Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 14
Capítulo 14 - Eu só queria que você estivesse aqui


Notas iniciais do capítulo

Se o 13 foi o meu capítulo xodozinho, um que eu estava apaixonada, tenho que dizer que esse foi o mais dificil de escrever e estou sofrendo até agora. Dito isso...

Ótima leitura

PS: Leiam com a musiquinha que tem tudo a ver não só com o capítulo, mas como a fic toda e acho que o momento que a incluir não podia ter sido um diferente =)



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A psicóloga já estava ficando preocupada, já tinha se passado dez minutos do começo da sessão e Maura ainda não havia aparecido, a legista nunca foi de se atrasar, pelo contrário, mesmo quando queria desistir, quando não queria ver a cara dela por ter mexido em todas suas feridas, Maura nunca foi de se atrasar.

Mais dez minutos se passaram e finalmente a psicóloga viu a porta se abrindo e a figura loira passando por ela.


– Me desculpa pelo atraso, estava arrumando minhas malas e perdi a hora.

– Malas? – A psicóloga perguntou confusa. – Está indo viajar?

– Na realidade estou me mudando para Los Angeles e só vim aqui me despedir e agradecer por tudo que você fez por mim. Você me ajudou muito nesse momento de minha vida que eu pensei que não poderia ser ajudada, me ouviu sem me julgar, sem sentir pena e até me incentivou a seguir em frente e eu sou muito grata por isso.

– Você está disposta a recomeçar novamente?

– Não... Já recomecei quando vim de Londres de volta para Boston, agora só estou seguindo em frente mesmo. Talvez até volte para Boston algum dia, eu realmente gosto de viver aqui, mas preciso de algo novo para minha vida no momento.

– Não queria que nossas sessões terminassem agora por que ainda acho que você deveria fazer uma última coisa, mas se essa é sua vontade...

– Não se preocupe. – Maura mandou um sorriso para a psicóloga. – Você fez um bom trabalho e eu sei o que eu tenho que fazer e farei, preciso fazer isso antes de ir embora.


A psicóloga abriu um sorriso. Acreditava em Maura. Seu trabalho tinha sido mesmo dado por encerrado. Estendeu a mão para a legista que a apertou.


– Boa sorte Maura.

– Obrigada.


Um ano e seis meses estavam completando de namoro naquela manhã e Jane tinha dado um jeito de despachar Maura e não chegar a cena do crime com ela, disse que a roupa que ela escolheu para usar naquele dia não estava boa para alguém elegante e impecável como Maura, fazendo com que assim ela fosse para casa trocar de roupa. Óbvio que tinha um propósito para ela ter feito isso.

Chegou a cena do crime e olhou para o lugar desacreditada, tinha mesmo acontecido um homicídio em uma loja de noivas? Tanto lugar tinha que ser uma loja de noivas? Estava sendo perseguida, só podia.


– Vocês só podem estar de brincadeira comigo.

– O que foi? – Korsak perguntou sem entender a indignação de Jane. – Aconteceu alguma coisa?

– É só o assunto casamento me perseguindo, só isso.

– Problemas no paraíso? – Frost perguntou se divertindo com a cara emburrada de Jane.

– Maura quer casar! CASAR! Só que ela é muito sutil para dizer: “Jane eu quero casar” por que temos um acordo que eu vou pedi-la em casamento. Então sexta-feira ela me fez assistir aqueles programas do Discovery Home and Health que filmam as mulheres no dia de seu casamento. No sábado quando estávamos voltando do almoço ela me faz passar em uma joalheria e ficou olhando as alianças de noivado e ontem ela chorou assistindo Vestida para Casar! – Jane fez um negativo com a cabeça. – Maura está pedindo para ser pedida em casamento.

– Só é ignorar e ela vai entender que não é a hora ainda. – Korsak deu de ombros. – Não entendo por que está tão afobada assim.

– Por que... – Jane tirou uma caixinha vermelha de veludo do bolso do casaco. – Antes de vir para a cena do crime eu entrei na joalheria e comprei o anel de noivado. – Jane abriu a caixinha e ao mostrar a aliança os olhos de Korsak e Frost se arregalaram. – Eu vou pedi-la em casamento, mas eu não faço ideia de como.

– Eu quero é saber como você vai pagar essa aliança, isso sim. – Korsak pegou a caixinha com a aliança ainda bestificado. – O pedido é o de menos.

