Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 15
Capítulo 15 - Oi Maura...


Notas iniciais do capítulo

Não estou nenhum pouco feliz com esse capítulo. Estou sofrendo sem a Jane, antes não sofria tanto por não ter os flashbacks, mas agora ta complicado. Não foi fácil. Mas aqui está o famoso capítulo 15.

Ótima leitura!



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O ex-detetive da homicídios de Londres, Adam Corroll, procurado por três anos pelo assassinato da detetive da homicídios de Boston, Jane Rizzoli, foi preso nesta manhã.

Adam Corroll já tinha histórico de desequilíbrios emocionais quando por ficar obsecado por um caso foi afastado da homicídios sendo obrigado a se aposentar prematuramente. Passou seis meses em tratamento em uma clinica em Londres.

O motivo pelo qual o levou a assassinar a detetive Jane Rizzoli foi vingar a morte do irmão John Carroll que se suicidou há 10 anos devido ao termino do relacionamento com a médica legista da homicídio de Boston, doutora Maura Isles. Adam descobriu que a legista estava em um relacionamento amoroso com a detetive em com suas palavras: “Você tirou a coisa mais importante da minha vida que era o meu irmão então resolvido tirar a coisa mais importante da sua.”

Adam já tinha sido internado novamente na clinica devido ao desequilíbrio emocional pela perda do irmão, mas devido a aparentar uma melhoria foi liberado da clinica e ficaria de ser consultar com um psicólogo uma vez por semana. O ex-detive aproveitando a liberdade resolveu colocar em pratica a vingança.


Dois anos haviam se passado. Todos estavam felizes por finalmente terem pegado o assassino de Jane. Poderiam estar mais felizes se tivessem pegado alguém que tentou matá-la, mas sabiam que a realidade não era essa, mas pelo menos agora poderiam honrar a memória dela e fizeram o que Jane fazia de melhor: Pegar bandido.


A cidade de Boston parecia a mesma desde que ela tinha a deixado há dois anos. No táxi olhava pela janela e reparava que nada tinha mudado mesmo, tudo bem, alguma pintura, um estabelecimento novo tinha aparecido, mas nada que mudasse totalmente o visual. Quando entrou no avião que tinha como destino a cidade de Boston pensou que várias lembranças viriam em sua cabeça, mas olhando o céu pela janela do avião teve um sentimento bom, não tinha mais aquele sentimento gritante de perda de quando tinha deixado a cidade.

Ao pisar em Boston e pegar o táxi para voltar para sua casa relembrou sim alguns momentos que passou ali, mas como não lembrar? Tinha vivido uma parte importante de sua vida em Boston e isso não apagaria de sua mente jamais.

Parada na frente de sua casa respirou fundo, abriu um sorriso e abriu a porta. Não conseguiu se desfazer da casa por que o intuito era que algum dia ainda voltaria para Boston. A casa era a mesma, tinha ainda o mesmo cheiro de quando viveu lá, cheiro que lhe trouxe lembranças, mas também nenhuma dolorosa. Estava feliz por estar de volta, mesmo que fosse só por um mês.

Entrou na casa segurando duas gaiolas, uma em casa mão. Colocou as duas no chão e abriu a primeira, onde uma cadela saiu correndo abanando o rabo e latindo, parecia que também estava feliz por ter voltando para casa. Abriu a outra gaiola e tirou o cágado que se encontrava lá dentro, não saiu correndo por que não era de sua natureza e também não abanou o rabo por que não tinha um, mas talvez também estivesse feliz por voltar a casa que viveu por tanto tempo.


– Quer ajuda com as malas, amor?


– Não, deixa comigo!


Maura abriu um sorriso se segurando para não rir do namorado. Sim, a legista voltou a Boston acompanhada de seu namorado, um rapaz alto, moreno, cabelos escuros curtos, carregava no rosto uma barba que lhe dava todo um charme a mais, olhos verdes, era o típico rapaz que deixavam as mulheres doidas, mas ele só tinha atenção para uma mulher, Maura.


