Rizzoli And Isles - Don't Leave Me escrita por Bruna Cezario


Capítulo 12
Capítulo 12 - Arrumando um Namorado


Notas iniciais do capítulo

Acho que o capítulo ficou maior que o esperado... Prometo que não extrapolo nos próximos, eu acho, é que eu me empolgo hahahahahahahaha
Enfim... Espero que gostem =)

Ótima leitura!



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Ás coisas estavam indo muito bem na medida do possível. Maura continuava indo a sua psicóloga, essa que agora, por incrível que pareça tinha parado de mexer na única ferida de Maura que ainda doía que era o assunto sobre visitar o túmulo de Jane. Tinha entendido que aquilo a deixava para baixo e agora que ela estava se recuperando não era bom, voltariam com o assunto na hora certa.

No trabalho tudo ia muito bem, Maura tinha voltando melhor do que nunca, nem parecia que tinha ficado seis meses sem abrir um corpo, estava voltando aos poucos a ajudar nas investigações a campo, não ia sempre como ia com Jane, mas estava passando a ir uma vez ou outra com Korsak e Frost. Todos estavam felizes por tê-la de volta.

Já tinha um mês que Maura havia voltado definitivamente para a Homicídios e nessa manhã em particular ela estava atrasada, tinha saído para correr e perdeu a noção do tempo. Está aí outra coisa que tinha voltado a fazer que não fazia desde que Jane tinha morrido. Correr. Sentia falta, era seu momento de tranquilidade de ela com ela mesma, ás vezes preferia mais correr do que fazer uma boa ioga.

- Vem menina. – Maura chamava Jo Friday enquanto colocava a ração do pote. Sorriu ao ver a cadela vindo abanando o rabo tomar seu café da manhã. – Sua vez Bass. – Maura pegou um pote cheio de morangos e se encaminhou até o cágado. Deu o morango para o animal e passou a mão em seu casco recordando das brigas dela com Jane sobre ele ser um cágado ou uma tartaruga. Cada dia tinha mais certeza que Angela estava certa, cada dia que passava lembrar de Jane doía menos. Ainda a amava e sabia que sempre ia amá-la, mas era bom ter o seu coração voltando ao normal. – Se comportem. Vejo vocês a noite.

Maura pegou sua bolsa em cima do balcão e se encaminhou até a porta. Ao abri-la se surpreendeu com quem encontrou do outro lado prestes a tocar a campainha.

- Mamãe?! O que está fazendo aqui?

- Você não atende meus telefonemas, não responde meus emails, vim ver como você está.

- Não é muito tarde para isso não mãe? – Perguntou aborrecida. – Já se passaram sete meses.

- Eu quis vir antes, mas você sabe...

- Não mãe. – Maura a interrompeu. - Não sei de nada... Agora com licença que estou atrasada para o trabalho.

A legista passou pela mãe sem lhe dar direito de resposta. Constance ficou de boa aberta. Desde quando sua filha tinha se tornado tão dura assim? Provavelmente era só com ela, tinha uma parcela de culpa já que sabia que Maura tinha perdido o grande amor de sua vida e em nenhum momento ela apareceu para confortar a filha.

Ás duas dormiam na casa da detetive. Desligaram os despertadores dos celulares, o despertador-relógio e aproveitaram aquela manhã para dormirem de conchinha uma com a outra. Tinham pegado mais um daqueles assassinos que pensaram que não iam pegar nunca, precisavam de um descanso. Só que Maura foi acordada com seu celular tocando, não podia ser um novo homicídio. Só passou a mão pelo criado-mudo e pegou o celular, mas com a esperança que fosse alguém da loja de sapato dizendo que encontraram a encomenda dela e que vão mandar novamente. Atrapalharia seu sono, mas a partir do momento que desligasse o celular poderia voltar a dormir nos braços de sua namorada.

- Doutora Isles. – Atendeu ainda sonolenta.