– Futura noiva chegando. – Avisou Frost.


Jane imediatamente pegou a caixinha da mão de Frost e guardou de volta no casaco. Não deixou de perceber o sorriso estampado no rosto de Maura por estar em uma loja de noivas.


– Bom dia rapazes. – Maura desejou a Korsak e Frost que respondeu com um “bom dia”, mas estranhou da maneira como eles a olhavam, mas nada perguntou, talvez fosse coisa da sua cabeça. Se agachou e examinou o corpo. – Todo o sangue veio da cabeça devido a uma pancada.

– É a causa da morte? – Jane perguntou mesmo sabendo a resposta.

– Não posso dar certeza. Podem levá-la ao necrotério para eu fazer a autópsia.

– Não temos nenhuma testemunha?

– Só o dono na loja que a encontrou. – Respondeu Frost. – Já pegamos o depoimento dele.

– Acho que podemos voltar para o departamento então. – A Maura. – Tomou café? Tem uma padaria aqui do lado, podemos comprar um café até chegarmos ao departamento.

– Não deu tempo de eu tomar café por que tive que ir para casa trocar de roupa que a propósito sua mãe disse que não tinha problema nenhum com ela.

– O que minha mãe entende de moda?


Jane ia saindo da loja quando foi chamada por Maura.


– Ficaria lindo em você esse vestido. – Disse Maura mostrando um vestido de noiva simples tomara que caia. Jane revirou os olhos e saiu da loja. – Me espera, vou tomar o café com você.


Caminharam de mãos dados até a padaria que tinha a duas lojas da loja de noiva. Fizeram seus pedidos e Maura mais uma vez tentava ser sutil sobre o assunto casamento, mas Jane fingia que nem estava escutando.


– Maura? – Um rapaz se aproximou. – Maura Isles?


A legista se virou para ver quem era. Reconhecia aquele sotaque britânico.


– Adam! – Disse com um sorriso.


Desajeitados não sabiam se cumprimentavam-se com um aperto de mão ou com um abraço, mas Adam desistiu da confusão e puxou Maura para um abraço. Jane observava toda a cena, queria muito saber quem era o cara.


– Jane esse é Adam Carroll, irmão do John.


Jane a Adam se cumprimentaram. Não que estivesse enciumada por Maura sair se abraçando com homens nas padarias da vida, mas era bom saber que ele era só o irmão do doido do ex-namorado da Maura que se suicidou.


– Adam essa é Jane Rizzoli, detetive Jane Rizzoli.

– É com ela agora que você trabalha? Fiquei sabendo que está trabalhando como legista no homicídios. Meus parabéns.

– Ela é a peça chave para descobrimos os assassinos.

– Não faço mais que o meu trabalho. – Respondeu encabulada. – Então... O que veio fazer em Boston, Adam?

– Reunião de negócios. Não consegui ficar parado depois da aposentadoria.

– Não sei se cheguei a comentar, mas Adam era detetive lá em Londres.

– Ainda bem que não descobriram as habilidades de Maura como legista criminal, senão Boston estaria perdendo.

– Homicídios de Londres sempre perdendo ótimos funcionários.

– Adam Carroll? – A balconista o chamou para entregar o café.

– Obrigado. – Disse pegando o café. – Será que podemos almoçar mais tarde Maura? Acho que te devo um pedido de desculpas.

– Não Adam, não deve, vocês...

– Por favor. – Adam insistiu. – Fomos injustos com você e é só um almoço para colocarmos a conversa em dia.

– Tudo bem. – Maura entregou seu celular para Adam. – Marque seu número que eu te mando uma mensagem com o endereço do restaurante.


Adam anotou seu número no celular de Maura e devolveu o aparelho a legista.


– Nos vemos mais tarde então.


De novo não sabendo se cumprimentavam-se com um aperto de mão ou um abraço, Adam a puxou novamente para um abraço.


– Prazer te conhecer Jane.


Com um sorriso Jane assentiu com a cabeça se despedindo de Adam.


– Ele não tem cara de ser doido como o irmão.

– Jane... – Maura a repreendeu.

– Ele não é velho para ter se aposentado, aconteceu alguma coisa?

– Teve problema em um caso. Ficou obcecado por ele. Teve que ser internado em uma clinica e tudo mais.

– Suicida. Doido... Não quero nem conhecer o resto da família.