Observou o namorado entrando e saindo três vezes da casa para poder trazer todas as malas dela e a única mala dele.


– Ainda bem que só vamos passar um mês em Boston. Imagine se fosse um ano?


– Trouxe tudo que vou precisar para esse um mês, Thomas.


Thomas olhou em sua frente as cinco malas de tamanho grande que tinha acabado de trazer para dentro de casa e soltou um riso. Entendia, ela era mulher, talvez fosse precisar mesmo de tudo que tinha levado.



– Nem parece que você ficou dois anos sem vir aqui nessa casa. – Disse olhando ao seu redor. Estava admirado pela casa, não pelo tamanho dela, por que morava em uma do mesmo tamanho se não maior em Los Angeles, mas por ter mais a cara de Maura do que a casa que ela tinha na cidade dos anjos. A casa de Boston parecia que ela tinha sido decorada mesmo para ser seu lar e a de Los Angeles só para passar uma temporada ou uma casa para se tirar férias. – É incrível.


– Pedi para que alguém viesse arrumá-la uma vez por mês para não estragar os móveis e a casa ficar sempre limpa.

– Você não está pensando em me deixar voltar para Los Angeles sozinho... Ou está?

– Claro que não! Mas sempre fui sincera com você de que algum dia eu ia voltar para Boston, mas não vai ser agora.

– Que ótimo. Senão já ia ter que mandar alguns currículos. Bom... Vou tomar banho e me arrumar para minha reunião. – Deu um beijo em Maura e subiu para o quarto.


A legista aproveitou a ausência do namorado na parte de baixo de casa e voltou a olhá-la. Gostava de como se sentia quando estava nessa casa, durante os dois anos que tinha passado em Los Angeles nunca tinha se sentindo em casa como se sentia na sua casa. Talvez fossem pelas memórias boas que tinha do lugar, pelos momentos maravilhosos que tinha passado lá, não sabia explicar.


Caminhou até a sala e foi direto para a estante que ficava uma foto dela com a Jane. A foto que o rapaz no Havaí tinha tirado na noite que ficavam conversando na praia. Era a única foto que ela tinha feito questão de deixar, as outras, tanto nos porta-retratos como nos quadros na parede tinham sido guardadas, mas uma tinha que ficar para mostrar que Jane nunca mais seria esquecida.

Lembrava da ex-namorada com carinho. O dia do seu assassinato e enterro tinham parado de assombrá-la e ela aprendeu a viver só com as coisas boas que ela e Jane tinham vivido. Jane sempre seria a pessoa que lhe mostrou o amor da melhor forma, não com suicídio, não indo embora para África, ela lhe mostrou o amor da forma mais pura e Thomas tentava fazer com que ela tivesse mais daquilo, sabia que o namorado se esforçava, tinha ciência de todo seu sofrimento por perder Jane e só queria a fazê-la feliz e ela era grata por isso, por que depois que Jane morreu pensou que nunca seria feliz com mais ninguém, mas então Thomas apareceu e ela teve alguma esperança. Sabia que nunca ia amar ninguém como tinha amado a Jane, mas não podia ficar se privando de um novo amor e privando alguém de querer amá-la e fazê-la feliz.


– Prometo que volto para ajudá-la com o jantar. – Disse Thomas quebrando Maura de todos os pensamentos e lembranças boas que ela estava tendo enquanto ele se arrumava. – Acredito que a reunião não vá demorar.


– Você parece mais animado que eu para esse jantar. – Maura se aproximou de Thomas e arrumou a sua gravata que estava toda torta. – Mais animado ainda do que quando conheceu minha mãe.

– Você fala da Angela como uma segunda mãe para você, então tenho motivo para estar animado. Vai que ela não me aprova.

– Ela vai te adorar.

– Nos vemos mais tarde então. – Thomas deu um beijo em Maura. – Te amo.