- Maura cadê você?

A loira ao reconhecer a voz desperta de uma vez e senta na cama abruptamente fazendo com que assim Jane se assustasse e acordasse também.

- Mamãe?! Como assim onde eu estou?

- Estou aqui tocando a campainha de sua casa e ninguém atende. Já está no trabalho?

- Na realidade estou na casa da Jane. – Resolveu por não mentir, mesmo lembrando segundos depois que poderia ter mentindo já que estava falando com sua mãe pelo telefone, não iria ver suas urticárias. – Passei a noite aqui. Ficamos presas com um caso e...

- Podemos nos encontrar para o café da manhã então?

- Pode ser na cantina do departamento?

- Em uma hora está bom para você?

- Perfeito. - ... – Até daqui a pouco mãe. – Desligou o celular. – Oh meu Deus! – Maura levantou da cama. – Isso não pode estar acontecendo. Minha mãe, em Boston.

- Qual o problema? – Jane perguntou sem entender. Não sabia se não tinha entendido o desespero do motivo de Maura por que estava confuso mesmo ou por ter sido acordada no susto. – É só a sua mãe.

- Uma mãe que não sabe que estamos namorando.

- Só é contar para ela. Você não estava esperando a oportunidade de chamar sua mãe para vir para cá e contar? Então... Não precisou nem chamar, ela veio por vontade própria.

Maura balançou a cabeça em negativo completamente perplexa por saber que sua mãe estava na cidade. Sua mãe não era a Angela, sabia que Constance ia ter problemas em aceitar que sua filha estava namorando com Jane. Era de uma família tradicional, não lembrava ninguém da família que tinha tido um relacionamento de alguém com o mesmo sexo. Por isso que fazia seis meses que estava enrolando e não tinha contado ainda para sua mãe que estava namorando. Sempre dizia para Jane que não contou ainda por que a mãe estava sempre viajando, o que não era mentira, Constance estava sempre viajando devido as suas exposições, mas isso não significava que ela não podia tirar um fim e semana para vir a Boston, vivia mandando mensagens para a filha e telefonando, mas Maura nunca disse nada.

- Eu preciso me arrumar. – Maura caminhou até o guarda-roupa de Jane. – Eu não tenho nenhuma roupa aqui!

- Maura... – Jane levantou da cama, fechou a porta do guarda-roupa e fez com que Maura a encarasse. – Fiquei calma. Tudo vai ficar bem. – Deu um beijo na namorada. – É só a sua mãe. O que demais pode acontecer? - Muita coisa, começando por ser deserdada, não que isso importasse e ter uma mãe que nunca mais falaria com ela. Só isso. – E não venha me dizer que você não tem roupa. Te dei uma parte do guarda-roupa e além de você usar sua parte você usou metade da minha também.

- Você tem uma roupa para cada dia da semana, não precisa de tanto espaço assim.

Jane relevou o comentário. A namorada estava nervosa, sua mãe estava na cidade e desde que conhecia Maura sabia que Constance sempre causava esse efeito nela.

Nunca viu Maura se arrumar tão rápido quanto tinha se arrumado naquele dia e como consequência teve que se arrumar rápido também, sendo que nem demorar para se arrumar demorava. Ainda bem que Constance tinha falado para elas se encontrarem dentro de uma hora, por que se fosse dentro de trinta minutos Jane teria visto uma Maura sendo multada por ultrapassar o sinal vermelho.

- Maura! – Jane a segurou pelos dois braços para que ela parasse. – Se acalma. É a sua mãe, não é um extraterrestre.

- Por que extraterrestres não existem. – Maura olhou para dentro da cantina e começou a respirar aceleradamente. Constance a esperava.

- Maura se acalme! Você só está nervosa assim por que é a primeira vez que você vai encontrar sua mãe com a gente namorando. Sem pressão, não precisa contar para ela agora no café da manhã, está tudo bem.