Maura fez um negativo com a cabeça. Se Jane não caçoasse de tudo que ela ouvia ou via, não seria ela.

Pegaram o café e partiram para o departamento. Maura passou o dia realizando a autópsia e Jane entrevistando suspeitos. Até a hora do almoço não tinham conseguido nada demais, então todos resolveram fazer uma pausa, mesmo por que não tinham Maura, se tinha um segredo para desvendar quem tinha matado a noiva apostavam que estava em alguma coisa na autópsia.


– Maura não vai almoçar com você hoje? – Angela perguntou ao ver a filha chegando a cantina sem a legista. – Aconteceu alguma coisa?

– Não aconteceu nada, ela só foi almoçar com um doido. – Angela a encarou sem entender, mas resolveu não perguntar, sabia que seria mais uma das brincadeiras de sua filha.

– Vai pedir alguma coisa para comer?

– Na realidade eu vou pedir outra coisa... – Jane tirou a caixinha com a aliança do casaco, colocou em cima do balcão e a abriu. – Me ajuda a pedir Maura em casamento?


Angela levou a mão na boca surpresa ao ver aquela caixinha. Tirou a aliança de dentro para ver se era realmente verdadeira e quando teve a certeza deu a volta no balcão e abraçou Jane.


– Ma... – Tentava sair do abraço, mas Angela a abraçava forte. – Será que podia me soltar?

– Meu Deus Jane! – Angela se separou do abraço. – Você vai mesmo propor para a Maura? – Deu outro abraço na filha. – Obrigada Deus, pensei que não ia viver para ver esse momento chegando.

– Como assim? – Jane perguntou ofendida se separando do abraço. – Pensou que ia ficar enrolando a Maura?

– Não querida, longe de mim pensar uma coisa dessas. – Angela a abraçou novamente. – Meus netos estão próximos então.

– Mãe! – Jane se separou mais uma vez do abraço. – Vai me ajudar a pedir Maura em casamento ou não vai?

– Claro que não! Isso é algo que você tem que fazer sozinha.


Jane revirou os olhos.


– Não estou dizendo pra você ir comigo pedir a Maura em casamento, estou querendo uma ajuda para onde levá-la para fazer o pedido. – Jane sentou no banco que tinha em frente ao balcão. – Não sei onde que eu estava com a cabeça quando decidi que eu ia fazer o pedido. – Pegou a caixinha com a aliança e ficou a abrindo e fechando. – Maura não é qualquer pessoa, então não posso fazer o pedido de um jeito qualquer, tem que ser perfeito.

– Filha até parece que você não conhece a Maura, para ela tanto vai importar onde você pedi-la em casamento, contanto que você a peça. Escute seu coração.


Jane encarou a mãe incrédula. Estava precisando de ajuda para algo realmente sério e a mãe vem com a história de “escute seu coração”, não podia escutar seu coração que do jeito que estava batendo acelerado e ansiosa para pedir Maura em casamento ia acabar pedindo em cima do corpo da noiva morta, não podia fazer isso. Maura era especial, era essencial, era importante, era perfeita, então o pedido tinha que ser a altura dela, estava quase se convencendo que teria que reservar um daqueles restaurantes chiques que Maura estava acostumada a ir, comprar um vestido por que não podia aparecer com um dos três únicos vestidos que tinha, sim, por que depois que começou a namorar Maura ela teve que comprar mais dois vestidos, mas na realidade nem se importou o que importava era a companhia de Maura, mesmo que tivesse que passar horas calçando um salto que machucava seu pé. Jane estava começando a entender o sentindo da frase que “se a vida fosse fácil não começava com ‘vi’ de ‘vixe’”, por que de verdade, se já estava difícil para pedir em casamento imagine para casar?

Enquanto Jane sofria para descobrir a melhor forma de pedir Maura em casamento a legista estava em um almoço muito agradável com seu ex-cunhado. Sempre gostou de Adam, sempre gostou do relacionamento que ele tinha com o irmão, Adam era o mais velho de três irmãos, que em seguida vinha John e a caçula Ashley. Adam e John eram mais apegados, faziam tudo juntos, talvez por serem só dois anos mais velhos e Ashley ter uma diferença de 10 e 8 anos deles. Adam foi o primeiro da família que Maura conheceu e foi aprovada de primeira, o irmão gostava da legista por que ela deixava seu irmão feliz.