Maura acompanhou o namorado até a porta, trocaram mais um beijo e ele foi para sua reunião.


Pensou em só passar no mercado para comprar as coisas para o jantar, mas fazia dois anos que não via Angela, então tomou um banho, colocou uma roupa confortável e foi até o departamento de homicídios de Boston. Não aguentaria esperar até o jantar para ver Angela.

Ao entrar encontrou o mesmo policial de dois anos na recepção, não deixou de perceber a cara de surpresa ao vê-la e também abriu um imenso sorriso antes de cumprimentá-la. Estava receosa, só conversava com Angela por telefone e ás vezes por email, pensou que talvez tivessem perdido aquela ótima relação que tinham ao deixar Boston. Caminhou lentamente até a cantina e ficou parada na entrada, avistou Angela no balcão atendendo a um cliente, permaneceu parada, suas pernas não lhe obedeciam e ela não conseguiu ir adiante, foi quando Angela percebeu uma presença.


– Oh meu Deus! – A mãe de sua ex-namorada abriu um sorriso. – Maura? – Saiu de trás do balcão. – É você mesmo querida?



Maura fez um afirmativo com a cabeça emocionada por rever Angela. A mãe Rizzoli não pensou duas vezes em ir ao seu encontro no meio mesmo da cantina e abraçá-la. Estavam emocionadas pelo reencontro, deixaram até uma ou duas lágrimas caírem.



– Me deixe vê-la. – Angela se separou do abraço e olhou Maura de cima a baixo. – Está linda. Está até com uma corzinha. Senti sua falta querida. – Angela a abraçou novamente.


– Também senti sua falta Angela. – Apertou mais forte a ex-sogra. Realmente sentia tanta falta dela, de conversar olhando no olho, de seus conselhos, de seus mimos. Mesmo conversando sempre com Angela o telefone não fazia o mesmo efeito de pessoalmente.

– Maura? – Korsak, Frost e Frankie perguntaram surpresos ao ver a legista. Não faziam ideia que ela estaria de volta a cidade. – Pensei que tinham passado um trote lá pra cima quando falaram que você tinha acabado de chegar. – Disse Korsak.


Maura não pensou duas vezes em abraçar os dois detetives. Sentia falta dos três, de trabalhar com eles, até de beber com eles no final de cada dia ou de um dia ruim de trabalho. Também foram de grande ajuda para começar a superar a morte da Jane depois que ela resolveu voltar a trabalhar na homicídios.



– Resolveu voltar para trabalhar conosco? – Perguntou Frost. – Sua vaga ainda não foi preenchida.


– Ainda não. – Respondeu. – Vim só para uma visita mesmo. Obrigada a vocês três. – Disse Maura com um pequeno sorriso. Eles se entreolharam sem entender. – Obrigada por terem pegado o assassino de Jane.

– Era nossa obrigação. – Disse Frankie. – Devíamos isso a Jane.


O celular de Maura toca.



– Oi Tom. -... – Não querido, não precisa trazer nada não, deixa que eu faço as compras. -... – Não se preocupe comigo. Fique tranquilo na sua reunião, tudo bem? -... – Tchau.



Ao desligar o telefone percebeu que tanto Angela, quanto Korsak, Frost e Frankie a olhavam como se quisessem fazer várias perguntas sobre esse telefonema. Quis fugir dali, sabia que não era errado seguir com a vida, mas não era justo eles terem ficado sabendo por causa de um telefone que recebeu. Nem para Angela tinha contado da existência de Thomas, só tinha dito que tinha alguém para apresentar para ela quando fosse para Boston.



– É ele que vou conhecer? – Perguntou Angela. – Pode me dizer querida, eu já desconfio há muito tempo, mas é seu novo namorado não é?


– Me desculpa Angela, eu queria te contar, mas...

– Está tudo bem. – Disse Angela com um sorriso. – Ansiosa para conhecê-lo.


