, mas não estava errada, quando saiu do elevador viu claramente Jane e Molly trocando um beijo, não foi ninguém que tinha visto e contou, ela tinha visto, depois disso a agente se encaminhou para fora do departamento e Jane foi até a cantina.

Todos seus sentimentos colidiram. Estava aborrecida, irritada, chateada, magoada. Como alguém diz que te ama, que se fingiu de morta para o seu bem, que pensou em você durante todos esses anos fica com outra pessoa? Mesmo que fosse difícil, talvez depois de algum tempo dissesse que ficou por carência ou seja lá qual foi o motivo, mas só durante algum tempo enquanto estava isolada daria para entender, mas depois que voltou, depois de fazer toda aquela declaração ainda ficar com a outra sabendo que ela trabalhava no mesmo prédio? Isso Maura não ia conseguir entender nunca.

Estava tão enfurecida que ao chegar em casa a primeira coisa que fez foi pegar uma garrafa de vinho e se servir de um copo enquanto pensava nesse dia sentada ali mesmo no balcão da cozinha. Precisava de alguma coisa para acalmá-la, mas do jeito que estava era capaz de beber toda a garrafa.

Jane tinha resolvido ouvir o conselho de Molly, se estava difícil voltarem a se firmar como um casal por causa de tanto coisa mal resolvida por que não tentar resolver sendo amigas e depois ver no que dava? Foram ótimas amigas durante seis anos antes de se tornarem namoradas, alguma coisa deveria ter restado. Tocou a campainha da casa de Maura. A legista que tomava sua terceira taça de vinho primeiro pensou em não abrir a porta, não queria ver ninguém, queria ficar sozinha com seu pensamento e sua garrafa de vinho, mas então a campainha tocou de novo, era melhor atender. Se levantou do balcão, se sentia um pouco mole, ainda não poderia ser considerada bêbeda, mas se tomasse mais umas duas taças era capaz de ficar, se encaminhou até a porta e a abriu. Encontrou do outro lado a morena que mais lhe despertava raiva no momento, com um pequeno sorriso no rosto e parecia que nem em casa tinha passado por que ainda estava com as roupas que usou no trabalho e para completar ainda carregava uma garrafa de vinho nas mãos.


- Sei que não é o seu “chatou”, mas é bom esse vinho também. – Jane estranhou que ao invés de Maura corrigi-la ficou a encarando. – Posso entrar?


Pensou em bater com a porta na cara de Jane, era muita ousadia sair beijando outra em pleno departamento e ainda ir bater em sua casa, tarde da noite pedindo para entrar, mas o álcool falava mais alto e Jane estava com uma beleza inexplicável, mesmo que não tivesse nada diferente do que tinha visto o dia inteiro. Deu passagem indicando que a detetive podia entrar. Jane lhe entregou a garrafa de vinho e foi entrando na casa. Foi surpreendida com os latidos de Jo Friday e a cadela vindo em sua direção toda alegra com o rabo balançando.


- Jo Friday! – Disse com um sorriso agachando para ficar da altura da cadela. Foi recepcionada com várias lambidas no rosto. – Pensei que você não tinha ficado com ela.

- Eu não podia me desfazer dela, sabia o quanto você a amava.


Caminharam até a cozinha. Maura carregando a garrafa de vinho e Jane com Jo Friday no colo. Parou na frente do balcão e encontrou Bass em seu lugar de sempre.


- Oi Bass. Lembra de mim? Aquela que te chama da tartaruga e deixa sua dona doida por causa disso.

- O que você quer Jane? – Maura perguntou sem paciência.

- Conversar com você.

- Sobre o que? – Maura se serviu de mais um pouco de vinho e não fez nem questão de oferecer para Jane, se ela quisesse sabia onde ficava as taças.

- Sobre nós.

- Não temos nada pra conversar sobre nós.

