Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 16
Capítulo 16 - Aprendi a viver minha vida sem você


Notas iniciais do capítulo

Não podia deixar vocês sem o capítulo 16 por muito tempo, seria mancada, então cá está ele.

Ótima leitura!


PS: E queria agradecer de verdade todas voces que estão acompanhando, que abraçaram a ideia de ler a fic mesmo com a Jane morta, mesmo desconfiando de mim até os últimos segundos que eu não tinha a matado coisa nenhuma, mesmo quase perdendo a esperança da bichinha ta viva. Vou precisar de outro motivo agora para vocês ficarem enchendo meu saco =P
Vocês são as melhores leitoras do mundo. Obrigada ^.^



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Chega uma hora na vida que você se conforma. Que no final das contas nem tudo é como queremos. Dizem que não podemos ter tudo, por que sempre que temos tudo que queríamos alguma coisa sempre está faltando e queremos mais. Chega uma hora que nos conformamos que os tombos que levávamos da vida é para nos ensinar que mesmo quando caímos temos que nos levantar e seguir adiante, que por mais pedras que tenham no caminho temos que desviar e seguir em frente. Chega uma hora que nos conformamos que o que perdemos dificilmente vamos recuperar, ainda mais se o perdemos para a morte.

Maura já havia se conformado com a morte de Jane, entendeu que mesmo que ela ficasse em depressão pelo resto da vida não traria Jane de volta, mas percebeu que se enganou quando viu a figura morena parada na porta de sua casa e que tinha acabado de dizer um “Oi Maur” com a sua voz rouca. Por alguns segundos pensou que estava alucinando, que não seria possível Jane estar parada na porta de sua casa, ainda mais dizendo um “Oi Maur”, algo que ela não ouvia fazia três anos, mas aquela voz rouca era inconfundível, poderia se passar vinte anos da morte de Jane, mas a voz ela reconheceria a quilômetros de distância.

Claro que Jane esperava a reação de choque que Maura estava aparentado quando resolveu ir bater na porta da casa dela para mostrar que não tinha morrido coisa nenhuma, mas que segundos depois, quando Maura percebesse que não estava alucinando a pediria para entrar para que ela pudesse explicar tudo que tinha acontecido, por que fingiu que estava morta durante esses três anos. Pena que se enganou profundamente. Maura não dirigiu nenhuma palavra para Jane, com a mesma expressão de choque de quando abriu a porta ela se virou e deixou Jane lá, sozinha.


– Maura...


Jane tentou ir atrás de Maura, mas foi barrada por Thomas que observava a cena toda de longe. Conhecia muito bem a história das duas. Sabia o quanto Maura tinha sofrido por achar que Jane estava morta e como essa volta possivelmente poderia ter a abalado, então se fosse pra mexer mais na ferida de Maura ele não deixaria Jane chegar perto dela sem que ela autorizasse que isso fosse feito.


– Espera aqui, por favor.


Sem reação Jane ficou lá parada um passo dentro da casa. Sem reação por que queria muito saber quem era aquele homem que tinha a barrado de ir atrás de Maura.

Thomas subiu até o quarto e encontrou Maura sentada na cama, com uma cara de abalada, mas não era para menos, não é todo dia que uma ex-namorada ressuscita.


– Ela quer subir para falar com você.

– Ela quem?


Thomas a encarou sem entender. Como ela quem? Não era Jane a defunta que estava lá embaixo querendo falar com ela? A namorada que ela disse que tinha perdido há três anos? Como ela quem?


– A Jane.


Maura fez um negativo com a cabeça.


– Eu enterrei a Jane. Eu estava lá de frente para o caixão quando o colocaram naquele buraco prestes a jogarem areia em cima. – Fez outro negativo com a cabeça e sua voz começou a embargar. – Eu estava lá quando ela foi enterrada. Eu a vi sendo enterrada. – Lágrimas começaram a cair de seus olhos. – Ela não está lá embaixo. Ela não quer falar comigo, por que ela morreu. Jane morreu.


Não julgava a namorada por tal reação. Pelo que Maura tinha contado sobre Jane ela tinha a amado muito e sua morte foi uma grande marca em sua vida. Ela não podia simplesmente aparecer assim na porta de Maura e pensar que tudo ia ficar bem, que a loira ia querer conversar.