Conversaram mais algum tempo sobre o trabalho que Maura estava fazendo em Los Angeles, sobre alguns casos que os rapazes estavam resolvendo. Angela estava feliz por ter Maura de volta, nem se fosse só por um mês, a loira era alguém importante na sua vida e um dos motivos era por ter sido importante na vida de Jane. Ficou realmente feliz pela legista ter arrumado um namorado, precisa seguir em frente com a vida, precisava de alguém para fazê-la feliz.


Não queria que Angela tivesse descoberto daquela forma, mas ia descobrir de qualquer forma que ela estava namorando Thomas, se não fosse agora em sua visita ao departamento seria mais tarde no jantar em sua casa, mas foi até bom ela ficar sabendo, assim pode ver a reação da ex-sogra e pareceu que ela aceitou bem essa história de Maura ter um novo namorado. A realidade era que Angela só queria ver Maura feliz.

Conversaram um pouco mais de uma hora e Maura se despediu. Tinha que ir ao mercado comprar as coisas para o jantar e ainda prepará-lo. Confirmou o horário com Angela e foi embora a caminho do mercado.

Parecia que todo lugar que ia de Boston tinha uma lembrança, mas tinha mesmo, já tinha andado a cidade inteira devido a crimes que acontecia e claro que todas essas lembranças chegavam a Jane. Não se entristecia mais ao lembrar da detetive, pelo contrário, sorria ao lembrar dos momentos que passaram juntas. No mercado fazendo as compras para o jantar a cada corredor que passava lembrava da ex-namorada, das brigas que tinham sobre as comidas que iam levar para casa, sobre o que era saudável e o que não era e Jane sempre enchia o carrinho com coisas não saudáveis. Entendia que Jane sempre ia estar em seus pensamentos, que contaria de Jane para os seus filhos se algum dia viesse a ter o que não era mais de grande vontade já que pensou em construir uma família toda com Jane e essa mesma família ela não tinha imaginado em construir com Thomas, mas chegaria lá. Tinha demorado para não se entristecer ao lembrar de Jane, então era só questão de tempo.

Estava animada para o jantar, agora que Angela já sabia da existência de Thomas tudo ficaria mais simples. Queria que os dois se conhecessem logo, queria que se dessem bem, por que se lembrava bem do encontro de sua mãe com Thomas ela até aprovou, mas deixou subentendido que preferia Jane a ele, mas como Jane morreu era o que tinha para poder ver seus netos.


– O que eu tenho que fazer? – Perguntou Thomas chegando a cozinha. Maura estava no balcão cortando alguns legumes. A abraçou por trás e lhe deu um beijo no pescoço. – Desculpa não ter chegado antes.


– Está tudo bem. – Virou e lhe deu um beijo. – Pode temperar a carne?

– Claro!


Thomas era um cara legal. Tinha sido criado para ser um cavalheiro. Era doce, gentil, ás vezes seu senso de humor aparecia, mas era mais sério, responsável e alguém pronto para ter uma família. Maura gostava da companhia dela, adorava como ele lhe dava atenção, era prestativo, romântico até, não tinha do que reclamar do namorado, poderia passar o resto da vida ao lado dele, mas tinha algo que faltava nele e ela não conseguia descobrir o que era.


Ás 20 horas Angela chegou a casa da ex-nora. Não morava mais na edícula, depois que Maura tinha resolvido se mudar para Los Angeles, Angela achou melhor se mudar de lá também, o apartamento de Jane já estava vazio fazia algum tempo, não tinha conseguido vendê-lo, então resolveu ir morar nele.

Ao ouvir a campainha tocando Maura sentiu um nervosismo tomar conta de si. Ia apresentar seu novo namorado para a mãe de sua namorada morta. E se Angela não gostasse dele? E se deixasse bem claro como sua mãe deixou que preferia a Jane? E se depois de conhecer Thomas não querer mais contato com ela?