- Você não quer que eu conte?

- Não... Eu quero! Mas não precisa ser agora, podemos preparar um jantar, não sei... Não se preocupe com isso agora.

Jane percebeu que tinha conseguido acalmar Maura. Queria que ela contasse para mãe sobre o relacionamento das duas, mas também não queria perder a namorada por um ataque cardíaco que era o que Maura estava prestes a ter.

A legista mandou um sorriso para Jane como forma de agradecimento por ter a acalmado e confirmou que as duas podiam entrar na cantina. Não deixou de abrir um sorriso quando viu que a mãe já tinha percebido sua entrada e também sorria. Se abraçaram.

- Bom dia Jane. – Desejou Constance com um sorriso. Se não conhecesse a sogra do jeito que conhecia poderia dizer que o humor dela estava melhor que das outras vezes. – Como está?

- Muito bem, obrigada. – Respondeu com um sorriso demonstrando o pingo de simpatia que tinha. – O que devemos a visita? – Maura encarou Jane de canto de olho, parecia que a repreendia pela pergunta.

- Uma reunião amanhã pela manhã e um jantar beneficente hoje a noite.

Claro que ela não tinha vindo visitar Maura. Mesmo que a relação das duas tivesse melhorado 100% nesses últimos anos, parecia que era de Constance sempre deixar a filha para segundo plano. E Maura ainda apavorada por contar para mãe que namorava uma mulher, provavelmente nem ligaria.

- Fico feliz que tenha tirado um tempo para tomar café da manhã comigo. – Disse Maura tentando não demonstrar sua decepção por ela não ter sido o real motivo da vinda da mãe a Boston. Estava desesperada pela visitada surpresa sim, mas Jane a tinha acalmado.

- Na realidade eu vim mais para te fazer um convite Maura. – A legista a encarou interessada. Sua mãe lhe fazendo um convite. Até Jane queria ouvir. – Quero que você vá ao jantar também. Você adora esses jantares e se que já tem algum tempo que não vai a um.

- Isso é verdade. Adoraria ir e acredito que a Jane também.

A morena quase caiu para trás e pela expressão que Constance fez também. Jane poderia não ter nenhum plano para a noite, mas com certeza não seria em um chato jantar beneficente. Já Constance não gostou nenhum pouco da ideia por que já tinha outros planos para a filha.

- Desculpa o atraso. – Disse um rapaz se juntando a elas. – Bom dia moças.

- Maura lembra do David?

Como esquecer de David Lefebvre? Um belo rapaz da sua idade, de origem francesa, moreno, cabelos curtos, olhos claros, antigamente não deixava a barba crescer, mas agora lhe dava um maior charme, não lembrava de ter ganhado corpo também, mas também, eram jovens, não tinham mais de 22 anos. Se conheciam desde a adolescência quando seus pais fizeram amizade, ficaram algumas vezes, mas nada sério. Quando pensaram que poderiam dar um passo para algo mais sério Maura disse que queria se focar a faculdade e David foi para França começar a aprender sobre como comandar os negócios do pai. Se “separam”, mas com a promessa que caso voltassem a se ver no futuro e estivessem disponíveis viriam no que dava.

Maura abriu um sorriso e cumprimentou o rapaz. Jane não gostou nenhum pouco do modo como David a olhava, parecia encantado, parecia que nunca tinha visto uma mulher na vida.

- Nossa! – David estava mesmo encantado. Lembrava o quanto Maura era linda, mas não lembrava o quanto. – Você continua maravilhosa!

Maura soltou um riso tímido.

Jane revirou os olhos.

- Acredita que encontrei David no avião? – Comentou Constance. – Ele também vai para o jantar hoje, pensei que você pudesse acompanhá-lo. Vocês se davam tão bem.

Agora estava explicado. Constance tinha vindo para Boston para arrumar um marido para a filha. Óbvio que Jane estava odiando tudo.