Voltou até a porta e Jane estava no mesmo lugar esperando que Thomas voltasse.


– Acho melhor vir outra hora, ela não quer te ver.


Jane soltou um riso incrédula. Não podia sair dali sem falar com a Maura.


– Eu vou subir. – Mais uma vez devido a tentativa de subir foi barrada por Thomas. – Quem você está pensando que é para me proibir de ver a Maura?

– O noivo dela.


Parecia que tinha levado um soco no estomago ao ouvir aquelas três simples palavras. Estava errado. Maura não podia estar noiva de outro, não sem antes elas conversarem, Jane explicar tudo que aconteceu, por que ela não tinha morrido, então Maura não poderia ter seguido com a vida ficando noiva de outro. Era injusto e ela sentia mais raiva ainda da decisão que foi tomada.

Sem dizer nenhuma palavra deixou a casa. Tinha perdido o chão com aquela revelação. Não esperava que Maura ficasse os três anos em depressão chorando por sua morte, sabia que ela tinha com quem contar e a ajudariam a superar sua morte falsa, por que eles também iam superar e esses “eles” a quem se referia era sua mãe, Frankie e Frost. Sabia que Korsak também ajudaria, mas estava com muita raiva dele naquele momento. Três anos e Maura já estava com outro. Cadê o amor que ela dizia que sentia? Já tinha superado tanto assim que já estava noiva de outro? Mas não podia nem ficar com raiva, ela era a culpada de tudo. Tinha prometido para Maura que não morreria, que não a deixaria e a abandonou por três anos, não a culpava por querer refazer a vida. Mas agora ela estava de volta, pensou que voltariam da onde tinham parado, que elas sentariam, conversariam e Jane ia poder ouvir a resposta do pedido de casamento que tinha feito no dia que foi baleada. Tudo fugiu de como ela tinha planejado e imaginado para sua volta. Agora o que tinha que fazer era esperar.

Resolveu ir para seu apartamento. Tinha outra pessoa que merecia saber também que ela estava viva e esperava que de coração não tivesse a mesma reação que Maura, por que duas rejeições em uma noite ela não ia aguentar. Já tinha ficado três anos privada das pessoas de quem amava e ficava bem, não ia aguentar mais alguns dias até digerirem a noticia de que ela não morreu.

Angela tinha acabado de chegar em casa quando ouviu a campainha tocando. Do lado de fora do apartamento tinha uma Jane receosa. Estava ansiosa para rever a mãe, mas temia a reação dela.

Quando viu a porta ser aberta viu a cara de surpresa de Angela.


– Oi Ma.


A mãe Rizzoli pensou que estava vendo demais ou que estava tendo um daqueles sonhos que Jane aparecia para ela dizendo que tudo não tinha passado de um erro e que ela não estava morta coisa nenhuma, mas sempre acordava quando Jane terminava de dizer isso e tinha que encarar a realidade de que Jane estava realmente morta. Pelo menos estava.


– Oh meu Deus... – Seus olhos começaram a encher de lágrimas. – Jane? É você mesma?

– Sou eu sim Ma.


Angela não pensou duas vezes antes de puxar a filha para um abraço. Jane a abraçou forte, vivia reclamando dos abraços da mãe, mas precisou tanto deles durante esses três anos que tinha ficado fora. Sentia tanta falta deles. Estava emocionada por finalmente ter reencontrado sua mãe.


– É você... – Angela se separou do abraço e começou a tocar no braço de Jane, em seu resto para ver se realmente era a filha em sua frente e que não estava alucinando. – Minha filha. – Deu outro abraço em Jane, dessa vez deixando com que as lágrimas escapassem de seus olhos. Jane não aguentando o reencontro também se permitiu chorar. Era tão bom estar frente a frente com sua mãe novamente. – Jane? – Angela se separou do abraço e lhe deu um tapa no braço.

– Mãe! – Reclamou passando a mão no braço.

– O que você pensou que estava fazendo? – De emocionada Angela tinha mudado seu tom para irritada. – Eu fui te visitar. Te levei flores todos os meses. Eu te enterrei!

– Eu sei mãe, me desculpa, eu queria...

– Jane!