– Meu amor, está tudo bem. – Disse Thomas com o propósito de acalmar Maura. Tinha percebido o nervosismo da namorada. – Prometo que vou fazê-la me amar.



Maura soltou um riso, respirou fundo e abriu a porta.



– Maura... – Angela a abraçou. – Trouxe sobremesa.


– Não precisava Angela. – Abriu espaço para que Angela entrasse. – Por favor, entre.

– Obrigada.


Angela não deixou de observar o rapaz que tinha em sua frente. Era bonito, bem vestido, aparentava ser um pouco sério e que estava um pouco nervoso também pela presença dela o que na realidade ele estava, não imaginava que além de Constance teria que conhecer Angela, passar por uma mãe já era difícil, imagine por duas?



– Angela esse aqui é o Thomas, meu...


– Noivo. – Ele interrompeu a legista e cumprimentou Angela com um aperto de mão. Maura o repreendeu com o olhar. – Não noivo, noivo, por que ela não aceitou meu pedido de casamento, mas tudo bem, eu tenho esperanças. Muito prezar conhecê-la, Maura falou muito bem da senhora.

– Maura é como se fosse uma filha para mim. Tem sorte dela tê-lo escolhido.


O rapaz mandou um sorriso. Foram encaminhados até a mesa onde o jantar já ia ser servido.



– Mas me conte... Como vocês se conheceram?



Eles se entreolharam e Maura resolveu por contar a história.



Era seu segundo dia como legista em Los Angeles, seu ex-chefe que agora seria seu parceiro de artigo informou que ia demorar umas duas semanas para poder chegar até Los Angeles por que teve um imprevisto em Londres, como não queria ficar parada e já estava ganhando pelo serviço no hospital, Maura se dispôs a realizar as autópsias corriqueiras, precisava distrair a cabeça, por que o único dia que ficou trancada dentro de casa tinha se mergulhado em lembranças de Jane e como ela estaria odiando morar em Los Angeles se tivesse viva e tivesse ido acompanhar a Maura. Por que conhecia a detetive, ela até deixaria Boston se a legista insistisse, Boston era a cidade que mais amava em toda sua vida, mas iria para Los Angeles, nos primeiros dias reclamaria até Maura fingir que não estava mais a ouvindo. Odiaria morar na frente da praia, ia falar que ninguém na cidade trabalhava, que só viviam na praia, não ia gostar de nenhum colega de trabalho, sim, por que Maura ia dar um jeito dela entrar para a homicídios de Los Angeles. Ia arrumar defeito em tudo, mas no final diria que o que importava era estar com ela. Pelo menos Maura pensava acreditar assim, seria o perfeito conto de fadas, se Maura acreditasse neles e ainda teria um ponto positivo, Jane estaria viva.


Fazia a autópsia em uma garota quando viu entrando no necrotério um rapaz transtornado.


– Posso ajudá-lo? – Maura perguntou. O rapaz nem olhava para a mesa de autópsia, se lembrou de Frost que não podia ver um corpo que já passava mal.


– É que me ligaram pedindo para que eu reconhecesse o corpo. Por favor, qual o nome dessa garota que está em sua mesa?

– Katharine Baker. Vinte e um anos.

– Oh meu Deus!


O rapaz deixou o necrotério e ficou ao lado de fora andando de um lado para o outro. A legista tirou as luvas que usava para examinar o corpo e saiu do necrotério para ver se estava tudo bem com o rapaz, mesmo sabendo que a resposta seria não.



– Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa! – Ele dizia para ele mesmo sem perceber a presença de Maura. – Ela não atendia minhas ligações. Oh meu Deus!


– Senhor... – Maura levou suas mãos até o ombro dele fazendo com que ele parasse de falar e a olhasse. – Como pode ter certeza que é ela se não olhou o corpo ainda?