– Eu queria me desculpar Maura por tudo que eu disse quando o John... Enfim.

– Está tudo bem Adam, vocês precisavam de alguém para culpar, eu entendo.

– Expulsamos você do enterro, não foi justo, você gostava do John, só não estava pronta para casar com ele. Eu e minha família fomos injustos com você.

– De verdade, está tudo bem, não guardei mágoa de vocês, por que existem estudos que comprovam que guardar mágoas acarreta em várias doenças físicas e psicológicas. – Adam soltou um riso. – O que foi?

– Nada... É que você não mudou nada nesses últimos sete anos. Se John estivesse vivo e te superado acho que se apaixonaria por você de novo. – Maura abriu um sorriso sem graça. – Mas e você? Está trabalhando tem sete anos aqui e não vejo nenhuma aliança em seu dedo, não arrumou o homem certo ainda?

– Na realidade estou namorando.

– Namorando? Quem é o homem de sorte?

– Não é um homem... – Adam a encarou confuso. – Você a conheceu... É a Jane.


Adam soltou um riso surpreso.


– Jane? Sua colega de trabalho? Nossa... Quando...? Eu pensei que... Nossa!

– Desculpa se foi demais para você saber disso, quero dizer, eu namorei o seu irmão e...

– Não Maura, está tudo bem... Ashley também apareceu com um monte de namorados e agora está dizendo em casar com uma mulher, minha mãe está louca da vida. – Adam soltou um riso fazendo com que Maura também risse. – Você é feliz com ela?

– A melhor coisa que aconteceu na minha vida. Jane é muito importante para mim.

– Então eu fico feliz por você. – Disse com um sorriso. – Todos nós merecemos a felicidade um dia.


Maura sorriu. Adam era o mais compreensivo de toda família, tirando Ashley que não ligava para nada, que para ela tanto fazia. Tinha conhecido Adam depois de três meses que tinha terminado sua estadia na clinica, ficou impressionada quando John tinha contado toda a história do irmão, quem o via agora, quem o conhecia depois da clinica nunca poderia imaginar que ele algum dia teve algum problema grave, uma obcessão devido a um caso e precisou de tratamento.

Á noite Jane e Maura se encontravam no quarto do apartamento da detetive. A morena ainda não tinha encontrado um jeito de fazer um pedido de casamento perfeito para Maura, estava era quase perguntando para a loira como ela queria ser pedida em casamento, mas então ficaria muito na cara que ela estava prestes a fazer o pedido.


– Como foi o almoço?

– Tinha me esquecido de como eu e Adam nos dávamos bem.

– Ele se desculpou mesmo por ele e toda família terem sido uns idiotas com você?

– Eles não foram uns idiotas Jane, estavam sofrendo pela perda do John e precisam de alguém para culpar.

– Mas você sabe que não é culpada de nada, não sabe?

– Eu sei que não sou. – Maura se aproximou de Jane que estava sentada na cama. – Só que é do ser humano quando está de luto procurar alguém para culpar. – Jane puxou Maura pela mão para que chegassem bem mais perto dela e entrelaçou seu braço em volta de sua cintura.

– Se você me perdesse quem você ia culpar?

– Você mesma. – Jane a encarou sem entender. – Por que você prometeu que não vai me deixar.

– E eu sempre cumpro minhas promessas doutora Isles. – Jane deu um beijo na namorada.

– Vou tomar banho. Vem comigo?

– Não, pode ir, tenho um negócio para resolver.


Maura deu um beijo na namorada e se encaminhou até o banheiro.

A detetive só esperou ter a certeza de que Maura estava realmente no banheiro e que não ia sair de lá tão cedo que pegou seu celular e ligou para sua adorável sogra.


– O que foi Jane? Cansou de ficar me mandando mensagens indecentes e resolveu falá-las agora?

– Tem mais de uma semana que eu não te mando mensagens indecentes. Maura me proibiu, disse que se eu continuasse mandando essas mensagens para você eu ia ficar de castigo, se é que você me entende.


Constance soltou um longo suspirou. Jane estava segurando o riso, adorava atazanar a sogra e sabia que Constance adorava também ser atazanada, só não admitia.


– Me ligou para dizer que vai terminar com a Maura por que ela merece alguém melhor?

– Na realidade liguei para pedir uma ajuda.

– Ajuda para terminar com a Maura por que ela merece alguém melhor?