- Adoraria te acompanhar, mas... Conhece Jane? Minha... Minha... Minha amiga, já a chamei para ir comigo.

David estendeu a mão para cumprimentá-la. De primeiro momento pensou em não apertar, não tinha gostado nenhum pouco de David, mas não queria deixar as coisas estranhas, então colocou um sorriso no rosto e apertou a mão dele.

- Podemos ir todos juntos. – Disse David.

- Na realidade eu tenho muitos relatórios para rever, estava pensando em fazer isso hoje.

- Jane...

- Por falar nisso eu vou começar a revê-los agora. Prazer te conhecer David. – Com um sorriso forçado. – Muito bem revê-la Constance.

- Pensei que ela fosse tomar café conosco. – Disse Constance.

Maura só ergue os ombros. Não podia contar para a mãe que possivelmente tinha dado uma crise de ciúmes em Jane por causa de David, por que teria que contar que ela e Jane estavam namorando.

O café da manhã correu tranquilamente, na medida do possível, claro, Constance não deixava de citar uma coisa ou outra que Maura e David faziam quando estavam juntos e outras sutilezas que insinuavam que ela adoraria vê-los juntos.

Ficou de pegar a legista ás sete horas em sua casa e óbvio que Constance inventou uma desculpa de que não poderia ir com os dois e que os encontrariam lá. Maura começou a pensar que já estava na hora de começar a pensar em como contaria para sua mãe que ela estava namorando Jane. Por que entendeu bem que a mãe estava querendo lhe arrumar um namorado, se fosse em outra época não entenderia as intenções, imaginaria que era só um encontro de antigos colegas. Então precisava começar a preparar sua mãe para a notícia.

Com o fim do café da manhã Maura não foi direito para o necrotério, foi direto para o andar do Homicídios, sabia que tinha uma detetive muito brava com ela naquela manhã.

- Bom dia rapazes. – Disse Maura entrando o escritório com um sorriso no rosto. Foi recebida com um “bom dia” vindo de Korsak e Frost e uma apontada com a cabeça mostrando a cara emburrada de Jane. Se encaminhou até a mesa da legista e sentou na ponta da mesa. Jane fingiu que não a viu. – Ela é só um amigo. – Jane e encarou desacredita. – Tudo bem, ficamos algumas vezes, mas não foi nada demais. Éramos jovens. Não precisa ficar brava.

- Não, eu não estou brava. – Não era o que seu tom de voz de irritação indicava. - Não estou brava com sua mãe saindo lá da casa dela, pra vir aqui para Boston com um ex-namorado seu querendo que vocês se casem. Não, eu estou super bem com isso!

- Amor para de ser boba, você sabe que eu te amo, sejam quais forem as intenções de minha mãe nesse jantar não vai passar disso de intenções. Não vai acontecer nada entre eu e o David. E eu prometo que depois do jantar vou contar que estamos namorando, por que senão sabe-se lá quantos outros colegas meus ela não vai trazer. – Jane continuava com a cara emburrada. Não estava gostando nenhum pouco da ideia de ter Maura indo jantar com um ex-namorado que a mãe estava jogando para cima dela. – Depois desse jantar eu sou toda sua. Comprei umas coisinhas que eu estava pensando em usar no fim de semana, mas posso usar hoje se você me der um sorriso. – Por mais que quisesse não conseguia ficar muito tempo aborrecida com Maura, ainda mais depois dela dizendo que ia contar tudo para sua mãe e que tinha comprado “coisas” para elas usarem a noite, mas mesmo assim continuou com a cara emburrada. – Tudo bem. – Maura levantou da mesa. – Se mudar de ideia sabe onde me encontrar.

Maura ia saindo, mas Jane a puxou pela mão fazendo com que ela caísse sentada em seu colo e a beijou. Não tinha Constance, não tinha David, não tinha ninguém que faria com que mudasse que as duas eram namoradas e que depois do jantar Jane teria Maura toda para ela.