Angela a abraçou novamente. Tinha sonhado tanto com aquele momento de ter sua filha em seus braços novamente, de poder vê-la, conversar com ela, abraçá-la. Só precisava fazer aqueles questionamentos mesmo para entender por que durante esses três anos chorou pela morte de uma filha que estava viva, mas a resposta poderia ficar para depois, agora ela queria abraçar Jane.


– Ma trouxe os livros de culinária que... – Frankie parou e deixou os livros caírem ao ver quem a mãe estava abraçando. – Jane?


Elas se separaram do abraço e Jane olhou para o irmão com um sorriso. Foi dar um passo para abraçá-lo, mas Frankie deu um passo para traz. Já não bastava Maura, ia ser rejeitada pelo irmão também? Ele olhou para Angela como se perguntasse se podia seguir em frente, que não estava tendo nenhuma alucinação, que sua irmã estava realmente em sua frente.


– Jane não está morta, querido.


Dito isso ele correu para abraçar sua irmã. Abraçou forte e Jane retribuiu na mesma proporção. Sempre foi mais apegada a Frankie do que a Tommy e esses três anos longe do irmão também foram difíceis.


– Como...? – Frankie se separou do abraço. – Como você está viva? O que aconteceu? Nós te enterramos Jane.

– Eu sei. Me desculpe por terem feito vocês pensarem que eu estava morta.

– Mas o que aconteceu? – Frankie perguntou. Ainda estava perplexo pelo aparecimento da irmã. - Por que não nos contaram que você estava viva?

– Frankie deixa a sua irmã. Se não quiser não precisa nos contar agora querida.

– Não. Vocês merecem saber.


Jane puxou a mãe pela mão para que se direcionassem até o sofá e Frankie foi atrás.

Jane tinha acabado de dar entrada no hospital. Cavanaugh estava indignado, revoltado, o bar era frequentado normalmente pelo departamento de polícia inteiro e não tinha uma alma viva de um policial no momento em que Jane tinha sido baleada? Era inacreditável.

Todos estavam aflitos. Maura andava de um lado para o outro na sala de espera sem conversar com ninguém. Conversava consigo mesmo, se culpando pelo que tinha acontecido. Angela tentou conversar com ela, Maura contou por cima o que tinha acontecido, o que se lembrava, estava completamente em choque pelo que tinha acontecido. Depois de falar com Angela se isolou, não conversou com mais ninguém. Queria noticias de Jane, queria saber se ela estava bem, se estava viva. Angela passou para Cavanaugh tudo que ouviu de Maura. Entenderam que foi por vingança e que ninguém estaria a salvo enquanto não pegassem Adam.


– Doutor...


Cavanaugh estava dentro da sala de cirurgia. O médico virou para ver quem o chamava.


– Desculpa, mas quem é o senhor? Quem o deixou entrar?

– Sou o Capitão Sean Cavanaugh do departamento de homicídios de Boston e o senhor está com a minha melhor detetive nessa mesa.

– Ainda não sei quem deixou o senhor entrar, mas peço que não se preocupe, a operação está sobre o controle. Ela vai sobreviver. Quando eu terminar a cirurgia eu vou atualizar toda a família.

– Não, o senhor não vai fazer isso doutor. – O médico o encarou sem entender. – Quando a cirurgia acabar você vai até a sala de espera e dizer para a família da detetive Rizzoli que ela morreu.

– Eu não vou...

– Sim, você vai. Por que é a vida de uma das minhas que está em risco. O homem que atirou nela ainda não foi pego e ele não vai descansar enquanto não vê-la morta.

– O que o senhor está me pedindo é um absurdo. Eu não vou dizer para a família dela que ela morreu!

– Doutor Reid faça o que o Capitão está dizendo. – Disse o chefe do hospital que tinha acabado de entrar na sala. – E isto é uma ordem.