– Não. – Respondeu em tom de tédio. – Quero que você me ajude a arrumar o lugar perfeito para pedir Maura em casamento.

– Casamento? – Constance perguntou surpresa. – Você vai pedir minha filha em casamento? – Abriu um sorriso. – E está pedindo minha ajuda para isso?

– Ela é sua filha, já deve ter conversado com você como deve ser o pedido de casamento perfeito, então eu só quero uma dica. Eu já estou ficando louca Constance, quero fazer um pedido de casamento a altura da Maura.

– Eu perguntei para a Maura uma vez como ela gostaria de ser pedida em casamento e ela simplesmente me respondeu que não se importava em como contanto que você pedisse. Minha filha te ama Jane, se você a pedisse em casamento nesse exato momento ou em um restaurante cinco estrelas a resposta seria a mesma.

– Eu sei, mas eu queria algo especial, significativo, para ela lembrar para sempre como foi o dia que eu a pedi em casamento, para ela ter uma boa história para contar para os nossos filhos.

– Você já tem esse lugar Jane, só não pensou que ele é apropriado. Você e Maura tem um lugar onde passaram boa parte do tempo juntas, onde conversaram sobre as alegrias, sobre as tristezas, que riram e até fez com que ela bebesse cerveja.

– Eu não vou pedir a Maura em casamento no Dirty Robber. – Fez um negativo com a cabeça. – Não mesmo.

– Eu já disse... Em qualquer lugar que você pedir Maura em casamento ela vai aceitar, então por que não pedir em um lugar que tem significado para as duas?


A morena ficou em silêncio por alguns segundos. Seu coração, como sua mãe tinha dito para segui-lo, já tinha dado essa ideia antes, mas ela achou inapropriada, pedir Maura em casamento em um bar? Estava fora de cogitação. Mas agora com Constance citando fazia sentindo, passaram tantos momentos bons naquele bar, momentos que fortaleceram a amizade, que compartilharam com outras pessoas, por que não fazer o pedido de casamento lá? Teria muitos restaurantes chiques para comemorar os aniversários de casamento.


– Obrigada Constance. – Agradeceu sinceramente. Não conseguiria ter tomado a decisão sem a sogra. – Obrigada mesmo.

– Obrigada você por ter lembrado de mim para me contar sobre sua decisão.


Definitivamente tinha a melhor sogra do mundo. Constance tinha se tornado infinitamente mais presente na vida de Maura e em consequência tinha se tornando presente na vida dela também, saiam para jantar, era convidada para ir a jantares ou eventos que a maioria ela recusava, mas quando se tratava das exposições da sogra tinha que comparecer. Ás vezes gerava ciúmes até em Angela por que a mãe achava que a filha estava preferindo mais a sogra do que a própria mãe, mas isso sempre era resolvido com um imenso jantar em família.

Jane sorria abobada, se tudo desse certo, nesse mesmo horário, no dia seguinte, seria noiva de Maura. Estava feliz com a decisão que tinha tomado, independente da sutileza de Maura em dizer que queria ser pedida em casamento.


– Qual o motivo de toda felicidade? – Maura perguntou ao sair do banheiro e ver que Jane estava com um sorriso bobo no rosto. – Perdi alguma coisa?

– Você é a melhor coisa que aconteceu na minha vida Maur... Eu te amo.


A loira não entendeu por qual motivo veio a declaração, mas não reclamou. Sorriu e foi em direção de Jane beijá-la. Ela também era a melhor coisa que tinha acontecido na vida de Maura e isso não era segredo para ninguém, queria viver para sempre ao lado de Jane.

O dia de trabalho tinha sido melhor do que imaginavam, logo depois do almoço conseguiram pegar o assassino da noiva graças a uma pista que Maura tinha achado. Isso deu bastante tempo para que Jane preparasse o que ia dizer para a loira. Tudo parecia tão clichê, tão brega, tão não romântico, mas então ela lembrou o que sua mãe disse e resolveu usar seu coração, foi com o coração que tinha falado quando resolveu se declarar para Maura na primeira vez, mesmo pensando que ia ser rejeitada, então ia usar o mesmo por que sabia que no final tudo daria certo.