- Que coisas você comprou?

- Surpresa. – Maura deu um leve beijo nos lábios de Jane e levantou de seu colo. – Vai descobrir hoje a noite.

Jane soltou um riso. Tinha arrumado uma namorada impossível. Maura a deixava louca.

Se viram algumas vezes durante o dia, almoçaram juntas, Maura ensaiou com Jane como ia contar para sua mãe que as duas estavam juntas, mas Jane só conseguia rir, por que Maura ia falando o modo que ia contar para sua mãe e começava a imitar as reações de Constance, nunca tinha visto Maura tão nervosa por pensar em contar algo para alguém. Para acalmá-la sempre a enchia de beijos.

Com a chegada da noite também chegou a hora do jantar. Jane não estava nenhum pouco tranquila, podia confiar em Maura, mas não confiava nenhum pouco em Constance e em David, se arrependia de ter se recusado a ir ao jantar, mas agora já era tarde demais para mudar de ideia.

Ás 19 horas em ponto David tocou a campainha da casa de Maura. Não deixou de abrir a boca alguns segundos quando viu Maura do outro lado da porta com um vestido salmão de uma única alça, um pouco a cima do joelho e cabelos soltos. Ela estava linda! E foi isso que ele disse a ela com um sorriso. Entrelaçou seu braço com o dela para levá-la até o carro e partiram para o jantar.

David era mais agradável e amável do que ela lembrava que ele era, tirando que era bem divertido, pelo menos aparentava ser, as pessoas riam de suas piadas que Maura a maioria não entendia. Conversaram bastante, voltaram a se conhecer. David ficou impressionado com o trabalho de Maura, ajudar a pegar bandidos todos os dias com suas autópsias, isso era para ter motivo de se orgulhar. O jantar era para ter sido maravilhoso se Maura não tivesse ouvido sua mãe conversando com uma de suas amigas como queria que ela cassasse com um ótimo rapaz, lhe desse netos e se gabando de como ela e David faziam um belo par. Voltou a imaginar o quanto de decepção não causaria em sua mãe se contasse que estava namorando Jane. Sabia que era errado esconder, mais errado para Jane que contava com isso, mas só não conseguia dizer.

Maura foi deixada em casa era um pouco mais que 23 horas, percebeu sua casa toda apagada. Será que Jane tinha lhe dado bolo? Tinha voltado a raiva por causa do jantar? Mal sabia ela que teria outra coisa para se preocupar.

- Foi uma noite maravilhosa. – Disse David com um sorriso. – Obrigado por me deixar acompanhá-la.

- Obrigada pela companhia.

- Sabe Maura, eu estava pensando... Lembra que prometemos que se tivéssemos a oportunidade de nos reencontrarmos tentaríamos algo? Eu gostei de te reencontrar Maura.

- David...

- Eu queria te ver mais vezes.

David ia acariciar o rosto de Maura, mas ela virou, pensando que o impediria, mas para sua surpresa David segurou em seu queixou e lhe deu um leve beijo nos lábios.

- Sério Maura? – Perguntou Jane possessa ao ver aquela cena.

- Jane, espera!

- Não, pode terminar sua noite, não quis atrapalhar.

Quando Maura pensou em ir atrás de Jane a mesma já estava dentro do carro indo embora. David olhava toda aquela cena confuso.

- Eu perdi algo?

- Desculpa David, isso está tudo errado. Você é adorável, eu realmente aproveitei a noite com você, mas não posso cumprir nossa promessa.

- Por quê? Pensei que você estivesse solteira, pelo menos foi o que sua mãe...

- Desculpa, mas não estou solteira... Bem...

- Jane? – Ele tinha sacado. Maura fez um afirmativo com a cabeça.

- Me desculpa.

- Me desculpa você por causa problemas, mas acho que você deveria ir atrás dela, não?