– Eu não posso olhar. – Fez um negativo com a cabeça. – É minha irmã! Eu já perdi meus pais ano passado, foi a única coisa que me restou, não posso perdê-la também. Mas a culpa também é minha, ela se fechou e eu deveria ter procurado ajuda, ela também sofreu com a morte dos nossos pais e... – Fez uma pausa. – E eu estou desabafando com uma desconhecida. Me desculpa, sei que você não é obrigada a ficar ouvindo isso, mas...

– Está tudo bem.


Maura entendia o sofrimento do rapaz e também o da possível irmã dele que estava deitada em sua mesa. Tinha perdido alguém também fazia um ano.



– Do que ela morreu?


– Foi encontrado uma quantia elevada de C17H21NO4 em seu sistema.

– O que isso significa?

– Que ela morreu de overdose de benzoilmetilecgonina. – Thomas a encarou sem entender o que aquilo significava. – Cocaína.


O rapaz voltou a andar de um lado para o outro, desacreditado do que tinha acabado de ouvir. Sabia que uma hora ou outra teria que acabar com aquele sofrimento e ir identificar o corpo da irmã. Por que era bastante improvável que a menina que estava deitada naquela mesa de autópsia, com o mesmo nome e idade não fosse sua irmã.



– Tudo bem.



Thomas respirou fundo e entrou no necrotério acompanhado de Maura. Foi andando lentamente, se tinha segundos para finalmente descobrir que sua irmã estava naquela mesa de autópsia morta por overdose aproveitaria esses segundos, por que depois a realidade seria dura. Chegou perto da mesa e viu o rosto da garota. Respirou aliviado.



– Obrigado meu Deus! – Maura viu os olhos de Thomas se encherem de lágrimas. - Obrigado! Me desculpa.


– Não tem o que se desculpar. Fico feliz por não ser a sua irmã.

– Agora eu preciso saber onde essa garota se meteu!


Thomas pegou o celular e ia discando o número do celular da irmã, mas finalmente, pela primeira vez desde que tinha entrado naquele necrotério percebeu de verdade a legista.



– Thomas Baker. – Ele estendeu a mão. Maura o cumprimentou. – Você deve ser a legista nova, correto?


– Maura Isles.

– Ouvi falar de você. Mas você não ia trabalhar só com as doenças e mortes raras? Não ia fazer um artigo sobre isso?

– Vou, mas houve um atraso para começarmos então me disponibilizei a ajudar com as autópsias.

– O que não vão faltar, infelizmente, são corpos para vocês estudarem. Ainda mais da minha especialidade.

– Sua especialidade?

– Trabalho como cirurgião geral aqui no hospital. Vamos nos ver algumas vezes.


O celular de Thomas tocou.



– Doutor Parker. - ... – Ela está aonde? -... – E vocês me fizeram pensar que minha irmã estava morta? -... – Eu quero saber quem foi o responsável por isso. -... – Não quero desculpas, quero que descubra quem foi que me bipou falando dela. -... – Tira um raio X do braço que eu já estou indo. - ... – Obrigado. – Desligou o celular. – Me desculpa. Minha irmã apareceu, parece que estava em uma briga de rua e quebrou o braço. – Caminhou até a porta de saída, mas teve que parar e chamar por Maura, não se perdoaria se não fizesse a pergunta. – Gostaria de tomar um café comigo qualquer hora dessas?



O que Maura mais queria responder era um “não”. Não pretendia ficar muito tempo em Los Angeles, seu plano era terminar o artigo e voltar para Boston, não queria criar relações, pretendia voltar a ser a Doutora dos Mortos, mas uma parte de si sabia que não conseguia fazer essa volta, por que Jane tinha levado esse título com ela junto para o túmulo, fez com que ela convivesse com pessoas, que saísse do seu mundo e não custaria nada se relacionar com alguém que compartilhava do mesmo sentimento de perda dela.



– Eu adoraria.



Respondeu com um sorriso, fazendo com que Thomas sorrisse também.