Marcou com a namorada ás 20 horas no Dirty Robber, chegou lá antes da hora e pensou em fugir. E se Maura odiasse a forma que fosse pedida em casamento e se a recusasse? Já tinha recusado John e a criatura acabou se matando o que ia acontecer com ela se Maura recusasse? Começou a apertar as cicatrizes da mão, estava nervosa e Maura que nunca chegava. Ás 20 horas em ponto viu a legista entrando no bar e assim que Maura a avistou viu também que ela apertava as cicatrizes na mão.


– O que aconteceu?

– Nada.

– Está apertando as cicatrizes da mão e o tempo está perfeito, não está indicando que vai chorar.


Jane fez sinal para que ela se sentasse. Mesmo curiosa por saber o motivo de aflição da namorada ela se sentou, esperava que Jane lhe contasse.


– Foi aqui bem nessa mesa que tomamos nossa primeira bebida juntas, depois do nosso primeiro caso juntas. – Maura prestava atenção no que Jane dizia sem interromper, queria saber até onde aquela conversa ia. – E acredito que foi onde tudo começou... Nunca pensei que entraria alguém no homicídios para se tornar tão essencial em minha vida. Aqui rimos, nos divertimos, reclamamos, falamos das nossas mágoas, tristezas, conversamos de casos difíceis, sempre uma apoiando a outra. Nunca fui boa com sentimentos, com dizer o que sinto, mas com o tempo, convivendo com você aprendi a lhe dar mais com isso, por que afinal, tivesse que admitir para mim mesma que estava apaixonada por você.

– E não foi fácil. – Maura teve que dizer arrancando risos de Jane fazendo com que ela risse também.

– Pois é... Não foi fácil. Lembra quando conversamos sobre nossa fantasia de casamento perfeito? – Maura fez um afirmativo com a cabeça. – Você perguntou se ia ser convidada para o meu casamento e a vontade que eu tinha de dizer era que eu não te convidaria. – Maura a encarou com um olhar de duvida, definitivamente não estava entendendo aonde ia dar aquela conversa. – Eu não te convidaria por que você já ia fazer parte do casamento. – Jane levou a caixinha de veludo até a mesa. Maura olhava para a caixinha com um brilho nos olhos, aquilo era realmente o que ela pensava que era? – Você seria a outra noiva. – Jane abriu a caixinha e Maura pode ver a linda aliança que tinha dentro. Estava tão surpresa que não conseguia esboçar uma reação. – Maura Dorthea Isles, você aceita se casar comigo?


Seu cérebro ficou ecoando “Sim! Sim! Sim!”, mas sua boca não conseguia dizer nenhuma palavra. Estava perplexa, estava surpresa, estava em choque. Jane tinha acabado mesmo de pedi-la em casamento? A detive já estava ficando aflita por Maura não ter dado uma resposta imediata, mas então ela viu Maura abrindo um sorriso e a boca pronta para dar uma resposta, mas o “sim” que Maura ia dizer foi interrompido com o barulho de um tiro, antes que pudesse processar aquele barulho ouviu outro e depois mais outro e quando Maura se deu conta Jane estava caída no chão do bar sangrando.


– Oh meu Deus! Jane! – A legista sentou no chão e levou a cabeça de Jane até seu colo. – Jane! ALGUÉM CHAMA UMA AMBULÂNCIA! – Desesperada, olhou para frente para ver se alguém se movia em busca de uma ambulância para Jane e se deparou com Adam em sua frente sorrindo vitorioso, quando olhou para sua mão encontrou a arma do crime. – Por que Adam? POR QUE?

– Você tirou a coisa mais importante da minha vida que era o meu irmão então resolvido tirar a coisa mais importante da sua.


Desacreditava voltou a olhar para Jane e quando olhou para frente Adam não estava mais lá.


– UMA AMBULÂNCIA! CHAMEM UMA AMBULÂNCIA! Jane... – Lágrimas começaram a cair de seus olhos, estava desesperada, não podia perder Jane. – Por favor Jane, você vai ficar bem, a ambulância já vai chegar. JANE!

– Eu... Eu prometi... Pra você Maura... Eu... Eu não vou... Eu não vou te deixar... Não... Não se preocu-preocupe.

– Por favor Jane, não me deixe. – Jane ficou inconsciente. – Jane... – Maura a sacudiu de leve, já não estava vendo mais nada devido as lágrimas que tomavam conta de seus olhos. – Não me deixei. – Encostou sua testa na testa de Jane. – Não me deixe.