- Claro que temos Maura! Vai fazer uma semana que eu voltei e não tivemos nenhuma conversa decente ainda tirando aquela do Dirty Robber e aquela nem foi uma conversa sobre nós, só foi a explicação que você merecia saber por eu ter me fingido de morta. Nos beijamos e você não quis tocar no assunto, depois me vem com a história de que não me ama mais, que ama outro e tem uma crise de urticária por causa disso.

- Eu quis conversar sobre isso com você, mas fiquei mais de duas horas parada na porta do seu apartamento e você não quis me atender.

- Você não sabe como foi difícil ouvir você dizendo que amava o Thomas.

- Como se tivesse sido fácil pensar que você estava morta todos esses anos.

- Será que podemos esquecer tudo que aconteceu? Será que podemos ser aquelas duas amigas que conversavam sobre tudo, para que possamos conversar sobre tudo e ver como ficamos? Se tem alguém que sinto e senti falta esse tempo todo além da minha namorada foi da minha melhor amiga.


Não parecia que tinha sentido tanta falta assim da melhor amiga e muito menos da namorada, por que assim que viu a oportunidade foi ficar mais próxima de Molly. Era só isso que passava pelos pensamentos de Maura, mas estava com raiva demais para dizer qualquer coisa, não entendia o que Jane estava querendo na sua casa, não entendia aquela proposta de serem amigas, simplesmente não entendia.


- Eu acho melhor você ir.

- Maur...


Aquele olhar de suplica que Jane lhe lançava. Já teve que se entender com esse olhar na noite do bar quando não respondeu por seus instintos e sentimentos e foi logo beijando Jane. Um dos seus pontos fracos era aquele olhar, mas não tinha olhar que iria fazer a raiva que estava sentindo naquele momento passar.


- Só vai embora.


Jane só soltou um longo suspiro. Queria resolver essa confusão. Queria que Maura a perdoasse. Queria se resolver com a legista. Queria tanta coisa envolvendo Maura que se fosse listar não daria em um caderno. Virou as costas e foi se encaminhado até a saída e Maura caminhou atrás dela. Jane abriu a porta e ainda olhou para trás para ver se aquela era a palavra final da legista mesmo, se não daria a chance de conversaram.


- Eu só queria uma nova chance.


O olhar de suplica novamente e um meio sorriso triste no rosto. Podia estar com raiva, Jane podia ter lhe traído, mas ela sempre seria a pessoa que ela mais amou na vida. Quando se deu conta já estava com os braços entrelaçados no pescoço de Jane a beijando. Obvio que a detetive não esperava por aquele beijo, mas não fez nem menção de rejeitá-lo. Necessitava de Maura, dos seus lábios, do seu gosto, a forma em como suas línguas brincavam, de como suas bocas se encaixavam. Sentiu confiança com aquele beijo, colocou suas mãos em volta da cintura de Maura e a colou em seu corpo. A loira deixou escapar um suspiro e quando a boca de Jane ia de encontro com o seu pescoço ela percebeu o que tinha feito e empurrou Jane. A detetive ficou a olhando com confusão, Maura só fez um negativo com a cabeça e subiu para seu quarto. Era a segunda vez que ela fazia aquilo, a beijava e ia embora, mas agora ela estava dentro de sua casa e não tinha para onde fugir, Jane não pensou duas vezes antes de subir até o quarto da loira atrás de uma explicação para o que tinha acabado de acontecer.


- Vai me dizer que esse beijo foi um erro também? – Jane se aproximou de Maura que estava virada de costas para ela. – Me diz que esse beijo foi um erro Maura. – Jane pegou no braço de Maura e a virou para que a legista a encarasse. – Me diz!


E no final nada foi dito, por que quando Jane menos esperou sua boca já estava colada na de Maura novamente.



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Notas finais do capítulo

Poderia ter continuado, mas então o capítulo ia ficar maior que o velho testamento, então deixa a continuação para o próximo capítulo, certo?