O médico voltou para a operação indignado. Já era difícil dar a noticia para a família de que alguém que eles tanto amavam morreu, imagine dar uma noticia falsa? Mas ele o fez. Com o fim da cirurgia foi até a sala de espera e deu a noticia de que Jane havia morrido e mesmo se depois a consciência pesasse e ele pensasse em contar para eles a verdade não poderia por que tinha assinado um termo, junto com todos que estavam naquela sala de cirurgia que guardariam segredo. Teve que aguentar Maura completamente desolada quando veio com a notícia. Angela tentando acalmar a nora, mas não conseguia também ficar calma, tinha acabado de perder uma filha. Teve que lhe dar com Frankie completamente sem reação ao receber a notícia da morte de Jane. Frost era outro que não conseguiu descobrir o que pensava ao receber a notícia. Já tinha dado vários comunicados sobre morte de pacientes, mas essa em particular foi a pior de todas, por que sabia que podia ter poupado todos daquele sofrimento já que Jane não tinha morrido de verdade.


***


Korsak e Cavanaugh estavam a um bom tempo sentados de frente para a cama de Jane esperando que ela acordasse. Korsak que havia dado a ideia para Cavanaugh de simular a morte de Jane, mas ao ver o sofrimento no rosto de todos começou a pensar que talvez não tivesse sido uma boa ideia, mas era necessário, por que Jane tinha dado sorte de estar viva agora e se da próxima vez não fosse assim? Não poderiam colocar a vida dela em risco enquanto não pegassem Adam.

Perceberam Jane acordando. Passou o olho por todo o quarto como se estivesse se situando da onde estava e se lembrasse do que tinha acontecido. Foi quando as lembranças vieram em sua cabeça. Tinha levado um tiro enquanto pedia Maura em casamento. Ao olhar para o lado estranhou ver Korsak e Cavanaugh sentados ao lado de sua cama. Aquele não seria o papel de sua mãe e de Maura?


– Cadê a Maura? – Jane perguntou com a voz mais rouca que o comum. – Onde está a Maura? Ela está bem?

– Maura está bem Jane. – Korsak respondeu. – Não se preocupe, não aconteceu nada com ela.

– Então por que ela não está aqui?

– Por que ela não sabe que você está viva. – Cavanaugh foi direto. Jane o encarou confusa. – Ninguém sabe que você está viva Jane. Falamos que você morreu para te proteger, Adam ainda está a solta.

– Não, não, não. – Ela fez um negativo com a cabeça. Não podiam estar mentindo para todo mundo que ela está morta. – Vocês podem desmentindo isso agora! Eu não vou ficar me fingindo de morta, eu vou ajudar vocês a pegarem aquele doido.

– Não Jane, você não vai. – Disse Cavanaugh. – Você vai para um abrigo de proteção a testemunha e só vai sair de lá quando esse criminoso ser preso.

– Eu não vou para lugar nenhum! Eu vou ajudar a pegar esse desgraçado! Ele pensa que vai atirar em mim e vai ficar tudo bem? Não vai mesmo.

– Jane já está decidido. – Disse Cavanaugh. – Você não vai voltar para casa enquanto o Adam não for pego.

– Por favor, Jane. – Pediu Korsak. – É para o seu bem.

– Eu disse para a Maura que eu voltaria. Eu prometi a ela. – Tentou se levantar da cama, mas foi impedida por Korsak, Cavanaugh e a dor dos pontos da cirurgia. – Eu prometi para a Maura que eu não ia morrer.

– E não morreu. – Disse Korsak. – Você cumpriu sua promessa.

– Não, não cumpri, por que ela pensa que eu morri. VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO COM ELA! EU NÃO POSSO FAZER ISSO COM ELA!

– JANE, PARA! – Repreendeu Cavanaugh. – Você quer que a gente conte para Maura, tudo bem! Mas você sabe que ela não sabe mentir e que a vida dela vai ficar em risco, não sabe? A mesma coisa se você voltar... Adam não vai desistir enquanto não te matar, ele é um descontrolado, ele quer vingar a morte do irmão e para isso ele é capaz de machucar todos que são importantes na vida de Maura, começando com sua mãe. É isso que você quer? Mais gente em risco?


Claro que não era isso que ela queria. O que Jane queria era ficar bem e poder ir atrás de Adam e colocá-lo atrás das grades para ele parar de infernizar sua vida e a de Maura. Mas não tinha pensado pelo lado de que mais vidas poderiam ficar em risco, que ele poderia acabar machucando sua mãe e até mesmo Maura. Não podia correr esse risco.


– Maura nunca vai me perdoar por mentir para ela. – Disse cabisbaixa. Korsak pegou na mão da parceira.

– Ela vai entender que foi feito isso para o bem de todos. Ela te ama e depois são só por alguns dias, até o pegarmos.