Óbvio que sua história com Thomas não tinha nada a ver com sua história com Jane. Óbvio que ela nunca teria o relacionamento com Thomas como tinha com Jane, por que ele simplesmente virou seu namorado, não foi seu melhor amigo por anos, que descobriu sentimentos e viveu tudo que viveu. Não tinha nem por que comparar, mas foi inevitável Angela não fazer a mesma comparação que Constance havia feito quando o conheceu, ele não era Jane, entendia que ele tinha suas qualidades, que ele poderia sim fazer Maura feliz, mas a legista nunca teria a mesma luz com ele como tinha com a Jane, mas o problema é que ela tinha que seguir com a vida, infelizmente Jane estava morta, caso contrário Maura não estaria namorando com Thomas, então teve que aceitá-lo e torcer para não compará-lo a Jane pelo resto da vida e claro, só guardar essa comparação para ela.


O jantar foi agradável. Thomas era agradável, sabia como se comportar, sabia como conversar, sabia como tratar uma visita, sabia como fazer com que ás pessoas se sentissem confortáveis. Angela não tinha nada contra ele, pelo contrário, tinha o adorado, mas voltando as comparações, ele não era Jane. Talvez fosse egoísmo de sogra por ter visto Jane tão feliz ao lado de Maura e vice-versa e agora vê-la feliz, na medida do possível, com Thomas.


– Foi um prazer conhecê-la Angela. – Disse Thomas cumprimentando Angela. – Espero repetir esse jantar.


– Só é Maura marcar. Passa amanhã na cantina querida? Podemos almoçar.

– Adoraria.


Angela deu um abraço em Maura, um beijo no rosto e se despediu.


Tinha ficado feliz com o jantar. Saiu melhor do que imaginava, Angela era mais discreta, guardou para ela que preferia Jane a Thomas, não foi tão explicita quanto sua mãe, então fez com que a legista se sentisse mais segura sobre sua relação.

A verdade era que Jane tinha morrido e aparentemente ela tinha superado isso. Não tinha mais noites que ficava lembrando da detetive e se acabava em chorar. Não ficava a cada dois minutos revivendo o momento em que Jane levou um tiro, nem quando foi enterrada. Não se culpava mais de sua morte. Não culpava mais Jane pela sua morte. Jo Friday tinha passado a ser sua cadela, não “a cadela de Jane que eu adotei”. Conseguiu se desfazer da pasta de fotos das duas que tinha em seu celular. Aprendeu a conviver com a morte de Jane e prova disso era que estava de volta a Boston e todas as lembranças que teve foram lembranças boas que não a fizeram em nenhum minuto pensar em chorar. Esqueceu de Jane durante todo o jantar, talvez por Angela não querer lembrá-la e tornar o jantar desconfortável ou por que todos tinham seguido em frente durante esses dois anos que ela esteve fora. Jane não passava de uma linda lembrança, de alguém que tinha feito diferença em sua vida, mas que não estava mais com ela.


– Obrigado pelo jantar. – Agradeceu Thomas abraçando Maura pela cintura. Lhe deu um beijo. – Agora entendi por que ela é tão importante para você. – Maura sorriu e deu um beijo no namorado.



A campainha tocou.



– Será que Angela esqueceu alguma coisa?



A legista se perguntou. Deu mais um beijo em Thomas e se encaminhou até a porta para abri-la.



– Angela o que você...



A legista abriu a porta e não conseguiu concluir a frase. Estava vendo em sua frente uma figura morena, magra, com os cabelos menos cacheados do que a última vez que tinha visto, mas ainda cacheados, que costumava ser sua melhor amiga e o amor da sua vida, mas era completamente impossível ela ver quem estava vendo por que a tinha enterrado há três anos. Só se tivesse vendo um fantasma.



– Oi Maur.



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Notas finais do capítulo

Tudo bem... O nome do capítulo já denunciava que eu não tinha matado a Jane, pensei até em pensar em outro nome, mas esse era o ideal ♥
Podem me amar agora, pedir desculpas e também tirar todas as juras de morte para eu poder despensar os seguranças =)



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