Maura sorriu e deu um beijo no rosto de David como forma de agradecimento. Até que teriam dado certo se ela não tivesse já encontrado o amor de sua vida.

Dirigiu até o apartamento da Jane. A detetive se encontrava sentada no sofá tomando uma garrafa de cerveja. Ainda estava irritada com a cena que tinha presenciado, sabia que não deveria estar, que provavelmente ele a beijou, mas estava sim irritada e com Maura, por que se ela tivesse contado para a mãe dela que estavam juntas desde o começo nada disso estaria acontecendo. Foi despertada dos seus pensamentos raivosos com a campainha tocando. Deixou a cerveja em cima da mesa de centro e foi abrir a porta, sabia que era Maura.

- O que foi? – Perguntou ríspida.

- Eu posso explicar Jane.

- Ele que te beijou. Eu sei, eu sei.

- Então por que você está brava?

- Por que você não contou para ele ou para sua mãe que você namora comigo?

- Eu tentei. Mas... Ela não vai aceitar Jane.

- Ah então eu devo achar tudo bem quando ela vier te arrumar outro namorado? Quando foi para contar para minha mãe eu não vi problema nenhum, você não quis saber se ela ia aceitar ou não.

- Isso é diferente. Sua mãe sempre nos apoiou.

- Olha Maura... Eu não quero mais discutir sobre isso, se não quiser contar para sua mãe não conte, mas você vai aguentar sozinha os namorados que ela te arrumar. Quem sabe você realmente não arranja um não é verdade?

- Jane...

- Boa noite doutora Isles.

Deixou o apartamento. Entendia a chateação de Jane, tinha mesmo que contar para sua mãe, por que senão ia ficar incontrolável e Jane teria que aguentar tudo calada por que não poderia reclamar com Constance sem ela perguntar por qual motivo estava interferindo nela arrumando um namorado para sua filha.

Assim que fechou a porta Jane se arrependeu do que tinha dito para Maura. Primeira briga dela depois de seis meses de namoro. Constance só aparecia para atrapalhar as coisas. Por que todas as sogras não podiam ser que nem a sua mãe? Resolveu deixar por isso mesmo, conversaria com Maura pela manhã e pensariam em uma forma de enfrentarem Constance sem terem que contar que estavam namorando.

- Bom dia mamãe. – Disse Maura cumprimentando a mãe com dois beijos no rosto. Tinha marcado com Constance de tomarem café novamente na cantina. Amava sua mãe, mas também amava Jane e não queria perdê-la. – Será que podemos conversar?

- Falei com David hoje de manhã e ele disse que vocês só serão bons amigos. Aconteceu alguma coisa?

- Ele não te contou o motivo?

- E tem um motivo?

Maura respirou fundo. Queria tanto Jane com ela nesse momento. Com Jane se sentia mais forte, mais segura e se a reação de Constance fosse como ela estava pensando que iria ser teria Jane para lhe consolar.

- Eu não posso ter David mais do que um amigo por que eu já estou namorando.

- Namorando? – Constance perguntou surpresa. – Quem é o rapaz? Eu o conheço?

- Conhece... Mas não é um rapaz. – Constance a encarou confusa. – Estou namorando a Jane.

- Jane? – Constance perguntou perplexa. – Jane Rizzoli? Sua colega de trabalho? A que você dizia que é sua amiga? – Maura fez um afirmativo com a cabeça um tanto quanto receosa. – Há quanto tempo? – Maura baixou os olhos. – Há quanto tempo Maura?

- Seis meses.

Constance balançou a cabeça em negativo descrente.

- Você é inacreditável. – Constance pegou sua bolsa e deixou a mesa.

- Mãe!

Achou melhor não ir atrás de Constance por que tinha medo da continuação da reação da mãe, por que ela levantar e ir embora nem tinha passado pela sua cabeça, pensou que ela ia dizer o quanto ela estava envergonhando a família e tudo aquilo que os pais falam quando não aceitam quando o filho faz tal revelação.