Jane mandou um meio sorriso. Ainda estava contrariada, ainda queria ficar e ajudar a procurar Adam, mesmo sabendo que seria afastada do caso de qualquer forma por se tornar pessoal ou pelo menos que pudesse contar para sua mãe e para Maura que ela estava viva, não ia conseguir ficar trancada em um lugar por dias sabendo que as duas estariam sofrendo pela sua falsa morte. Mas resolveu fazer o que eles falaram, se fingiria de morta por alguns dias.


– E os dias se passaram três anos. Me desculpa, de verdade, eu não queria...


E não deixaram Jane concluir por que tanto Angela quando Frankie a abraçaram. Se foi duro esses três anos para eles imagine para Jane que estava viva, sem contato nenhum com ninguém? Ainda mais por ter sido praticamente enganada por achar que iam pegar Adam em poucos dias esquecendo que ele era um ótimo detetive, que tinha vivencia e que não seria nada fácil.

Viram na expressão de Jane enquanto ela contava a história o quanto que estava arrependida por ter escondido que estava viva durante esses anos. Mas não a culpavam, nem a julgavam, fez o que tinha que ser feito para proteger sua família e a si mesma. Se Jane, a pessoa que tinha se dado um tiro por que pensava no próximo, não se fingisse de morta não seria ela, sempre se sacrificava pelos outros e isso eles reconheciam e tinham muito orgulho de ter alguém assim em sua vida.


– Querida... – Angela se separou do abraço. Se Jane tinha ficado sem notícias de ninguém esse tempo todo não queria que Jane tivesse uma surpresa quando se encontrasse com Maura. – Acho que tem algo que você precisa saber. – Frankie encarou a mãe como se perguntasse se era uma boa ideia trazer aquele assunto.

– Aconteceu alguma coisa? – Jane perguntou preocupa. Angela estava com uma cara que só fazia quando tinha péssimas notícias. – O que foi Ma?

– É sobre a Maura...


Jane baixou os olhos. Já sabia o que a mãe tinha a dizer e antes que ela começasse a cortou.


– Eu já sei. Ela está noiva.

– Noiva? – Angela perguntou sem entender. – Não, Thomas não é o noivo dela. – O coração de Jane por alguns segundos se encheu de esperança. – Ele é o namorado dela. – O coração se esvaziou novamente. – Mas como você sabe?

– Eu precisava vê-la, saber se ela estava bem, então fui a casa dela primeiro. – Jane sentiu seu coração apertar, não gostava de se sentir assim, por que sabia que ia começar a chorar. – Ela não quis me ver Ma. Ela simplesmente mandou aquele idiota me mandar embora.

– Jane ela pensou que você estava morta. Imagine o estado de choque que ela não ficou?

– Eu sabia... – Sentiu os olhos começarem a marejar. – Eu sabia que tinha que ter dito para ela. Eu deveria ter contando a verdade, agora...


Angela percebeu que a filha ia começar a chorar e a abraçou. Sabia o quanto Jane ainda deveria amar Maura e como deveria ter sido difícil esses três anos sem poder demonstrar e desfrutar esse amor e mais difícil ainda voltar e saber que ela seguiu em frente.


– Quer que eu suma com o Thomas de Boston? – Perguntou Frankie com o propósito de fazer a irmã chorar. – Posso fazer isso sem problema nenhum.


Jane mandou um meio sorriso para o irmão. Era tão bom estar de volta. Passou as mãos no rosto com o propósito de espantar o choro. Estava esgotada, tinha chegado de viagem e foi logo atrás de Maura e teve tal surpresa. Precisa descansar, para começar um novo dia, para poder encarar Maura que se desse sorte estaria mais calma e aceitaria conversar com ela.


– Acho que você está precisando descansar. – Disse Angela. – Tome um banho, durma e amanhã você resolve o problema com a Maura.


Parecia que sua mãe tinha lido seus pensamentos. Abraçou Angela e Frankie por uma última vez naquela noite e foi tomar banho e descansar. Precisava.