[ From Where You Are – Lifehouse]


O que acontece é que na vida nem todas as promessas da para ser cumpridas. Fazemos promessas de todo bom coração, temos a intenção de cumpri-las, mas ninguém sabe o dia de amanhã, por que a vida é cheia de surpresas e ás vezes as surpresas são desagradáveis. Existem pessoas que adoram surpresas e outras que já detestam devido a isso, por que pode ser uma surpresa que não vai a agradar.

Jane tinha sim o intuito de cumprir a promessa que tinha feito a Maura, nunca a deixaria, mas essa decisão não estava nas mãos dela.

Andando de um lado para o outro pelo hospital parecia que a cada segundo que se passava sem noticias de Jane a deixava mais desesperada, aprendeu que se demoram para vir da noticias é por que as coisas estão correndo bem, procurava pensar assim, Maura procurava pensar que Jane cumpriria sua promessa, mas infelizmente o médico chegou na sala de esperava com péssimas noticias. Ele explicou a gravidade dos ferimentos, explicou o quanto de sangue Jane tinha perdido, explicou que fizeram tudo que podiam, mas infelizmente a detetive não tinha resistido.

O hospital ouviu um sonoro “não” que fez eco em todo o hospital de uma quase noiva que tinha acabado de perder o grande amor de sua vida. O choque da noticia da morte de Jane tinha sido tão grande que Maura ajoelhou no chão e ficou repetindo por diversas vezes o “não” que tinha ecoado pelo hospital. Angela tentou abraçá-la, tentou confortá-la, mas ela não deixou com que isso fosse feito. Ninguém ia conseguir confortá-la por ter perdido Jane. A pessoa que lhe ensinou como era ter uma amiga, como era não ter medo dos vivos, que lhe ensinou o que era o amor da forma mais doce e bonita possível.


– Oi. – Disse Maura parada de frente para o tumulo de Jane. Ainda estava receosa, não sabia o que dizer, nunca tinha conversado com um tumulo antes. – Eu sei, hoje está completando um ano desde que você morreu e eu não vim aqui nenhuma vez. – Maura se abaixou para ficar da altura do tumulo de Jane. – Eu não podia vir te ver por que eu me culpava pela sua morte, depois eu te culpei pela sua morte e depois eu só não podia vir por que tinha medo de reviver o dia que te enterrei, mas eu estou aqui agora. – Fez uma pausa. - Eu estou indo para Los Angeles, meu ex-chefe de Londres está vindo para Los Angeles fazer um artigo, ele me mandou um email perguntando se eu queria me juntar a ele dessa vez já que é aqui nos Estados Unidos agora e eu aceitei. – Sentiu seus olhos começarem a lagrimejar, mas não ia se permitir chorar, era forte. – Aceitei por que não tenho mais motivos para ficar em Boston. Não quero fugir das nossas lembranças, de tudo que vivemos, mas eu não tenho mais você aqui em Boston para que eu vou ficar então? – Uma fininha lágrima caiu em seu rosto, por mais que fosse forte ou aparentava ser forte, era de frente ao tumulo de Jane que ela estava, seria inevitável não derramar nenhuma lágrima. – Obrigada pelos melhores anos da minha vida como sua amiga e depois como sua namorada. Obrigada por tudo que você fez por mim Jane. Eu te amo e sempre vou te amar. – Maura deu um beijo na mão e depois o depositou na foto da Jane que tinha no tumulo. Não tinha mais como segurar, tinha começado a chorar mesmo. – Eu queria que você estivesse aqui. – Levantou-se e enxugou o rosto molhado pelo choro. Começou a caminhar para longe do tumulo, mas antes de ir de vez se virou. – Adeus Jane!


E Maura deixou o cemitério rumo ao táxi que a levaria ao aeroporto para ir para Los Angeles. Talvez começar uma nova vida com lembranças da antiga ou só continuar sua vida em outro lugar ainda com as lembranças de que um dia, em Boston, foi imensamente feliz e tentar de alguma forma encontrar nem que fosse uma pequena parcela da felicidade que teve enquanto Jane era viva e fazia parte de sua vida.


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Notas finais do capítulo

Se eu quisesse eu poderia ter acabado a fic aqui, mas como não sou dessas e já to jurada de morte eu prometo que volto com o capítulo 15.
Obrigada por lerem, por sofrerem, por se emocionarem, por surtarem e tudo mais ♥