- Está tudo bem querida? – Perguntou Angela que estava observando tudo do balcão. Maura fez um negativo com a cabeça.

- Só esperando o momento de ela dizer que se arrepende de ter me adotado.

- Ô Maura... – Angela a abraçou. – Ela te ama. Vai ficar tudo bem.

Queria acreditar que sim, mas sabia que não, Constance jamais a perdoaria.

Depois de conversar um pouco com Angela foi até o necrotério, precisava arranjar alguma coisa para fazer para ocupar sua mente. Ligou para Constance algumas vezes, mandou mensagem, mas não teve resposta. Estava chateada, não queria que as coisas ficassem assim entre ela e sua mãe, quando percebeu estava chorando.

- Não Maura... – Jane ficou sabendo pela sua mãe o que tinha acontecido e se sentia culpada, se não tivesse brigado com Maura na noite anterior ela não teria contando para Constance e tudo estaria bem. Abraçou a namorada. – Me desculpa, tudo isso é minha culpa.

- Não Jane... Pelo menos agora ela sabe, nunca mais vai falar comigo, mas ela sabe.

- Alguma coisa que eu possa fazer? – Maura fez um afirmativo com a cabeça fazendo bico.

- Só fica comigo.

Jane sorriu e lhe deu um beijo.

- Sempre vou ficar com você.

Jane sabia que podia fazer mais e faria. Ligou repetidas vezes para Constance até ela atendê-la e marcou uma conversa no Dirty Robber para noite. Não fazia questão de sua sogra aceitar as duas, mas queria que ela parasse de ignorar a Maura, era sua filha.

- Obrigada por ter aceitado vir. – Disse Jane sentando a mesa. Por incrível que parecesse Constance tinha escolhido a mesa de costume dela e de Maura. – Olha Constance... Eu sei que saber que sua filha namora uma detetive sem classe como eu não a deixou feliz, que é contra sua criação, a criação que você deu para Maura, mas você é a única família que ela tem, não a afaste, ela te ama e vai sofrer se não tiver mais você na vida dela.

- Ela não lembrou de mim durante esses seis meses para me contar que estava namorando com você.

- Claro que ela lembrou! Mas ela tinha medo da sua reação, mas não era para menos, assim que ela contou você começou a ignorá-la.

- Eu sei que nunca fui a melhor mãe do mundo, que a maioria das vezes sempre deixei a Maura em segundo plano, que a magoei por isso, mas depois daquela vez que você falou comigo eu tentei ser uma mãe melhor, mesmo que pensasse que já estava tarde demais, mas Maura aceitou isso, conversamos mais como nunca tínhamos conversado na vida, quase não nos vemos ainda, mas nos falamos mais e eu estou muito feliz por isso. Maura é minha filha e o que toda mãe almeja é a felicidade de seu filho e se Maura é feliz namorando uma detetive sem classe quem sou eu para interferir?

- Calma ai! – Jane estava sem entender todo aquele discurso de Constance. – Você não está brava por que Maura está namorando a mim e não a um homem do seu gosto?

- Claro que não! Eu não sei por que, mas sempre desconfiei de vocês duas, mas por Maura não ter dito nada pensei que não fosse nada sério.

Até Constance?

- Então por que você está a ignorando? Ela está pensando que você até se arrependeu de tê-la adotado. Pensou que você não aceitaria nossa relação.

Constance soltou um pequeno riso.

- Eu já disse... Eu amo a Maura e não tenho nada contra vocês duas. Eu só fiquei brava por que eu pensei que eu e Maura estávamos tão bem que ela me contaria quando estivesse namorando, mesmo que fosse com você. Mas se passaram seis meses, daqui a pouco ia conhecer meus netos quando eles já tivessem 21 anos.