Enquanto tomava banho a cena de Maura lhe deixando falando sozinha ficou passando em sua cabeça por diversas e diversas vezes, alias, não essa cena na verdade e sim a cena de Thomas descendo e dizendo para ela voltar outro dia e que era noivo de Maura, isso lhe doeu. Doía saber que a legista tinha seguido em frente quando ela passou três anos só acumulando amor, só fazendo com que seu amor por Maura crescesse mais e mais, que os dias fossem torturantes por que não podia estar com Maura, por que não podia abraçá-la, beijá-la, fazê-la feliz. Pelo contrário, mais uma vez ao que parecia tinha feito Maura sofrer, mais uma vez por que já a tinha feito sofrer quando não declarava seu amor e agora novamente por se fingir de morta.

Tentou se encher de esperança se fazendo acreditar que no dia seguinte conversaria com Maura e ela dissesse que só estava com Thomas por que achou que ela estaria morta, mas como ela estava viva poderiam continuar da onde pararam. Se a vida fosse tão simples assim.

Em sua casa a loira repassava a cena em sua cabeça de ter Jane parada na porta de sua casa lhe dizendo “oi”. Por que ela tinha que ter feito isso? Por que fingiu por todos esses anos que estava morta? Por que não lhe contou? Por que a fez sofrer? Eram perguntas que martelavam em sua cabeça. Era injusto agora que ela estava bem, agora que tinha encontrado Thomas, agora que tinha superada ter que enfrentar uma surpresa dessas. Jane não podia ter feito isso com ela, não podia.


– Amor quer que eu traga alguma coisa para você beber?


Thomas estava preocupado. Desde a hora que Maura tinha subido para o quarto ela estava deitada na cama, não trocava mais que meia dúzia de palavras.


– Eu só quero ficar sozinha.


Não iria forçar nada. Se colocava no lugar de Maura, se ele tivesse uma quase noiva aparecendo dos mortos ele provavelmente estaria do mesmo jeito. Caminhou até ela e lhe deu um beijo na testa.


– Tenta dormir.


Tentar até tentaria, mas se ia conseguir...


***


Jane levantou naquela manhã com o cheiro do café de sua mãe. Levantou por que já estava acordada há muito tempo, não tinha conseguido pregar o olho pensando em Maura. Foi até a cozinha e ganhou um beijo da mãe, uma xícara de café e uma panqueca em formato de coelho. Sorriu. Tinha sentindo saudade também daquelas panquecas, mesmo que odiasse que Angela as fizesse em público. Lembrou de Maura, ela adorava as panquecas.


– Está pensando em passar no departamento? – Perguntou Frankie. – Todos vão ficar loucos por te verem lá. Menos o Korsak, claro, por que já sabia que você estava viva.

– Frankie você sabe que ele não podia ter contato.


Frankie nada disse. Estava chateado por saber que esse tempo todo Korsak sabia que Jane estava viva e não tinha dado nenhuma pista.


– Vou passar no departamento depois que eu ver a Maura.

– Não acha que é melhor da um tempo para ela Jane? – Perguntou Angela. – Ela sabe que você está viva, por que não deixa que ela te procure?

– Eu já esperei tempo demais Ma. Posso até ter a perdida por causa disso.


Jane deu um beijo na bochecha da mãe, mandou um meio sorriso para o irmão e se encaminhou para a casa de Maura. Por todo caminho foi imaginando como iniciaria a conversa, isso era, se Maura não batesse com a porta em sua cara dessa vez.

Ao chegar, tocou a campainha e para sua surpresa quem atendeu a porta foi o noivo que não era noivo.


– Pode chamar a Maura para mim, por favor?


Tentou ser a mais educada possível, mas a vontade que tinha era de dar um soco na cara de Thomas, mesmo que até agora ele não tivesse feito nada.


– Ela não está.

– Não está ou você não quer que eu fale com ela? – Perguntou ríspida. Definitivamente queria dar um soco na cara de Thomas.

– Eu não tenho motivos para ser contra você conversar com a Maura, mas eu não posso chamá-la, dizer que você está aqui sendo que ela não está.

– E onde ela está então?

– No cemitério.

– No cemitério? – Jane perguntou sem entender, o que Maura ia fazer em um cemitério.

– Aparentemente é onde você está enterrada, não?


Provavelmente.

Saiu sem nem se despedir de Thomas. Queria muito saber o que Maura tinha visto nele, por que ele não fazia o tipo dela. Quem estava querendo enganar? Thomas era o típico homem que Maura gostava antes de se dizer apaixonada por ela. Para falar a verdade até melhor. Era bonito, falava bem, parecia ser bem educado e por algum motivo não ficava no meio dela e de Maura. Quem em sã consciência diria para onde a namorada foi para a ex-namorada ir atrás dela. Maura só podia ter arrumado mais um doido.

Chegou ao cemitério e após algum tempo procurando onde deveria estar seu túmulo avistou Maura agachada, com a cara fechada, provavelmente conversando com o túmulo. Lhe cortou o coração ver aquela cena, quantas não deveriam ter sido as vezes que Maura fez essa mesma visita? Quantas as vezes não deveria ter chorado em frente a um túmulo que não tinha corpo por que ela mentiu que estava morta? Não poderia culpar a loira caso ela nunca mais quisesse olhar em sua cara depois do que ela tinha feito.


– Me desculpa. – Foi a única coisa que Jane conseguiu dizer ao se aproximar de Maura. A loira voltou sua atenção a Jane, mas logo em seguida voltou para o túmulo, lugar ao qual Jane deveria estar enterrada. – Eu sei como você deve ter se sentindo por pensar que eu tinha morrido, mas...

– Não, você não sabe! – Maura voltou a olhar para Jane. A detetive pode perceber que o olhar da ex-namorada não estava carregado só de raiva, mas também magoa, tristeza. Tinha sido enganada. – Você não sabe como foi receber a notícia de sua morte. Você não sabe como foi ter que te enterrar. Você não sabe como foi ter que viver com as lembranças de tudo que passamos e saber que elas não iam se repetir jamais ou que eu não ia criar mais novas lembranças pelo simples fato de você não estar morta. Não diga que você sabe como eu me sinto por que você não sabe, por que não foi você que teve que lhe dar com a sua perda todos esses anos!

– Por favor, Maura. Vamos conversar, eu tenho tanta coisa para te explicar, você precisa entender meus motivos.


Maura fez um negativo com a cabeça e se levantou.


– Eu demorei um ano para conseguir visitar seu túmulo, por que a imagem horrível do seu enterro ficava passando pela minha mente, passei meses me culpando pela sua morte, não conseguia trabalhar, tive até que me consultar com uma psicóloga para ver se me ajudava com a sua morte e você simplesmente, depois de três anos, aparece na porta da minha casa. Você não tinha esse direito.


Maura ia saindo e deixando Jane mais uma vez falando sozinha. Não podia deixar a loira ir, precisava conversar com ela, precisava fazer Maura entender que ela teve seus motivos, que não foi por que ela quis que tinha envolvido Maura nessa mentira. A segurou pelo braço impedindo Maura que seguisse adiante.


– Eu fiz o que eu fiz para o seu bem! Você precisa acreditar em mim, eu te amo tanto Maura, não queria ter feito você sofrer.

– Mas fez. – Maura soltou seu braço das mãos de Jane. – E se me amasse tanto quanto diz não teria feito isso. Por que fez com que eu achasse que você tinha quebrado sua promessa e me obrigasse a seguir em frente sem você. E foi o que eu fiz, segui em frente e aprendi a viver minha vida sem você.


“Aprendi a viver minha vida sem você”. Essas palavras tinham machucado bem mais do que ter ouvido da boca de Thomas que ele era o noivo da Maura. Jane tinha ficado tão sem reação que deixou a legista ir embora sem nem a impedir. Passou três anos de sua vida, pensando em reencontrar Maura, se resolverem e finalmente poder formar uma família com a legista, ser feliz ao lado dela para ela simplesmente vir dizer que tinha aprendido a viver sem ela?

Olhou para a lápide de seu túmulo e soltou um riso de indignação. Estava com raiva, queria gritar, queria tirar aquele maldito túmulo do lugar, queria que Maura não tivesse dito o que disse, queria que tudo fosse diferente, queria que tudo não se passasse de um pesadelo e que quando ela acordasse tudo estaria perfeito quando estava há três anos antes de levar aquele maldito tiro. Mas, infelizmente, algumas coisas não são como queremos.


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Notas finais do capítulo

Vocês não queriam Maura correndo, abraçando e beijando Maura não é verdade? Ou queriam? =P



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