Jane abriu um sorriso surpresa. Desenharam uma imagem da Constance que não existia. Ela era praticamente uma Angela da alta sociedade.

- Eu só quero que você faça minha filha feliz Jane.

- Disso não tenha duvidas, eu farei.

A morena avistou Maura entrando no bar e acenou para que se juntasse a ela, não tinha percebido a presença da mãe, nem sabia que ela estaria lá, Maura marcou com as duas, mas não avisou. Ao chegar até a mesa o sorriso que ela carregava no rosto desapareceu ao ver a sua mãe.

- Mamãe. – Jane fez sinal para que ela sentasse ao seu lado. A legista sentou. Olhou para Jane, olhou para sua mãe, mas ninguém disse nada. – Olha mãe...

- Maura será que você podia fazer uma coisa por mim? – Constance perguntou fazendo com que Maura ficasse aflita, mas um pouco feliz por sua mãe finalmente ter quebrado o gelo. Fez um afirmativo com a cabeça dizendo que a mãe poderia pedir o que quisesse. – Quando você e Jane resolverem ter filhos poderia me comunicar antes do meu neto nascer ou vocês adotá-lo? Quero fazer parte da vida da criança.

- Mãe...

- E também quero ser convidada para o casamento de vocês duas.

- Oh meu Deus! – Disse uma Jane abismada, não poderiam deixar Angela e Constance no mesmo lugar. – Quem aqui está falando em casamento?

- Minha filha é uma mulher para casar Jane, não pense que vai ficar a enrolando.

Perceberam a cara de ponto de interrogação da Maura.

- Você está feliz com a Jane, Maura? – Maura fez um afirmativo com a cabeça receosa, ainda não fazia ideia na onde aquilo daria.

- Eu a amo mãe.

- Só tenho a desejar que sejam felizes então. – Maura encarou Jane como se perguntasse o que tinha acontecido. A detetive só ergue o ombro. – Vocês formam um casal bonito.

Maura abriu um sorriso e levou um beijo no rosto de Jane. Não sabia que conversa que tinha acontecido, mas era grata por ter Jane em sua vida, sempre ajudando no seu relacionamento com sua mãe. Mas se soubesse que dessa vez a namorada não tinha feito nada, o amor aumentaria da mesma forma só pelo fato de Jane ter chamado a sogra para conversar e lutar mais uma vez por Maura.

- Eu te devo um pedido de desculpas. – Disse Constance sentando na frente de Maura no Dirty Robber. – Eu sabia o quanto você a amava e eu não sabia como te consolar, não sabia como agir com seu sofrimento, eu fui até o enterro, mas eu te vi tão devastada que...

- Eu estou bem agora mãe. – Maura a interrompeu. – Tenho que aprender a conviver com a ausência dela, mas não sou obrigada a aprender a conviver com a sua ausência, depois de ter se tornado tão próxima de mim, com você estando viva.

- Confesso que não fui muito com a cara da Jane no começo. Mas eu aprendi a conviver com ela... Única pessoa na vida que conheci que teve a ousadia de pegar seu celular e falar para eu pagar de ligar que você estava muito ocupada no momento e que eu não queria saber qual era o tipo de ocupação. Eram 10 horas da manhã, como eu ia saber? – Maura soltou um riso. – Me desculpa não ter estado aqui com você.

- Ela gostava muito de você mamãe. – Constance pegou as mãos de Maura.

- E ela te amava muito.

Maura mandou um sorriso e se deixou ser abraçada pela mãe. Tinha tanto o que agradecer a Jane por tudo que tinha feito entre ela e a mãe dela. Para falar a verdade tinha agradecido e muito quando a detetive era viva, mas queria ter tido a oportunidade de agradecer bem mais.


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Notas finais do capítulo

Só uma coisa... Alguém quer embarcar para o Havaí com Jane e Maura e comemorar o um ano de namoro? Vai vendo =P

Obrigada por lerem ^.^